FAMILIAADOO_20140809114904

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ADOÇÃO
1. Conceito e finalidade
- Silvio Rodrigues: é o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consangüíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha
*cria uma relação jurídica de parentesco civil entre adotante e adotado – esse parentesco é de 1º grau na linha reta
*** a posição de filho será definitiva e irrevogável, para todos os efeitos legais, uma vez que desliga o adotado de qualquer vínculo com os pais de sangue, salvo os impedimentos para o casamento
- cria verdadeiros laços de parentesco entre o adotado e a família do adotante
* é uma medida de proteção e uma instituição de caráter humanitário
*** Ver arts. 1.618 a 1.629 do CC – aplicável a todos os casos de adoção
- a adoção é irrestrita, trazendo importantes reflexos nos direitos da personalidade e nos direitos sucessórios
Requisitos
1. efetivação por maior de 18 anos (adoção singular) ou por casal (adoção conjunta)
* CC, art. 1.626: trata da adoção unilateral
2. diferença mínima de idade entre o adotante e o adotado – há de ser pelo menos de 16 anos
- se o casal for adotante, basta que um dos cônjuges ou convivente, seja 16 anos mais velho que o adotado
3. consentimento do adotado, de seus pais ou de seu representante legal (tutor ou curador)
* não cabe suprimento judicial
* se o adotado for menor de 12 anos ou maior incapaz, consente por ele seu representante legal, mas se contar com mais de 12 anos, deverá ser ouvido para manifestar sua concordância
* o consentimento será dispensado se os pais forem desconhecidos ou tiverem sido destituídos do poder familiar – CC, 1.621, § 1º; 1.624
*** Orlando Gomes: contrato de direito familiar
- se constitui bilateralmente
4. intervenção judicial na sua criação
- somente se aperfeiçoa perante o juiz, em processo judicial, com a intervenção do MP, inclusive em caso de adoção de maiores de 18 anos
* procedimento da Lei n. 8.069/90
- a sentença judicial concessiva da adoção terá efeito constitutivo e deverá ser inscrita no registro civil
*** tutela-se o superior interesse do adotado, proporcionando-lhe uma melhor qualidade de vida, fundada no afeto e na convivência familiar
5. irrevogabilidade
- mesmo que os adotantes venham a ter filhos, aos quais o adotado está equiparado
- a adoção é irreversível, entrando o adotado definitivamente para a família do adotante
* a morte do adotante não restabelecerá o poder familiar dos pais naturais
6. estágio de convivência
- CC, art. 1.622, parágrafo único, 1ª parte
7. acordo sobre guarda e regime de visitas 
- para os divorciados e separados judicialmente que pretendem adotar, conjuntamente, pessoa que com eles conviveu na vigência do casamento
8. prestação de contas da administração e pagamento dos débitos
- CC, art. 1.618, parágrafo único, parte final
9. comprovação da estabilidade familiar
- se a adoção se der por conviventes
Efeitos pessoais e patrimoniais
- tem efeitos ex nunc
1. Efeitos pessoais:
a) rompimento automático do vínculo de parentesco com a família de origem
- salvo os impedimentos matrimoniais
- exceção: adoção unilateral
b) estabelecimento de verdadeiros laços de parentesco civil entre o adotante e adotado
* abrange a família do adotante
c) transferência definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante
- se o adotado for menor (CC, arts. 1630,1634 e 1635, IV)
+ envolve: companhia, guarda, criação, educação, obediência, respeito, consentimento para casamento, nomeação de tutor, representação e assistência, administração e usufruto dos bens
d) liberdade razoável em relação à formação do nome do adotado
- apenas o prenome do menor pode ser alterado, desde que solicitado
- o maior já é identificado socialmente pelo nome e esse será mantido
e) possibilidade de promoção da interdição e inabilitação do pai ou mãe adotiva pelo adotado e vice-versa
- CC, 1.768
f) inclusão do adotante e do adotado entre os destinatários da proibição de serem testemunhas e entre aqueles com relação aos quais o juiz tem impedimento
g) determinação do domicílio do adotado menor de idade
- o seu domicílio passa a ser o do adotante
2. Efeitos patrimoniais:
a) direito o adotante de administração e usufruto dos bens do adotado menor
- CC, 1.689, 1.691 e 1.693
- para fazer frente às despesas com sua educação e manutenção
- acompanha o poder familiar
b) obrigação do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar
- CC, 1.634
c) dever do adotante de prestar alimentos ao adotado
- CC, 1.694, 1.696 e 1.697)
d) direito à indenização do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
e) responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado, menor de idade
- CC, arts. 932, I, 933 e 934)
f) direito sucessório do adotado
- tem a qualidade de descendente do autor da herança
g) reciprocidade nos efeitos sucessórios
- CC, 1.829, II e 1.790, III
h) filho adotivo não esta compreendido na exceção do CC, art. 1.799, I
i) rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo
- quando o testamento foi feito antes da adoção
j) direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciário
- CC, 1.951 a 1.960
l) superveniência de filho adotivo pode revogar doações feitas pelo adotante
- CC, arts. 1.846 e 1.789
- garantia da legítima, como herdeiro
m) possibilidade de o adotado propor ação de investigação de paternidade
- para obter o reconhecimento de sua verdadeira filiação, para os casos de identidade biológica, saber da saúde dos pais biológicos
Extinção da adoção
- extingue-se por iniciativa do adotante ou do adotado:
1) pela deserdação
- rompe o efeito sucessório da adoção, desde que embasado nos casos previstos no CC, arts. 1.814, 1.962, 1.963
- Ver CC, arts. 1934 e 1.965 e parágrafo único 
2) pela indignidade
- existência de casos que autorizem exclusão do adotado ou adotante da sucessão
- CC, 1.814 e 1.815
3) pelo reconhecimento judicial do adotado pelo pai de sangue
- não pode haver paternidade natural e adotiva ao mesmo tempo
+ é reconhecida em caráter excepcional
4) pela morte do adotante ou do adotado