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AGRAVO INTERNO


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 4ª CÂMARA CIVIL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº: XXXXXXXXXX
JOSÉ, já qualificado nos autos do Agravo de Instrumento em epígrafe, inconformado com a decisão monocrática de folhas XXX, vem perante Vossa Excelência com cabimento no artigo 994, III e fundamento no artigo 1.021, ambos do Código de Processo Civil vigente, interpor AGRAVO INTERNO pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
I – SÍNTESE DA DECISÃO AGRAVADA:
	
	José ajuizou demanda em face de Pedro e Joaquim, objetivando indenização pecuniária por Danos Morais, decorrente de ofensas que José refere ter recebido dos Réus.
No decorrer do Processo Judicial, o Juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Cascavel/PR decide pela exclusão do Réu Pedro do Polo passivo da lide, referindo em fundamentação decisória que “José não juntou nenhuma prova que justificasse a legitimidade de Pedro para responder a demanda judicial que ainda estava em curso”, em que pese existir farto conjunto probatório que comprovasse a participação de Pedro nas ofensas morais sofridas por José (Juntada aos autos cópia de site de redes sociais – Facebook – onde Pedro “difama” o autor José – Folhas 51, 52, 53 e 54).
O Advogado de José interpôs embargos de Declaração em face da sentença. Os embargos foram julgados improcedentes pelo Juízo “a quo”.
	Foi interposto Agravo de Instrumento perante o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. O recurso foi distribuído ao Desembargador Relator da 4ª Câmara Cível, que negou seguimento ao mesmo, indeferindo o Recurso em decisão Monocrática.
	O digníssimo magistrado a quo não agiu com o costumeiro acerto, devendo a decisão agravada ser reformada, conforme restará demonstrado.
II – DAS OFENSAS PROFERIDAS PELO AGRAVADO PEDRO:
	
	Trata-se de Agravo Interno de decisão monocrática que decidiu pela exclusão do réu Pedro do polo passivo da lide, referindo em fundamentação decisória que não foi juntado aos autos nenhuma prova que justificasse a legitimidade de Pedro para responder a decisão judicial em curso.
	Importante transcrever trecho da referida decisão: 
“José não juntou nenhuma prova que justificasse a legitimidade de Pedro para responder a demanda judicial que ainda estava em curso...”
	Como se vê, foi colacionado aos autos cópias do FACEBOOK, folhas 51, 52, 53 e 54, onde aparece farto conjunto probatório de que Pedro difama José. A postagem difamatória ganhou repercussão viral, como é bem característico das redes sociais, causando profundo dano na imagem, reputação e honra do agravante provado in re ipsa, eis que é razoável se presumir que o dano ocorreu, pois qualquer um que se coloque na situação do agravante indubitavelmente restaria o prejuízo à sua imagem e honra ante a imputação negativa atribuída da forma como foi feita.
	O magistrado deverá enfrentar em suas decisões todos os argumentos trazidos pelas partes, e não somente os argumentos da parte que lhe interessar. Sendo assim, fica visível que o magistrado não deu a devida atenção as provas citadas anteriormente ou se deu atenção, deve informar quais foram os motivos que lhe convenceram de que não houve participação réu do polo passivo, o que não ocorreu. 
	Diante do vigente código, quando da prolação de qualquer pronunciamento, o julgador deverá enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo que sejam capazes de confrontar sua decisão conforme o art. 489, parágrafo 1º, inciso IV.
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
(...)
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
(...)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (grifei)
	
Ainda, podemos analisar o art. 371 do Código de Processo Civil vigente:
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
	
	Conforme artigo acima, fica claro que o juiz deveria ter apreciado as provas constantes as folhas 51, 52, 53 e 54, o que não fez.
	Neste mesmo sentido, podemos citar algumas jurisprudências:
			
APELAÇÃO CÍVEL. SUBCLASSE RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. DESENTENDIMENTO DE CASAL. LESÕES CORPORAIS SOFRIDAS PELA AUTORA MATERIALMENTE COMPROVADAS. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE DE AGRESSÕES RECÍPROCAS/LEGÍTIMA DEFESA E AUTO-LESÃO NÃO DEMONSTRADAS. SENTENÇA REFORMADA. 1. Ainda que, no caso, a autora e o réu sejam culpados por não terem sido minimamente sensatos e maduros o suficientes para chegarem à conclusão de que a relação entre eles não era saudável, normal e emocionalmente gratificante, e que o melhor para o casal era a separação, diante do que foi trazido aos autos, fato é que o que se está discutindo aqui é um fato específico e não todo o relacionamento. Ou seja, não se trata de examinar o contexto inteiro do relacionamento do casal para se verificar quem mais, ou menos, responsável pelo insucesso da união. Trata-se de examinar simplesmente quem foi o responsável pelo ato ocorrido em 15.08.2012 e suas diretas repercussões. 2. O fato incontroverso é que, do desastrado encontro havido entre os contendedores naquela noite, a autora saiu fisicamente lesionada, conforme os incontroversos exame de corpo de delito e fotografias juntados. Trata-se de elemento de prova robusto o bastante para demonstrar o fato constitutivo do direito reclamado na inicial, de reparação moral pela agressão sofrida, imputada ao réu, única pessoa que estava na companhia da autora na ocasião. 3. Assim, face à própria tese defensiva apresentada, para não se responsabilizar o réu pelo acontecido teriam que estar satisfatoriamente demonstradas as excludentes de responsabilidade levantadas, isto é: (I) de que teria havido agressões recíprocas iniciadas pela autora e, destarte, o réu apenas teria reagido em justificada e não excessiva legítima defesa; ou, então, (II) de que a autora tivesse se auto-lesionado, ou seja, provocado em si própria as lesões constatadas no exame de corpo de delito e visualizadas nas fotografias. Demonstração satisfatória nessas direções, no entanto, que não há nos autos. 4. Nem sempre a incerteza sobre a real dinâmica dos fatos induz à improcedência da ação. Quando as provas produzidas demonstram como os fatos realmente ocorreram, o juiz naturalmente aplicará o direito incidente sobre tais fatos, pouco importando quem trouxe aos autos as referidas provas (art. 371 do NCPC). Já para as comuns situações de ausência de convicção do magistrado, à luz das provas produzidas, sobre como os fatos efetivamente se desenrolaram, é que servem as regras sobre o ônus probatório. Diante de regras universalmente aceitas, e que remontam praticamente ao direito romano, ao autor incumbe o ônus da prova dos fatos constitutivos do seu direito (actore incumbit probatio). Já ao réu toca o ônus de provar os fatos impeditivivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (art. 373 do NCPC; art. 333 do CPC/73). Em tal contexto - que é relativamente frequente - não estando suficientemente convicto sobre como os fatos realmente ocorreram, não cabe ao magistrado simplesmente julgar improcedente a ação. Deve ele indagar, primeiramente, quem deveria ter produzido a prova sobre os fatos sobre os quais tem dúvida. Se a dúvida se referir ao fato constitutivo do direito do autor, a solução natural será a da improcedência. Se a dúvida, ao contrário, recair sobre os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, então a solução imperiosa será a de procedência da ação. 6. No caso de lesões corporais, o fato constitutivo do direito do autor consiste na comprovação das lesões e da sua autoria. Estando essas questões assentes, cabe ao réu a demonstração de alguma causa excludente de sua responsabilidade, como, por exemplo, a legítima defesa. Quando ambas as partes resultaram com lesões e não se souber,à luz da prova produzida, quem teve a iniciativa da agressão, a solução efetivamente deve ser a da improcedência da ação (e de eventual reconvenção ou de ação contraposta). Mas quando apenas uma das partes resultou lesionada, não há dúvida de que cabe ao agressor a prova convincente de que agiu em legítima defesa ou a prova de eventual outra causa de exclusão de sua responsabilidade. 7. Nessa ordem das coisas, tendo a autora, quanto a esse fato, se desincumbido do ônus que lhe competia, comprovando inequivocamente as lesões sofridas, ao passo que o réu não produziu provas que excluíssem sua responsabilidade, deve ser acolhida a pretensão autoral e reconhecido o dever do demandado de compensar o dano moral causado àquela por ofensa à sua integridade física. 8. Quantum indenizatório arbitrado em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), tido como adequado e razoável para compensar a autora (que sofreu equimoses e escoriações apenas) e punir o réu, atendendo-se aos princípios compensatório (todo o dano deve ser reparado/compensado) e indenitário (nada mais do que o dano efetivo deve ser reparado). APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70075740696, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eugênio Facchini Neto, Julgado em 13/12/2017)(grifei)
	Restou claro, no caso em tela, que o magistrado não enfrentou todos os argumentos trazidos ao processo quando excluiu um litisconsorte da lide. Deveria, conforme mostra na jurisprudência acima, o magistrado indagar, primeiramente, quem deveria ter produzido a prova sobre os fatos sobre os quais tem dúvida.
III – PEDIDOS:
	Diante do exposto requer:
Seja intimado o advogado do agravado para, querendo, impugne o presente recurso;
A retratação do Relator para reincluir o réu Pedro no polo passivo da demanda pelos fundamentos expostos;
Caso este não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer a remessa dos autos ao colegiado;
Sustentação oral;
Novo Hamburgo, 11 de abril de 2018.