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Processos psicoógicos

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDADE CAMPO DE MARTE
CURSO DE PSICOLOGIA
CLEDSON FERREIRA LIMA
JOSÉ EDUARDO SATURNINO
SARA C. R. DE SOUSA 
PESQUISA SOBRE PROCESSOS CONTRUTIVOS DA MEMÓRIA, RELAÇÃO COM RECONSTRUÇÃO DO PASSADO E MEMÓRIA FALSA
SÃO PAULO
ABRIL DE 2018
PROCESSOS CONTRUTIVOS DA MEMÓRIA
A memória não se estabelece nem é fixa no momento em que a experiência é vivida, mas isso de alguma forma, acontece em função do que vem depois. As memórias são guardadas a partir de experiências, seus processos de construção incluem situações referente ao momento que se busca por ela. O que acaba acontecendo é que a memória não existe apenas em função de experiências originais, mas também do que prevalece quando a demanda pela memória é realizada.
Depois de sua construção, cada memória é inserida à experiência e são ampliadas, pois não se tratam apenas de recordações de algum aspecto ocorrido da experiência. A partir da situação original e da experiência são criadas as memórias de experiência, as mesmas são inseridas como experiências e serão utilizadas para fazerem memórias em conjunto com novas situações.
A memória construtiva nos fornece o desenvolvimento de nossa compreensão dos pensamentos.
Conforme o dicionário online Michaelis, memória é “...lembrar e conservar ideias, imagens, impressões, conhecimento, e experiências adquiridos no passado e a habilidade de acessar essas informações na mente”. Além de complementar dizendo que, para a Psicologia, é a função de reproduzir um estado de consciência e reconhecê-lo. 
É a através da memória que aprendemos e colocamos em prática o que foi aprendido.
Durante o dia, o cérebro recebe diversos tipos de estímulos sensoriais, e cabe a ele, decidir quais informações serão importantes. Essa decisão se dá pelo processo de informação.
PROCESSO DE INFORMAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA
O processamento é dividido em três partes: codificação, armazenamento e recuperação.
A codificação prepara as informações para serem armazenadas. A informação é traduzida para códigos que podem ser visuais, semânticos ou auditivos. Remete à aprendizagem deliberada, pois requer um esforço maior, quando o intuito é memorizar algo, ou seja, a atenção que precisa ser dedicada será maior, o que ocasiona em uma codificação mais profunda.
Após a codificação, ocorre a segunda etapa: armazenamento. Essa fase consiste no registro da informação. A última etapa é chamada de recuperação, se trata recordar essa informação, podendo ser de forma automática, quando se trata de algo corriqueiro do dia a dia, ou de maior complexidade, como uma fórmula matemática.
Existem três tipos de memória: sensorial, a curto prazo e a longo prazo.
Memória sensorial
Origina-se através dos órgãos sensoriais, onde as informações são percebidas pelos sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato) e são armazenadas por pouco tempo, dois segundos, no máximo. Se não ocorrer o processamento dessa memória será perdida, porém pode ocorrer o processamento, resultando em uma memória de curto prazo.
Memória a curto prazo
A memória de curto prazo retém informações durante um período limitado. É dividido em dois tipos, sendo memória imediata e memória de trabalho.
Memória imediata se trata da informação captada e é retida por aproximadamente 30 segundos. Há pesquisas que podemos conservar sete elementos, sendo algarismos, letras, palavras, etc., variando entre cinco a nove elementos.
Memória de trabalho a memória fica armazenada até que o objeto dessa memória seja realizado, como por exemplo, ao receber uma ordem, conselho, depois que a situação acontece, a informação é apagada. 
Memória a longo prazo
Divide-se em memoria declarativa e não-declarativa.
Na memória declarativa é atribuída a pessoas que conhecemos, fatos que aconteceram no passado. E há uma subdivisão em: Episódica e Semântica. 
Na episódica, envolve datas, recordações, músicas, fatos, experiências pessoais. Trata-se de uma manifestação íntima da relação entre quem recorda e objeto de recordação.
Já na semântica, refere-se ao conhecimento geral do mundo, não se relacionando a fatos específicos do passado de cada indivíduo, trata-se de fórmulas matemáticas, como fórmula de Bhaskara, regras gramaticais, leis da química e afins. É a memória semântica que viabiliza conversas significativas, pois envolve conhecimentos gerais, conceitos atemporais e impessoais.
A memória não-declarativa, trata-se da memória automática, usada para procedimentos e habilidades, como ler, escovar os dentes, andar de bicicleta.
Esquecimento
O desgaste da memória como o decorrer do tempo definido como transitoriedade, funciona como memória de tiro curto, onde conseguimos recordar melhor os eventos recentes do que os já vistos em um passado recente; cada vez que tentamos recuperar uma memória, esta é reprocessada e rapidamente alterada.
Já esquecer aquilo que precisa ser realizado, não é considerado pelos pesquisadores como um erro de memória, mas sim uma distração. O fenômeno ocorre quando fazemos uma ação pensando em outra, não aplicando a atenção necessária, fazendo com que a ação necessária não pareça importante, impossibilitando o armazenamento da memória.
Entretanto, quando uma memória não consegue ser recuperada, este bloqueio ocorre quando outra memória está bloqueando o processo de recuperação de memórias. Ilustra satisfatoriamente a situação, quando tentamos falar uma palavra e a esquecemos. Algo nesse momento atrapalha o processo de recordação. Passando a necessidade de lembrança, a palavra vem com facilidade em nossa mente.
RELAÇÃO COM AS FALSAS MEMÓRIAS
Para a Psicologia, a falsa memória é uma lembrança fabricada ou distorcida de um acontecimento que vivemos. 
Para Johnson MK (2009), a memória falsa é um erro na recuperação da memória, trazendo um evento como se fosse verídico, mas não é. Exemplifica constatando que essas memórias podem ser simples, como acreditar que tenha visto um objeto em um cômodo da casa, quando na realidade, o objeto encontra-se em outro lugar do imóvel. Assim, como acreditar ter sido vítima de algum abuso sexual na infância, quando na realidade, foi alguma memória criada na mente do indivíduo.
A elaboração de falsas memórias é muito perigosa quando realizada por testemunhas de crimes, pois podem levar inculpados a serem considerados culpados ou culpados serem inocentados. As pessoas mais vulneráveis a este tipo de persuasão são as pessoas com alto nível de neuroticismo, ocorrendo devido ao nível de vulnerabilidade psicológica, afetos negativos, baixa auto-estima, respostas de enfrentamento mal adaptadas de modo frequente se depreciam e exageram nos seus autos relatos de sintomas. A depressão e a ansiedade aumentam o número de falsas memorias. 
Para Brainerd & Reyna (2005), é fundamental diferenciar falsa memória da ideia mais familiar de falibilidade da memória, pois a memória não é um relato perfeito das nossas experiências.
Para a pesquisadora Elizabeth Loftus, é possível induzir memórias através da sugestão e que essas induções podem se tornar cada vez mais reais, distorcendo-as e começar a transformá-las. E em alguns casos, as memórias originais são alteradas, de modo a incorporar as novas informações ou experiências. 
O procedimento de sugestão da falsa informação, é um dos estímulos existentes para a geração das falsas memorias ocorrendo da seguinte forma: implica em objetar sobre a presença de uma ideia adaptável durante um fato vivenciado. Quanto mais aceitável, persuasiva, for essa ideia, este estimo hipotético mais provável será dele entrar na memória do sujeito. Alguns dos fatores designados importantes neste cenário hipotético de ideias são os limites da memória, a quanto tempo ocorreu o evento original, a relevância pessoal desse evento e quantas vezes essa ideia já foi relembrada. O impacto emocional com a ideia vivenciada, quanto maior o impacto, seja ele, positivo ou negativo, maior será a facilidade de recordar depois junto com as memoriasfalsas. Exemplifica bem a situação, pais separados que inserem ideia de ódio na cabeça de seus filhos em relação ao outro cônjuge, causando uma transferência de sentimentos, onde por exemplo, uma mãe transfere para seus filhos um ressentimento que antes pertencia apenas a ela, causando assim a alienação parental.
Mecânica da recordação
Recordações, falsas e verdadeiras, e os esquecimentos formam nossa memória. Nosso cérebro flexibiliza, além de tornar maleáveis nossas memórias, para que possamos aprender, raciocinar, sermos criativos para enfrentar o presente, além de tornarmos mais habilidosos ao lidar com o passado. Uma falsa memória proporciona uma conexão com os episódios vividos, tornando a memória adequada ao momento em que vivemos. 
No hipocampo, área responsável pela memória, as lembranças são reconstituídas, editadas e renovadas. Cada vez que essas memórias são evocadas, as modificamos, perdendo ou incorporando elementos, sendo eles verídicos ou não.
Uma pesquisa realizada com camundongos por cientistas no instituto de tecnologia de Massachussetts (MIT). Constatou que devido à grande semelhança entre seres humanos e camundongos “Os mecanismos básicos da formação da memória em mamíferos são evolutivamente muito antigos”, disse Edvard I. Moser, neurocientista da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega, que não faz parte da equipe de Tonegawa.
 Foram implementadas memorias falsas nos cérebros dos camundongos, para identificar como esse processo é formado em seres humanos. A parte do cérebro em que as memorias se formaram é uma área do hipocampo ou giro dentado, que é semelhante entre humanos e camundongos O cenário ilustrado pelos cientistas foi: fazer com que os camundongos lembrassem de ter levado um choque em um local completamente diferente no qual aquele choque ocorreu.
Primeiro, os cientistas colocaram eles em um ambiente para que se acostumassem e lembrasse do local, não recebendo nenhum choque neste local. Um dia após, em outro recinto, os pesquisadores liberaram choques nos camundongos, o que fez com que eles se lembrassem de terem recebidos choques no primeiro ambiente, o que nunca aconteceu. Essa técnica ocorreu com a administração de uma droga, que gerou uma memória “sintética”, a partir do fato de que as memorias são armazenadas em células cerebrais. 
Os pesquisadores apesar de constatar a semelhança entre a memória dos camundongos e seres humanos, eles ressaltam a importância da pesquisa está em as pessoas não se darem conta de como a memória humana não é confiável e que uma pessoa pode te ensinar novas habilidades através de procedimentos subsequentes neuroquímico ou elétrica.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Filipe. Psicologia – Memória. Disponível em: http://psicologiacop.blogspot.com.br/p/memoria.html. Acesso em 08/04/2018.
CHERRY, Kendra.Falsas memórias: Suas certezas podem ser mentiras.
Disponível: http://psicoativo.com/2016/08/falsas-memorias-suas-certezas-podem-ser-mentiras.html. Acesso em: 08/04/2018.
CRUZ, Joao Marcio F. Falsas memórias - uma análise holística. Disponível: https://www.webartigos.com/artigos/falsas-memorias-uma-analise-holistica/91710#ixzz5C8QU7lUN. Acesso em 08/04/2018.
LOIOLA, Rita. Memórias de abuso sexual: é possível criá-las? Disponível: https://veja.abril.com.br/ciencia/memorias-de-abuso-sexual-e-possivel-cria-las/. Acesso em 08/04/2018.
MEMÓRIA. In Dicionário Michaelis Online. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?id=3wQeZ. Acesso em 08/04/2018.
RIVERO, Emanuel. Os sete pecados da memória. Disponível em: http://mundodapsi.com/os-7-pecados-da-memoria/. Acesso em 08/04/2018.
TIMES, The New York. Cientistas implantam memórias falsas no cérebro de camundongos. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2013-07-25/cientistas-implantam-memorias-falsas-no-cerebro-de-camundongos.html. Acesso em 08/04/2018.

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