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Universidade Federal de Itajubá Instituto de Ciências Exatas – Departamento de Física e Química Volumetria de Complexação Gabriel da Silva Dias 24394 Lucas Raposo Carvalho 23872 ITAJUBÁ 2013 Universidade Federal de Itajubá Instituto de Ciências Exatas – Departamento de Física e Química Gabriel da Silva Dias 24394 Lucas Raposo Carvalho 23872 Volumetria de Complexação Relatório submetido à Prof.ª Márcia, como requisito parcial para aprovação na disciplina de QUI027 - Química Analítica Experimental II - do curso de graduação em Química Bacharelado da Universidade Federal de Itajubá. ITAJUBÁ 2013 SUMÁRIO 1. OBJETIVOS ................................................................................................ 4 2. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5 3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 9 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 12 5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 16 1. OBJETIVOS O objetivo desse experimento foi estudar a parte prática da formação de complexos e como esse fenômeno ajuda na titulação de substâncias. Além disso, esse experimento teve como objetivo observar como o EDTA se comporta para a formação destes complexos, já que esse composto foi amplamente abordado em aula. 2. INTRODUÇÃO Tratando especificamente da volumetria de complexação, é necessário definir, mesmo que de forma superficial, o que é um complexo, ou também chamado de composto de coordenação. Um complexo, ou composto de coordenação, nada mais é do que a união entre um íon receptor de densidade eletrônica (ou um Ácido de Lewis) [1], que é normalmente um íon metálico, rodeado por um ou mais elementos ou compostos chamados de ligantes [1], que tem uma densidade eletrônica disponível (ou Bases de Lewis). A reação de Lewis (ligação covalente formada entre o átomo central neutro e os ligantes, que doam um par de elétrons para o metal, que é compartilhado entre os dois [1]) que ocorre entre as duas substâncias é o que origina o complexo de coordenação. Como a água é considerada um Base de Lewis, é normal considerar que a maioria dos cátions metálicos em solução aquosa se encontram complexados com a água. [1] Dentre os ligantes, que são bases de Lewis, podemos ter ligantes chamados de monodentados, que estabelecem apenas uma ligação com átomo doador, e os polidentados, que também são chamados de agente quelantes quando realizam ligações suficientes com o íon metálico de forma a formarem um heterociclo de cinco ou seis membros [1] [2], que estabelecem mais de uma ligação com o átomo central, que é o caso do EDTA [1]. A união dos ligantes com o átomo central, por fim, é chamada de esfera de coordenação [3]. Sabendo basicamente o que é um complexo, é necessário saber um pouco mais sobre o ligante em questão, que é o EDTA. O ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA) é um composto orgânico que, por formar seis ligações de coordenação (devido aos quatro grupos carboxílicos e as duas densidades eletrônicas disponíveis no nitrogênio [1]) com íons metálicos, é chamado de agente quelante, como previamente explicado. A ligação do EDTA com íons metálico forma compostos extremamente estáveis, vide a constante de formação do complexo de EDTA e o íons Magnésio (Kf = 4,9.108)[1]. A estrutura básica do EDTA envolve quatro grupos carboxila e dois grupos amino, todos sítios potenciais de coordenação, sendo um ligante hexadentado [1], como mostra a seguinte figura: (Figura 1: Estrutura molecular do EDTA – Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/EDTA) A representação básica do EDTA é H4Y e a forma do EDTA que usamos para titulação envolvendo formação de complexos é a Y4-, que perde dois hidrogênios dos grupos carboxílicos e dois outros hidogênios das grupos aminos, se tornando um zwitterion duplo [1], como mostra a seguinte figura: (Figura 2: Estrutura do H4Y e seus produtos de desprotonação). [1] A forma do EDTA totalmente desprotonada (Y4-) representada acima reage com íons metálicos duplamente positivos, como o Zinco, Magnésio e Cálcio, da seguinte forma: )( 4 )()( 4 aq n aq n aq MYMY [1] Como se pode observar, o EDTA reage na proporção de 1:1 não importa a carga do cátion, e a representação desta reação é mostrada na figura a seguir: (Figura 3: Quelato de Metal-EDTA) [4] A titulação envolvendo formação de complexos é muito util quando se quer saber a concentração de íons metálicos em alguma solução.[1] Sendo assim, ela é de extrema utilidade quando se quer determinar, por exemplo, a dureza da água. O termo “dureza” da água significa a concentração de íons metálicos (como o íons Ca2+ (cálcio)) dissolvidos na água de algum ambiente. O fato da água ser dura (com níveis acima de 500mg de CaCO3 (carbonato de cálcio) por litro de água, no Brasil [5]) promove certos problemas quanto a limpeza, tendo em vista que as moléculas que formam o sabão, ao se misturarem com os cátions em excesso, não formam espuma alguma (eles formam, ao invés disso, um precipitado branco (soap scrum)) e, portanto, o sabão perde a sua capacidade emulsificadora e não limpa. [6] A reação que mostra o que acontece quando as moléculas que compõem o sabão entram em contato com o excesso de íons metálicos é mostrada a seguir: )(23517)( 2 )(3517 )()(2 saqaq CaCOOHCCaCOOHC [6] No caso, ocorre a formação do estearato de sódio, que é um precipitado branco que remove a função de limpar que o sabão possui. Outro problema possível, e muito danoso, de ser causado pela água dura é a formação, e consequente deposição, de precipitados em tubulações (sólidos como o carbonato de cálcio (CaCO3) e hidróxido de magnésio (Mg(OH)2), entupindo-as.[6] 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Preparação da solução de EDTA 0,02 mol.L-1. Pesou-se, em uma placa de Petri, uma massa aproximada de 1,8612 g do sal sódico de EDTA, cuja fórmula é Na2H2Y.2H2O, previamente seco em estufa a uma temperatura em torno de 70º C por 2 horas. Foi transferida quantitativamente a quantidade pesada para um balão volumétrico de 250 mL (usando um funil para transferir o sólido da placa de Petri usada), adicionando cerca de 100 mL, agitando e depois completando até o menisco, homogeneizando a solução após isso. Após o preparo da solução, ela foi transferida para um frasco plástico limpo e seco. 3.2 Preparação da solução padrão de cálcio 0,02 mol.L-1. Dissolveu-se 0,5 g de CaCO3 (Carbonato de cálcio), seco a 150º C, em 20 mL de HCl (a uma concentração de 2 mol/L) em um balão volumétrico de 250 mL. A mistura foi levada a ebulição para que o CO2 (gás carbônico) fosse eliminado. Deixou-se a solução resultante esfriar, diluindo-a com água e homogeneizando-a após o menisco ser completado. 3.3 Preparação da solução de tampão de pH 10. Dissolveu-se 3,25 g de NH4Cl (Cloreto de Amônia)em água, adicionando posteriormente 28,5 mL de uma solução de NH3 (Amônia) concentrada e diluindo a solução resultante em 50 mL de água destilada. 3.4 Padronização do EDTA Com uma pipeta volumétrica de 25 mL, transferiu-se 25 mL da solução preparada de CaCO3 (Carbonato de Cálcio) para um erlenmeyer de 250 mL. Adicionou-se 1 mL de solução tampão (pH = 10) para o erlenemyer e grãos do indicador utilizado (Negro de Eriocromo T). O EDTA foi colocado em uma bureta de 50 mL e titulado com a solução de CaCO3 (Carbonato de Cálcio). A titulação deveria ser presseguida até que a solução passasse de uma coloração vermelha até levemente azul. O procedimento foi feito em triplicata. 3.5 Determinação da dureza de água mineral, água da torneira e água destilada. Transferiu-se 25 mL da amostra (no caso, água mineral, depois água da torneira e depois água destilada) para um erlenemeyer de 250 mL. A solução foi adicionada 1 mL de solução tampão e grãos de Negro de Eriocromo T. O EDTA foi colocado na bureta de 50 mL e titulado com a solução presente no erlenmeyer. Todas as titulações foram feitas em triplicata. Com os dados, foi calculada a concentração média de cálcio em cada amostra (mg de cálcio / L de amostra), sendo a massa molar do carbonato de cálcio igual a 100,09 g/mol e a do cálcio igual a 40,08 g/mol. 3.6 Tratamento estatístico dado aos dados obtidos. Tendo em vista a necessidade dos experimentos serem realizados em triplicata, é necessário dar um tratamento estatístico às medidas obtidas que, no caso, envolvem o cálculo da média, do desvio padrão e dos erros absoluto, relativo e percentual das medidas obtidas em relação à medida esperada. A média ( x ) de n medidas é calculada da seguinte forma: [7] n x x n i n 1 O desvio padrão (s) de n medidas é calculado da seguinte forma: [7] 1 )( 2 1 n xx s n i i Os erros absoluto (e), relativo (e.r.) e percentual (e.p.) de uma medida são calculados da seguinte maneira: [7] 100.)..(.. .. || repe x e re xxe real realobtido Mesmo sendo calculado o erro relativo (e.r.), preferiu-se usar o erro percentual para expressar os erros das medidas obtidas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Preparo da solução de EDTA 0,02 mol/L. Massa de EDTA pesada: 1,8611 g Cálculo da concentração da solução obtida: LmolC moln EDTA EDTA /02,0 250 1000.10.00,5 10.00,5 2,372 8611,1 3 3 4.2 Preparo da solução padrão de cálcio 0,02 mol/L Massa de CaCO3: 0,5057g Cálculo da concentração real da solução preparada de cálcio: LmolC moln CaCO CaCO /02,0 )250( )1000).(10.05,5( 10.05,5 )09,100( )1).(5057,0( 3 3 3 3 4.3 Preparo da solução tampão de pH 10 A solução já se encontrava previamente preparada para que os experimentos fossem realizados. 4.4 Padronização do EDTA Os volumes utilizados de EDTA, assim como o seu tratamento estatístico, estão expostos na tabela abaixo: Tabela 1: Volumes utilizados de EDTA e tratamento estatístico. Titulação Volume (mL) Média (mL) Desvio Padrão Erro Absoluto Erro Percentual 1 25,2 25,23 0,058 0,23 0,90% 2 25,2 3 25,3 Como se pode ver, o erro relativo foi calculado com base no volume de equivalência (Veq) esperado, o qual era de 25 mL, já que se usou 25 mL de uma solução a uma concentração de 0,02 mol/L para titular outra solução de mesma concentração. Logo, o volume de equivalência seria o mesmo utilizado. 4.5 Determinação da dureza de água mineral, água da torneira e água destilada. Os volumes utilizados de EDTA, assim como seu tratamento estatístico, estão expostos na tabela abaixo. Vale ressaltar que a água destilada se tornou azul a partir do momento que à ela foi adicionada a solução tampão de pH 10 e o indicador Negro de Eriocromo T, logo, considerou-se que foi gasto 0 mL de EDTA em cada titulação. Tabela 2: Volumes utilizados de EDTA e seu tratamento estatístico (dureza da água) Medição Volume (mL) Média (mL) Desvio Padrão 1 0,5 0,47 0,058 2 0,4 3 0,5 4 0,3 0,3 0 5 0,3 6 0,3 Nesta tabela adotou-se as medições 1 até a 3 como sendo da água de torneira e as medições 4 até a 6 pertencem à água mineral. Percebeu-se que nessa titulação foi necessário um cuidado extremo para se observar o ponto de viragem da titulação, tendo em vista que apenas algumas gotas de EDTA deixavam a coloração da solução azul, como pode ser visto nos volumes obtidos, que representam apenas algumas gotas. A reação do EDTA com o íon Ca2+ (Cálcio) é de 1 para 1, como diz a equação abaixo: )( 2 )( 4 )( 2 ][ aqaqaq CaYYCa Logo, pode-se concluir que a quantidade de mols da solução de EDTA utilizados será o mesmo de íons Ca2+ (Cálcio). Portanto, para a cada titulação feita, calculou-se a quantidade de mols de EDTA (e, logo, de Ca2+) da seguinte forma: )000.1( )02,0.(Y nEDTA Sendo que Y é o volume gasto de EDTA na titulação. Pôde-se confirmar, portanto, que o número médio gasto de mols na titulação da água de torneira foi de 9,4.10-6 mols, da água mineral foi de 6,0.10-6 mols e da água destilada foi de 0 mols. Sabendo que a massa molar do cálcio é de 40,08 g/mol e que a dureza da água é medida com relação a presença de vários íons na água, inclusive os íons cálcio, calcularam-se as concentrações (em mg/L de cálcio) em cada alíquota usada da seguinte forma: )25( )1000.(10. )1( )08,40.( 3 2 2 S C S Z m Ca Ca Fazendo o cálculo acima para cada alíquota usada, chegou-se à conclusão de que, na água de torneira, a concentração de íons cálcio é de 1,51.10-5 mg/L de água, na água destilada não traços evidentes de íons cálcio, e na água mineral a concentração de íons cálcio é de 9,62.10-6 mg/L de água. Esses níveis de dureza se encontram aceitáveis (1,51 e 9,62 ppm de dureza, o que está em um nível aceitável, que vai até 50 ppm). OBS.: Quando usadas, as pipetas de 10 mL e de 25 mL têm um volume de, respectivamente, 9,97 mL e de 24,98 mL. 5. CONCLUSÃO A concentração de íons Ca2+ (cálcio) obtidas para cada amostra de água utilizada nos permite concluir que nenhuma delas foi considerada dura e é, portanto, adequada aos padrões brasileiros de água branda. Também se pôde concluir que o método de titulação por formação de complexos é extremamente eficiente quando se quer determinar a concentração de certo íons em uma solução, tendo em vista que os erros obtidos no experimento foram extremamente baixos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] SKOOG, WEST, DOUGLAS, CROUCH. Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8ª edição norte-americana. São Paulo: Editora Thomson. 2006. [2] Coordination Complex. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Coordination_complex#cite_note-4>. Acesso em: 01 de junho de 2013. [3] Definition of coordiantion sphere. Disponível em: <http://www.chemistry-dictionary.com/definition/coordination+sphere.php>. Acesso em: 01 de junho de 2013. [4] EDTA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/EDTA>. Acesso em: 01 de junho de 2013. [5] Dureza da água. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dureza_da_%C3%A1gua>. Acesso em: 02 de junho de 2013. [6] Hardness of Water. Disponívelem: <http://en.wikipedia.org/wiki/Hardness_of_water>. Acesso em: 02 de junho de 2013. [7] VUOLO, J.H. Fundamentos da Teoria de Erros. 2ª Ed., São Paulo: Edgard Blücher. 1995.
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