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Percebe-se claramente que esse movimento carece de uma intervenção político-pedagógica favorável a articulação de um projeto coletivo, ético e de competência profissional. 1 2 Mas como iniciar esse movimento de busca de superação dessa alienação? Demo (2004) afirma que “Urge inventar nova pedagogia”, propõe alguns indicadores para que as ações superem a deficiência teórica e metodológica em voga e desenha um espaço profissional do/a pedagogo/a futuro contemplando: 3 Estudo da aprendizagem, sob todas as vertentes teóricas disponíveis, intensamente interdisciplinares; 4 Estudo do conhecimento, em particular da sociedade intensiva de conhecimento, seu desenvolvimento atual e sua trajetória histórico-cultural e biológica, teoria e método, filosofia e epistemologia, processos informacionais que hoje dominam em particular a economia competitiva globalizada (CASTELLS, 1997), versão dita moderna e dita pós-moderna do conhecimento, colonialismo eurocêntrico do conhecimento, multiculturalismo (HARDING, 1998; DEMO, 1999) do conhecimento, potencialidade disruptiva e inovadora; 5 Estudo da Educação, história, autores, teorias e práticas, organização da educação formal no mundo e no país, demanda atual por educação, situação e condições, em particular cumprimento constitucional; 6 Estudo da inovação tecnológica, aplicável à educação, em particular para aprender e conhecer com devida qualidade formal e política; 7 Estudo das didáticas e metodológias educacionais, não mais como receitas que finalmente se enfeixam na aula reprodutiva e na prova tola, mas como estratégias de cuidado com a aprendizagem dos alunos; 8 Estudo da demanda futura da sociedade em educação, para além dos espaços formais clássicos, a demanda por aprendizagem crescerá exponencialmente, abrangendo todas as idades, lugares e condições. 9 Há consenso na necessidade de mudanças da atual prática educativa escolar por uma prática que represente a valorização crítica da educação e uma melhoria substancial nas ações participativas e que envolva, sobretudo, o educador profissional na produção escolar. 10 A disciplina Educação Física Escolar como componente curricular tem muito a contribuir para o desenvolvimento em contexto. Sua prática educativo-pedagógico envolve o sujeito na totalidade do ser – emoção e movimento – para sua qualificação de aprendente. Como conteúdo problematizado nas aulas anteriores, o corpo aprendiz se percebe por inteiro e em movimento em busca de ressignificações nas relações socioculturais e nas interações históricas. O corpo se transforma na medida em que aprende e compreende sua carência e necessidade, sua potência e lazer... 11 “ (...) Operar com a noção de cultura nos incita e nos permite pensar para além de uma perspectiva pragmático-economista de educação que privilegia o saber instrumental com vistas no trabalho de sentido produtivo. 12 Se seguirmos a perspectiva acima e considerarmos que a educação física escolar é parte de um empreendimento educativo, sua referência básica é a cultura. Porém, para que seja possível caracterizar a especificidade da educação física na sua relação com os outros curriculares, é preciso indicar qual dimensão dessa cultura a justifica no currículo escolar como um saber diferenciado, porém não desligado dos outros. Temos denominado essa dimensão de cultura corporal de movimento. É fundamental que compreendamos que é responsabilidade primeira da educação física elaborar e transmitir saber como elemento da cultura para superarmos os reducionismos que permeiam nossa área. (BRACHT, 2003, p. 148-149). 13 Por fim, este curso propôs uma reflexão crítica para esclarecer a importância da disciplina Educação Física como um campo de conhecimento dotado de conteúdos próprios que estão interligados à totalidade dos saberes produzidos por outros campos do conhecimento humano. 14 Daí a persistência em afirmar que o/a pedagogo/a deve estar atento à dinâmica da sociedade na qual está inserido e, sobretudo, aos momentos em que os conflitos entre os interesses das classes antagônicas se acirram. Como apresenta o Coletivo de Autores (1992): 15 16 “E é exatamente dessa crise que emergem as pedagogias. A pedagogia é a teoria e o método que constroem os discursos, as explicações sobre a prática social e sobre a ação dos homens na sociedade, onde se dá a sua educação”. (p. 25). 17 Vimos em aulas anteriores o confronto entre algumas perspectivas da Educação Física que se colocaram em disputa. Sobretudo, focou-se duas perspectivas constituídas sob perspectivas antagônicas que tinham por objetivo explicitar o que é, de fato, Educação Física Escolar. 18 Observou-se, então, a emergência de duas perspectivas que se confrontaram em busca de hegemonia: uma que tinha e ainda tem como objeto de estudo o desenvolvimento da aptidão física do ser humano e que “tem contribuído historicamente para a defesa dos interesses da classe no poder, mantendo a estrutura da sociedade capitalista”. (Ibid. p. 36). 19 “A discussão epistemológica na área da educação física vai se acentuar na década de 80, década na qual instaura também o debate em torno da ‘crise’ da educação física”. (BRACHT, 2003, p.10). 20 Neste momento, tendo em vista as contribuições trazidas pela “Pedagogia histórico-crítica”, de Dermeval Saviani (2008), possibilitou-se a construção dos primeiros passos no campo da Educação Física em direção ao debate crítico sobre a sua “função sociopolítica conservadora no interior da escola.” (COLETIVO DE AUTORES, op. cit., p. 49). 21 Ganha força outra perspectiva da Educação Física que encontrava-se no polo oposto à anteriormente citada. Trata-se da Educação Física fundada na Pedagogia histórico-crítica que tem por objeto de sua área de conhecimento a “Cultura Corporal do Movimento”. 22 Esta perspectiva citada da Educação Física aponta para características curriculares muito diferentes daquelas anteriores que defendiam a Educação Física enquanto aptidão física, higienismo ou o desenvolvimento dos aspetos psicomotores do indivíduo. 23 Segundo o Coletivo de Autores, sob uma concepção da “Cultura Corporal do Movimento”, busca-se: 24 “(...) desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidade vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas”. ( Ibid., p. 38). 25 É de fundamental importância aos objetivos deste curso que tenha ficado como aprendizado ao pedagogo/a o fato de que a Educação Física é uma prática educativo-pedagógica e que, como tal, privilegia na escola conteúdos, temas e formas de atividades próprias. 26 Tais conteúdos têm a propriedade de promover, simultaneamente, tanto o entendimento deste corpo físico quanto o do corpo social. Este último, entendido enquanto elemento integrado à totalidade das relações sociais, explica a expressão da sua cultura específica e localizada. O que se espera dessa perspectiva, servindo de embasamento à Educação Física crítica, é que o corpo passe a ser apreendido de forma integral, refletida e contextualizada. 27 Assim, o corpo passa a ser muito mais que um conjunto de ossos, músculos, aparelhos, órgãos, veias, artérias, articulações etc. Ao contrário, sob a perspectiva da Cultura Corporal do Movimento, este mesmo corpo (que, sem dúvida, também tem especificidades anatômicas, biológicas, fisiológicas etc.) passa a ser entendido para além de seus determinantes físicos individuais, pois passa a ser percebido como um corpo coletivo e que ao se movimentar é responsável por produzir a sua história e a sua cultura. 28 Nesta aula, você: - Compreendeu a ação sociopolítica do/apedagogo/a na escola e a importância da sua intervenção crítica na dinâmica das disciplinas e, em especial, na disciplina da Educação Física Escolar; SÍNTESE DA AULA: 29 - Analisou a importância da disciplina Educação Física Escolar na formação do/a pedagogo/a como também da sua contribuição na prática escolar para a educação emancipatória; SÍNTESE DA AULA: 30 - Refletiu sobre os elementos estruturantes que orientam o fazer pedagógico da Educação Física Escolar como componente curricular. SÍNTESE DA AULA:
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