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agradecimentos
O desejo de vitória é uma necessidade que se faz presente em muitos momentos de nossa vida, principalmente quando almejamos algo que parece ser tão difícil. O caminho é árduo, cheio de situações inesperadas que trazem o sentimento de medo, ansiedade e impotência, mas que aos poucos vão desaparecendo e dando lugar ao prazer do dever cumprido.
Durante o meu percurso acadêmico passei por inúmeros obstáculos e até pensei que não conseguiria chegar até o fim, mas me surpreendi. Então, estou aqui para agradecer aos que se fizeram presentes nessa longa caminhada.
Primeiramente a Deus, meu fiel escudeiro que sempre me deu forças para alcançar os meus objetivos.
Aos meus pais que se fizeram presentes nesta longa caminhada.
As minhas colegas de sala que sempre estavam me dando força nos momentos difíceis.
É preciso sinalizar para a sociedade que a violência é inaceitável, mas não se pode apenas reforçar as providências punitivas. É preciso entender que a cidadania não pode acabar na porta de casa.
OLIVEIRA, Antonia Cleuma Evangelista. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 2012. 53 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado em Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Tauá, 2012.
RESUMO
O estudo tem como objetivo discorrer sobre o fenômeno da violência doméstica e familiar contra a mulher. Analisam-se os diferentes conceitos relacionados à violência conta a mulher, bem como suas possíveis manifestações. O tema é de grande importância, porque há inúmeras inquietações com o grave problema com relação à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. Hoje é preocupante a condição da mulher não somente no seio familiar, mas também no trabalho, ou seja, tanto no ambiente público como privado. A mulher tem grande dificuldade de denunciar o agressor, por medo ou até mesmo vergonha da sociedade. Este trabalho tem por finalidade mostrar que a mulher deve liberta-se de seus agressores e tornam-se autônomas, para realizar suas escolhas. O homem se sente superior às mulheres e por isso se acham no direito de cometer a violência contra as mesmas, por serem machistas se sentem apropriados de impor obrigações as suas mulheres. A sociedade Brasileira por ser patriarcal isto é, onde centrada é no homem, a mulher vive sob a submissão masculina. Na visão patriarcal a mulher deve ser sempre linda, porém inteligente se o homem permitir. A sujeição feminina é vista a partir do momento em que o homem dita as normas. O poder masculino como pode ser visto abrangia todo o núcleo familiar. O homem não aceita o fato de que a mulher possa caminhar sozinha sem precisar ser guiada por ele. Quando sente que está perdendo o poder sobre a esposa ele procura alternativas cabíveis a ele, a agressão contra a esposa. A violência contra as mulheres de uma maneira geral, surgiu ao longo dos tempos e permanece até os dias atuais ela está presente. Sendo este um fato inevitável dentro da história, e que produz transformações sociais imensas, A sociedade brasileira vive cercada pela violência doméstica e familiar e de certa forma isso causa medo, pois nunca se sabe quem será a próxima vítima pela violência que pode partir por qualquer membro da família. Será focalizada uma analise mais detida da Lei de combate e prevenção da violência contra a mulher, no âmbito doméstico e familiar da Lei 11.340/06, conhecida como “Lei Maria da Penha” que tem como objetivo efetivar os direitos constitucionalmente definidos a mulher. Mostrando para autonomia das mulheres a importância da lei è evidente que o silêncio das mulheres agredidas e as ideias sobre suas inferioridades têm contribuído para a manutenção o aumento desse tipo de violência. É preciso compreender que a violência contra a mulher faz parte dos recursos de poder utilizados pelos homens para manter os privilégios e os benefícios que a milenar machista lhes tem assegurado. 
Palavras-chave: Violência Doméstica, Violência Familiar, Violência de Gênero.
ABSTRACT
The study aims to discuss the phenomenon of domestic violence against women. It examines the different concepts related to violence tells the woman, as well as its possible manifestations. The topic is of great importance, because there are numerous concerns with the serious problem regarding the Family and Domestic Violence Against Women. Today is concerning women's status not only within the family but also at work, both in the public and private sectors. The woman has great difficulty in reporting the abuser for fear of shame or even society. This study aims to show that the woman should be freed from their abusers and become autonomous, to make their choices. The man feels superior to women and therefore assume the right to commit violence against them, because they feel appropriate macho impose their wives. A Brazilian for being patriarchal society that is, where is centered on man, woman lives under male submission. In patriarchal view a woman should always be beautiful, but smart if man allows. Subjecting women is seen from the time when said man standards. Male power as can be seen covering the whole family. The man does not accept the fact that women can walk alone without being guided by him. When you feel you're losing power over his wife he seeks alternatives applicable to it, the aggression against his wife. Violence against women in general, emerged over time and remains to this day she is present. Since this is an inevitable fact in history, and social transformations that produces immense Brazilian society lives surrounded by domestic and family violence and somehow this causes fear, because you never know who will be the next victim for the violence that may break any family member. An analysis will be focused more held the law to combat and prevent violence against women in the home and family of Law 11.340/06, known as "Maria da Penha Law" which aims to assure the rights constitutionally defined the woman. Showing to empower women the importance of law è evident that the silence of battered women and ideas about their inferiority have contributed to maintaining the increase of such violence. You must understand that violence against women is part of the resources of power used by men to maintain the privileges and benefits that have assured them millennial sexist.
Keywords: Domestic Violence, Family Violence, Gender Violence.
SUMÁRIO
NTRODUÇÃO..............................................................................................................9
CAPÍTULO I - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER....................................................12 
1.1 O que é violência contra a mulher?..................................................................13
1.2 Tipos de violência..............................................................................................16
1.3 A violência no Brasil..........................................................................................20
CAPITULO II - CULTURA E GÊNERO......................................................................23
2.1 Conceito de gênero............................................................................................23
2.2 Desafios para construção da igualdade...........................................................26
2.3 Datas importantes na luta pela igualdade de gênero.....................................34
CAPITULO III - A LEI ‘’MARIA DA PENHA’’ Nº 11340/06.......................................40
3.1 Origem e denominação da Lei Maria da Penha...............................................40
3.2 Objetivos da Lei Maria da Penha......................................................................423.3 Medidas de prevenção.......................................................................................46
CONCLUSÃO............................................................................................................49
REFERÊNCIAS..........................................................................................................51
INTRODUÇÃO
A violência contra a mulher é considerada hoje em dia como um grave problema social, que tem atingido índices alarmantes. Isso se deve a múltiplos fatores, que requerem uma profunda análise da história, e da cultura machista difundida até hoje. Por muito tempo as mulheres foram tratadas como “objetos”, propriedade de seus pais e posteriormente de seus maridos, que as tomavam como esposas sem levar em consideração o seu consentimento ou opinião. Eram submetidas a realizarem somente as tarefas domésticas e cuidar de seus filhos, sem o direito de escolha de uma profissão ou outro meio de vida. Eram absolutamente submissas aos seus companheiros, de quem acatavam ordens, e recebiam maus-tratos, sem direito a contestação. Tal desvalorização do gênero feminino deixa reflexos na sociedade até hoje, e se expressa através dos inúmeros casos de violência doméstica e familiar relatadas, que exprimem a noção de que o homem se sente superior à mulher e pensa exercer sobre ela um poder soberano que remete a resquícios da cultura patriarcal existentes até hoje.
Embora o modelo patriarcal tenha sido “superado” em termos legais, ainda se faz presente na visão de muitos homens, ao impor-se de forma agressiva e de muitas mulheres que se submetem a agressões.
Com base nos apontamentos citados constata-se a viabilidade de um estudo que vise analisar os aspectos da violência contra a mulher, fazendo uma descrição de suas causas e consequencias. Contribuindo com o desvelamento das faces dessa questão que constitui inúmeros problemas e impasses sociais. 
A idéia deste trabalho surgiu mediante a verificação de inúmeros casos de violência que são noticiados todos os dias pelos jornais e demais meios de comunicação. Pela absurda forma como as mulheres são vistas e desvalorizadas pela cultura machista. Sendo que a questão da Violência Doméstica e familiar merece ser estudada, pelo fato que à medida que vão surgindo novos conhecimentos e uma melhor compreensão de suas causas e efeitos, também pode surgir intervenções profissionais mais elevadas e seguras, baseadas em conhecimentos teóricos que com certeza vai está mais atualizado. 
A presente pesquisa tem como objetivo geral: Definir as causas e consequencias da violência contra a mulher, e para o alcance de tal finalidade pretende trilhar os seguintes objetivos específicos. Apontar os fatores históricos e culturais que contribuem para o crescimento; Discutir acerca dos direitos conquistados pelas mulheres e os desafios que as mesmas ainda enfrentam na sociedade; Esclarecer as diferenças de gênero e o preconceito sofrido pela mulher e; Interpretar a questão da violência contra a mulher pública e privada.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com base no estudo de diversos autores que abordam a questão da violência contra a mulher, sendo baseada como dados secundários. Os principais autores utilizados foram: ​​​​​​​​Hannah Arendt, Arendet, Fraga, Faleiros, Teles e Melo Luiz Eduardo Soares, Casique e Furegato, Rocha, Socorro Nascimento, Kaufman, Saffioti, Patemam, Avila, Marta Suplicy, Venturoli. Os mesmos apresentam argumentos bastante favoráveis para a nossa compressão para o assunto em questão que é a violência doméstica e familiar contra a mulher. A pesquisa bibliográfica foi realizada de forma bem clara e objetiva sem deixar dúvidas, ou seja, esclarecendo os fatos, pois foi necessária a realização de muitas leituras para a construção desse trabalho que requer tempo e muita dedicação. A construção do referencial teórico foi através de livros, jornais, internet, revistas, fatos ocorridos na atualidade e obras científicas.
Dessa forma o primeiro capítulo foi abordado sobre a questão da Violência Contra a mulher, fazendo uma análise do termo violência, seu significado e quais as suas consequências físicas e psicológicas para as vítimas. Podendo ser observado também os tipos de violência como: Violência intrafamiliar, violência doméstica, violência doméstica, violência de gênero, violência sexual, violência física, violência institucional, violência moral, violência patrimonial e violência psicológica. E mostrando também a violência no Brasil, pois as mulheres brasileiras vivem aflitas, com medo, e assim temos que procurar soluções imediatas para tal problema.
O segundo capítulo trata-se da cultura e gênero, pois a violência contra a mulher se encontra presente em segmentos culturais. O termo gênero refere-se à constituição social sobre a diferença sexual e as formas de relação socialmente impostas entre os sexos, constituindo o masculino e o feminino. São vários os desafios para a construção da igualdade masculina e feminina, mas com força vontade, determinações podem ser superadas, ressaltando de forma clara as datas importantes na luta contra a igualdade de gênero, ou seja, cada uma com seu objetivo e benefício para a sociedade.
O terceiro capítulo fala sobre a Lei n° 11.340/06, conhecida como a Lei “Maria da Penha” abordando a origem e denominação dessa lei, os objetivos. E as medidas de prevenção que devem ser tomadas contra o agressor. Essa Lei que busca coibir a violência doméstica e familiar conta a mulher, para prevenir, punir, erradicar a violência, nesse sentido ela se torna fundamental importância para a sociedade.
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CAPÍTULO I - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
De acordo com Mello: 
A violência não é só agressão física, ocorre nos espaços públicos e privado é também psicológica e moral: agressões verbais reduzem a autoestima e fazem as mulheres se sentirem desprezíveis. É também uma questão de saúde: causa estresse e enfermidade crônica. Sendo que a violência contra as mulheres não tem cor, classe social, nem raça: È maléfica, absurda e injustificável. (apud CAEFE, 2012, p. 1)
 A violência acontece na sociedade há muito tempo, se manifestando tanto nos espaços públicos e privados. A mulher tinha poucos direitos, sendo vítima de vários tipos de violência em sua vida. 
A vítima nem sempre procura denunciar o agressor, e como consequência, temos a impunidade dos agressores. Desta forma, o silêncio das mulheres agredidas e até mesmo as ideias de sua inferioridade com relação aos homens têm contribuído para o aumento e existência deste tipo de violência.
A mulher era sempre considerada como ser de menos importância do que o homem. Isso faz com que haja aumento da violência, pois as mulheres sofrem caladas por sentirem que são inferiores aos seus companheiros.
Hannah Arendt (2009) numa investigação acerca “da natureza e das causas da violência”, já alertara para a falta de grandes estudos sobre o fenômeno da violência e sua consequente banalização:
Ninguém que se tenha dedicado a pensar a história e apolítica pode permanecer alheio ao enorme papel que violência sempre desempenhou aos negócios humanos, e à primeira vista é surpreendente que à violência tenha sido raramente escolhida como objeto de consideração especial. (Na última edição da enciclopédia de Ciências Sociais, a “Violência nem sequer merece menção). Isto indica quanto a violência e sua arbitrariedade foram consideradas corriqueiras e, portanto,negligenciadas; ninguém questiona ou examina o que é óbvio para todos.Aqueles que viram apenas violência nos assuntos humanos, convencidos de que eles eram “sempre fortuitos, nem sérios, nem precisos” (Renan), ou de que Deus sempre esteve com os maiores batalhões, nada mais tinham a dizer a respeito de violência ou da história. Quem quer que tenha procurado alguma forma de sentido dos registros do passado viu-se quase que obrigado a envergar a violência como um fenômeno marginal. (ARENDT, 2009, p.23)
Para o autora violência é bastante constrangedora para toda a sociedade, ela é tida como um fenômeno marginal, ou seja, que só traz péssimas consequências para as pessoas que sofrem com a violência no meio privado ou público.
1.1 O que é violência contra a mulher?
A violência contra a mulher é qualquer ato ou conduta baseada nos gêneros que causa morte, danos ou sofrimentos físicos, sexuais ou psicológicos a mulher. Tanto na esfera publica como privada. Também se observa a desigualdade entre homens e mulheres, que faz com que as mulheres não consigam melhor desenvolvimento na sua vida. Onde a sociedade brasileira está preocupada com a questão da violência sobre variados anglos: da segurança e insegurança, da repressão, da prevenção, do atendimento, enfim de todos os aspectos que dizem respeitos à vida do homem nas relações sociais.
De modo singular a violência contra a mulher tem expressão significativa na sociedade brasileira. E para melhor entender essa questão que se encontra por todo o mundo, torna-se necessário conhecermos a real concepção dessa palavra violência.
A violência sempre deixam marcas físicas e psicológicas naquelas que representam a metade da população brasileira, é uma forma de manifestação de agressividade, instinto que constitui o organismo animal que abita o ser humano. Para melhor compreender a violência é preciso distingui-la da agressividade. 
Fraga (2006, p.45) ensina que: “Toda violência pressupõe agressividade, mais nem toda atividade humana pressupõe agressividade, porem não violência”.
A agressividade é uma condição necessária ao homem, na realização de suas atividades. Significa que sem essa condição o homem fica sem possibilidade de iniciativa ou defesa, passando a agir segundo a vontade e a programação de outros homens.
Faleiros (2007, p.27) conceitua violência como: “Um processo relacional, pois deve ser entendido na estrutura da própria sociedade, e das relações interpessoais, institucionais e familiares”.
Compreende-se que a violência é um processo diversificado em suas manifestações que ocorre de modo individual ou coletivo, na família, ou em diferentes grupos e segmentos, instituições, no campo ou na cidade. Portanto pode ser violência física ou psicológica.
Em nossa sociedade muita gente ainda acha que o melhor jeito de resolver um conflito é a violência e que os homens são mais fortes e superiores às mulheres. É assim que, muitas vezes, os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres. Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam apontados como fatores que desencadeiam a violência contra a mulher, na raiz de tudo estão à maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino, o que por sua vez se reflete na forma de educar os meninos e as meninas. Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a agressividade, a força física, a ação, a dominação e a satisfazer seus desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza, delicadeza, sedução, subimissão, dependência, sentimentalismo, passividade e o cuidado com os outros.
Para elas é muito difícil acabar com essa situação, pois muitas sentem vergonha ou dependem emocionalmente ou financeiramente do agressor, Ao longo da história nós mulheres temos sofrido com o processo de dominação e opressão imposto pelo patriarcado e o machismo e as instituições que os sustentam. Na idade antiga, as mulheres eram tratadas como escravas, Na idade média, a caça as bruxas levou à morte milhares de mulheres.
Hoje, em pleno século XXI, nós mulheres estamos presenciando várias tentativas de retrocesso nas conquistas duramente alcançadas pelo movimento feminista. Em que a violência interfere na qualidade de vida, no exercício da cidadania das mulheres e no desenvolvimento da sociedade em sua diversidade. 
A violência é um problema cuja presença aumenta cada vez mais, nas discussões em todos os passos, institucionais e na sociedade em geral. Desta forma a questão da violência contra a mulher, por se tratar de uma das manifestações da questão social brasileira deve se procurar meios para amenizar esta problemática, que aflige tantas pessoas que merece ser tratada com carinho e respeito.
Cada pessoa deveria plantar coisas boas, tipo: sabedoria, respeito, amor, carinho, pois com certeza receberá tudo isso de volta. Mais na realidade é que a maioria das pessoas só plantão coisas negativas para a sociedade, fazendo com que haja bastantes sofrimentos para todos, pois a educação que cada um recebe, é muito importante para o seu caráter, sendo que a família não é somente a soma de pai, de mão e filho, mais a responsabilidade que se passa as pessoas.
A violência deixa marcas profundas na vida das vitimas, não tendo coragem de realizar denuncia por medo do agressor, muitas sofrem com essa dura realidade ficando ou mantendo-se caladas. Sendo que para as mesmas é muito difícil dar um basta naquela situação. Muitas sentem vergonha, medo, insegurança. Achando que a cena não vai acontecer novamente e que foi somente daquela vez, tendo até mesmo, medo que seus filhos sofram também com a situação.
Atualmente existem as delegacias de defesa da mulher, que recebe todas as queixas de violência, investigando e punindo os agressores. Como em toda a polícia civil, o registro das ocorrências, ou seja, a queixa é feita através de um boletim de ocorrências, que é um documento essencialmente informativo, todas as informações sobre o ocorrido visam instruir autoridade policial, qual a tipicidade penal e como proceder as investigações.
Toda mulher violentada física ou moralmente, deve ter a coragem para denunciar o agressor, pois agindo assim ela está se protegendo contra futuras agressões, e serve como exemplo para outras mulheres, pois enquanto houver a ocultação do crime sofrido não vão encontrar soluções para o problema. 
As mulheres que sofreram violência podem ainda procurarem ajuda nas defensorias públicas e juizados especiais, nos conselhos estaduais dos direitos das mulheres e em organizações de mulheres, Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais, etc.) está em risco, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantém casas – abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor.
Dependendo do tipo de crime, a mulher pode precisar ou não de um advogado para entrar com uma ação na justiça, Se ela não tiver dinheiro o Estado pode nomear o advogado ou advogada para defendê-la. Muitas vezes a mulher se arrepende e desiste de levar a ação adiante. Em alguns casos pode ainda pedir indenização pelos prejuízos sofridos. Para isso ela deve procurar a promotoria dos direitos constitucionais e reparação de danos.
A mulher não deve ser vista como uma vítima da violência que foi provocada contra ela, mas como elemento integrante de uma relação com o agressor que ocorre em um contexto bastante complexo, que às vezes se transforma em uma espécie de jogo em que a vítima passa a ser cúmplice. É urgente que a sociedade a brasileira tome consciência e assuma a responsabilidade de mostrar e combater a violência em suas diferentes formas. Esta é uma causa justa, humanitária.
Dessa forma, toda mulher deve procurar as delegacias especiais de polícias, conselhos e associações que tratam dos direitos das mulheres. O silêncio gera impunidade! Assim devemos entrar em luta contra toda opressão, pela paz, por uma sociedade justa e fraterna, combatendo as desigualdades e a discriminação de classe, de gênero, de raça, etnia, e principalmente a violência contra a mulher.
1.2 Tipos de violência
A mulher é repetida vezes, vítima de uma violência motivada por uma relação de gênero desigual, estabelecida a partir da ideia da superioridade masculina, neste sentido deve-se identificar esses atos de violência. Onde os tipos de violência contra a mulher são: violência intrafamiliar, doméstica, sexual, de gênero, física, institucional, familiar, moral,patrimonial, psicológica. 
A violência intrafamiliar: é uma das formas mais frequentes de violência contra a mulher, A principal característica desse tipo de violência é o fato de o agressor fazer parte da família da vítima, geralmente seu companheiro. O cenário da agressão é, grande parte das vezes a unidade doméstica, mas pode acontecer fora dela também. Por exemplo, se o marido vai até o trabalho da esposa para agredi-la, isso é considerada violência doméstica. A violência intrafamiliar /doméstica infligida contra as mulheres vai do abuso físico e sexual à violência psicológica. O abuso físico é o mais visível e também o mais denunciado no caso da violência doméstica, mas não é necessariamente o mais frequente. 
A violência doméstica: é aquela praticada dentro do lar (ou no espaço simbólico representado pelo lar). Fundamenta-se em relações interpessoais de desigualdade e de poder entre mulheres e homens ligados por veículos consangüíneos de afetividade, de afinidade ou de amizade. O agressor se vale da condição privilegiada de uma relação de casamento, convívio, confiança, amizade, namoro, intimidade, privacidade que tem ou tenha tido com a vítima.
Não é necessário, portanto que o incidente violento aconteça dentro do âmbito do lar para se caracterizar como violência domestica, mas sim que ocorra entre pessoas que mantém vínculos permanentes de parentesco e amizade e que compartilhe ou tenham compartilhado o mesmo domicilio ou residência da mulher, mesmo que a violência aconteça na rua.
A violência sexual: consiste no ato de obrigar a mulher- por meio da força, intimidação, ou qualquer outro tipo de ameaça a manter contato sexual físico ou verbal (quando se obriga alguém a dizer coisas de conteúdos libidinosos para excitar-se, por exemplo), com o próprio agressor ou com terceiros. 
Também é considerada violência sexual quando, no momento do ato sexual, a mulher é forçada a fazer alguma coisa que não seja de sua vontade. As formas mais comuns de violência sexual são o estupro, tentativa de estupro e atentado violento ao pudor. A expressão abuso sexual tem sido cada vez mais usada como referência tanto para o estupro, quanto para o atentado violento ao pudor.
A violência de gênero: essa violência é sofrida pelo fato de ser mulher, sem que haja distinção de raça, classe social, religião ou até mesmo idade. Entendida como uma das mais incompreensíveis formas de discriminação sofrida pelas mulheres, a violência baseada no simples fato de ser mulher interfere significativamente no exercício dos direitos de cidadania e na qualidade de vida de mulheres no mundo todo, limitando seu pleno desenvolvimento enquanto sujeitos humanos constituintes da sociedade. Afeta igualmente o pleno desenvolvimento da sociedade em sua diversidade.
Teles e Melo (2002, p. 25) que: 
[...] a violência de gênero é praticada pelo homem para dominar a mulher, e não elimina La fisicamente [...] é possuí-la, é ter como sua propriedade, determinar o que ela deve desejar pensar, vestir [...] a relação de gênero esta contida em como o homem deve agir sobre a mulher, pois este entende como sua propriedade.
Violência física: se entende aquela que é perpetrada no corpo da mulher por meio de socos, empurrões, beliscões, mordidas e chutes. Ou por meio de atos de atos mais graves, como por queimaduras, cortes e perfurações feitas com armas brancas (facas, canivetes, estiletes etc.) ou armas de fogo.
Violência institucional: são as praticadas nas instituições prestadoras de serviços públicos, como hospitais, postos de saúde, escolas, delegacias, judiciárias. É perpetrada por agentes que deveriam proteger as mulheres vítimas de violência, garantindo-lhes uma atenção humanizada, preventiva e também reparadora de danos.
Violência familiar: essa violência se manifesta na família, ou seja, por vínculo de parentesco natural, por exemplo: pai, mãe, filha, por parentesco civil que são: marido, sogra, por afinidade que são citados: primo, ou tio do marido ou afetividade: amigo ou amiga. 
Violência moral pode ser entendida como, uma das manifestações da violência psicológica, uma vez que para violentar psicologicamente é necessário também desmoralizar, colocar em dúvida a idoneidade moral da mulher. Na interação entre homem e mulher, essa agressão moral é, de fato, uma agressão psicológica. A violência moral consiste em calunias, difamações ou injúrias que afetam a honra ou a reputação da mulher. É comum nestes casos que a ofensa sofrida se relacione ao exercício da sexualidade pela mulher, tratando este exercício como algo reprovável e sujo. Deve ser entendida como uma forma de julgamento, controle e limitação da sexualidade das mulheres. Trata-se, pois, da dupla moral que estabelece parâmetros diferenciados e desiguais para homens e mulheres.
Violência patrimonial: configura se por ações ou omissões que impliquem em dano, perda, subtração, destruição, retenção de objetos, instrumentos de trabalhos, documentos pessoais, bens, valores, direitos ou recursos econômicos destinados a satisfazer as necessidades da mulher. A violência patrimonial, muitas vezes é utilizada como forma de limitação da liberdade da mulher, inclusive de ir e vim, na medida em que lhe são retiradas meios para a própria subsistência.
Essa violência é utilizada muitas vezes para que a mulher não tenha controle sobre seus próprios bens. E assim ela torna-se cada vez mais dependendo de seu parceiro, alguns tentam impedir ou atrapalhar o trabalho dela, já outros são agressivos e destroem objetos que pertencem a sua mulher. Eles fazem isso somente por ser possessivo ou por quererem aproveitar se da situação econômica da mulher.
Violência psicológica é um tipo de violência que acontece por meio de um comportamento agressivo, mas que não imprime à força física a vítima. Acontecem repetidas vezes no cotidiano de um casal e tem como principal característica destruir a alto estima da mulher. É geralmente verbal, quando o discurso do carrasco tem como objetivo desrespeitar ou depreciar sua vítima, mas também pode ser gestual se tem a finalidade de fazer com que a mulher tem a sensação de abandono ou rejeição. 
Segundo Kashani e Allan (1998): 
Cada tipo de violência gera prejuízos nas esferas do desenvolvimento físico, cognitivo, social, moral, emocional ou afetivo. As manifestações físicas da violência podem ser agudas. Como as inflamações, contusões, hematomas, ou crônicas, deixando sequelas para toda a vida, como as limitações no movimento motor, traumatismos, a instalação de deficiência física entre outras. Os sintomas psicológicos frequentemente encontrados em vitimas de violência são: insônia, pesadelos, falta de concentração, irritabilidade, falta de apetite, e ate o aparecimento de sérios problemas mentais como a depressão, ansiedade, síndromes do pânico, estresse pós-traumático, alem de comportamentos autodestrutivos, como o uso do álcool e drogas, tentativas de suicídios (KASHANI E ALLAN, 1998, p. 40). 
Dessa forma são vários os tipos de violência, todos eles com suas graves consequências, que com certeza deixa a pessoa acarretada de problemas que devem ser resolvidos, mas para isso precisam contar com o apoio de alguém mais próximo parente ou até mesmo amigo, Todos nós temos que nos ajudar na luta para o fim da violência, pois a união faz a força.
O artigo 02 da convenção de Pará diz que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica e que tenha ocorrência em quaisquer destes lugares citados:
Que tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica, ou em qualquer outra relação interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher e que compreende, entre outros, estupro, violação, maus tratos e abuso sexual.
Que tenha ocorrido na comunidade e seja penetrada por qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violação, abuso, sexual, tortura, maus tratos de pessoas, tráficos de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no lugar de trabalho,bem como em instituições educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer outro, e.
Que seja perpetrada ou tolerada pelo estado ou seus agentes, onde quer que ocorra. 
Objetivando, de essa forma eliminar as violências, ou seja, são decorrentes da desigualdade entre homens e mulheres. Eliminando não somente no espaço público, mas também no espaço privado. Amparando legalmente o mais frágil e se aplicando corretamente faz se surgir resultados justos. 
 
1.3 A violência no Brasil
A violência no Brasil vem da contribuição de ordem ética e política. Os fatores que fazem aumento da violência são, por exemplo: a falta de investimento na educação, a má distribuição de renda, sendo que a desigualdade social no Brasil uma das maiores do mundo. E necessário que se faça mais investimentos na estrutura e na qualidade de ensino da escola é bastante essencial para que não haja aumento da violência na sociedade.
As leis no Brasil deveriam está voltadas para todos os cidadãos, sem deixar ninguém de fora, pois a exclusão social e educacional é tida como uma das causas da violência, este problema precisa ser reduzidos para viverem em um Brasil melhor.
Conforme sustenta o antropólogo e ex- secretário Nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares: “Temos de conceber, divulgar, defender e implantar uma política pública, sem prejuízo da preservação de nossos compromissos históricos com a defesa de políticas economias- sociais”. Os dois não são contraditórios.
Segundo Luiz Eduardo Soares, devemos procurar implantar políticas públicas para amenizar os diversos problemas sociais que ocorrem em nosso Brasil, principalmente o da violência que gera tanto desconforto para toda a sociedade em geral, que necessita viver com segurança.
A questão da violência no Brasil precisa com certeza ser solucionada, envolvendo diversos setores de toda a sociedade, a segurança pública, o judiciário, fazendo com que haja demandas urgentes. As políticas públicas precisam ser mudadas, a sociedade precisa participar com maior abrangência nas buscas de soluções para esse grave problema. Todos juntos fazendo a parte de cada um, faz surgir melhores oportunidades de controlar a violência em nosso meio.
As mulheres brasileiras enfrentam a realidade da violência dentro de casa, onde são vítimas de agressões do ambiente familiar, mas essas mulheres carregam com elas grandes resistências em realizar denúncia. 
Segundo Casique e Furegato (2006), dentre as diferentes formas de violência de gênero citam-se a violência intrafamiliar ou violência doméstica e a violência no trabalho, que se manifestam através de agressões físicas, psicológicas e sociais. Na violência intrafamiliar contra as mulheres e/ ou as meninas incluem o maltrato físico, assim como o abuso sexual, psicológico e econômico.
De acordo com Casique e Furegato, pode-se observar que a violência contra a mulher, está presente na família, no trabalho, e que se manifesta através de agressões físicas, psicológicas e sociais, abuso sexual e até mesmo econômico. Muitas mulheres passam por esse tipo de constrangimento e mesmo assim, ficam caladas com medo de serem ainda mais maltratadas. Mas, na realidade temos que procurar conscientizar as mesmas a buscar soluções e punição para esses agressores. 
A violência aflige a população brasileira de tal forma que muitas pessoas por questão de medo deixam de sair de suas casas por medo. Todos nós seres humanos devemos ter direito a segurança em nossa vida, sendo que é dever das autoridades atribuir soluções para esse grave problema, ou pelo menos diminuí-lo.
No Brasil a violência contra a mulher atinge uma em cada cinco mulheres, sendo que a maioria dessas violências ocorre no ambiente doméstico, praticadas por homens com laços de intimidade com as vítimas. Desta forma, a violência é com certeza um dos maiores problemas enfrentada pela sociedade brasileira, fruto de condições socioeconômicas. Profundamente desiguais, de corrupção e de uma tradição de impunidade.
Entre 1985 e 2002 foram criadas no Brasil 339 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) e 71 Casas Abrigo. As delegacias especiais de atendimento às mulheres constituem uma das mais importantes experiências de políticas públicas visando à repressão da violência doméstica e se tornou referência para outros países. A ampliação do conceito de violência também produziu alguns resultados na criação dos serviços públicos ou de ONGs, visando promover a autonomia das mulheres, de apoio social, jurídico e psicológico.
Com base nestes dados, o atendimento a vítimas de violência, ajuda bastante e vem contribuindo para que haja repressão da violência doméstica. Obtendo-se resultados positivos, fazendo surgir autonomia para as mulheres em suas casas, trabalhos e meios sociais. As mesmas precisam lutar por seus direitos na sociedade e um desses direitos é viver bem sem medo de ser agredida por parceiros, maridos, amigos, em fim sofrer qualquer tipo de violência.
Segundo Rocha (2001, p.112):
A violência contra a mulher vem se constituindo uma das mais graves formas de violação dos direitos humanos em nosso País. Violentadas pelo fato de tais crimes enfrentam a complacência e a legitimidade social que garantem aos seus agressores a impunidade.
Nesse sentido de acordo com Rocha, grande parte das mulheres brasileiras passa por diversos problemas e um deles é a pobreza, e assim a política de assistência social pode servir para colocar as mulheres em condições sociais adequadas para a vida social.
Segundo Nascimento (2008, p. 56),
É inegável a conquista social das mulheres brasileiras nos últimos séculos e a diminuição de algumas desigualdades de gênero, principalmente na área de educação no mercado. No entanto, a violência contra as mulheres ainda é uma questão social grave e com consequências diretas na saúde sexual reprodutiva. 
De acordo com Nascimento, as mulheres vêm conquistando seu espaço na sociedade e isso é bastante gratificante para nós que lutamos contra a violação dos direitos. Mas de fato a violência contra a mulher se encontra ainda muito grave e é preciso que providências sejam tomadas. É necessário que haja um trabalho investigativo, que ações conjuntas sejam tomadas no sentido de elucidar esses crimes, para que os culpados sejam legalmente penalizados. Só assim, poderemos transitar tranquilas pelas ruas da cidade e estaremos vivos para participar ativamente na construção de uma nova sociedade onde homens e mulheres sejam igualmente valorizados.
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CAPITULO II - CULTURA E GÊNERO
A violência contra a mulher é tão generalizada que, metafórica e ironicamente, tem sido qualificada como perversamente democrática, no intuito de mostrar que se encontra presente em todas as classes sociais, grupos étnico/raças, segmentos culturais e credos religiosos que fazem parte das sociedades nacionais.
Resultante da capacidade de adaptação da ideologia patriarcalista aos tempos modernos e, por tanto, sempre presente, a violência contra as mulheres ocorre porque as mulheres são relegadas a cumprir um papel de cidadãs de segunda categoria. Por essa razão é necessário compreender que a hierarquia de gênero estabelecida (onde o feminino não é apenas inferior, mas também subordinável) propicia a violência contra as mulheres.
Na atualidade, quando as ideias de contrato social e de cidadania prevalecem, a ideologia patriarcalista se defronta com grandes dificuldades para reafirmar seu ilusório “direito natural” da diferenciação dos papeis sociais com base nas diferenças biológicas. Submeter as mulheres e agredi-las não é, portanto, violência de que são objeto é inadmissível. 
 
2.1 Conceito de gênero
Gênero e sexo termos diferentes mais facilmente confundíveis.O termo sexo refere-se basicamente as diferenças biológicas que caracterizam mulheres e homens, já o termo gênero refere-se à construção social sobre a diferença sexual e as formas de relação socialmente impostas entre os sexos, que constituem sujeitos masculinos e femininos. É produto de processo de socialização que reprime as características culturalmente consideradas femininas nos homens e as consideradas masculinas nas mulheres, transformando em duas categorias mutuamente exclusivas, suprimindo suas similaridades naturais e exacerbando as diferenças entre eles.
A violência de gênero pode ser praticada tanto por mulher contra outra ou por um homem contra o outro. Porem o acontecimento mais amplamente difundido da violência de gênero caminha no significado o homem contra a mulher, essa violência acontece não só em ambientes domésticos, mas também nos espaços públicos, nas relações sociais afetivas e sexuais, como também no mundo do trabalho (SAFFIOTTI, 2004). A violência de gênero é uma pratica ligada a partir das construções de valores e representações sobre o que é serem homem e o que é ser mulher na sociedade. O gênero, embora construído socialmente não pode se separar da natureza de cultura como fala Souza (2004, p.71), “o cotidiano se insere na explicação dessa construção social e cultural, e nele o gênero se forma”.
Na Grécia Antiga havia muitas diferenças entre homens e mulheres. As mulheres não tinham direitos jurídicos, não recebiam educação formal, eram proibidas de aparecer em público sozinhas, sendo mantidas em suas próprias casas, enquanto que os homens, estes e muitos outros direitos eram permitidos, como Vrissimtzis (2002) elucida:
[...] O homem era polígamo e o soberano inquestionável na sociedade patriarcal, a qual pode ser descrita como o clube masculino mais exclusivista de todos os tempos! Não apenas gozava de todos os direitos civis e políticos, como também tinha poder absoluto sobre a mulher. (p.38)
Observa-se que havia muitas diferenças entre homens e mulheres, e que os ordenamentos culturais em que se fundamentam nossas sociedades sejam em grande medida os responsáveis pela violência contra as mulheres, ha que se sublinharem essas mesmas sociedades censura as mulheres que não denunciam a situação de violência em que vivem. Mas é necessário notar que essa censura provém da convicção de que a denúncia é enganosa ou que tem objetivos dúbios, já que com que como a “mulher de malandro” toda a mulher, de fato, “gosta de apanhar” e “sempre sabe por que está apanhando”.
Para Levi- Strauss (1976, p.105 apud SUAREZ, 1991, p.3), a mulher é:
Um dos presentes, o presente supremo, entre aqueles que podem ser obtidos somente em formas de dons recíprocos. Não devemos, portanto, nos espantar ao ver as mulheres compreendidas entre alocações recíprocas, pois tem esse caráter em grau máximo, ao mesmo tempo em que outros bens, materiais e espirituais.
O Autor Lévi-Strauss relata que homem e mulheres, todos os grupos humanos estão divididos em duas categorias humanas, ou seja, em dois gêneros, um fenômeno universal, no entanto o entendimento do que é ser homem e ser mulher é múltiplo, assim como essa ideia, em uma má sociedade, pode sofrer inúmeras variações no decorrer do tempo.
Para enfrentar a violência de gênero, o país conta hoje com uma política nacional de enfrentamento a violência contra a mulher. O eixo desta política está calcado na ampliação da rede de serviços especializados de atendimento as mulheres em situação de violência, a capacitação de profissionais na temática da violência de gênero, na promoção de mudanças na legislação que elimine a discriminação e o preconceito sexista e no apoio de realização de intervenções educativas e culturais.
A definição de masculino e feminino é uma construção histórica, política, cultural, subjetiva, mutável e plural. A clareza dos agentes públicos (e de todos aqueles envolvidos com a elaboração e execução de políticas públicas) de que é nos processos sociais e culturais que se produz porque reconhecemos como diferenças entre mulheres e homens é decisiva para concretizar a opção de intervir efetivamente nas condições de desigualdades delas decorrentes. A incorporação e consolidação dessa perspectiva redesenha a amplitude dos desafios a serem enfrentados no campo e formulação e execução de políticas públicas que devem articular sempre que possível os princípios da igualdade e equidade.
O principio da igualdade deve orientar a proposição e estratégia que promovam o equilíbrio de poder entre mulheres e homens em termos de recursos econômicos, direitos legais, participação política e relações pessoais. O principio da equidade requer o pleno reconhecimento das subordinações e necessidade especifica dos diferentes grupos de mulheres e é compreendida como fundamento das ações afirmativas e como instrumento necessário ao alcance do pleno usufruto, por mulheres e homens, de todos os direitos humanos liberdades fundamentais.
Uma das consequências esperadas de uma maior autonomia feminina refere se a possibilidade de romper com o circulo de violência domestica. Ainda que seja um fenômeno reconhecidamente presente na vida de milhões de brasileiras. Metade dos crimes cometidos conta as mulheres no mundo é de autoria de seus (ex) companheiros. Todas as mulheres devem ser engajadas em movimentos sociais, associações de bairros ou grupos de mães, estas mulheres tem a possibilidade de expressar suas necessidades.
A maior presença de mulher exercendo atividades produtivas no espaço público e o nível de escolaridade superior ao masculino não foram capazes, porem de reverter importantes desigualdades verificadas na esfera do trabalho. Assim, se o nível de atividades das mulheres aumentou, ele ainda é bastante inferior aquele verificado para os homens. A própria decisão de ingressar no mercado de trabalho não é concretizada na mesma intensidade para os trabalhadores dos dois sexos.
Uma vez que conseguem entregar no mercado de trabalho, as mulheres concentram se em espaços bastante diferentes daqueles ocupados pelos trabalhadores do sexo masculino. Elas estão em proporção maior do que o homem entre as empregadas domestica trabalhadoras na produção para o próprio consumo ou não renumeradas e servidor público, enquanto os homens se encontram proporcionalmente mais presentes na condição de empregados (com e sem carteira assinada), contra-propria e entregadores. Há ainda persistente divisão sexual dos trabalhos leva a que mulheres tenham uma sobre carga com as obrigações relativas ao trabalho domestico, de cuidado com a casa e com os filhos. A intensidade com que se dedicam a esses afazeres também é diferenciada: as mulheres gastam algo em torno de 25h semanais cuidando de suas casas e de seus familiares, enquanto os homens que executam estas tarefas gastam menos de 10h por semana. A necessidade de conciliar trabalho e cuidados domésticos faz com que muitas mulheres encontrem uma alternativa o emprego em jornadas de trabalho menores.
2.2 Desafios para construção da igualdade
A noção de gênero vem muitas vezes sendo confundida com a ideia de sexo feminino, quando em realidade surgiu exatamente para destacar essa distinção. Enquanto sexo indica uma diferença anatômica inscrita no corpo, gênero indica a construção social, material e simbólica, a partir desta diferença, que transforma bebês em homens e mulheres, em cada época e lugar de distintas maneiras. A ideia é antiga. Simone de Beauvoir (1970) já dizia:
Desde os anos 50, que não se nasce mulher; torna-se mulher. O que tem um surpreendente avanço nos anos 80 e 90 é o refinamento e a complexificação desta ideia e uma ampliação de seu uso nos mais diversos campos de estudo, tais como História, Antropologia, Sociologia, Psicologia, Direito, Crítica literária, Psicanálise, Educação, Saúde e Economia, entre outros. Em um dos textos mais conhecidos que definem como uma interseção entre duas proposições: ... O gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseadonas diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder (p.14).
Masculino e o feminino são, pois, construtos sociais, o que se contrapõe à noção da essencialidade dos comportamentos sociais com base nas características sexuais: o homem sempre poderoso e agressor; a mulher sempre desprotegida e vítima.
Cabe, no entanto, ressaltar que a nomeação de “vítima” permanece muito associada à mulher até por razões históricas, fato relacionado às origens da tomada da violência contra mulheres como evento passível de intervenção na esfera pública. Iniciando-se a visibilizarão dessa situação vivida como um problema público e uma questão de Justiça, bem como se iniciando alguma intervenção social de proteção às mulheres no campo dos Direitos Humanos, com o reconhecimento de atos violentos e dos assassinatos das mulheres (o que em passado não tão remoto foi aceito em nome da “defesa da honra” masculina), passa a Justiça legalmente a reconhecer familiares como “agressores” / criminosos e mulheres, como “vítimas”. 
Se o termo cabe com precisão na linguagem do Direito, é evidente a expansão semântica que se dá para seu uso disseminado em outras esferas de atuação não pertencentes ao exercício da lei e julgamento dos crimes. No campo jurídico todas as pessoas em conflito, sejam homens ou mulheres, serão ou réus ou vítimas... Já nas esferas, por exemplo, da saúde, da assistência social ou outras formas de atuação, a tomada de qualquer sujeito na condição de “vítima” é significá-lo de saída como sujeito plenamente potente, isto é, de deter plenamente autodomínio e soberania de decisões, daí que se perpetue a noção da mulher como um sujeito incapaz, á semelhança das crianças, dos doentes... Ou dos loucos, em maior grau! Incapaz de decisões, incapaz de pleno domínio de si... Então necessitaria de eternos “tutores”!
Ora, esta é a própria construção social do feminino denunciada e repudiada pelo movimento de mulheres e que constrói a concepção das mulheres como eternos “dependentes”. Pode do ponto de vista histórico, explicar, sem eticamente justificar, tanto a cultura da “proteção” necessária (passando as próprias mulheres a se conceberem da mesma forma e conceberem seus companheiros como “os provedores”), proteção que não se confunde com “cuidado”, quanto à cultura de que os sujeitos dependentes, sempre infantilizados como sujeitos sociais, precisam de eterna vigilância e educação rigorosa, o que em passado já bem próximo, significava punições físicas e sanções morais, para o aprendizado da adequada conduta social. Assim, não será espantoso que agressores e agredidas pensem a si próprios numa relação mais educativa que de casal, fazendo parte esta “educação” do sentimento amoroso!
As mulheres brasileiras são duplamente vítimas de situações violentas: como cidadãs, se defrontam com as diversas formas de violência que atingem a sociedade brasileira; como cidadãs e mulheres como a violência de gênero, A violência é um dos maiores problemas enfrentados pela sociedade Brasileira, fruto de condições socioeconômicas desiguais de corrupção e de uma tradição de impunidade. Apesar dos avanços na legislação de proteção aos direitos humanos. Os índices permanecem elevados e alguns deles cresceram na ultima década.
Segundo Kaufman (1993), 
A violência de gênero inclui as perspectivas de que os homens sejam dominantes e que usem sempre a força para isso. Os homens que acreditam terem direito de dominar suas esposas podem partir para a violência quando lhes são negados esses benefícios do patriarcado. A categoria violência de gênero passou a ser usada para designar a violência contra a mulher praticada pelo homem, resultado de uma formação cultural e ordem de patriarcado. (p. 37)
Em seu relato Kaufman, deixa bastante claro que os homens fazem uso de sua força para manter superioridade sobre as mulheres. Ou seja, eles acreditam que as mulheres devem ser submissas as suas vontades, caso contrário agem de forma violenta.
Entre homens e mulheres, a questão da desigualdade é tida de forma natural, em que é posta pela tradição da cultura, pelas relações sociais. Nesse sentido, muitos pensam que a questão da diferença de gênero não é atribuída mais sim construída.
Ao refletir sobre a violência contra a mulher, Saffioti (2004, p.154) enfatiza:
Pertencer à categoria do sexo feminino constitui um handicap no terreno da violência. Primeiro porque a mulher em média tem menos força física que o homem. Segundo porque embora a mulher via de regra revide a agressão, ou tente se defender dela de outras formas, estes atos são mal vistos pela sociedade que só legitimam a violência praticadas por homens [...] Terceiro a mulher apresenta uma especificidade corporal que, culturalmente elaborado a torna presa fácil daquele que, também em virtude da cultura, transformou o Pênis em órgão penetrante em instrumente perfurante [...] mas a mulher tem sido a vítima preferida dos homens da história.
Para Saffioti, a mulher tem sido a principal vítima de homens que praticam a violência contra as mesmas. O sexo feminino sofre bastante com esse grave problema, pois possuem menos força que os homens, não tendo muitas vezes como se defender. Dessa forma os agressores procuram sempre praticar a violência contra as mulheres ou apresentarem características menos favorável de defesa que os homens. Tendo medo de denunciar e cada vez mais aumentando o número de casos de violência da sociedade.
No entanto, o fato de usarem a força para submeter as mulheres as suas vontades o ato de impor uma superioridade de tudo o que está relacionado ao gênero masculino não é um dado da natureza; trata-se de um comportamento aprendido e desenvolvido, claro, a partir das facilidades da submissão por meio da força. A superioridade física determinou uma organização social baseada em uma desigualdade de gênero e que privilegia o masculino.
Os homens são tidos na sociedade como chefes de família, e o poder máximo da organização social. São dados aos mesmos. Neste sentido as explicações da violência contra as mulheres partem do fato que os homens têm uma vantagem física com relação às mulheres, isto é, são mais fortes. 
Para a socióloga Saffioti (2004) o fenômeno da violência contra mulher existe e se mantêm principalmente por meio da conservação de uma cultura patriarcal nas relações de gênero. Para a autora, a cultura que estabelece que as mulheres tenham de se submeter aos homens não determinam aos limites que define até que ponto essa submissão. Para configurar no consentimento de ser vítima de violência. 
Saffioti (2004, p.3) assevera que: 
Sobretudo em se tratando de violência de gênero e mais especificamente intrafamiliar e doméstica, são muito tênues os limites entre quebra de integridade e obrigação de suportar os destinos de gênero traçado para as mulheres: sujeição às homens sejam pais ou maridos. Desta maneira cada mulher colocará o limite em um ponto distinto do continuum entre agressão e direito dos homens sobre as mulheres. Mas do que isto, a mera existência desta tenuidade representa violência.
De acordo com Saffioti, as mulheres têm o direito de colocar limites sobre o poder que os homens querem ter sobre as mesmas. Em que muitas vezes as esposas são sujeitas aos maridos, sendo agredidas, humilhadas e passando a sofrer com a violência dentro de sua própria casa. Cada mulher deve procurar seus direitos na sociedade, denunciar e não ficar sofrendo calada, pois devem colocar limite na questão da agressão e não devem ficar submissas aos homens.
Para Patemam (1993, p.167),
Uma teoria política feminista importante: “O poder natural dos homens como indivíduos (sobre as mulheres) abarca todos os aspectos da vida civil. A sociedade civil como um todo é patriarcal. As mulheres estão submetidas aos homens tanto na esfera privada como na pública”.
Mediante o autor, os homens exercem o poder sobre as mulheres, elas estão submissas aos homens em todos os aspectos, de forma privada,na pública, ou seja, dentro e fora de casa elas são tidas como símbolo se fragilidade ou até mesmo sujeitas à ordem, ou a uma total dominação masculina com relação às mulheres. 
A atuação das mulheres começou a se modificar a partir da atuação do movimento feminista que procurou intervir esforços nas transformações necessárias para alterar o padrão tradicional e assimétrico de relações de gênero, fazendo com que as mulheres se tornassem “sujeitos políticos do processo de transformação social”.
Para se pensar em uma esfera política igualitária é importante pensar no acesso a essa esfera pública, caso contrário, as desigualdades e discriminações existentes na sociedade vão funcionar como impedimentos invisíveis e a dificuldade de participação pode ser percebida como um atributo das mulheres. Isto é, a desigualdade social perversamente se transforma em um déficit do sujeito (AVILA, 2001 p.16).
De acordo com Avila, a atuação do movimento feminista foi bastante importante para a transformação social, procurando modificar as relações de gênero no sentido de que as mulheres se sujeitam políticos diminuindo assim, a desigualdade social existente na sociedade, ou seja, deve existir uma política igual, sem discriminações para com as mulheres, que hoje em dia já conquistou seu espaço na sociedade, mas sabemos que ainda falta muito para se conquistar.
Dentre outras observações pode-se dizer que as forças que se alavancaram sobre a mulher, são quase que perfeita, porém não invencíveis, pois o rompimento com a ideologia em ser frágil e desigual constituirá com o fim e abuso e opressões sobre a mulher e para que essa nova visão se afirme socialmente falando, é importante que o movimento de militância da igualdade da mulher não se rompa e que os poderes existentes continuem fortes para fazer valer a Lei como forma de punição e de apoio as mulheres agredidas.
Nota-se que a mulher é imprescindível a mudança de mentalidade de que a mulher não pode medir força com o homem, a partir do momento que se rompe com essa concepção, a sociedade irá compreender que as mulheres violentadas precisam é de auxílio e apoio e não de discriminação ou conceitos pré-definidos.
As mulheres têm capacidade de agir em buscar as mudanças sociais, procurando amenizar a terrível e constrangedora questão da violência. Devendo procurar denunciar, se for vitima de agressões ou até mesmo orientando e formando grupos para esclarecer duvidas para as mulheres que estão vivenciando a violência em sua vida. 
A participação das mulheres é absolutamente fundamental para transformação da sociedade e fortalecimento das vítimas que precisam que precisam de apoio na superação. Considerando que não podemos ficar esperando que o número de violência continue aumentando no Brasil, e sim devemos agir e procurar meios de amenizar.
De acordo com Suplicy (1985, p. 37):
O Problema maior para condição de mulher não é o homem e sim ela mesma. Fruto de uma educação em que é criada para dependência, a mulher é um instrumento mais importante de sua opressão. Desde pequena a sua capacidade de aprendizagem Não é usada para se emancipar como fazem os meninos, mas para se emancipar as exigências dos adultos. Quando ousa desafiar ou desobedecer abertamente ao pai ou ao marido, sente-se apavorada. Pois está quebrando muito mais do que uma ordem e sim toda uma estrutura de poder que a mantém imobilizada. Sua autoestima provém muito mais da opinião dos outros do que realmente daquilo que produz ou é capaz. Foi criado para agradar, e assim não satisfazer as exigências dos outros (pais, marido, filhos...). Torna-se um tormento, afetando profundamente sua autoestima. 
Ressalta Marta Suplicy relatando muito bem a questão da autoestima da mulher no sentido que ela confia muito mais na opinião das pessoas, do que na sua própria. Sempre levando consigo a ideia de agradar os outros de obediência e deixando muitas vezes de realizar coisas que deseja fazer no seu dia a dia. Dessa forma, quando tenta desafiar a realidade, procurando meios de sair do poder de seu marido, ou até mesmo pai é vencido pelo medo de agir. Toda mulher precisa vencer os obstáculos, superar o medo de conquistar seu espaço na sociedade, m sendo amada e respeitada por todas as pessoas.
Suplicy (1985, p. 38) também relata que: 
E a vida vai passando e a mulher lutando com a dificuldade de perceber sua capacidade de autonomia e independência. O crescimento da mulher, a perda desses medos vai ocorrendo aos poucos. Não sei se as fases serão sempre as mesmas para todas. Mas, em linhas gerais, obedecem a uma sequencia que chamei de Mariazinha que vai da ansiedade em tentar preencher o que se espera dela, passa frustração de ver que não consegue, pelo medo de reivindicar e, desabrochar na profissionalização, reivindicação e autonomia com idas e vindas de uma fase para outra.
Mediante a autora Marta Suplicy as mulheres vivenciam diferentes fases em sua vida até conseguir autonomia e independência. Aos poucos vai perdendo seus medos, superando as dificuldades para ela mesma perceber que é capaz de conseguir fazer o que deseja, ou seja, que possuí capacidade para lutar por seus objetivos, por seus sonhos e assim deixar de serem simplesmente donas de casa, obedecendo somente ao marido e passa a ter um emprego, pois a profissão vai ajudar com certeza no seu crescimento, na sua vida em geral.
Quanto à anatomia cerebral dos seres humano, sabe se que o cérebro da das mulheres é cerca de 10% mais leve do que o dos homens. Pesquisa tem demonstrado que o funcionamento dos cérebros masculino e feminino é diferente, capacitando cada gênero em habilidades distintas. Por exemplo: os homens têm uma maior capacidade de localizar-se no espaço (percepção espacial), enquanto mulheres têm melhor audição e visão periférica.
Os cientistas procuram explicar essas diferenças do ponto de vista evolutivo, ou seja, homens e mulheres desenvolveram características especificas que foram importantes para a sobrevivência de nossa espécie. Nesse sentido, não se quer provar que as semelhanças apontam para uma superioridade de outro sexo.
O grau de exposição do feto a hormônios masculino ou feminino define a estrutura cerebral. Mas não se conhecem o mecanismo exato que determina tal diferença nem a vantagem evolutiva que a distinção passa ter proporcionado a eles ou a elas [...], a neurologia explica que a diferença esta na interligação entre o hemisfério esquerdo e direito do cérebro, nas mulheres, mais neurônios se comunicam o que explica, por um lado, a compreensão mais ampla de uma questão e por outro lado, a maior dificuldade em concentrar a atenção em um único ponto (VENTUROLI, 1999, p. 57)
Nossas diferenças biológicas também determinam características que tem distinguido homens e mulheres ao longo do tempo na grande maioria da sociedade humana. Os homens manifestam mais agressividade e tem comportamento mais ariscado; mulheres têm mais facilidade em viver em grupo, são mais hábeis para perceber as emoções alheias e superam a expectativa de vida masculina em cerca de oito anos.
Do ponto de vista cultural, homens e mulheres, mesmo pertencendo a uma mesma sociedade, assimilando padrões de comportamentos diferentes. Esses padrões são chamados de comportamento de cultura de gênero. As culturas de gênero não são fixas, ou seja, cada grupo humano vai dizer o que devem ser os comportamentos masculinos e femininos. No entanto podemos identificar que varias sociedades apresentam uma determinação cultural do papel da mulher, que é a de confiná-la na esfera do mundo domestico. Diferente da tendência que verificamos no ocidente, que prega a homogeneização dos papeis de gênero, como os funcionais, por exemplo, (apesar de que ainda predomina a ocupação masculina nos cargos de maior prestigio e poder) e a saída das mulheres ocidentais para o mercado de trabalho provocou uma necessidade de chamar seus homens para o meio domestico. Essa necessidade tem transformado, embora muito lentamente, a cultura masculinacom relação às demandas domestica.
Tornamos-nos homens e mulheres na medida em que vamos aprendendo os padrões de comportamentos existentes na sociedade onde vivemos, o que é considerado tipicamente feminino em uma cultura não o é em outra, e o mesmo acontece com o masculino. Por exemplo, ao comparar o trabalho, dos agricultores no cultivo da cana de açúcar em varias regiões nordestino.
Observou-se então uma diferença significativa quanto à determinação dos papeis de gênero; o ato de capinar (tirar o mato com a enxada) era tarefa homens no sertão do nordeste, um trabalho pesado; o mesmo trabalho, na região do brejo paraibano (uma microrregião do estado da Paraíba), era considerado trabalho de mulher visto como um trabalho leve.
Dessa forma, entender os papéis designados na sociedade moderna ocidental para os sexos é de fundamental importância. Para os acadêmicos da área social, pois possibilita uma contra cultura no sentido da discriminação feminina e da estigmatizarão dos papeis de subalternidade da mulher difundidos pela sociedade machista. “De acordo com a constituição federal, em seu art. 5, determina que: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza e que é garantido o direito a vida, a liberdade, a igualdade e a segurança e propriedade” (BRASIL, 2004, p.7).
Como mostra o art. 5, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Assim compreende-se que a luta das mulheres pela igualdade esta apenas no começo, mesmo apesar dos avanços feitos, ainda há um longo caminho a ser percorrido para chegar a uma mesma estrutura entre mulheres e homens. Principalmente porque o mundo social esta feita de acordo com os interesses e as formas masculinas, de pensamento e conhecimento. O alvo que as mulheres pretendem alcançar nada mais é do que construir um ambiente que facilite o desenvolvimento de uma sociedade feminina.
2.3 Datas importantes na luta pela igualdade de gênero
1º fevereiro: Dia da ratificação pelo Brasil da convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação conta a mulher: (CEDAW, ONU)
24 de fevereiro: Dia da conquista do voto feminino no Brasil; no código eleitora provisório (decreto 21076) de 24 de fevereiro de 1932, o voto feminino no Brasil foi assegurado, após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto.
Fruto de uma longa luta, iniciada antes mesmo da proclamação da republica, foi ainda aprovado parcialmente por permitir somente as mulheres casadas e as viúvas e solteiras que tivesse renda própria, o exercício de um direito básico para o pleno exercício da cidadania. 
21 de março: dia internacional pela eliminação da discriminação racial: EM 1976, A ONU escolheu o dia 21 de março como dia internacional pela eliminação da discriminação racial, para lembrar os 60 negros mortos e as centenas de feridos na cidade de Shapeville, áfrica do sul, em 21 de março de 1960. Estas pessoas foram vitimas da intransigência e do preconceito racial quando pacificamente realizavam uma manifestação de protesto contra o uso de “passes” para os negros poderem circular nas chamadas áreas “brancas” da cidade.
27 de abril dia da empregada domestica: A data é dedicada a santa Rita, padroeira das empregadas. Filha de camponeses, Rita nasceu na Itália e exerceu a profissão de empregada domestica por 48 anos. Sendo sempre com muita dedicação e apreço. Em 1696 foi canonizada pela igreja católica e proclamada padroeira das empregadas domesticas pelo papa pio XII.
A data apesar de pouco divulgada, reforça o potencial e a importância dessas trabalhadoras na geração de emprego, na economia e no próprio comportamento da nova e ascendente família brasileira. Considerada ate pouco tempo uma atividade secundaria, com baixa renumeração e sem direito trabalhistas formalizados, as empregadas domesticas ganharam cada vez mais espaço na sociedade.
Apesar da crescente valorização dos empregados domésticos (cozinheiro, governanta, baba, lavandeira, faxineira, vigia, motorista particular, enfermeiro domiciliar, jardineiro e copeiro) os direitos da categoria são bem diferentes das demais profissões no Brasil.
30 de abril: dia nacional da mulher: Foi escolhida esta data, porque foi no dia 30 de abril que nasceu a fundadora do conselho nacional da mulher. Sr Jerônima Mesquita, que depois de estudar na Europa, engajou se em atividades de assistência social no Brasil, lutando por causas feministas. Ela ao lado de um grupo de mulheres lutou pelo direito ao voto e pela criação do conselho nacional das mulheres em 1932.
Essa data foi instituída pela lei 6.791, no dia 9 de julho de 1980, pelo presidente da republica João Figueiredo, depois que o governo militar proibiu a comemoração do dia internacional da mulher (8 de março), por ser de origem socialista.
Graças à coragem de muitas, as mulheres conquistaram o direito ao voto, a chefia dos lares, colocação profissional, independência financeira e liberdade sexual. Apesar de validas, essas conquistas ainda são uma gota num oceano de injustiça e preconceitos.
08 de maio: Dia internacional da mulher: A ideia da existência de um dia internacional da mulher surgiu na virada do século XX, no contexto da segunda revolução industrial, e da primeira guerra mundial, quando ocorreu a incorporação da mão de obra feminina,na indústria. Com condições de trabalho insalubre e perigoso, assim eram frequentes protestos pelos trabalhadores.
O dia internacional da mulher surgiu para homenagear 129 mulheres queimadas vivas, em uma fabrica de tecidos em nova Iorque, em 8 de maio de 1857, por reivindicar um salário justo e a redução da jornada de trabalho.
A repressão ao protesto foi absolutamente desproporcional. A polícia acabou por trancar as portas da fabrica e a colocar fogo no imóvel, o que veio a custar à vida das 129 mulheres. No momento do incêndio, era confeccionado um tecido de cor lilás, origem da cor do movimento pelos direitos da mulher em todo o mundo.
O primeiro dia internacional da mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909 nos estados unidos por iniciativa do partido socialista da America, em memória as más condições de trabalhos das operarias da indústria de vestuário de Nova York.
28 de maio: dia internacional de luta pela saúde da mulher e dia nacional de redução da morte materna: O dia internacional de luta pela saúde da mulher foi tirado em uma reunião da rede mundial de mulheres pelos direitos reprodutivos (RMMDR), realizada no V encontro internacional sobre saúde da mulher, na costa rica, em 1987, do nacional de redução da morte materna.
04 de junho dia das meninas e meninos vitimas de agressões: Dia internacional das crianças vítimas, inocentes da violência e agressões como é denominado pela ONU que criou em 1982, não como data para ser comemorada, mas sim para refletir a respeito.
A violência contra criança é um assunto que desperta interesse de toda a sociedade que busca entender as razões de tal abuso.
Ate o século XVII, a criança era pouco valorizada e muito desrespeitada, vítimas de abuso sexuais, trabalhos forçados, e submetidas as topo tipo de agressão. Somente no século XIX, as crianças passaram a ser percebidas como seres humanos autônomos e assim se desenvolveu a psicologia, pedagogia, pediatria, psicanálise a fim de atenuar as agressões e melhorar a qualidade de vida das crianças.
Zelar pelas crianças não é uma tarefa somente dos pais, mais também dos parentes, da comunidade, dos profissionais de saúde, dos lideres de modo geral, dos educadores, dos governantes, enfim da sociedade como um todo.
25 de julho dia da trabalhadora e do trabalhador rural: Em 25 de julho, o Dia do Trabalhador da Trabalhadora Rural é comemorado com muita mobilização. Sendo que cada luta se torna cada vez mais necessária, mas o atual modelo agrícola que é defendido pelo capitalismo, em que vem beneficiando o agronegócio. Uma das grandes características dos trabalhadores e trabalhadoras é trabalhar de forma sintonizada e respeitando a terra como ela merece. 
29de agosto: dia da visibilidade lésbica no Brasil: Em 29 de agosto de 1996, aconteceu o I seminário nacional de lésbicas (SENALE) onde, a primeira vez, no Brasil, reuniu-se mais e cem mulheres lésbicas para discutir e rever os seus direitos e conceitos. Esta foi à razão que motivou a escolha data 29 de agosto como a alusão a este marcante encontro, que possibilitou à abertura de um fórum oficial de discussões e que conferiu mais visibilidade às questões ligadas às mulheres lésbicas.
06 de setembro: dia internacional da ação pela igualdade de gênero: As mulheres possuíram fundamental importância no desenvolvimento da sociedade brasileira. Sendo que o movimento feminista foi responsável por diversas conquistas das mulheres na sociedade. A mulher luta pela igualdade de gênero, pelo direito de trabalho na condição de gênero e com certeza pelo fim da violência contra as mulheres.
23 de setembro: dia internacional contra a exploração sexual e o trafico de mulheres e crianças: A conferência mundial de coligação contra o trafico de mulheres de 1999, que aconteceu em dhaka, banhladesh, escolheu esta data como o dia internacional conta a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças. Este dia foi escolhido para lembrar a promulgação da primeira lei que puniu, com pena de 3 a 6 anos de prisão, quem promovesse ou facilitasse a prostituição e corrupção de menores de idade. A lei argentina, conhecida como palácios, foi promulgada em 23 de setembro de 1913.
O trafico de seres humanos, cujas vitimas em potencial são as mulheres, as crianças e adolescente, constituem uma das formas mais explícitas da escravidão do século XXI. Refletem profundamente contradições históricas, relações humanas e sociais da humanidade.
Vulnerar e violar a dignidade e a liberdade de numeras mulheres e crianças, mercantilizando e ferindo seus corpos, matando seus e direitos de viver. Configuram hoje umas das piores afrontas a dignidade humana e uma das mais cruéis violações dos direitos humanos.
As principais causas subjacentes ao trafico de seres humanos são: a pobreza, o desemprego, a ausência de educação e de acesso a recursos. As mulheres são particularmente vulnera vem ao trafico de seres humanos devidos a feminizarão da pobreza, a cultura de discriminação e desigualdade entre homens e mulheres, à falta de educação e de emprego, a cultura hedonista que transforma o corpo da mulher em um simples objeto de desejo ou cobiça. 
28 de setembro: dia pela descriminalização do aborto na America e caribe: Este dia foi criado durante o 5º encontro feminista latino-americano e do caribe, realizado na argentina em 1990, em função da enorme preocupação que o encontro demonstrou com o tema.
10 de outubro: dia nacional de luta contra a violência a mulher: Em 10 de outubro de 1980 foi instituído o dia nacional de luta contra a violência a mulher, quando muitas mulheres do Brasil reuniram-se nas escadarias do teatro municipal de São Paulo. Este movimento foi em forma de protesto contra o crescente índice de criminalidade em todo o Brasil.
É um dia que devemos lembrar a sociedade que se faz necessário denunciar qualquer tipo de abuso e agressão que estejam sendo praticados contra as mulheres. É muito triste perceber como os casos vêm crescendo diariamente, e na grande maioria não são denunciados pelo fato de as vitimas sentirem medo ou vergonha.
25 de outubro: dia internacional contra a exploração da mulher: Desde muitos séculos as diferenças sociais entre mulheres e homens são grandes, os homens são considerados mais capacitados, e possuem mais direitos que as mulheres.
Com o passar dos séculos, existiu uma luta travada pelos direitos da mulher, só assim elas passaram a participar dos processos eleitorais, ter registro em carteira e direitos trabalhistas.
No Brasil, somente em 1932, é que esses direitos foram conquistados no governo de Getúlio Vargas, fazendo com que as mulheres tivessem mais liberdade e melhores condições de vida. Assim o dia 25 de outubro foi instituído pela ONU (organização das nações unidas) como o dia internacional contra a exploração da mulher. 
25 de novembro: dia internacional da não violência contra a mulher: Em 1981, durante o I encontro feminista da America latina e do caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, o dia 25 de novembro foi destinado como dia internacional da não violência conta a mulher, em homenagem a três irmãs, ativistas políticas: pátria, minerva e Maria Tereza Mirabal conhecida como “Lãs mariposas”. Elas foram brutalmente assassinadas pela ditadura de Leônidas trujilio, na republica dominicana por lutarem por soluções sociais para seu país.
Com este acontecimento o dia 25 de novembro passa a ser uma data de grande importância, principalmente para as mulheres que sofrem ou já sofreu algum tipo de violência.
A ONU reconhece a data em março de 1999, alterando discretamente seu nome para dia internacional pela eliminação da violência conta a mulher. O reconhecimento desta data pode ser considerado uma grande vitoria do movimento de mulheres na America latina.
10 de dezembro: dia mundial dos direitos humanos: Assinada em 10 de dezembro de 1948. Por 58 estados que compunham a assembleia geral da organização das nações unidas (ONU) foi o primeiro documento da historia a reconhecer a igualdade entre todos os seres humanos. Embora seja muito mais que uma recomendação da ONU aos países membros, essa declaração passou a ser bastante utilizada pelo direito internacional para resolver conflitos que atente conta os direitos humanos.
O dia internacional dos direitos humanos constitui, portanto, muito mais do que uma data comemorativa. É um dia para a coletividade global relembrar que a garantia efetiva dos direitos humanos e a todos os povos e nações requer vigilância continua e participação coletiva. Uma data para reivindicarmos ações concretas de todos os estados para o cumprimento dos compromissos assumidos com a garantia dos direitos civis, políticos, sociais e ambientais.
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CAPITULO III - A LEI ‘’MARIA DA PENHA’’ Nº 11340/06
3.1 Origem e denominação da Lei Maria da Penha
A violência contra a mulher por muito tempo foi considerada como algo natural e tinha no ditado popular “em briga de marido e mulher, não se mete a colher” a única resposta possível para milhões de mulheres que sofriam violência. Sendo que o movimento de mulheres e feministas desde a década de 70 foi às ruas e reivindicou ao estado brasileiro políticas publicas, ações para enfrentar a impunidade dos agressores, e uma legislação para proteção das mulheres e garantia dos seus direitos. 
A mobilização social das mulheres e o compromisso do governo brasileiro ao assinar tratados internacionais possibilitaram constituir e elaborar uma das leis mais reconhecidas na defesa dos direitos das mulheres que é a lei Maria da penha. A lei leva esse nome em homenagem a Maria da penha Fernandes, brasileira, que como muitas outras mulheres transformaram sua dor em luta. Maria da penha recebeu um tiro de seu marido enquanto dormia e depois de ter ficado paraplégica foi mantida presa em casa e sofreu novas formas de violências como tortura e choque elétrico. Com sua coragem e apoio de varias instituições, buscou ajuda junto a cortes internacionais.
A lei Maria da Penha reconhece hoje como obrigação do estado a garantia de segurança e proteção às mulheres para uma vida sem violência e trouxe para o debate com a sociedade a importância da igualdade de um mundo onde homens e mulheres tenham os mesmos direitos. Enquanto existir a violência contra a mulher não haverá um mundo justo e igualitário. Sendo que a lei Maria da penha é uma das maiores conquistas das mulheres brasileiras e foi criada para proteção delas contra a violência domestica e familiar. Este tipo de agressão fere os direitos das mulheres, humilha maltrata e mata.
A lei obriga o estado e a sociedade a proteger as mulheres contra esse tipo de violência durante toda a sua vida, não levando importância a idade, classe social, cor/raça,