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1 CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME * Autor: Guilherme Cruz do Nascimento, estudante do 10º Semestre curso de Direito pela UniFG. ** Este é apenas o primeiro texto sobre uma sequência de estudos a respeito do conceito analítico de crime e seus elementos. Inicialmente, cumpre destacar que a lei brasileira não conceitua crime, deste modo, trata-se de uma definição meramente doutrinária. A respeito do conceito de crime, a doutrina nos traz três modelos que visam definir o que seria crime, o objeto do presente estudo é analisar aquele conceito que já é entendido como majoritário pela doutrina, e que teria sido adotado pelo nosso Código Penal, ainda que de maneira implícita. Entretanto, faz-se necessário, ainda que de maneira sucinta apresentar os conceitos formal e material. O conceito formal é toda aquela ação ou omissão, proibida pela lei penal. O conceito material, por sua vez, daquela conduta lesiva aos bens jurídicos mais importantes. Nesse sentido, a doutrina critica tais conceitos pois não apresentam de forma clara o que seria o crime. Segue a lição de Birtencourt: “Os conceitos formal e material são insuficientes para permitir à dogmática penal a realização de uma análise dos elementos estruturais do conceito de crime.” (BIRTENCOURT, 2012, p.234). Rogério Greco por sua vez assevera: 2 “Na verdade, os conceitos formal e material não traduzem com precisão o que seja crime. Se há uma lei penal editada pelo Estado, proibindo determinada conduta, e o agente a viola, se ausente qualquer causa de exclusão da ilicitude ou dirimente da culpabilidade, haverá crime. Já o conceito material sobreleva a importância do princípio da intervenção mínima quando aduz que somente haverá crime quando a conduta do agente atentar contra os bens mais importantes. Contudo, mesmo sendo importante e necessário o bem para a manutenção e a subsistência da sociedade, se não houver uma lei penal protegendo-o, por mais relevante que seja, não haverá crime se o agente vier ataca-lo, em face do princípio da legalidade.” (GRECO, 2015, p.147). Assim, o conceito majoritariamente adotado pela doutrina tanto nacional quanto internacional é o analítico. O conceito analítico de crime, pela teoria tripartite, é quando o agente comete uma ação ou omissão típica, ilícita e culpável. Birtencourt leciona que: “Embora a inicialmente confusa e obscura definição desses elementos estruturais, que se depuraram ao longo do tempo, o conceito analítico predominante passou a definir o crime como a ação típica, antijurídica e culpável.” (BIRTENCOURT, 2012, p.234). Dentro de fato TÍPICO têm-se quatro elementos, quais sejam: a) Conduta (dolosa/culposa; comissiva/omissiva); b) resultado; c) Nexo de causalidade (material ou normativo); d) Tipicidade (formal ou conglobante). ILICITUDE (ANTIJURICIDADE) por sua vez, compreende- se pela conduta que não seja abarcada por causa excludente de ilicitude, que são: a) Estado de necessidade; b) legítima defesa; c) estrito cumprimento do dever legal; d) exercício regular do direito; e) consentimento do ofendido (esta última não está prevista em lei, trata-se de uma definição doutrinária, já as três primeiras encontram-se no art.23 do CP). 3 Por fim, CULPABILIDADE tem relação com o juízo de reprovação que se faz sobre a conduta ilícita, para tanto, os elementos que compõe a culpabilidade são: a) a imputabilidade; b) potencial consciência sobre a ilicitude do fato; c) exigibilidade de conduta diversa. Zaffaroni ensina que: “delito é uma conduta humana individualizada mediante um dispositivo legal (tipo) que revela sua proibição (típica), que por não estar permitida por nenhum preceito jurídico (causa de justificação) é contrária ao ordenamento jurídico (antijurídica) e que, por ser exigível do autor que atuasse de outra maneira nessa circunstância, lhe é reprovável (culpável).” (ZAFFARONI, 1996, p.324) Para que se aprofunde no conceito analítico de crime é necessário estudar os três elementos de maneira individual, todavia, são objetos de estudos dos próximos trabalhos, uma vez que o presente visa apenas trazer uma noção inicial e didática do que seria tal conceito. REFERÊNCIAS: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : parte geral, 1. – 17. ed. rev., ampl. e atual. De acordo com a Lei n. 12.550, de 2011. – São Paulo : Saraiva, 2012. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral. Vol.1 – 16.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014. ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de derecho penal – Parte geral. Buenos Aires: Ediar, 1996.
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