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“A dúvida é o princípio da sabedoria” 3 INTRODUÇÃO Neste segundo ebook procurei trazer e responder dúvidas comuns sobre nutrição e escolhas alimentares diárias. Fiz amplas pesquisas sobre os temas que geram mais equívocos e incertezas, assim como respostas à respeito. A ideia é elucidar os leitores sobre tais dúvidas, utilizando uma abordagem prática, direta, de fácil leitura e com base em princípios bioquímicos e fisiológicos, respeitando as variações individuais, sejam elas dadas por idade, gênero, condições sociais e alterações fisiológicas. Tem também como objetivo quebrar mitos sobre a alimentação e suplementação, ajudar no processo de reeducação alimentar, seja ele para objetivos estéticos ou preventivos, tendo por base o principal lema da nutrição: “Que a alimentação seja seu único remédio”. Ao final do ebook, trago também alguns capítulos extras do novo livro, ainda em digitação, sobre suplementação e pesquisas científicas a respeito, como forma de agradecimento pelo grande apoio que venho recebendo de todos vocês em minhas redes sociais. Também encontrarão o link para o grupo de estudos do facebook, que conta com artigos exclusivos sobre alimentação, suplementação e treinamento corporal. Embora haja muito conteúdo aqui, intervenções dietéticas, planos alimentares e exames bioquímicos e semiológicos devem ser feitos por profissionais habilitados. Os capítulos e abordagens que apresento aqui não substituem uma consulta individualizada assim como seu diagnóstico. Obrigado e boa leitura. Versão para Alice Pinho 4 SUMÁRIO 1. Quem acorda perto do horário de almoço, deve tomar café da manhã normalmente ou ir direto almoçar? 2. Como me alimentar pela manhã? 3. O que comer antes do treino? 4. O que comer depois do treino? 5. O que comer na última refeição? 6. Quantos gramas de gorduras devo comer? 7. Posso comer gorduras a noite? 8. Quantos gramas de carboidrato devo comer? 9. Qual melhor horário para consumir carboidratos? 10. Quantos gramas de proteína devo comer diariamente? 11. Proteína ajuda a manter a massa magra no processo de emagrecimento? 12. Preciso ingerir proteínas em todas as refeições? 13. Quanto de proteína no pós treino? 14. Excesso proteico faz mal aos rins e ossos? 15. Treino a noite. Preciso jantar após o treino ou basta um shake com whey protein? 16. Quais são os tipos de açúcar existentes? 17. Quais as principais funções das fibras? 18. Fibras: qual a diferença entre solúveis e insolúveis? 19. Há como consumir fibras em excesso? 20. Como calcular meu gasto energético diário? 21. Quantas refeições ao dia são necessárias? 22. Preciso fazer Bulking e Cutting? 23. Dá pra ganhar massa muscular e perder gordura ao mesmo tempo? 24. Como perder gordura localizada? 25. Quantas calorias devo reduzir para emagrecer? 26. E para engordar, quantas calorias a mais? 27. Qual a percentagem de gordura ideal para homens e para mulheres? 28. Dias sem treino, preciso manter a dieta? 29. Quando posso começar a tomar suplementos? 30. É necessário suplementar nos dias que não vou a academia? 5 31. Quanto de água devo tomar? 32. Agora que sei a quantidade de água, quais são os valores de cada micronutriente diários? 33. O que é índice glicêmico e para que serve? 34. O que é carga glicêmica e para que serve? 35. É necessário dia do lixo? 36. Não consigo ficar sem comer doces. Quando posso consumi-los? 37. Frutas demais engordam? 38. Quais as melhores frutas para emagrecimento? 39. Qual a melhor forma de preparar a batata-doce? 40. Quais os diferentes tipos de arroz? 41. Não gosto de arroz integral, posso comer o arroz branco? 42. Quais condimentos posso usar para minha comida não ficar com gosto de isopor? 43. O que olhar numa lista de ingredientes para saber se o alimento é realmente saudável? 44. Como saber se um pão é realmente integral? 45. O que são alimentos com fitoquímicos? 46. O que é o efeito térmico de um alimento? 47. Posso tomar proteína de soja no pós treino? 48. Quais são os tipos de soja e as diferenças entre eles? 49. Proteína de soja causa impotência? 50. Qual a diferença entre farelo de aveia, farinha e aveia em flocos? 51. Como diminuir o colesterol sanguíneo? 52. Gema de ovo: quantas posso comer? 53. Devo evitar glúten? 54. Retirei o glúten e me senti bem. Sou sensível então? 55. Glúten engorda? 56. Quais os benefícios do leite de vaca? 57. Ele contém antibióticos e hormônios? 58. Por que só o ser humano é o único animal que bebe leite depois de adulto? 59. Leite causa pedra nos rins? 60. Leite engrossa a pele? 61. O cálcio do leite é melhor ou pior absorvido? 62. Há alguma situação que me faça diminuir ou não consumir leites? 63. É possível ganhar massa muscular com dieta vegetariana ou vegana? 64. Devo suplementar quando sigo uma dieta vegetariana ou vegana? 65. Chá verde ajuda a emagrecer? 66. Tem efeitos colaterais? 67. Bebidas energéticas entram na dieta? 6 68. Quais são os principais adoçantes? 69. Adoçantes fazem bem? Ajudam a emagrecer? 70. Suco de frutas naturais: posso tomar? 71. Gelatina ajuda a fortalecer a pele? 72. Quais alimentos são indicados na TPM? 73. Quais alimentos ajudam a evitar flacidez ou reduzi-las? 74. Qual a diferença entre produtos diets, lights e zero? 75. O que é gordura vegetal hidrogenada? 76. Tapioca ajuda no emagrecimento? 77. Quais lanches rápidos posso comer durante o trabalho? 78. Barra de proteínas são úteis? 79. Dieta HCG funciona para emagrecer? 80. Dieta dos pontos ajuda a emagrecer? 81. Quais são os benefícios da dieta paleolítica? 82. E os malefícios? 83. É indicada para perder PESO? 84. Meu peso na balança não muda. O que fazer? 85. Preciso comer mais só que não consigo, pois me sacio fácil. O que fazer? 86. Óleo de canola é saudável? 87. Qual o melhor óleo de cozinha? 88. Óleo de coco é saudável? 89. E quanto a farinha de coco? 90. Carne de porco faz mal? 91. Com tantas informações e controvérsias na internet, em quem acreditar? 92. O que são alimentos de época? 93. O que é o valor biológico de um alimento? 94. Como se calcula o valor calórico de um alimento? 95. Posso substituir totalmente os alimentos por suplementação? 96. A pirâmide alimentar é útil? 97. Quais são suas desvantagens? 98. Vitamina A: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? 99. Vitamina D: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? 100. Vitamina E: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? 101. Vitamina K: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? 102. Vitamina B1: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 103. Vitamina B2: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 104. Vitamina B3: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 7 105. Vitamina B5: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 106. Vitamina B6: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 107. Vitamina B7: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 108. Vitamina B9: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 109. Vitamina B12: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 110. Vitamina C: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? 111. Quais são as não-vitaminas? Capítulos extras: 001. DHEA 002. Tribulus Terrestris 003. ZMA 004. L-Carnitina 005. Creatina (dosagens, antes e depois do treino,particularidades com o carboidrato) 006. CLA 007. BCAA 008. Glutamina 009. L-arginina 010. Arginina com citrulina 011. Beta-alanina 012. Pré treinos em geral 013. Multivitamínicos 8 1- Quem acorda perto do horário de almoço, deve tomar café da manhã normalmente ou ir direto almoçar? Primeiramente, é importante fracionar melhor as refeições. O padrão básico do brasileiro é tomar café da manhã, almoçar, café da tarde e jantar. O melhor a se fazer é dividir em mais vezes sua alimentação, tanto para emagrecimento, quanto para ganhar massa magra. No emagrecimento, esse aumento de frações ao dia dará mais saciedade e evitará beliscos durante o dia, principalmente de alimentos que não entram no plano dietético. No aumento de massa, ajuda a aumentar o aporte calórico, necessário para o período, evitando altas concentrações de glicose de uma única vez e reduzindo a formação de tecido adiposo. Independente do horário que você acorda, é importante manter um padrão, ajustando os nutrientes a sua necessidade. Por exemplo, se você acorda as 11:00 porém seu dia se estende até as 03:00 da manhã, pode fazer uma refeição menor ao acordar, sem problemas, caso não vá necessitar de uma grande quantidade de calorias logo em seguida, como em treinos de resistência de longa duração. É importante não levar como regra que o almoço deverá conter mais nutrientes e o jantar menos ou subdividir em refeições grandes e pequenas conforme hábito brasileiro. Suas necessidades para cada período irão ditar qual deve ser o volume da refeição. Uma boa forma é pensar em refeição 1, refeição 2, refeição 3 e assim em diante, nunca fazendo supercompensação quando uma das refeições é perdida, e sim dividindo as mesmas em menos tempo. Como exemplo alguém que comeria as 9 da manhã acordou as 11 pode separar as primeiras as refeições em um período de duas horas, ao invés de três, caso esse seja o tempo entre uma refeição e outra na dieta. Apesar da supercompensação alimentar ser um erro nesse caso, diminuir o tempo entre as refeições ou até mesmo aumenta-los um pouco caso esteja, 9 por exemplo, em um dia corrido sem tempo para se alimentar, não irá trazer grandes diferenças no metabolismo, caso esse tempo não te deixe em jejum extremamente prolongado, não te faça ingerir quantidades calóricas muito menores do que as recomendadas ou não respeite o tempo de digestão do alimento, que é variável dependendo da quantidade principalmente de gorduras e proteínas. 2- Como me alimentar pela manhã? Devido ao grande tempo em jejum noturno, a refeição pela manhã torna-se uma das mais importantes. Os macronutrientes (gorduras, carboidratos e proteínas) ingeridos dependerão muito da necessidade energética que cada um terá a seguir. Complicou? Então vamos a exemplos práticos: 1-Quero emagrecer e ao acordar me alimento e vou para academia: devido a necessidade energética rápida, a refeição pode ser muito parecida com a refeição pré treino (capítulo específico sobre logo abaixo), balanceando carboidratos e proteínas antes do seu treino. 2-Quero ganhar massa e ao acordar me alimento e vou para academia: Mesmo raciocínio acima. O que pode mudar é justamente a porção e valor calórico da refeição, já que o objetivo é necessitará de mais calorias. (Ensinarei algumas formas de cálculos ao decorrer do ebook). 3-Quero emagrecer e ao acordar faço atividades simples de baixa necessidade energética, como ficar ao computador: você pode tanto fazer uma refeição leve em carboidratos e rica em proteínas (um lanche integral com recheio proteico junto a um iogurte natural), como uma refeição composta de proteínas e gorduras (um omelete, por exemplo). Tudo dependerá de como distribuiu seus macronutrientes durante o dia. Também é um período propício para ingestão de fibras e vitaminas, como vegetais crus e frutas de índice glicêmico mais baixo. 4-Quero ganhar massa e ao acordar faço atividades de baixa necessidade energética: se você tem um biotipo mais magro, de grande dificuldade para ganhar massa e precisa de alta ingestão calórica, uma refeição rica em carboidratos, até mesmo de médio e alto índice glicêmico, pode ser eficaz, além da adequada ingestão de proteína. Suco de frutas, lanches com recheios 10 proteicos e iogurtes naturais são boas escolhas. Mais uma vez, o que definirá seus resultados, além da escolha de alimentos, é a quantidade necessária para atingir o valor calórico. 3- O que comer antes do treino? Para grande parte dos treinos anaeróbicos e aeróbicos, é necessária uma fonte de energia rápida: a glicose. Ela irá te ajudar a suportar melhor a intensidade do treino, evitando a gliconeogênese, ou seja, a formação de glicose através de outros substratos, como lipídeos e proteínas que, durante o treinamento, diminuirá seu desempenho. Uma porção proteica também pode ser eficaz. Além da quebra de proteínas que ocorre durante a sessão de treinos, o fracionamento desse macronutriente durante o dia é necessário, já que sua taxa de absorção para formação de tecido é limitada, sendo uma estratégia inteligente acrescentá-lo em todas ou quase todas as refeições. O tipo de carboidrato irá variar conforme o tempo entre a refeição e o treino. Fontes de carboidratos integrais são mais recomendados quando o tempo for igual ou maior do que uma hora. Como exemplo, temos pães e massas integrais, batata-doce, arroz integral, entre outros. Se o tempo for relativamente curto, carboidratos de alto índice glicêmico como maltodextrina, podem ser recomendados. Porém há uma ressalva muito grande, já que muitos indivíduos apresentam resistência à insulina. Um alto volume de carboidratos também pode diminuir a concentração de ácidos graxos na corrente sanguínea, o que atrapalha o processo de emagrecimento. Particularmente, sugiro que as refeições sejam feitas 1 hora antes do treino evitando, além dos fatores citados acima, desconforto gástrico. Sobre a porção proteica, recomendo fontes de proteína animal, como carnes e ovos, por exemplo, dado seu alto valor biológico. Sobre os cortes de carnes, os mais recomendados são os magros, evitando a gordura e, consequentemente o peristaltismo durante a sessão de treinamento. O mesmo raciocínio vale para a gema do ovo, sendo recomendado, pelo menos neste horário, que não seja ingerida. 11 Apesar de todas essas dicas, a alimentação pré treino pode ser bem subjetiva e específica para cada indivíduo. Muitos podem consumir gordura antes do treino e não ter desconforto gástrico, além de claro, a resistência à insulina ser muito variável de pessoa para pessoa. O que dei aqui foram dicas gerais que irão satisfazer as necessidades de quase todas as situações 4- O que comer depois do treino? A hora em que temos a melhor oportunidade para comer carboidratos de alto índice glicêmico é essa. Devido a necessidade de recuperação de glicogênio, esse macronutriente tem grande valia nesse momento. Por isso que vemos tantas pessoas tomando seu shake de maltodextrina ou dextrose com whey. É necessário tomar maltodextrina ou dextrose? De forma alguma. Inclusive, eu recomendo fortemente que você procure comida de verdade neste momento. É uma excelente oportunidade para consumir alimentos como arroz branco, batata inglesa, tapioca e até mesmo uma pequena porção de doces. Sim, isso mesmo que você leu! Para indivíduos que não conseguem deixar de lado a dependênciade doces, este é o melhor horário. Estou falando para você se empanturrar com uma lata de leite condensado? Claro que não! Estou falando para você sempre comer doces neste período? Também não. Mas saiba que sua dose de maltodextrina não difere muito de doces, já que a mesma é apenas um açúcar de rápida absorção. A quantidade, obviamente, irá depender do seu peso, idade, sexo, de quantas calorias necessita para aquele momento, dentre outros fatores. O whey protein também não é suplemento obrigatório neste período. Você não precisa de uma proteína de rápida absorção, caso consuma a dose necessária do nutriente bem fracionada e regularmente no seu dia. Outras fontes proteicas são bem vindas e são justamente as já citadas na pergunta sobre proteínas pré treinos. 12 5- O que comer na última refeição? Primeiro de tudo: ESQUEÇA O MITO DE QUE NÃO PODE CARBOIDRATOS APÓS AS 18 HORAS! Pronto, já esqueceu? Então vamos a resposta. Mais uma vez, dependerá do seu biotipo e das atividades que fez ou fará quando acordar, estimulando assim a necessidade energética. Por exemplo, se você treina a noite e sua última refeição é a pós treino, pode seguir o que já foi dito no capítulo de refeição pós treino, com atenção especial aos carboidratos, caso seu objetivo seja emagrecimento. Ou seja, você pode sim consumi-los, porem o exagero irá virar tecido adiposo. A ingestão proteica também é necessária para reparação de tecidos e devido ao longo tempo em jejum noturno que virá a seguir, caso você seja uma pessoa comum e durma pelo menos 5 horas. Se não treina a noite e deseja emagrecer, poderá cortar ou diminuir os carboidratos, se atentando ao fato de já tê-los consumido na sua porção necessária ao dia em outras refeições. Como exemplos de refeições sem carboidratos, temos omeletes ou mesmo vegetais crus (cujo número de carboidratos é ínfimo) junto a uma porção de carnes magras. A retirada total de carboidratos antes de dormir não é recomendada para aqueles que, ao acordarem, farão atividades de algo gasto energético, já que os estoques de glicogênio estarão muito diminuídos. Recomenda-se pelo menos uma pequena porção de carboidratos integrais antes do repouso. 6- Quantos gramas de gorduras devo comer? Segundo recomendações da DRI (Dietary Reference Intakes), a quantidade de lipídeos da dieta para adultos deve ser de 20% a 35% do valor calórico total da dieta. Vamos pegar o exemplo de um indivíduo de 60kg e com dieta de 2000 calorias ao dia. Ele poderá consumir entre 400kcal a 700kcal de gordura por 13 dia. Cada grama de gordura possui 9kcal, então a quantidade de gramas ao dia seria entre 44gr e 77gr. A American Heart Association recomenda que 25 a 35% das calorias totais da dieta venham de lipídios, sendo menos que 7% de gordura saturada, menos que 10% de gordura poli insaturada e menos que 20% de gordura monoinsaturada, números bem próximos da DRI. 7- Posso comer gorduras a noite? Se você evita gorduras a noite pensando que o consumo delas, assim como o de carboidratos, irá te engordar, pode repensar agora mesmo. As gorduras são moléculas de lenta digestibilidade, sendo assim, não te engordarão se forem consumidas nas quantidades ideais, seja qual for o horário. O problema é que, justamente pela sua lenta digestibilidade, seu consumo a noite poderá atrapalhar o sono. Noites mal dormidas são associadas a diminuição da taxa metabólica e aumento de apetite, por diminuírem a produção de leptina, hormônio da saciedade. Concluindo, consuma em doses pequenas, de uma forma que não atrapalhe seu sono. Caso mesmo pequenas doses atrapalhem, consuma outro macronutriente e altere o horário das gorduras na dieta. 8- Quantos gramas de carboidrato devo comer? Tudo vai depender do seu objetivo e do seu peso corporal. Uma dieta hipocalórica, para emagrecimento, geralmente tem números menores de carboidrato do que uma dieta hipercalórica, visando ganho de massa muscular e/ou desempenho. 14 Repare que eu escrevi "números menores", ou seja, ainda assim é necessária a presença de carboidratos, mesmo que em baixas quantidades. As quantidades de carboidrato variam entre 5gr/kg a 10gr/kg corporal, ou seja, se tenho 70kg, o valor fica entre 350gr (não confunda com calorias) a 700gr por dia de carboidrato. Para elucidar melhor, 100gr de arroz branco possuem 28gr de carboidrato. Uma banana prata possui 18,2 gramas do macronutriente. Outra forma de se calcular, é seguindo a recomendação da DRI (Dietary Reference Intakes), que indica que, para adultos, 45 a 65% das calorias diárias devem vir de carboidratos. Obviamente, há exceções para os números citados acima, principalmente em atletas ou indivíduos com algum distúrbio metabólico. O valor a ser escolhido vai depender das calorias totais ingeridas (estas dependendo do seu objetivo/necessidade), da quantidade proteica e de lipídios. Por exemplo, em uma dieta visando o emagrecimento, a utilização de proteínas é maior, normolipídica geralmente, e a quantidade de carboidratos menor, sendo ingeridos em períodos de recuperação ou de necessidade de fonte rápida de energia. Exemplificando, se você possui 60kg e sua necessidade de calorias para emagrecimento é de 2000 kcal, a quantidade dos carboidratos pode ficar entre 240 gramas à 300 gramas diariamente, ou 1000 kcal (50% de 2000). Cada grama de carboidrato gera 4 kcal, sendo assim, 1000 kcal dividindo por 4 é igual a 250 gramas de carboidrato ao dia. Os cálculos demonstrados aqui não alteram a necessidade de um nutricionista, já que o mesmo terá uma visão mais específica da sua real necessidade, observando objetivos, rotina, exames bioquímicos e semiológicos, assim como possíveis distúrbios metabólicos. Também há dietas low carb, preconizando dietas com números ainda menores de carboidratos, porém seria falta de responsabilidade indica-la em um livro sem avaliar a real necessidade de cada um, já que sua errada utilização pode acarretar em menor gasto calórico a longo prazo. 15 9- Qual melhor horário para consumir carboidratos? Não há um horário específico para ingestão, como preconizam alguns instrutores. Seguir à risca regras como não consumir carboidratos a noite ou consumi-los apenas em horários próximos ao treino, não se aplicam a todas as pessoas. Mas há dois fatores importantes para entender quando consumi-los: 1 - Necessidade energética periódica Exercer uma atividade física, seja aeróbica, anaeróbica ou de explosão, assim como a recuperação referente a atividade, exige um aporte energético prévio. Sendo o carboidrato o macronutriente mais apropriado, metabolicamente falando, para fornecimento de energia, seu consumo nesses períodos é necessário para grande parte dos indivíduos, excluindo apenas alguns atletas de elite em dietas restritas e acompanhadas diariamente. 2 - Necessidade energética referente ao objetivo Um atleta que deseja aumento de massa muscular e/ou performance poderá ter uma dieta hipercalórica e hiperglicídica, ou seja, composta de altas quantidades de carboidrato. Como o consumo exagerado de um macronutriente em apenas um período não é uma estratégia eficaz, é feita uma divisão do macronutriente durante as refeições. Por exemplo, uma dieta de 3500 calorias, sendo composta de 65% de carboidratos, alcançaria a quantidade de 2275 calorias desse macronutriente, sendo a ingestão dele apenas em períodos pré e pós treino, por exemplo, extremamente alta. Poderíamos então, dividir os carboidratos da seguintemaneira: Desjejum - 20% - 455 kcal Lanche da manhã - 10% - 227 kcal 16 Almoço - 20 % - 455 kcal Pré treino - 20% - 455 kcal Pós treino - 20% - 455 kcal Ceia - 10% - 227 kcal Obs: as calorias acima referem-se apenas as aquelas vindas dos carboidratos. Há também as calorias geradas pela ingestão de proteínas e lipídeos, contabilizadas individualmente. Reparem que o período ao acordar, assim como os próximos ao treino, alcançam uma maior ingestão. Os períodos com menor demanda energética, uma menor ingestão, porém a quantidade não é zerada, já que a necessidade calórica vinda de carboidratos é alta. Um indivíduo que deseja emagrecimento sem perda de massa muscular, consumirá menos calorias e poderá fazer uma dieta com menos carboidratos. Em uma dieta de 2000 kcal, sendo 45% carboidrato, teremos apenas 900kcal vindas do macronutriente. Uma das possíveis divisões é a seguinte: Desjejum - 20% - 180kcal Lanche da manhã - 0% - 0kcal Almoço - 20% - 180 kcal Pré treino - 30% - 270 kcal Pós treino - 30% - 270 kcal Ceia - 0% - 0 kcal Os casos acima não são regras, apenas exemplos comuns para ajudar o entendimento. Horários de treinos diferentes, assim como resistência à insulina, rotina de trabalho entre outros fatores, alteram a tabela, que deve ser sempre individualizada. Reparem que dei exemplos de pessoas que se exercitam a noite, justamente para quebrar o mito de não ingerir carboidratos neste período. 17 Isso vai depender do seu peso, das suas atividades durante o dia e claro, de problemas fisiológicos caso existam. 10- Quantos gramas de proteína devo comer diariamente? A recomendação feita pela RDA (Reference Daily Intake) para indivíduos sedentários é de 0.8gr de proteína por peso corporal ao dia. Ou seja, alguém com 70kg e sedentário consumirá 56 gramas de proteína ao longo do dia, o que é, basicamente, dois filés de frango de 100gr, por exemplo. Exercícios feitos de forma regular aumentam a necessidade proteica diária, dada a degradação proteica e a necessidade de ressíntese muscular. Pesquisas utilizando técnicas como rotulagem de isótopos de aminoácidos, produção de ureia e excreção de 3-metil histidina indicam que exercícios de endurance e levantamento de peso justificam essa maior necessidade. Baseando-se em marcadores laboratoriais, a recomendação proteica chega a ser até 125% maior, sendo de 1.6 a 1.8gr por kg corporal. Exemplificando, aquele mesmo indivíduo de 70kg consumiria 126 gr de proteína diariamente, o que dá 4 porções de 100gr da maioria das carnes magras (não sendo regra, já que há outras fontes proteicas ingeridas durante o dia, como laticínios, ovos e até mesmo a combinação comum de arroz com feijão). 11- Proteína ajuda a manter a massa magra no processo de emagrecimento? Para verificar essa hipótese, 46 mulheres obesas e pré obesas foram divididas em grupos com ingestão normal de proteína (18% das calorias diárias) e ingestão altamente proteica (30% das calorias diárias). A dieta delas também continha um déficit calórico de 750 kcal e foi seguida regularmente durante 12 semanas. 18 Ao final do estudo¹, verificou que, mesmo todas perdendo peso, a manutenção da massa muscular foi maior no grupo com alta ingestão proteica, principalmente das mulheres obesas. O estudo também verificou que a alta ingestão proteica trouxe mais saciedade e que as lipoproteínas e funções renais foram minimamente alteradas, mostrando que essa quantidade não causa problemas renais em indivíduos sem pré-disposição. 20 jovens atletas de resistência também foram analisados em grupos contendo 15% de proteína diária e 35%. O grupo que ingeriu 15% de proteína perdeu mais peso, porém o grupo que ingeriu 35% manteve a massa magra, fator muito importante para composição corporal e gasto energético diário. Em um estudo diferenciado³, cientistas testaram 23 homens saudáveis e as funções cognitivas entre os grupos que ingeriram 1.5gr/kg de proteína e 3.0gr/kg de proteína. A conclusão foi que o grupo com alta ingestão proteica aumentou significativamente seu tempo de reação. A possível explicação é o aumento de aminoácidos de cadeias ramificadas no plasma (BCAAs), assim como a fenilalanina. ¹Leidy HJ, Carnell NS, Mattes RD, Campbell WW - Higher protein intake preserves lean mass and satiety with weight loss in pre-obese and obese women. Obesity (Silver Spring). 2007 Feb;15(2):421-9. ² Mettler S, Mitchell N, Tipton KD. - Increased protein intake reduces lean body mass loss during weight loss in athletes. Med Sci Sports Exerc. 2010 Feb;42(2):326-37 ³ Jakobsen LH, Kondrup J, Zellner M, Tetens I, Roth E. Effect of a high protein meat diet on muscle and cognitive functions: a randomised controlled dietary intervention trial in healthy men. Clin Nutr. 2011 Jun;30(3):303-11 12- Preciso ingerir proteínas em todas as refeições? Não é necessário, embora seja difícil não ingeri-las, já que estão presentes não só em carnes, ovos e laticínios, como em leguminosas e até mesmo oleaginosas. 19 A ingestão proteica é indicada para diminuir a carga glicêmica da refeição mais baixa, já que proteínas diminuem a velocidade de absorção da glicose, para manter o ‘pool’ de aminoácidos na corrente sanguínea, já que não são armazenados de forma significativa no metabolismo, além de aumentar o efeito térmico da refeição. Isso não significa que seja regra a ingestão proteica em cada refeição, apenas que é uma ótima solução em dietas hiperproteicas, para diminuição de gordura corporal, para manter a massa muscular, e para manter a glicemia em níveis adequados, principalmente em diabéticos. 13- Quanto de proteína no pós-treino Para elucidar essa questão trago um importante estudo¹ a respeito. O objetivo foi determinar a resposta por quantidades proteicas da síntese proteica muscular (SPM) e da síntese de proteína albumina (SPA), após exercícios de resistência. Além disso, foi medida a fosforilação de proteínas candidatas a sinalização pensado em regular as alterações agudas na SPM. Projeto: Seis homens jovens saudáveis reportaram ao laboratório em 5 ocasiões separadas para realizar uma sessão intensa de resistência após exercícios de pernas. Após o exercício, os participantes consumiram, em um estudo randomizado, bebidas contendo 0, 5, 10, 20 ou 40 gramas de proteína vindas de ovos. A síntese de proteínas e a oxidação de leucina (aminoácido importante para MPS) foram medidas 4 h após o exercício. Resultados: A SPM foi estimulada ao máximo após a ingestão de 20gr de proteína. A SPA aumentou de forma dose-dependente e também atingiu um patamar máximo após a ingestão de 20 gramas de proteínas no pós treino. A oxidação da Leucina foi significativamente aumentada após 20 e 40 g de proteína ingeridas. 20 Conclusões: A ingestão de 20 gramas de proteína é suficiente para estimular SPM e SPA após exercícios de resistência. A Fosforilação de proteínas sinalizadoras não foi reforçada com qualquer dose de proteína ingerida, o que sugere que a estimulação da SPM depois exercício de resistência pode ser relacionada com a disponibilidade de aminoácidos. Finalmente, o excesso de proteína consumida após o exercício parece apenas estimular sua oxidação. Esse é apenas mais um dos estudos que demonstra que manter um ‘pool’ de aminoácidos na corrente sanguínea, consumindo doses menores de proteína, porém de forma constante, é uma maneira eficaz de sinalizar a hipertrofia muscular. ¹ Moore DR, Robinson MJ, Fry JL,et al. Ingested protein dose response of muscle and albumin protein synthesis after resistance exercise in young men. Am. J. Clin. Nutr. 89: 161-8 14- Excesso proteico faz mal aos rins e ossos? Não. Estudos¹ mostram que o excesso de proteína não afeta o funcionamento dos rins em indivíduos saudáveis, embora a restrição proteica possa ser apropriada para tratamento de disfunções renais já existentes. A posição declarada pela Internation Society of Sports Nutrition chega às seguintes conclusões: 1- Diversas pesquisas indicam que indicam que indivíduos que praticam exercícios físicos regularmente necessitam de mais proteína. 2- Doses de 1.4 a 2.0gr de proteína por kg corporal são seguras e podem aumentar a adaptação ao treinamento. 3- Proteínas nas dosagens acima não alteram as funções renais ou o metabolismo ósseo em pessoas saudáveis e ativas. 4- Suplementos proteicos podem ajudar a adequar a quantidade de proteína necessária, quando ingeridos junto a uma dieta regular. 21 5- Diferentes tipos de proteínas podem mudar a biodisponibilidade dos aminoácidos. 6- O tempo de ingestão das proteínas são componentes importantes em um programa de treinamento, essencial para recuperação adequada, função imune, crescimento e manutenção da massa magra. 7- Sob certas circunstância, aminoácidos em forma de suplementos, como BCAA’s, podem melhorar a performance e recuperação dos exercícios (capítulo exclusivo para esse suplemento de brinde no final do livro). ¹ Martin WF, Armstrong LE, Rodriguez NR. Dietary protein intake and renal function. Nutr Metab (Lond). 2005 Sep 20;2:25. Nota do autor: Como achei importante todo o conteúdo conclusivo da Internation Society of Sports Nutrition, resolvi divulga-lo inteiro, saindo um pouco do assunto proposto na pergunta. 15- Treino a noite. Preciso jantar após o treino ou basta um shake com whey protein? O cenário ideal é ingerir uma refeição de rápida metabolização, provinda de shakes ou alimentos e, após sua digestão, uma refeição mais lenta dando saciedade e ajudando na recuperação pós treino e no efeito anticatabólico durante o sono. Ou seja, num exemplo prático, uma tapioca com frango, seguida mais tarde de um lanche integral com atum e vegetais, diminuindo mais o índice glicêmico e tornando mais lenta a digestibilidade. Outro exemplo, seria o protocolo básico de whey protein com maltodextrina ou dextrose, seguido depois do frango com batata-doce, feito por muitos praticantes de musculação. Caso não seja possível realizar as duas refeições em tempo hábil, o ideal é evitar as fontes de rápida digestibilidade, realizando uma refeição completa em macronutrientes, como por exemplo um lanche com atum e vegetais e um iogurte com aveia, dando mais saciedade e diminuindo o tempo de digestão. 22 Dessa forma, o catabolismo noturno é menor e a recuperação prolongada. Importante ressaltar que a perda proteica ou manutenção dependerá muito mais do quanto ingeriu de proteína durante o dia, em quantidade fracionada, do que em um único período. 16- Quais são os tipos de açúcar existentes? Açúcar branco: o açúcar refinado, presente nas prateleiras de mercado, também conhecido como um alimento de ‘calorias vazias’ já que não oferece nenhum micronutriente. Açúcar mascavo: açúcar branco com melaço adicionado, possuindo potássio, fósforo, cálcio e magnésio. Embora tenha mais micronutrientes, o açúcar mascavo não os contêm grandes quantidades e não é considerado nenhum ‘super-alimento’. Muito cuidado ao interpretar tabelas que afirmam tal fato, já que elas indicam os nutrientes por 100 gramas do produto, porém a percentagem necessária demonstrada no rótulo é diária. Ou seja, ninguém consumirá 100 gramas de açúcar ao dia. Analise sempre pela quantidade que ingere ao dia. Açúcar invertido: glicose e frutose misturados em processo industrial. Ele é formado em processos de cozimento impedindo a cristalização em balas e doces. Dextrose: outro nome dado a glicose. Frutose, galactose e glicose: Monossacarídeos, ou seja, carboidratos simples de rápida absorção, já que não necessitam de hidrólise. Lactose, maltose e sacarose: dissacarídeos, formados respectivamente por glicose e galactose, glicose e glicose, glicose e frutose. Ou seja, são carboidratos formados por duas moléculas de monossacarídeos. Digestão um pouco mais lenta, já que há a quebra deles no organismo em monossacarídeos. Levulose: outro nome dado a frutose, o açúcar presente nas frutas. Xarope de milho: Xarope feito de glicose e maltose, produzido pela a~~ao de enzimas sobre o amido de milho. 23 Xarope de milho de frutose: Feito predominantemente de frutose, além de glicose e maltose. Assim como o xarope de milho e o açúcar refinado, é um alimento altamente relacionado a obesidade. 17- Quais as principais funções das fibras? Fibras são os polissacarídeos da dieta que não são hidrolisados no trato gastrointestinal. Ou seja, são a parte não calórica do carboidrato. A ingestão de 25 gramas a 30 gramas de fibras para adultos ajuda a prevenir constipação intestinal, ajudam na fermentação bacteriana no cólon, retardam a absorção do colesterol prevenindo hipercolesterolemia, ajudam também a prevenir a diverticulose, controlam a glicemia, proporcionam saciedade, mastigação e, consequentemente, a produção de suco gástrico. Elas são divididas entre solúveis e insolúveis. 18- Fibras: qual a diferença entre solúveis e insolúveis? As fibras solúveis, presentes em alimentos como cevada, aveia e suas vertentes, centeio, maçãs sem cascas, frutas cítricas e leguminosas, diminuem o colesterol, retardam o trânsito dos alimentos no trato gastrointestinal e retêm a umidade das fezes. Não são recomendadas no caso de constipação. Já as fibras insolúveis amolecem as fezes, aceleram o trânsito intestinal, reduzem os riscos de diverticulose e câncer de cólon e podem ser encontrados em alimentos como arroz integral, farelo de trigo, verduras escuras, batata-doce, mandioca, linhaça entre outros. 24 19- Há como consumir fibras em excesso? Assim como qualquer nutriente, o excesso das fibras também é prejudicial. A absorção de minerais como ferro, cálcio e zinco é prejudicada pelo excesso de fibras. Também pode haver obstrução intestinal e desidratação, já que as fibras carregam água para fora do corpo. Outro fator pouco lembrado porém passível de acontecer é o excesso de saciedade, prejudicando a ingestão necessária de nutrientes, ocorrendo assim a desnutrição. 20- Como calcular meu gasto energético diário? Uma das maneiras é usar o cálculo de Harris-Benedict para descobrir o seu gasto energético basal, ou seja, as calorias que seu corpo necessita diariamente. Abaixo, as duas formas para adultos, diferenciando-as por gênero: GEB Mulher = 655 + (9,6 * Peso) + (1,8 * Altura) – (4,7 * Idade) GEB Homem = 66 + (13,7 * Peso) + (5 * Altura) – (6,8 * Idade) Exemplo: Homem de 70kg e 1,75 de altura, com 25 anos. 66 + (13,7 * Peso) + (5 * Altura em cm) – (6,8 * Idade) 66 + (13,7 * 70) + (5 * 170) – (6,8 * 25) 66 +( 959 ) + ( 850 ) - ( 170 ) 66 + 959 + 850 -170 = 1705Kcal Após esse cálculo, o valor é multiplicado conforme seu nível de atividade física, conforme tabela abaixo: 25 NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA SEGUNDO OMS (2001) SEDENTÁRIA: Passa o dia sentado, sem grandes esforços físicos. Caminhadas para atividades cotidianas (GEB x 1,40 para homens e GEB X 1,69 paramulheres). ATIVIDADE DE INTENSIDADE MODERADA: Atividades feitas em pé e em movimento durante o dia (GEB x 1.70 para homens e GEB x 1,99 para mulheres). ATIVIDADE DE INTENSIDADE ALTA: Alta demanda energética durante o dia, sempre em movimento e utilizando força física (GEB x 2 para homens e GEB x 2,40 para mulheres). Exemplo, o homem acima necessitando de pelo menos 1705 kcal, e sendo praticante de atividades físicas de intensidade moderada, gastará ao dia 2898,5 kcal (1705 x 1,7). Há outra maneira, também muito utilizada, de calcular os gastos calóricos diários. O instituo de medicina (IOM) define as seguintes equações para adultos: Homem eutrófico 662 - (9,53 * idade) + Coeficiente de atividade física (CAF) * [(15,91 * peso) + (539,6 x altura)] Mulher eutrófica 26 354 - (6,91 * idade) + Coeficiente de atividade física (CAF) * [(9,36 * peso) + (726 x altura)] Homens com sobrepeso ou obesos 1086 - (10,1 * idade) + Coeficiente de atividade física (CAF) * [(13,7 * peso) + (416 x altura)] Mulheres com sobrepeso ou obesas 448 - (7,95 * idade) + Coeficiente de atividade física (CAF) * [(11,4 * peso) + (619 x altura)] O coeficiente de atividade física é definido da seguinte forma: Sedentário: trabalho doméstico leve e sedentarismo durante o resto do dia Pouco ativo: Caminhadas diárias além de trabalhos domésticos leves Ativo: Aeróbicos, musculação, natação Muito ativo: Ciclismo de intensidade moderada, corrida intensa, tênis Valores do coeficiente de atividade física (CAF): Homem eutrófico pouco ativo: 1,11 Homem eutrófico ativo: 1,25 Homem eutrófico muito ativo: 1,48 Homem com sobrepeso ou obeso pouco ativo: 1,12 Homem com sobrepeso ou obeso ativo: 1,29 Homem com sobrepeso ou obeso muito ativo: 1,59 Mulher eutrófica pouco ativa: 1,12 27 Mulher eutrófica ativa: 1,27 Mulher eutrófica muito ativa: 1,45 Mulher som sobrepeso ou obesa pouco ativa: 1,16 Mulher som sobrepeso ou obesa ativa: 1,27 Mulher som sobrepeso ou obesa muito ativa: 1,44 Qualquer indivíduo sedentário terá o CAF = 1 Exemplo: Homem de 70kg, 1,70 de altura, 25 anos, eutrófico e ativo. 662 - (9,53 * idade) + Coeficiente de atividade física (CAF) + [(15,91 * peso) + (539,6 x altura em metros)] 662 - (9,53 * 25) + 1,25 * [(15,91 * 70) + (539,6 x 1,70)] 662 - 238,25 + 1,25 * [1113,7 + 917,32] 662 - 238,25 + 1,25 * [2031,02] 662 - 238,25 + 2538,77 = 2962,52 A terceira formula utilizada, feita por Cuuningham em 1991, serve tanto para atletas homens como mulheres. Para calculá-la, é necessário ter em mãos o percentual de gordura. Segue a fórmula abaixo: TMB (taxa metabólica basal) = 370 + 21,6 * MASSA ISENTA DE GORDURA (MIG). Por exemplo, um homem com 70kg e 10% de gordura (7kg), utilizará 63 na MIG, já que 70-7 é igual a 63. Sendo assim: TMB = 370 + 21,6 * 63 28 TMB = 370 + 1360,8 TMB = 1730,8 Após isso, é necessário calcular as atividades físicas feitas no dia. Cada atividade tem um gasto energético tabelado, conforme a intensidade e tempo. Por exemplo, 1 hora de musculação durante o dia tem fator de atividade = 4,50. Sendo assim, dividimos o TBM (1730,8) por 24 (número de horas no dia) e chegamos a 72,11. Como a musculação dura uma hora, gastará então 72,11 * 1 * 4,50 (Fator de atividade), ou seja, gastará 324,49 kcal. Num exemplo prático, um homem que faz uma hora de caminhada leve, com fator de atividade igual a 3, dorme 8 horas, com fator de atividade igual a 1, faz uma hora de musculação, fator de atividade igual a 4,50 terá o seguinte gasto energético. TBM/24 = 72,11kcal/hora Sono = 72,11 * 1(Fator de atividade) * 8 (horas dormidas) = 576,88 Musculação = 72,11 * 4,50 * 1 (horas realizando a atividade) = 324,49 Caminhada = 72,11 * 3 * 1 (horas realizando a atividade) = 216,33 Durante as horas restantes, é usado o fator de atividade 1,5. Como o indivíduo dormiu 8 horas e realizou mais duas horas de atividade, sobram 14 horas no dia. Portanto: 72,11 * 1,5 * 14 = 1514,31 Para chegar ao total de calorias gastas durante o dia, basta somar todos os valores 576,88 + 324,49 + 216,33 + 1514,31 = 2632,01 kcal Esse método é mais complicado, já que cada atividade tem um fator de atividade, então anexarei uma tabela abaixo com algumas das atividades comuns. 29 Lembrando que o ideal para calcular é consultar-se com um nutricionista que entenda seus gastos energéticos assim como as intensidades de cada atividade praticada por você diariamente. Atividade Valor em METS Assistir televisão 1,0 Basquete recreacional 6,0 Caminhar 5,5 km/h 3,8 Caminhar 6,5 km/h 5,0 Caminhar 7,0 km/h 6,3 Correr 8,0 km/h 8,0 Correr 9,7 km/h 10,0 Correr 12,0 km/h 12,5 Ciclismo 16 km/h 4,0 Ciclismo 19 km/h 6,0 Ciclismo 22 km/h 8,0 Ciclismo 25km/h 10,0 Futebol recreacional 7,0 Judô, jiu jitsu, karatê 10,0 Musculação 4,5 Natação borboleta 11,0 Natação costas 7,0 Natação peito 10,0 Tênis de mesa 4,0 Tênis simples 7,0 Vôlei recreacional 3,0 Vôlei de praia 8,0 21- Quantas refeições ao dia são necessárias? Não há um número chave para validar o total de refeições ao dia. A quantidade delas depende principalmente da disponibilidade do indivíduo. Indicar, por exemplo, 8 refeições à alguém com uma rotina agitada, fora de 30 casa, repleta de compromissos como reuniões e viagens, é totalmente inviável e desnecessário. Ingerir também duas refeições ao dia, embora muitos acreditem que pode ser realizável, já que nosso tempo de digestão é longo em um volume alto de refeições, pode ocasionar alguns problemas como diminuição na absorção de nutrientes, já que cálcio e ferro, por exemplo, utilizam o mesmo sítio de ligação, ou seja, concorrerão pela absorção. Outros problema seria um alto volume de glicose sanguínea, dependendo da carga glicêmica da refeição, já que haveria menor fracionamento ao longo dia e assim, maior resposta insulínica, podendo aumentar também o índice de gordura corporal. Para terminar ainda há o fator de saciedade, ou seja, em um volume tão baixo de refeições, podemos sentir fome entre os dois períodos, porém como não há a preparação para uma rotina alimentar mais apropriada, ‘beliscar’ alimentos nutricionalmente ruins pode virar um hábito. A ingestão de 4 a 6 refeições se adequa a rotina da maioria da população, tornando possível o correto fracionamento de macronutrientes, assim como a divisão de minerais, evitando a baixa absorção. A glicemia também é mais facilmente controlada dessa forma, assim como a saciedade. Fatores sociais também são melhores adaptados, já que quatro, cinco ou seis refeições não são difíceis de serem preparadas ao longo do dia, principalmente se levarmos em conta que nem todas elas serão levadas como refeições principais. Mais uma vez, esses números não são regras, apenas soluções de fácil realização para maioria das pessoas e também servem como quebra de mito de que quanto mais refeições melhor. A correta ingestão calórica, assim como suas frações, ainda é a principal forma de se chegar aos resultados. 22- Preciso fazer Bulking e Cutting? Essas são as fases de aumento corporal (Bulking) e de diminuição de gordura (Cutting). Se deseja dividir em fases seus objetivos, essa é uma excelente forma de periodiza-los. Porém, cuidados extras são necessários. Há um limite para ganho muscular, que irá variar geneticamente de pessoa para pessoa. Porém, se a sua necessidadefor de 500 calorias a mais na dieta e você consumir 2000, esse excesso apenas virará gordura corporal, o que 31 trará mais dificuldade na fase de diminuição de gordura, assim como deixará seu corpo visualmente pior. O mesmo raciocínio vale para o cutting. Cortar demais as calorias fará com que seu corpo faça gliconeogênese, utilizando proteínas como forma de energia, retirando elas tanto da ingestão quanto da massa muscular. Isso diminuirá seu peso porém também diminuirá seu volume muscular, o que não é indicado caso deseje um corpo harmonioso e simétrico. Uma boa maneira, tanto para aumento quanto para diminuição calórica é calcular seu gasto energético diário, que ensinarei mais abaixo, e adicionar ou remover 500 calorias, dependendo do objetivo. Os valores podem ser aumentados gradativamente, conforme seu corpo se adapta, porém deve-se respeitar seu gasto mínimo energético, assim como o excesso de macronutrientes. Ninguém melhor do que um nutricionista para calcular e avaliar esses valores. 23- Dá pra ganhar massa muscular e perder gordura ao mesmo tempo? Uma falácia comum, principalmente em academias, é que devemos sempre fazer períodos de diminuição de gordura (cutting) alternando com períodos de ganho de massa muscular (bulking). Essa periodização não está errada, porém não é a única forma. É possível ganhar massa magra ao mesmo tempo que se perde gordura, de forma geral, sim. Se você ainda é iniciante, é ainda mais possível. Os processos adaptativos do nosso organismo nos permitem utilizar gorduras como fontes energéticas e se recuperar dos danos musculares causados por exercícios de formas paralelas. Muitos dos estudos que avaliam a eficácia do HIIT (High Intensity Interval Training) demonstram tais mudanças na musculatura total e no declínio do tecido adiposo. Para que tais resultados sejam vistos, é necessário uma adaptação muito maior a dieta, que deve ser praticamente isenta de erros, assim como um treino intenso e bem periodizados. 32 As mudanças demoram mais para aparecer, porém caso não deseje variações mais drásticas, como diminuição rápida de gordura ou aumento rápido de massa corporal, essa é a melhor forma. Dividir em ciclos menores os períodos de aumento de massa magra e de perda de gordura também é uma forma de alcançar seus objetivos. Por exemplo, nas duas primeiras semanas do mês aumentar a ingestão calórica e de carboidratos para aumento de massa magra e nas duas semanas seguintes diminuir a ingestão calórica, de carboidratos e aumentar a ingestão de proteínas, para perda gordura. 24- Como perder gordura localizada? Agora você irá se decepcionar. Não há maneira dietética de perder gordura em pontos localizados. Qualquer propaganda que promova, por via alimentícia ou suplementar, redução de gordura localizada, será enganosa. A perda de gordura é algo que ocorre no corpo todo de uma única vez. As moléculas de gordura são quebradas, entram na corrente sanguínea e são queimadas, saindo principalmente pela respiração, ou voltam a se juntar, formando novamente tecido adiposo. O acúmulo da gordura maior em alguns locais do corpo se deve a herança genética, diferenciação de gêneros e idade, além de variações metabólicas. A execução de exercícios localizados não reduz de forma significativa a gordura no local, porém pode aumentar a massa muscular ali encontrada, tonificando a área e dando a impressão de que a gordura foi reduzida naquele ponto. Cremes e géis redutores de gordura também não trazem os resultados esperados, já que a mesma não tem afinidade a água e mesmo se houvesse e tais produtos quebrassem as moléculas de gordura, a mesma ainda teria que passar pelo processo de queima. A diminuição de medidas com a utilização destes géis pode ser vista apenas pela retirada de líquidos do local aplicado, sendo restaurada após cessar o uso do produto. 33 25- Quantas calorias devo reduzir para emagrecer? É necessário primeiramente saber o seu TMB, conforme ensinei o cálculo no capítulo de gasto energético. Após isso, é necessário também avaliar quantas calorias está ingerindo ao dia. Uma redução muito drástica de calorias não é indicada por dois motivos. 1 - Perda de musculatura. Quando há poucas calorias sendo ingerida, nosso corpo vai atrás de outras fontes, como gordura corporal e massa magra. Em dietas bem trabalhadas e com exercícios físicos feitos da forma correta, perde-se em boa parte gordura corporal. Porém, quando há um número muito abaixo de nutrientes e falta de adequação entre eles, é feita a quebra de massa muscular como fonte de energia. Ao perder massa magra, nosso gasto diário de calorias diminui afinal, músculos gastam mais energia para serem mantidos. Com nosso gasto calórico diminuído, a chance dos alimentos virarem gordura depois aumenta, causando assim a ineficiência da dieta. 2- Adaptação fisiológica. Quando há grande perda de peso de forma rápida, principalmente de tecido muscular, nosso corpo tende a diminuir sua velocidade metabólica, poupando sua energia e gordura corporal, como forma de sobrevivência. Diminuindo essa velocidade, obviamente há um aumento de gordura corporal com o tempo. Uma tática muito utilizada ao começar a dieta é a redução de 500 calorias do sua ingestão diária. Porém, essa redução deve sempre respeitar seu TMB, já que ele representa suas calorias necessárias para sobrevivência e seus valores devem ser respeitados. Após a adaptação, uma redução maior poderá ser feita, diminuindo mais 200 ou 300kcal por dia, respeitando novamente as necessidades diárias. 34 26- E para engordar, quantas calorias a mais? O mesmo aumento de 500kcal pode ser utilizado. Aumentar excessivamente as calorias não irá trazer ganhos extras em massa muscular, portanto torna- se desnecessário e até prejudicial. Mesmo se o consumo atual estiver muito abaixo do necessário, seja por excesso de treino ou simplesmente baixa frequência e volume alimentar, aumentar mil calorias por exemplo, pode ser desmotivador. É preciso corrigir hábitos aos poucos, adaptando tanto o organismo quanto a rotina, para assim alcançar os valores necessários. Metas irreais são relacionadas a um alto grau de desistência. Após a correção, um aumento gradual de 200 a 300 calorias a cada 15 dias pode ser indicado, sempre de maneira bem fracionada e com a correta distribuição de macronutrientes, conforme ensinado no capítulo sobre gramagem de nutrientes. 27- Qual a percentagem de gordura ideal para homens e para mulheres? O percentual de gordura é uma das maneiras de avaliar a composição corporal, medindo as dobras cutâneas com um adipômetro ou utilizando balanças próprias para esse fim. Saber o percentual de gordura é muito mais eficaz do que utilizar a balança para medirmos o progresso do paciente, afinal temos uma noção mais exata do quanto de gordura foi alterado e, sabendo isso, podemos avaliar também a massa magra, utilizando o peso total do paciente e subtraindo seu total de gordura. Abaixo, uma tabela indicando os valores ideais de gordura, tanto para homens quanto para mulheres 35 PERCENTUAL DE GORDURA PARA HOMENS Idade 18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - 65 Excelente 4 a 6 % 8 a 11% 10 a 14% 12 a 16% 13 a 18% Bom 8 a 10% 12 a 15% 16 a 18% 18 a 20% 20 a 21% Acima da Média 12 a 13% 16 a 18% 19 a 21% 21 a 23% 22 a 23% Média 14 a 16% 18 a 20% 21 a 23% 24 a 25% 24 a 25% Abaixoda Média 17 a 20% 22 a 24% 24 a 25% 26 a 27% 26 a 27% Ruim 20 a 24% 20 a 24% 27 a 29% 28 a 30% 28 a 30% Muito Ruim 26 a 36% 28 a 36% 30 a 39% 32 a 38% 32 a 38% PERCENTUAL DE GORDURA PARA MULHERES Idade 18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - 65 Excelente 13 a 16% 14 a 16% 16 a 19% 17 a 21% 18 a 22% Bom 17 a 19% 18 a 20% 20 a 23% 23 a 25% 24 a 26% Acima da Média 20 a 22% 21 a 23% 24 a 26% 26 a 28% 27 a 29% Média 23 a 25% 24 a 25% 27 a 29% 29 a 31% 30 a 32% Abaixo da Média 26 a 28% 27 a 29% 30 a 32% 32 a 34% 33 a 35% Ruim 29 a 31% 31 a 33% 33 a 36% 35 a 38% 36 a 38% Muito Ruim 33 a 43% 36 a 49% 38 a 48% 39 a 50% 39 a 49% Fonte: Pollock e Wilmore, 1993 36 28- Dias sem treino, preciso manter a dieta? Em dias de descanso, a necessidade energética é menor. Isso não significa que deva passar fome, não fazer grandes refeições ou negligenciar a dieta por completo. A redução calórica geralmente é necessária e adaptável a esses dias, podendo até mesmo abrir espaço para alguma refeição ‘off’. A diminuição de calorias deve acompanhar a diminuição de necessidades. Por exemplo, um atleta que gasta 500 calorias no treino e deseja emagrecimento, poderá diminuir essas calorias nos dias de descanso. Poderá também diminuir a ingestão de carboidratos, caso não faça atividades com grande demanda energética (reparem que escrevi diminuir, não cortar, já que o carboidrato é um macronutriente necessário para poupar músculos, participar da síntese proteica, servir como fonte de vitaminas do complexo B e só pode ser retirado com supervisão nutricional). Já alguém que deseja ganhar massa talvez não precise diminuir tantas calorias, pensando justamente na recuperação para melhor performance nos dias seguintes. A necessidade ou não de diminuir as calorias nesse caso, assim como as quantidades, dependerá também do biotipo do atleta. Alguém com tendência a emagrecimento e uma rotina dura de treinos pode até mesmo não diminuir as calorias e também realizar uma refeição ‘off’ nesse dia, pensando no bem estar psicológico e social. O mais importante é não negligenciar a dieta e manter uma correta alimentação, com apenas uma refeição ‘off’. Lembrem-se que processos como reparação de tecido muscular e adaptações quanto ao uso de glicogênio acontecem nesses dias, portanto alimentar-se bem é fundamental, mesmo quando não há treinamento. 29- Quando posso começar a tomar suplementos? Uma vez eu ouvi na academia alguém falando assim: "Você não precisa de suplementos antes de pelo menos 3 meses de treino". Será que ao completar 37 90 dias, nossos músculos, nosso tecido adiposo, nossos hormônios passa a ter algum sinal metabólico diferente para permitir o uso de suplementos? ÓBVIO QUE NÃO! Até porque o tema suplementos é bem amplo, dadas tantas as opções que temos no mercado. Shakes proteicos nada mais são que proteínas em pó. Ou seja, seu corpo irá absorver quase que da mesma forma. Assim como maltodextrina, dextrose, hipercalóricos são carboidratos em pó (a maioria de péssima qualidade, a propósito). Não há um período específico para o uso, há a necessidade de um aporte nutricional maior. Se você não consegue atingir as calorias necessárias, seja por falta de tempo, ou pelo alto volume delas, suplementos como os citados acima podem se ajustar ao seu objetivo. Agora, caso apenas queira substituir alimento por suplementação, saiba que é uma péssima (e cara) escolha. 30- É necessário suplementar nos dias que não vou a academia? A resposta para essa pergunta dependerá de quais suplementos você toma e do quanto são necessários. Obviamente, suplementos pré treinos serão ignorados em dias de treino. Suplementos multivitamínicos, que só devem ser usados com orientação nutricional, dificilmente serão retirados, já que sua indicação é justamente para corrigir déficits micronutricionais. Suplementos com indicação de uso contínuo como creatina, devem ser ingeridos diariamente, independente da realização ou não de exercícios, a não ser que tenham seu uso feito de forma cíclica, o que dependerá justamente do início e término do ciclo, não da execução de treinamento. Shakes proteicos, substitutos de refeições, hipercalóricos ou qualquer outro suplemento que seja fonte de macronutrientes (proteínas, gorduras, carboidratos) só devem ser ingeridos se houver mesmo a real necessidade. Como dito no capítulo sobre dieta em dias sem treino, a quantidade calórica pode ser menor. Sendo assim, fica mais fácil atender a demanda de energia necessária apenas com alimentos. 38 A adição de shakes é feita quando há, por exemplo, uma grande necessidade proteica, glicídica ou calórica. O primeiro caso é mais visto em dietas para emagrecimento ou quando há necessidade de manutenção da massa muscular e grande demanda energética. Já a adição de mais carboidratos e calorias, mais comum quando o objetivo é aumentar massa muscular ou performance e resistência em atividades físicas. Junta-se a isso uma rotina agitada, sem tempo para muitas refeições, e os alimentos são substituídos por shakes para maior facilidade. No caso de dietas extremamente calóricas ou difícil adaptação do paciente/atleta ao maior volume alimentar, shakes são adicionadas para acréscimo calórico com menor volume estomacal. Por esses fatores, é necessária uma correta interpretação do por que ingerir suplementos deste tipo em dias sem treino. Se a rotina desses dias permitir atingir as necessidades nutricionais apenas por alimentos, trocar os mesmos pela suplementação apenas por comodidade nunca será uma boa ideia. Caso a ingestão calórica seja muito alta, mesmo em dias isentos de treinos, a adição de suplementos pode ser indicada quando a alimentação não supre o recomendado. 31- Quanto de água devo tomar? Não é segredo para ninguém que a ingestão correta de líquidos e principalmente água, é fundamental nos processos metabólicos do nosso organismo. Regras como ‘2 litros ao dia’ e ‘de 6 a 8 copos’ não devem ser tomadas como verdades, tendo em vista que o peso corporal, a idade e o nível de atividade física pode alterar tais fatores. Um cálculo simples, porém eficaz é utilizar o seu peso e multiplicar por 35ml. Ou seja, um homem com 70kg beberia 2450ml, já que 70*35=2450. Essa quantidade deve ser dividida durante o dia e entre uma refeição e outra, para melhor absorção e utilização do líquido. 39 É necessário também repor a perda que ocorre durante o exercício. Uma boa maneira de quantificar essa perda é se pesando antes e logo após a realização do treinamento já que boa parte do peso alterado é devido a perda hídrica (não, você não perdeu gordura assim tão rápido e não, suor não significa perda de tecido adiposo e sim perda de água e eletrólitos). Exercícios intensos e prolongados podem diminuir a concentração hídrica em até 1,5 litros por hora no organismo. Atletas de endurance durante treinos e provas prolongadas precisam dar devida atenção a essa perda, repondo durante as atividades e utilizando bebidas energéticas com solutos com carboidratos e cloreto de sódio. A fórmula caseira utiliza uma porção de 8% de carboidrato e 0,15 de sal para cada 100ml de água, ou seja, em um litro de água são adicionados 80gr de maltodextrina, por exemplo, e 1,5gr de sal. A melhor forma para perceber se a ingestão de água está correta não é esperar a sede e sim utilizar a coloraçãoda urina. Abaixo, uma tabela indicando a correta coloração, porém é necessário frisar que excesso de corantes pode alterar essa forma de medir. 40 32- Agora que sei a quantidade de água, quais são os valores diários de cada micronutriente? As Ingestões Dietéticas de Referência (DRIs – Dietary Reference Intakes) são valores de referência para ingestão de nutrientes por pessoas saudáveis. São divididas em 4 estimativas: RDA (Recommended Dietary Allowance/ Ingestão dietética recomendada), EAR (Estimated Average Requirement/ Necessidade média estimada), AI (Adequate Intake/Ingestão adequada) e UL (Tolerable Uper Intake Level/ Limite Tolerável Superior de Ingestão). RDA: Nível indicado para atender a demanda nutricional de praticamente todo indivíduo saudável, levando em conta gênero e idade. EAR: Valores de ingestão diária que atendem a cerca de metade da população saudável, distribuindo os números por idade e gênero. É utilizada para estimar a RDA AI: É utilizada quando ainda faltam dados consistentes para estimar a RDA. Utiliza-se a ingestão aproximada observada em indivíduos saudáveis. UL: É o limite máximo indicado para o nutriente. Ingestão acima do UL pode acarretar efeitos tóxicos adversos. Abaixo, as tabelas feitas pelo Institute Of Medicine, relacionando os micronutrientes e suas necessidades diárias (UL, EAR, AI e RDA). *ND = Não definido Nota do autor: Há capítulos sobre cada vitamina ao final do ebook, portanto revise esse capítulo após o termino da leitura, relacionando a quantidade de vitamina necessária à possíveis déficits na sua alimentação caso existam. 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 33- O que é índice glicêmico e para que serve? O índice glicêmico (IG) é uma medida que indica a velocidade de absorção de glicose no sangue, ou seja, serve para controle de glicemia. Quanto maior ele for, mais rapidamente a glicose será absorvida pelo sangue e mais insulina será produzida, em indivíduos não diabéticos. A insulina é um hormônio altamente anabólico. Embora o anabolismo seja necessário para criação de músculos, ele também pode gerar tecido adiposo, portanto é necessário controlar o índice glicêmico dos alimentos para evitar o aumento de gordura e, consequentemente, a obesidade. O IG pode ser medido tanto em relação a glicose, quanto ao pão branco, portanto anexarei abaixo alimentos comuns e seus respectivos índices, em relação a glicose: 55 IG BAIXO IG MÉDIO IG ALTO Maçã (52) Pêssego fresco (60) Bebidas isotônicas (78) Pêra (54) Suco de abacaxi (66) Gel de carboidratos (100) Damasco seco (44) Passas (64) Batata frita (107) Cenoura crua (16) Arroz parboilizado (68) Mel (104) Nozes (47) Pão de centeio light (68) Melancia (72) Soja (18) Biscoito de água (69) Pão branco 1 fatia (73) Ameixa (55) Ervilhas verdes (68) Mingau de aveia (87) Cereja (32) Feijões cozidos (69) Suco de laranja (74) Abobrinha (20) Pêssego enlatado (67) Banana (83) Couve-flor (20) Abacaxi (66) Kiwi (75) Tomate (20) Suco de laranja (54) Beterraba (88) Leite integral (39) Uvas (66) Manga (80) Grão de cevada (36) Suco de maçã (58) Waffles (76) Espinafre (20) Laranja (63) Batata cozida (121) Iogurte light (20) Bolo de banana (67) Barra de cereais (94) Alface (20) Macarrão (64) Abóbora (75) Repolho (20) Milho (98) Brócolis (20) Farinha de trigo (99) Há diversos alimentos, formas de preparação, tempos de cocção, porcionamento, quem podem alterar o índice glicêmico. Caso deseje detalhes 56 de um alimento ou preparação em específico, recomendo o site: www.glycemicindex.com É uma das poucas fontes confiáveis, mas infelizmente está em inglês, sendo necessário, para aqueles que não dominam a língua, traduzir antes de pesquisar o nome do alimento. 34- O que é carga glicêmica e para que serve? A carga glicêmica é a melhor maneira de avaliar a velocidade de absorção da glicose no sangue, assim como a resposta insulínica. Ela leva em conta não só o índice glicêmico do alimento, como também a quantidade de carboidratos presente na porção consumida. O cálculo da carga glicêmica é feito a partir da quantidade de carboidrato em gramas x seu índice glicêmico e depois divido por 100. Ficou confuso? Exemplificarei de uma forma mais prática à seguir: O índice glicêmico da melancia em relação a glicose é de 72. Em uma porção de 120gr, a melancia possui 6gr de carboidrato. Sendo assim: Carga glicêmica (CG) = (6*72) /100 CG = 432/100 CG = 4 O arroz branco cozido, com índice glicêmico de 43, contem 30gr de carboidrato numa mesma porção de 120gr. Então CG = (30*43)/100 CG = 1290/100 CG =12 57 Com esses cálculos, podemos perceber que mesmo a melancia tendo índice glicêmico maior que o arroz branco, ela terá uma carga menor de glicose sendo absorvida, já que sua porção de carboidratos é significativamente menor que a do arroz branco. Controlar a carga glicêmica das refeições é uma excelente maneira de evitar a obesidade ou diminuí-la já que a insulina, sendo um hormônio anabólico, também pode aumentar o tecido adiposo. Outras formas de se reduzir a velocidade de absorção da glicose é consumir carboidratos com fibras, como por exemplos legumes crus ou cereais integrais, além de proteínas e gorduras. Resumindo, refeições de forma balanceada. 35- É necessário dia do lixo? Outra falácia comum é que devemos dar um "susto" no organismo para não entramos no efeito platô da dieta. Embora o efeito platô realmente exista, não é preciso se encher de açúcar ou outros alimentos processados para quebrá-lo. As variações periódicas na dieta existem justamente para isso. Passar um dia inteiro comendo mal só irá atrapalhar sua recuperação pós treino assim como seu rendimento. Isso sem contar os diversos malefícios a saúde que uma alimentação rica ultra processada traz. Se você usa isso como desculpa, pare agora. Agora consumir alimentos que não estão na dieta apenas por fatores psicológicos, é totalmente compreensível, contanto que o consumo seja moderado e não frequente. Uma reeducação alimentar leva tempo. São mudanças drásticas de hábitos para grande maioria das pessoas, portanto deve ser feita aos poucos, sem grandes restrições, para que não haja desistência. Portanto, darei abaixo algumas dicas de quando consumir alguns alimentos, principalmente doces, sem prejudicar tanto a dieta. 58 36- Não consigo ficar sem comer doces. Quando posso consumi-los? O melhor horário para ingestão de doces é logo após o treinamento. Dada a necessidade de ressíntese de glicogênio, a propensão para o acúmulo de gordura é menor do que em outros períodos do dia. Alguns fatores a levar em consideração: 1- A quantidade de carboidratos. É necessário o aporte adequado do nutriente. O excesso ou a falta dele nesse período pode prejudicar o processo de recuperação pós treino. 2- A quantidade de ingredientes processados. O cenário ideal é a menor ingestão possível. Por isso, o consumo desses alimentos, mesmo no pós treino, deve ser feito de forma moderada e não rotineira. Outra ideia, mais interessante do que fazer um dia inteiro de lixo, é dividir em refeições durante a semana. Por exemplo, ao invés de passar o domingo todocomendo mal, sair da dieta duas ou três refeições na semana e comer algo que satisfaça suas vontades. O caminho para um corpo e uma vida saudável não é cortar de vez qualquer refeição que não seja saudável e comer apenas batata-doce, frango e brócolis, como muitos pensam, e sim variar os alimentos e também abrir espaço para algumas refeições 'off', sem exageros, pensando no bem estar psicológico e social. 37- Frutas demais engordam? Qualquer excesso calórico, ainda mais quando desbalanceado em um macronutriente, irá te engordar. De um tempo para cá, o consumo de frutas passou a ser visto como um malefício, já que elas são constituídas principalmente de carboidratos, sendo um deles a frutose. 59 As frutas, além de frutose, também são constituídas de glicose e sacarose, variando suas quantidades. Isso quer dizer que, não é que por ser uma fruta, ela terá apenas, ou em maior parte, frutose em sua composição. A banana, por exemplo, tem muito mais glicose e sacarose do que frutose, assim como o melão, que é constituído principalmente de sacarose. Outro fato importante é que a frutose das frutas é diferente do xarope de frutose, utilizado principalmente em produtos industrializados. O xarope de frutose é uma solução concentrada de açúcar, muito relacionado a obesidade, diabetes mellitus tipo 2, além de deficiência de micronutrientes. A frutose natural da fruta é um nutriente importante para formação de energia e restauração de glicogênio. Negligenciando a ingestão de frutas, também são perdidas as fibras, vitaminas e minerais presentes nas mesmas. Caso não haja uma compensação alimentar, o déficit gerado atrapalha processos importantes no organismo, como metabolização de carboidratos, formação de energia, formação de hemácias, entre outros. A ingestão recomendada de frutas ao dia é de 2 a 3 porções, sempre variando o tipo de fruta consumida, assim como os horários de ingestão durante o dia, para melhor aporte e metabolização ao longo das 24 horas. Algumas pessoas demonstram desconforto gastrointestinal ao consumi-las antes do treino, portanto ingeri-las em outros horários, como ao acordar, após o almoço ou como lanche da tarde pode ser mais recomendado, caso nenhum deles coincida com o período pré treinamento, obviamente. 38- Quais as melhores frutas para o emagrecimento? Apesar das frutas levarem má fama no emagrecimento devido a comentários de alguns entusiastas, elas são ótimas opções em boa parte das dietas e devem estar sempre presentes. 60 Pensando em perder gordura, a ideia principal será utilizar frutas com baixas calorias e baixo índice glicêmico. A melancia é uma ótima opção, tendo apenas 15 calorias a cada 100gr. Morango, lima, framboesa, pêssego e melão também, com cerca de 30 calorias a cada porção de 100gr. A ameixa fresca, a cereja, a maçã, a pera e o damasco possuem baixo índice glicêmico, servindo também como opções. O kiwi, a laranja e a uva, apesar de terem médio índice glicêmico, podem ser ingeridos também, já que sua carga glicêmica é baixa. Ingerir frutas com outros macronutrientes, como gorduras (nozes, castanhas, amêndoas) e proteínas (iogurtes naturais, shakes proteicos, ovos, carnes magras) irá reduzir a velocidade de absorção da glicose, sendo útil tanto na saciedade, quando na perda de gordura. 39- Qual a melhor forma de preparar a batata- doce? A forma de preparo vai depender do índice glicêmico (IG) que se deseja alcançar. É possível variar o IG da batata de 44 até 94, apenas a forma como ela será feita. Por exemplo, a batata-doce cozida, com casca, terá o IG de 44. Ela frita, sem casca, em óleo vegetal, atingirá o IG de 76. Descascada, cortada em pedaços, e cozida por 8 minutos, 75. A forma assada dela, sem a casca e assada, chegará a 94. Ou seja, a forma de preparo dependerá da sua necessidade de velocidade de absorção de glicose para o momento específico. Achou complicado? Os capítulos 33 e 34, sobre índice glicêmico e carga glicêmica explicam de forma mais detalhada a absorção da glicose. 61 Vale frisar que o cozimento pode diminuir os micronutrientes presentes no alimento, principalmente vitaminas do complexo B e C. Técnicas como utilizar pouca água, não retirar a casca, não cozinhar por muito tempo, evitar cortes em excesso, começar a cocção com fogo alto e utilizar cocção a vapor irão prevenir a perda de nutrientes. 40- Quais os diferentes tipos de arroz? Arroz branco – O mais presentes nos nossos hábitos alimentares. É o menos nutritivo, de menor preço e também baixo em fibras e proteínas, tendo um índice glicêmico maior. Arroz parboilizado - Passa por um processo térmico onde seus nutrientes são levados para dentro do grão, mantendo principalmente as vitaminas do complexo B. Contem também um pouco mais de fibras e proteínas que o arroz branco. Arroz integral – Como não perde a camada interna do grão, mantem todos os micronutrientes, sendo rico também nas vitaminas B. Possui mais fibras e proteínas, portanto tem seu valor glicêmico menor. Arroz vermelho – Possui uma substância chamada monocolina, que auxilia na redução do colesterol LDL. Também possui mais ferro e zinco, e mais proteínas que a versão integral. Arroz selvagem – Outra excelente opção, sendo rico em proteínas principalmente. Também possui quantidade razoável de fibras e seu valor calórico é baixo. Assim como o integral, necessita de um tempo de cocção maior. Arroz negro – É o menos calórico e o mais rico em proteínas e fibras. Além de manter as vitaminas do complexo B, é rico em antioxidantes e ferro. Nutricionalmente, é o melhor tipo de arroz, porém seu sabor acentuado pode não agradar a todos os paladares, podendo ser misturado a outros tipos, como o parboilizado ou integral. 62 41- Não gosto de arroz integral, posso comer o arroz branco? Depende. A diferença no índice glicêmico pode ser considerável, dependendo da forma de preparo. Caso queira comer o branco de qualquer forma, mesmo em períodos de refeições de baixo índice glicêmico, o ideal é diminuir a carga glicêmica total da refeição, adicionando fibras. Vegetais crus são as melhores formas de adicioná-las, sempre variando os mesmos para maior aporte de micronutrientes, como vitaminais e minerais, já que o arroz branco é pobre nesse quesito. Adicionar proteínas como carnes magras e ovos, assim como gorduras, como por exemplo azeite, também diminuirá essa carga glicêmica. Obviamente, quanto mais alimentos adicionar, mais o valor calórico irá aumentar, portanto é necessário equilibrar esse fator também. Por exemplo, adicionando 10gr de azeite de oliva para diminuir a carga glicêmica de uma refeição que antes não tinha o mesmo, o valor calórico da refeição aumentará em 88kcal, aproximadamente. O arroz branco e integral possuem aproximadamente 130 kcal em 100gr. Ou seja, se adicionar azeite e o excedente calórico for uma preocupação, é necessário retirar aproximadamente 67gr do mesmo, para equilibrar o total de calorias da refeição, levando em conta que cada grama de carboidrato contem 4 calorias no total. 42- Quais condimentos posso usar para minha comida não ficar com gosto de isopor? A maior reclamação daqueles que seguem uma dieta mais rígida é a falta de sabor, seja por limitar os alimentos utilizados ou restringir temperos habituais, como sal, shoyo, entre outros molhos industrializados. Como a lista é grande e as variações são imensas, irei listar aqui os principais e mais fáceis de serem encontrados, assim como suasfunções. 63 Alho - Fonte de alicina, reduz o colesterol, fortalece o sistema imunológico e melhora o sistema circulatório. Ação antiviral e antifúngica também são observadas. Cebola - Também ajuda na circulação, além de ação antimicrobiana por possuir quercetina. Limão - Possui vitamina C, sendo um ótimo antioxidante. Sua casca possui d-limoneno, muito utilizado para prevenção e tratamento de câncer. Vinagre de maça - Combate radicais livres, por ser antioxidante, ajudando no sistema imunológico, saúde do cabelo e pele. Possui baixíssimo valor calórico (1.28kcal em uma colher de sopa). Mostarda - Antioxidante pela presença de quercetina, luteolina e kaempferol. Também contém curcuma, substancia anticancerígena. Deve ser consumida na sua forma pura, como semente, não de forma industrializada, encontrada em mercados. Alecrim - Melhora a circulação. Possui carnosol, substância que atua contra o câncer de mama, câncer de cólon, câncer de próstata, câncer de pele e leucemia. Gengibre - Potente termogênico, auxiliando no emagrecimento, além de ação anticoagulante e vasodilatadora. Manjericão - É digestivo e antisséptico. Possui eugenol, atuando também como anti-inflamatório. Também combate os radicais livres, sendo repleto de antioxidantes como orientina e vicenina Orégano - Antioxidante por conter ácido fenólico e flavonoides. Também é antiviral, anti-inflamatório, antisséptico e anestésico por possuir terpeno, pineno, borneol, linalol e terpineno Hortelã - O mentol presente nela combate o mau hálito. Auxilia na produção de enzimas digestivas e no combate à infecções do trato respiratório Pimentas - Efeito termogênico, ajudando no emagrecimento, além de serem diuréticas. Também possuem efeito anti-inflamatório 64 43- O que olhar numa lista de ingredientes para saber se o alimento é realmente saudável? Não é segredo que alimentos in natura, ou seja, naturais, são melhores metabolizados do que alimentos com ação industrial, principalmente os ultra processados. A ciência ainda carece de mais fontes de estudos relacionando conservantes a doenças ou transtornos, porém o uso excessivo não é aconselhável. Olhar não só a tabela nutricional como também a lista de ingredientes é fundamental no processo de escolha. Lembrem-se que o que contem mais vem sempre primeiro. Alimentos ricos em sódio, nitrito e nitrato, como salsichas, miojos, molhos industrializados, devem ser evitados, já que o alto consumo de sódio é relacionado à desenvolvimento de hipertensão, enquanto que nitrito e nitrato, à câncer. Uma sugestão é também consumir sempre alimentos de época, diminuindo assim também a ingestão de agrotóxicos (há um capítulo relacionando frutas, legumes, vegetais e pescados à suas respectivas épocas mais a frente nesse ebook). Voltando ao assunto da lista de ingredientes, comparem a mesma nos dois alimentos abaixo, que também demonstra a diferença entre iogurtes entre dois tipos de iogurtes de uma mesma marca. 65 66 Reparem na imensa diferença entre um iogurte e outro. O segundo, repleto de flavorizantes, acidulantes, edulcorantes e reguladores, passa muito longe de ser um alimento natural, enquanto que o primeiro usa simplesmente matérias primas do próprio leite. Mais uma vez, a ordem dos produtos que aparecem na lista representa a quantidade deles presente no alimento. Um alimento com maltodextrina em primeiro lugar nessa lista estará repleto deste açúcar, o que não é uma boa opção em grande parte dos casos, principalmente para diabéticos. 44- Como saber se um pão é realmente integral? Um pão predominantemente integral deve ter como primeiro item em sua lista de ingredientes a farinha de trigo integral. Diversas marcas utilizam em suas embalagens o logo ‘Integral” porém ao verificar na lista de ingredientes, o alimento é composto predominantemente de farinha de trigo enriquecida com ácido fólico e muitas vezes a farinha integral é apenas o terceiro ou quarto ingrediente da lista. Avaliar também a quantidade de fibras é aconselhável, já que alimentos integrais possuem esse nutriente em maior quantidade. Atenção também ao sódio, que pode chegar a 320mg em apenas duas fatias, sendo que a recomendação diária é de no máximo 2000mg. Outra observação importante é a lista de aditivos encontradas nos pães, mesmo os integrais. O raciocínio é o mesmo demonstrado no capítulo acima, ou seja, quanto menos conservantes e produtos químicos, melhor. Olhem o exemplo abaixo, demonstrando os ingredientes contidos no pão integral leve da marca SevenBoys. 67 Embora seja realmente integral, seus emulsificantes, acidulantes e conservadores trazem controvérsias científicas quando o assunto é saúde, devendo seu consumo ser o mínimo possível. 45- O que são alimentos com fitoquímicos? São compostos produzidos por vegetais, com ação benéfica no organismo. Têm função imunológica, anti-inflamatória e preventiva contra tumores e doenças cardiovasculares. Possuem algumas subdivisões, as quais descreverei abaixo: Flavonóides: São divididos em antocianinas, catequinas e quercetinas. Os primeiros estão presentes em uvas, morangos, cerejas, framboesas, alfaces roxas, e possuem ação antioxidante. As catequinas também protegem o organismo de danos oxidativos e encontram-se em chás verdes e pretos, e chocolates a base de cacau. Já as quercetinas diminuem os riscos de diabetes tipo 2 e doenças relacionados ao coração. Podem ser encontradas em maçãs, cebolas roxas, vinho tinto e também no chá verde. Carotenóides: Também atuam como antioxidantes, presentes em alimentos de cores vermelhas, laranjas e amarela. Tomate, cenoura, espinafre, batata doce, laranja, mamão, pera, abóbora e manga são ótimas fontes desse fitoquímico. Limonóides: presentes no limão, laranja, toranja, entre outras frutas cítricas, tem ação antioxidante, prevenindo principalmente contra cânceres. 68 Isoflavonas: Reduzem o colesterol LDL, prevenindo o aparecimento de doenças cardiovasculares. Também tem ação contra cânceres de origem hormonal, como câncer de próstata, ovário e mamas. Encontradas principalmente na soja e seus derivados. 46- O que é o efeito térmico de um alimento? O efeito térmico de um alimento (ETA) é o gasto energético do metabolismo para digerir e absorver os nutrientes presentes nesse alimento. Ou seja, para gerar calorias através da ingestão, são gastas calorias também. O gasto energético de um indivíduo pode aumentar em 10%, apenas considerando esse efeito termogênico. As fontes proteicas são as que mais gastam energia para serem metabolizadas, tendo como ETA 25% a 30% de seu valor, enquanto que carboidratos simples, 6 a 8% e lipídeos, 2 a 3%. Em um estudo feito por K.J. et al.¹ foram avaliados diferentes fontes proteicas, sendo elas whey protein, caseína e soja, e seus efeitos térmicos no organismo. As refeições com whey protein aumentaram em 14,4% o gasto energético em repouso, enquanto que as refeições com caseína e soja, 12% e 11,6%. A refeição apenas com carboidrato aumentou o gasto energético em repouso em apenas 6,6 %. A oxidação de gordura pós brandial também foi maior na refeição que o whey, seguida de perto pelo caseína e logo após vindo a soja e a refeição rica em carboidrato, conforme tabela abaixo. 69 O maior efeito térmico das proteínas não significa um melhor resultado para emagrecimento em dietas sem carboidratos ou sem gorduras, apenas constituídas de proteínas. Carboidratos são necessáriosprincipalmente para poupar massa muscular, gerar energia, evitar que proteínas sejam utilizadas para outros fins formando corpos cetônicos. Lipídeos, por sua vez, são importantes para formação de hormônios, manutenção do colesterol, absorção de vitaminas e também servem como isolantes térmicos e formação da membrana celular. Porém é importante frisar que dietas hiperproteicas são sim de grande valia para redução de tecido adiposo e manutenção de massa muscular, sendo comumente utilizadas para estes fins e sem riscos para os rins em indivíduos saudáveis, como já explicado nesse ebook. ¹Acheson KJ, Blondel-Lubrano A, Oguey-Araymon S, Beaumont M, Emady-Azar S, Ammon-Zufferey C, Monnard I, Pinaud S, Nielsen- Moennoz C, Bovetto L. Protein choices targeting thermogenesis and metabolism. Am J Clin Nutr. 2011 Mar;93(3):525-34 70 47- Posso tomar proteína de soja no pós treino? Em um estudo¹ interessante, 20 indivíduos suplementaram com 50gr de ou proteína de soja isolada, ou proteína de soja isolada com whey, ou proteína de soja concentrada, junto à treinos resistidos. Ao final das 12 semanas de estudo, não foram verificadas mudanças nos grupos na testosterona livre, SHGB, percentagem de gordura corporal ou peso. Todos os participantes obtiveram aumento de massa muscular, independente da fonte utilizada e, mais uma vez, sem decréscimo nos hormônios relativos a testosterona. Comparando a ingestão de proteína de soja, maltodextrina e leite desnatado, um estudo avaliou 34 indivíduos, treinando-os 5 dias por semana e consumindo 500ml de suas respectivas proteínas imediatamente a após uma hora de exercício. A proteína de soja demonstrou ser significativamente melhor em aumentar a massa muscular e a força, quando comparada as outras duas bebidas. De qualquer forma, o valor biológico do whey protein é maior e há diferenças nos aminoácidos encontrados no whey protein e na soja. A proteína do soro de leite é rica principalmente em aminoácidos de cadeia ramificada - leucina, isoleucina e valina - enquanto que a soja é fonte de glutamina e arginina, aminoácidos não-essenciais ou semi-essenciais em alguns casos. Para um aporte completo de aminoácidos, recomendo a mistura dos dois tipos de proteína no pós treino para aqueles que querem fazer uso da soja. Abaixo uma tabela de aminoácidos retirada de um estudo² sobre efeitos térmico de três fontes proteicas, vindas de whey, caseína e soja, realizado por K.J. et al. 71 Necessário frisar que a adição de suplementos proteicos só é indicada para aqueles que não conseguem atingir suas necessidades recomendadas diariamente apenas com a alimentação. ¹Douglas Kalman, Samantha Feldman,1 Michele Martinez,1 Diane R Krieger,1 and Mark J Tallon. Effect of protein source and resistance training on body composition and sex hormones. J Int Soc Sports Nutr. 2007 ²Acheson KJ1, Blondel-Lubrano A, Oguey-Araymon S, Beaumont M, Emady-Azar S, Ammon-Zufferey C, Monnard I, Pinaud S, Nielsen- Moennoz C, Bovetto L. Protein choices targeting thermogenesis and metabolism. Am J Clin Nutr. 2011 Mar;93(3):525-34 72 48- Quais são os tipos de soja e as diferenças entre eles? Proteína de soja concentrada: É a proteína após o processo de retirada de gordura. Contem aproximadamente 65% de proteína e os carboidratos presentes nos grãos de soja Proteína de soja isolada: Assim como o whey protein isolado, a proteína de soja isolada é feita de pelo menos 90% de proteína, retirando também seus carboidratos Proteína texturizada de soja: é a soja feita para suportar hidratação ou cozimento, usada como ingrediente para substituir a carne e também pode ser adicionada em sucos, vitaminas e massas. 49- Proteína de soja causa impotência? Há diversas dúvidas e controvérsias a respeito da soja. Por conter isoflavonas denominadas fitoestrógenos, a soja é relacionada a diminuição da testosterona, já que os fitoestrógenos têm semelhança estrutural com hormônios estrogênicos, relacionados ao desenvolvimento de características femininas. Porém, semelhança estrutural não significa necessariamente que irá agir da mesma forma no organismo. A melhor maneira de verificar uma hipótese é embasar-se em estudos científicos e análises de autores comparando diversos estudos, assim como a metodologia dos mesmos, chegando a um veredito. Em uma análise¹ com 15 grupos, divididos em placebo e controle, além de 32 relatórios, envolvendo mais 36 grupos, os autores chegaram à conclusão de que a ingestão de proteína de soja não mudou significativamente a testosterona, o SHGB (globulina ligadora de hormônios sexuais), ou o Free androgen index, medida utilizada para determinar números anormais de andrógenos em humanos. 73 69 homens japoneses também tiveram suas concentrações séricas de testosterona, estrona, estradiol e di-hidrotestosterona relacionadas ao uso de soja em um estudo de questionário de frequência alimentar. As concentrações de estradiol (principal hormônio feminino) foram inversas, de forma significante, a ingestão de produtos de soja. Já as concentrações de estrona foram inversas, porém de forma não significativa. As concentrações de testosterona livre e total foram inversamente correlacionadas ao uso da soja, porém também de forma não significativa. Um estudo² que demonstrou queda de testosterona, contava com um indivíduo com números do hormônio muito acima do comum na primeira semana. Como seus níveis de testosterona decaíram durante os 42 dias de estudo, a média da testosterona total ao final do experimento ficou menor do que a média do início, mas apenas graças a este indivíduo, como vemos no quadro abaixo. 74 Reparem que os outros participantes da pesquisa sofreram pouca ou nenhuma alteração, principalmente dos dias 0 a 28, onde foram administrados as doses de 52gr de proteína de soja em pó. Mais um estudo³, demonstrou hipogonadismo e baixa libido em um jovem de 19 anos, com diabetes tipo 1. Durante o estudo, o participante passou a adotar uma dieta vegetariana extremamente rica em soja, com 360mg de isoflavonas ao dia, o que pode ter diminuído seus níveis de testosterona. A dieta consistia em tofu, molho de soja, leite de soja, biscoitos a base de soja, feijões de soja e soy nuts, um tipo de snack feito à base de soja. Após cessar a dieta, os níveis de testosterona retornaram aos poucos. Vejam no quadro abaixo a recuperação após cessar a dieta: O estudo sugere que o altas doses de soja e isoflavonas podem estar relacionadas a baixa de libido e decréscimo de testosterona. Sendo necessárias mais pesquisas a respeito e já observando estudos feitos com grande número de participantes, podemos afirmar que ingerir até 50gr por dia de proteína de soja não diminui os níveis de testosterona em homens saudáveis. ¹Hamilton-Reeves JM1, Vazquez G, Duval SJ, Phipps WR, Kurzer MS, Messina MJ. Clinical studies show no effects of soy protein or isoflavones on reproductive hormones in men: results of a meta-analysis. Fertil Steril. 2010 Aug;94(3):997-1007 75 ²Goodin S1, Shen F, Shih WJ, Dave N, Kane MP, Medina P, Lambert GH, Aisner J, Gallo M, DiPaola RS. Clinical and biological activity of soy protein powder supplementation in healthy male volunteers. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2007 Apr;16(4) ³Siepmann T1, Roofeh J, Kiefer FW, Edelson DG. Hypogonadism and erectile dysfunction associated with soy product consumption. Nutrition. 2011 Jul-Aug;27(7-8):859-62. 50- Qual a diferença entrefarelo de aveia, farinha e aveia em flocos? A aveia pode ser dividida conforme seu processo de produção em três tipos: flocos de aveia, farelo de aveia e farinha. Não há uma escolha ruim e uma boa, e sim especificidades de cada tipo de aveia que irão se adequar conforme seu objetivo. Aveia em flocos: Feito a partir da prensagem de grãos integrais, sendo assim é o mais completo em nutrientes. A única diferença entre a aveia em flocos e a aveia em flocos finos é o processo de moagem, não alterando suas propriedades nutricionais. Flocos de aveia são excelentes como acompanhamentos em iogurtes, principalmente em refeições menores. Farelo de aveia: Obtido pela casca do grão, é o mais completo em fibras. Por ser rico em fibras, o farelo de aveia é o mais indicado para melhorar o trânsito intestinal, diminuir colesterol e dar saciedade. O farelo de aveia é uma ótima opção para acompanhamento com shakes proteicos em refeições menores, diminuindo a sensação de fome. Farinha de aveia: É a menos calórica por porção, possui bem menos carboidratos, porém menos fibra. Seu uso é recomendando em receitas, substituindo a farinha de trigo. Também pode ser usada como adição a shakes proteicos, principalmente quando há necessidade de uma rápida reposição de glicogênio, como períodos pós atividades físicas, já que sua quantidade de fibras é baixa. Obviamente, o índice glicêmico irá depender dos produtos que irão 76 acompanhar a porção de aveia, além da escolha em fibras. Uma porção de farelo de aveia com frutas batidas com casca terá um índice glicêmico muito menor do que alguma receita feita a base de farinha de aveia e açúcar, por exemplo. A escolha a granel das farinhas também é preferível, já que não há adições de nenhum químico flavorizante. 51- Como diminuir o colesterol sanguíneo? O colesterol alto é um dos principais fatores para doenças cardiovasculares. Embora casos graves necessitem do uso de medicamentos, a alimentação correta ajuda a diminuir o mesmo e reduzir os riscos cardíacos. Antes de tudo, é importante entender que o colesterol pode ser dividido em diversas formas no organismo. Para melhor entendimento, apresentarei as duas formas principais, LDL e HDL. O LDL, mais conhecido como colesterol ruim, é o responsável pelo depósito de gorduras na corrente sanguínea, formando placas de ateroma. Valores abaixo de 100mg/dl são os mais adequados. Entre 100 e 130 são quase ótimos, enquanto que acima de 130 já está inadequado. Valores acima de 160 são considerados como fatores de risco para doenças cardiovasculares. Já o HDL, representado como colesterol bom, retira a gordura da corrente sanguínea e a leva para o fígado, sendo então metabolizada e transformada em energia. Valores acima de 60mg/dl são considerados ótimos, entre 40 e 60mg/dl, são considerados bons, enquanto que abaixo de 40 já entra como fator de risco. Alguns alimentos auxiliam na diminuição do LDL e também no aumento do HDL, embora esse último seja mais alterado por fatores genéticos e atividades físicas. São eles: Aveia - Suas fibras solúveis atrapalham a metabolização da gordura em colesterol, diminuindo suas taxas de LDL. Estudos com 75gr ao dia durante 1 mês demonstraram redução de 5 a 15% do colesterol. A aveia que eu cito aqui é a mais pura possível, comprada a granel, evitando ao máximo a manipulação da indústria na conservação da mesma. 77 Abacate - Alimento rico em gordura insaturada, associada a diminuição do colesterol. Por ser rico também em omega-9, pode auxiliar no aumento de HDL também. Chá verde - Por ser rico em polifenóis, diminui a absorção de colesterol no intestino. Os efeitos são pequenos, como em uma pesquisa feita pelo The American Journal of Clinical Nutrition, onde 1100 participantes reduziram seu LDL em aproximadamente 2%. Uma mudança mínima, porém somada a outros alimentos na dieta, pode ser de grande ajuda. Açaí - Na sua forma pura, é rico em gordura insaturada, atuando tanto na diminuição do LDL, quanto tendo uma pequena ação no aumento de HDL. Os efeitos benéficos são notados na forma in natura, encontrada principalmente no norte do Brasil. Obviamente, quando misturado a outros alimentos, terá seu valor calórico aumentando, principalmente se forem fonte de açúcar. Azeite extra virgem: o azeite puro, ou seja, o extra virgem, possui em uma porção 86% de gordura monoinsaturada, agindo assim como alimento cardioprotetor. Apesar de ser um alimento altamente calórico, sendo fonte pura de gordura, também é rico em vitamina E, poderoso antioxidante. Seu consumo na forma crua, usado para temperar alimentos e principalmente saladas, é mais indicado para o aproveitamento total dos nutrientes. Canela - os antioxidantes presentes o alimento mostraram eficácia ao reduzir, em pacientes portadores de Diabetes Tipo 2, o colesterol ruim, após a ingestão de meia colher por dia da especiaria, depois de seis meses. Chia - Com 34% de fibras por porção, é fonte também de gordura insaturada, sendo uma ótima opção para diminuição do LDL e manutenção do HDL. Alcachofra- Além de possuir quantidades baixíssimas de calorias (50kcal em 100gr), estimula o funcionamento da vesícula biliar, ajudando na digestão de gorduras, diminuindo assim a formação de LDL. Alho - Tem efeito anticoagulante, prevenindo a formação de placas de ateroma, além da alicina também ser associada a diminuição de LDL. Chocolate amargo - 30gr ao dia de chocolate 70% cacau demonstraram melhora no perfil lipídico, diminuindo o colesterol LDL, além de sensível aumento no HDL. Esse efeito se deve principalmente a ação das catequinas, substâncias presentes no cacau. Obviamente, por ser um alimento 78 extremamente calórico, seu consumo deve ser moderado, principalmente em indivíduos que desejam perda de tecido adiposo. Feijão - alimento repleto de fibra solúvel, além de diminuir a glicemia, ainda ajuda na redução do colesterol. Reduções de até 5% no LDL em indivíduos que consumiram 3/4 de xícara do alimento por dia foram observadas em meta-análises. Linhaça - Rica em ômega 3, auxiliando tanto na diminuição do LDL, quanto no aumento do HDL, a linhaça também é rica em fibras, podendo diminuir a reabsorção do colesterol. Uva roxa - além da baixa quantidade calórica, também possui resveratrol, substância que, além de ser antioxidante, também é associada a diminuição do LDL. O suco de uva integral é uma excelente opção para este objetivo. O vinho tinto também é uma opção, porém apenas uma taça ao dia é recomendada, já que o excesso de álcool pode aumentar a taxa de triglicérides no sangue. Laranja- Além das fibras presentes, a fruta contem flavonóides, ajudando a diminuir o colesterol sanguíneo. Um estudo com 72 participantes demonstrou redução de colesterol naqueles que ingeriram suco de laranja antes de realizarem atividades físicas, durante 10 semanas. Maçã - "An apple a day keeps the doctor away (Uma maçã ao dia mantem o doutor longe)". Esse ditado é verdadeiro quando se trata da diminuição do colesterol. Tanto a pectina, fibra presente na maçã, quanto os polifenóis, ajudam na redução do colesterol sanguíneo. Estudos publicados no Journal of Functional Foods demonstraram que o consumo de uma maçã ao dia pode reduzir o colesterol em até 40% em adultos de 40 a 60 anos. Soja – Em uma revisão de 13 estudos, utilizando a proteína de soja em adultos, foram vistos efeitos benéficos na redução do LDL, quando mais de 40gr por diaforam ingeridos. Mesmo sendo uma diminuição pouco significativa de aproximadamente 2,4%, a soja pode ser um dos alimentos utilizados numa dieta para diminuição do LDL. Peixes - O consumo de peixes, principalmente os de água fria como salmão e bacalhau, são ricos em ômega 3, diminuindo o LDL e ajudando na manutenção do HDL. O consumo de 2 a 3 porções por semana é indicado e, caso não tenha acesso aos peixes in natura, mesmo os enlatados podem ser consumidos, pois também possuem efeitos cardioprotetores. 79 Tomate - Pela ação do licopeno, poderoso antioxidante, o tomate é um ótimo alimento para diminuição e prevenção do colesterol alto. Pode ser consumido em forma de suco também. Oleaginosas - Nozes, castanhas, amêndoas e avelãs também são excelentes alimentos contra o colesterol alto, justamente pela sua quantidade de gordura insaturada. Por serem altamente calóricas, seu consumo deve ser moderado. É importante frisar que a castanha-do-pará é rica em selênio, porém seu excesso é tóxico ao organismo, sendo indicado apenas 2 a 3 unidades diárias. Quinoa - Além de possuir todos os aminoácidos essenciais, contêm fibras, diminuindo os níveis de colesterol e glicemia. A combinação de hábitos alimentares saudáveis, evitando o excesso de carboidratos, gorduras saturadas vindas principalmente de alimentos industrializados, assim como a prática de atividades físicas e a redução de hábitos como fumo e ingestão de bebidas alcoólicas, irá proporcionar níveis saudáveis tanto de colesterol como de triacilgliceróis, reduzindo significativamente os riscos para doenças cardíacas. 52- Gema de ovo: quantas posso comer? Já é de conhecimento geral que a gema do ovo não é a vilã da dieta e do colesterol alto, como se pensava a algumas décadas atrás. Por mais que ela tenha, em média, 200mg de colesterol, essa alta quantidade não implica que irá diretamente para o sangue. O processo de metabolização do colesterol passa por diversas etapas e a sua elevação no sangue depende de fatores como falta atividade física, falta de ingestão de fibras, excesso de carboidratos simples assim como dietas ricas em gorduras hidrogenadas. A quantidade de gema ingerida ao dia também dependerá da necessidade proteica, lipídica e calórica, assim como idade, exames sanguíneos e estilo de vida. Um número adequado a todos é a ingestão de uma a duas gemas ao dia, em horários diferentes. 80 Porém um praticante de atividade física, sem doenças como hipercolesterolemia, ou diabetes tipo 2 pode ter sua ingestão aumentada, adequando-a sempre aos valores de macro e micronutrientes presentes nas suas necessidades. Além do colesterol, a gema também possui gorduras saturadas. As duas substâncias, em quantidades adequadas, são necessárias para sintetizar hormônios importantes, como testosterona e estrógeno. E ainda não acabou. Quando você consome a gema, você ingere também vitamina A, vitamina E, vitamina D (um dos poucos alimentos que contem essa vitamina), vitamina K, zinco, ferro, cálcio, carotenoides (agentes antioxidantes), luteína e zeaxantina (protetores contra doenças oculares), vitaminas do complexo B, e mais proteínas do que somente se ingerisse a clara, tornando o ovo inteiro o alimento de valor biológico disponível mais alto que existe. Outra substância presente é a colina, responsável pela sinalização de neurotransmissores Para terminar, além de todos esses benefícios, a gema também é fonte de HDL, colesterol considerado bom, responsável pela diminuição do colesterol ruim no sangue. A melhor forma de consumo é cozinhando os ovos, já que a sua forma cru, além de possuir avidina, substância responsável pela menor absorção da biotina, pode conter Salmonela, perigosa bactéria que causa diarreia, vômitos e náuseas. Sobre sua forma frita, dependerá do óleo utilizado, o qual dediquei um capítulo exclusivo na parte final do ebook. 53- Devo evitar glúten? Glúten é uma proteína (não um carboidrato, como muitos pensam) composta de gliadina e gluteína e presente em alimentos como trigo, aveia, centeio e cevada. Devido a sua capacidade de absorção de água, é usado nas massa de farinha, sendo muito útil para panificação. 81 1% da população mundial é alérgica ao glúten, ou seja, sofrem de doença celíaca. Esses indivíduos sofrem de uma reação autoimune, fazendo com que suas células do intestino ataquem a proteína, causando diarreias constantes. Após identificado o diagnóstico como positivo, o celíaco deve retirar completamente o glúten da sua alimentação. Há casos de não celíacos que demonstram sensibilidade ao glúten. Falarei mais abaixo sobre. 54- Retirei o glúten e me senti bem. Sou sensível então? Antes de tudo, é necessário verificar se a retirada do glúten não foi paralela também a retirada de produtos industrializados ou ao excesso de trigo e produtos relacionados. Também é necessário verificar se a sensação é derivada de um efeito placebo, utilizando uma visão científica e analítica da situação. Deixar-se levar pelo conflito de opiniões, com ou sem interesses por trás, é muito fácil hoje em dia, dado o excesso de informação, sendo a maioria carente de embasamento científico. Caso deseje mesmo retirar o glúten, atente-se a ingestão calórica diária adequada, a de micronutrientes, como ácido fólico, muito comum em pães, e a ingestão adequada de fibras, necessárias para reduzir riscos de hipercolesterolemia, dar saciedade e melhorar o trânsito intestinal. Bom frisar também que não é porque um alimento tem no rótulo 'gluten-free' que ele necessariamente é saudável. O cuidado com o rótulo nutricional e com os ingredientes contidos deve ser o mesmo, já que muitas vezes outros estabilizantes podem ser usados para manter a consistência original do produto. 82 55- Glúten engorda? Há a falsa ideia de que o glúten engorda. Porém, devemos lembrar que a obesidade é uma doença multifatorial, ou seja, fatores como alta ingestão calórica, velocidade metabólica reduzida, sedentarismo, excesso de carboidratos simples, alimentação com alta carga glicêmica, dentre tantos outros, podem causar a obesidade. Como o glúten está presente em alimentos ricos em carboidratos, a retirada do mesmo ajuda a emagrecer, não pela retirada da proteína em si, e sim pela diminuição calórica e possivelmente de farinha refinada feita nessa retirada. É importante ressaltar que o emagrecimento em si, pensado apenas como perda de peso, pode não ser saudável. Uma decremento drástico de energia pode diminuir a velocidade de metabolismo, diminuir a massa muscular, além da imunidade, portanto perda de peso por si só não significa mais saúde. Os autores da dieta sem glúten defendem a ideia de que mesmo pessoas não- celíacas podem ser sensíveis ao glúten, sofrendo de cefaléia, inchaço abdominal, cansaço, entre outros mal-estares após a ingestão de nutriente. Os sintomas acima são muito genéricos e podem ser atribuídos a diversos outros fatores, como refeições pesadas, excesso de açúcar, estresse emocional, dentre tantos outros. Peter Gibson, gastroenterologista, em estudo¹ com 37 voluntários, dividiu os participantes em três grupos. O primeiro consumiu refeições repletas de glúten, o segundo refeições com pouco glúten e o terceiro refeições glúten- free. Nenhum dos participantes sabia em qual grupo estava. Todos reportaram piora nos sintomas gastrointestinais, inclusive o grupo placebo, demonstrando que esses efeitos eram causados por fatores psicológicos,apenas com a mera sugestão de que ingeriram glúten. Ainda não há estudos científicos plausíveis demonstrando essa sensibilidade. Há apenas um forte apelo da indústria glúten-free e de alguns profissionais da área da saúde que sugerem efeitos como inflamações intestinas, diminuição do sistema imune, além dos mal-estares citados mais acima. O próprio Conselho Regional de Nutrição indica que a retirada do glúten não deve ser feita sem que haja um motivo plausível para a mesma. 83 ¹Gastroenterology. 2013 Aug;145(2):320-8.e1-3. doi: 10.1053/j.gastro.2013.04.051. Epub 2013 May 4 - See more at: http://iconosquare.com/viewer.php#/detail/1192345289917994470_225062 820 56- Quais os benefícios do leite de vaca? O leite de vaca é um alimento proteico do mais alto valor biológico, perdendo apenas para o ovo de galinha inteiro. O valor biológico é uma escada que define o quanto do conteúdo proteico será realmente aproveitado pelo organismo humano. Além do alto valor biológico, o leite também é rico em cálcio, biotina e, na sua forma integral, vitaminas A e D. 57- Ele contém antibióticos e hormônios? Dar hormônios a animais é uma prática proibida há anos e seguida pela indústria brasileira. Antibióticos são aplicados apenas quando necessários e a extração de leite é feita somente após a sua metabolização e excreção. A presença de antibióticos também atrapalharia a indústria, já que podem impedir o desenvolvimento de bactérias que fazem fermentação, tornando impossível a criação de queijos e iogurtes. 84 58- Por que só o ser humano é o único animal que bebe leite depois de adulto? Pelo mesmo motivo de ser o único que desenvolveu a pecuária e a agricultura: acesso. O fato de outros animais não terem acesso não implica no fato do alimento não ser útil. O desmame não ocorre porque o leite deixou de ser adequado, e sim porque as necessidades nutricionais não são mais alcançadas apenas pela ingestão de leite e há necessidade de ingestão de outros nutrientes, produção de novas enzimas, desenvolvimento da mastigação, dentre tantos outros fatores fisiológicos. Outro fato: o desmame também é necessário para poupar energia, tanto para recuperação da amamentação, processo que demanda necessidades calóricas e mudanças hormonais, com aumento principalmente de ocitocina e prolactina, quanto para nova gestação em muitas espécies de mamíferos que têm sua reprodução em graus muito maiores do que humanos. É possível obter todos os nutrientes necessários excluindo leites ou laticínios em geral da dieta, porém é desnecessária a exclusão caso não haja uma real necessidade, ainda mais baseando-se num argumento tão simplista quanto o da pergunta. Onde hábitos são adotados, há adaptações fisiológicas durante os milhares de anos passados, tais como a ingestão de outros produtos, como arroz, feijão, oleaginosas, dentre tantos outros. 59- Leite causa pedra nos rins? O cálcio é um mineral que ajuda na eliminação do oxalato do corpo, substância que compõe o cálculo renal. O oxalato está presente em alimentos como refrigerantes a base de cola, cenoura, beterraba, espinafre, figo, morango, dentre outros alimentos que, se misturado com cálcio. 85 A presença do oxalato não indica que os alimentos que o contem devam deixar de ser consumido, muito menos que deva-se ingerir mais leite, já que o cálcio em excesso também é associado a pedra nos rins. Uma alimentação moderada nas duas substâncias, assim como a ingestão de água e de frutas cítricas (o citrato presente nelas dificulta a formação de cálculos) já servirá como medida preventiva para prevenção de pedras nos rins. Resumidamente, o consumo moderador de leite diminui o oxalato, prevenindo a formação de cálculos. 60- Leite engrossa a pele? Grande mito. A lactose, açúcar presente no leite, é digerida no intestino e transformada em glicose e galactose, e então chegam ao fígado e tomam destinos metabólicos como formação de energia, por exemplo. Em nenhum momento a enzima entra em contato com a epiderme, derme e hipoderme, até porque nenhum desses tecidos é constituído de açúcares, muito menos lactose. A ausência de enzimas que convertem lactose em galactose e glicose, ou galactose em glicose pode causar diarreia, vômitos, hepatomegalia, hiperglicemia, e até mesmo óbito. Ou seja, mesmo com a ausência de enzimas necessárias para metabolização, a lactose em nenhum momento altera a pele. Algumas pessoas afirmam que o engrossamento da pele é devido a gordura. Bom, se fosse o caso, não só o leite como qualquer outro alimento com gordura engrossaria a pele, principalmente oleaginosas e óleos vegetais, já que são ricos em lipídeos. Afirmar que o leite engorda é dar as costas para a fisiologia do nosso organismo, metabolização do alimento e para o fato de que a obesidade é multifatorial, ou seja, não é a gordura de um único alimento que irá causa- la. 86 61- O cálcio do leite é melhor ou pior absorvido? Defensores da dieta sem laticínios alegam que fontes vegetais possuem melhor biodisponibilidade de cálcio, ou seja, nosso corpo absorve melhor. Já os que defendem a dieta com laticínios argumentam que a quantidade de cálcio nos leites e derivados é muito maior. Olhando a tabela a seguir, notamos que os dois estão corretos Fonte da tabela: http://www.scielo.br/pdf/abem/v50n5/32222.pdf O que vemos acima é que, apesar da biodisponibilidade de couve e brócolis ser maior, é necessário ingerir uma grande quantidade para alcançar um copo médio de leite ou iogurte. A substituição pode ser feita, adaptando não apenas a quantidade de cálcio como também o quanto dele será aproveitado pelo organismo. 87 62- Há alguma situação que me faça diminuir ou não consumir leites? Sim. Quando há intolerância a lactose, o consumo deve ser diminuído ou restringido completamente, dependendo do grau. Há também casos de alergia a proteína do leite, muito rara em adultos, diferenciando-se justamente pelo aparecimento de problemas cutâneos como urticária e dermatite, e respiratórios como asma e rinite. Nesse caso, a ingestão de leite deve ser suspensa. O argumento de evitar a ingestão de leite pelo fato de ser um produto industrial também é válido. Como boa parte dos produtos da indústria, há a adição de conservantes que, em alta quantidade, são associados a alterações celulares, carecendo de mais pesquisas. Caso deseje retirar o alimento por este motivo, cuidados são necessários, como adequar a ingestão de cálcio com alimentos altamente biodisponíveis, adequar a ingestão proteica provinda de alimentos de alto valor biológico e claro, ter o mesmo cuidado com outros alimentos industrializados. Não fará sentido cortar o leite por este motivo mas ingerir barras de cereais ou cookies repletos em flavorizantes e espessantes, por exemplo. Há variações entre o número de conservantes presentes no leite. Caso não deseje retirar o alimento da dieta, dados seus diversos benefícios, utilize o que é ensinado sobre lista de ingredientes aqui mesmo neste ebook, para uma escolha mais sensata. 63- É possível ganhar massa muscular com dieta vegetariana ou vegana? Os principais alimentos proteicos para aumento de massa muscular são os de fontes animais, como carnes, ovos e leites. Para quem apenas não consome carne, ingerir uma quantidade significativa de ovos e leites afim de alcançar a necessidade proteicadiária, é o mais recomendado. 88 Para quem não consome também ovos e/ou leites, as opções alimentares proteicas se tornam menores, porém ainda assim é possível alcançar a quantidade ideal proteica diária. Antes de mais nada é importante ressaltar que, embora vegetais e leguminosas possuam proteínas em sua composição, sendo a base do argumento para o maior consumo deles em dietas vegetarianas/veganas, é necessário analisar o quanto dessas proteínas é de alto valor biológico, ou seja, o quanto delas possui aminoácidos essenciais. Tais aminoácidos, como não são sintetizados pelo nosso organismo, precisam ser consumidos diariamente. São eles: fenilalanina, histidina, isoleucina, lisina, leucina, valina, triptofano, treonina e metionina. Portanto, não só a ingestão de alimentos proteicos é importante, como a variação deles também. Darei algumas dicas de como alcançar a ingestão apropriada dos aminoácidos essenciais e das necessidades proteicas diárias 1 - Consuma soja. 2 – Combine arroz com feijão na mesma refeição. 3 – Aumente a ingestão proteica trocando o arroz branco pelo arroz de quinoa 4 – Inclua o tempeh na dieta. 5 – Não apenas a soja e o feijão são boas fontes de leguminosas. Não se esqueça das ervilhas, lentilhas e grão-de-bico. 6 –Oleaginosas também possuem proteína. Castanhas, nozes e amêndoas são ótimas opções e devem ser consumidas de forma moderada, dada sua alta concentração lipídica. 7 – Suplementação proteica. Caso seja necessário, suplementos podem ajudar a alcançar a quantidade de proteínas necessária. A ingestão suplementar de proteínas isoladas de soja, de arroz, de ervilha e até mesmo de bcaa’s é indicada quando há déficits, que não possam ser corrigidos pela alimentação. 89 64- Devo suplementar quando sigo uma dieta vegetariana ou vegana? Como dito logo acima, o uso de suplementos só é indicado quando há déficits de macro ou micronutrientes, que pela alimentação não possam ser corrigidos. Há o mito de que dietas veganas e/ou vegetarinas são baixas em ferro e cálcio. Embora esses nutrientes sejam mais encontrados e melhores absorvidos quando ingeridos de fontes animais, é possível adequar suas necessidades mesmo não fazendo uso dessas fontes. Falarei também sobre a vitamina B12 abaixo, já que essa necessita de cuidados especiais em indivíduos veganos. Cálcio Sua recomendação é de 1000 mg por dia para o adulto saudável A semente de gergelim é rica em cálcio, com cerca de 822 mg a cada 100gr, além da alta concentração de fibras. Uma porção de 100 gramas de linhaça contém 211 mg de cálcio, sendo rica também em gordura poli-insaturada. A castanha-do-pará é outro alimento rico em cálcio, com aproximadamente 146 mg a cada 100 gramas, também sendo fonte de selênio (que em excesso é tóxico, devendo sua ingestão ser limitada entre duas a três unidades diárias). Amêndoas, por sua vez, possuem 237 mg do mineral em uma porção de 100 gramas. Todos esses alimentos são extremamente calóricos, por isso seu consumo deve ser feito de forma moderada. O extrato soja, assim como o grão de bico, também são fontes de cálcio, contendo respectivamente 200 mg e 114 mg, a cada porção de 100 gramas, sendo menos calóricos dos que os alimentos citados acima. 90 O pão de forma feito de aveia possui cerca de 100mg a cada 100gr, podendo também ser ingerido caso necessário. Adicionar rúcula e manjericão às refeições também é uma boa forma de aumentar a ingestão de cálcio na dieta. Os mesmos possuem 117mg e 221mg, a cada 100gr. Ferro A recomendação diária de Ferro é muito variável, levando em conta sexo, idade e até mesmo a gravidez. Segue abaixo as necessidades recomendadas pela RDA: Bebês: 7-12 meses: 11 mg; Crianças 1-3 anos: 7 mg; Crianças 4-8 anos: 10 mg; Meninos e meninas 9-13 anos: 8 mg; Meninos 14-18 anos: 11 mg; Meninas 14-18 anos: 15 mg; Homens >19 anos: 8 mg; Mulheres 19-50 anos:18 mg; Mulheres > 50 anos: 8 mg; Gravidas: 27 mg; Nutrizes: < 18 anos: 10 mg (durante a amamentação) Nutrizes> 19 anos: 9 mg. Há dois tipos de ferro na alimentação: o ferro Heme (vindo de fontes animais) e o ferro não-Heme (de fontes vegetais). O ferro heme é melhor absorvido pelo nosso organismo, porém isso não significa que o ferro não-heme seja absorvido de maneira insuficiente. Vou citar quatro maneiras importantes de absorver o ferro não-heme mas, primeiramente, quero deixar registrado alguns dos alimentos ricos em ferro. O feijão em todas suas variedades, a cada 100gr, contem de 1 a 1,5mg de ferro. Já a lentilha cozida, 1,5mg. A ferinha de soja tem a incrível quantidade de 13mg na mesma porção de 100gr. Gergelim e linhaça possuem, respectivamente, 5,4 e 4,7mg, enquanto que o tofu, 1,4mg a cada 100gr. Oleaginosas, como as castanhas-do-pará, possuem 2,3mg em 100gr, enquanto que a de caju, 5,2mg de ferro em 100gr. O grão de bico é outro alimento rico em ferro, contendo 5,4mg na mesma porção. 91 Alimentos fortificados com ferro também são opções, embora sejam feitos, em sua maioria, de farinha refinada, limitando o seu consumo. Algumas dicas valiosas para evitar a perda de ferro no organismo, durante a ingestão. 1-Evite alimentos ricos em oxalatos nas refeições com mais ferro. Espinafre, acelga, folhas de beterraba e chocolate atrapalham a absorção do mineral. 2 – Ferro e cálcio competem pelo mesmo sítio de ligação quando ingeridos. Evite o excesso dos mesmos durante as refeições, embora muitos alimentos citados acima sejam repletos dos dois minerais. Tente variar, consumindo feijão no almoço e oleaginosas a tarde, por exemplo. 3 – Sempre que consumir altas doses de ferro, consuma alimentos fontes de vitamina C, como acerola, goiaba, kiwi, abacaxi, limão e laranja. A vitamina C ajuda no processo de metabolização do ferro não-heme para dentro da célula. 4 – Utilize panelas de ferro para cozinhar, diminuindo assim a perda do nutriente no processo de cocção. Vitamina B12 (Cobalamina) A ingestão dessa vitamina é o principal problema em dietas sem fontes animais, já que ela só é encontrada nessas fontes. Sua dose recomendada é de 2,4mg e sua ingestão é extremamente importante na formação das hemácias e prevenção de anemias. Alimentos como salmão, ovos, lulas, queijo parmesão, iogurtes e frangos atendem bem a necessidade diária de B12 para maioria das pessoas. Embora ovolactovegetarianos e lactovegetarianos tenham opções para ingestão da cobalamina, a dieta vegan não contem alimentos fontes dessa vitamina. Alimentos fortificados com B12, como o leite de soja em algumas formulações, devem ser consumidos, evitando déficits vitamínicos. Multivitamínicos também podem ser indicados, porém é necessário frisar que nosso organismo não absorve altas quantidades dessa vitamina de uma única vez e sua quantidade diária deve ser dividida durante o dia. 92 Multivitamínicos também são repletos de outras vitaminas, que podem ser desnecessárias e até mesmo atrapalhar a absorção de outros nutrientes, como o cálcio que interfere na metabolização do ferro, portanto seu uso deve ser apenas com orientação médica ou nutricional e específico para a deficiência, caso ela exista. Analisando esses três micronutrientes e a como alcançar suas necessidades, nota-se que apenas a vitamina B12 necessita de alimentos fortificantes ou suplementação, enquanto que o cálcio e o ferro podem ser atingidos, mesmo em dietas veganas, consumindo alimentos fontes e, no caso do ferro, seguindo técnicas adequadas para sua absorção. 65- Cháverde ajuda a emagrecer? O chá verde é uma bebida rica em polifenóis e principalmente catequinas, substâncias relacionadas ao emagrecimento. Segundo Hasler¹, uma xícara de 240ml de chá verde contem 200mg de GEGC, a catequina mais presente no chá verde. 1103 pessoas foram analisadas num estudo² através de formulários sobre hábitos alimentares. Os autores observaram que pessoas que consumiam chás (verde, oolong e preto) por mais de dez anos tinham uma redução de 2,1% menor do que aqueles que não consumiam. Em estudos de Dulloo e colaboradores³, a ingestão de 90mg de GEGC (3- galato de epigalocatequina - substância encontrada no chá verde) por jovens eutróficos avaliados em uma câmera respiratória por 24h comparada a ingestão de 50mg de cafeína, demonstrou aumento de 4% na energia gasta além de diminuição no quociente respiratório de 0,88 para 0,85. Em outro estudo4, para verificar a ação das catequinas no emagrecimento, 14 homens saudáveis foram divididos igualmente em dois grupos ingerindo 570mg de catequinas ou placebo. Os dois grupos realizaram atividades físicas, porém o grupo que ingeriu chá verde apresentou maior gasto durante as atividades físicas, através de calorimetria indireta. 93 Kajimoto e colaboradores5 avaliaram 195 indivíduos durante doze semanas para observar os efeitos das catequinas no emagrecimento. Um grupo ingeriu 444,3mg/dia de catequinas em duas doses ao dia, o outro grupo 695,9mg/dia de catequinas em três refeições ao longo do dia, e o último grupo ingeriu placebo. Tanto o grupo de altas doses quanto o de baixa, demonstraram um pequeno decréscimo na área total de gordura e na gordura visceral, além de decréscimo de colesterol total e LDL. ¹Hasler CM. Functional foods: benefits, concerns and challenges. A position paper from the American Council on Science and Health. J Nutr. 2002; 132(12):3772-81. ²Chen D, Wang CY, Lambert JD, Ai N, Welsh WJ, Yang CS. Inhibition of human liver catechol-O-methyl transferase by tea catechins and their metabolites: structure-activity relationship and molecular-modeling studies. Biochem Pharmacol. 2005; 69(10):1523-31. ³Dulloo AG, Duret C, Rohrer D, Girardier L, Mensi N, Fathi M, et al. Efficacy of a green tea extract rich in catechin polyphenols and caffeine in increasing 24-h energy expenditure and fat oxidation in humans. Am J Clin Nutr. 1999; 70(6):1040-5. 4Ota N, Soga S, Shimotoyodome A, Haramizu S, Inaba M, Murase T, et al. Effects of combination of regular exercise and tea catechins intake on energy expenditure in humans. J Health Science. 2005; 51(2):233-6. 5Kajimoto O, Kajimoto Y, Yabune M, Nakamura T, Kotani K, Suzuki Y, et al. Tea catechins with a galloyl moiety reduce body weight and fat. J Health Science. 2005; 51(2):161-71. 66- Tem efeitos colaterais? Alguns efeitos como problemas gastrointestinais, inapetência, insonia, nervosismo, hipertensão e taquicardia foram notados. A American Dietetic Association recomenda entre 4 a 6 xícaras por dia, de modo que apenas os efeitos benéficos do chá sejam aproveitados¹. 94 O consumo entre as refeições também é o mais indicado, evitando interferir na biodisponibilidade dos nutrientes nas refeições maiores. A cafeína presente também tem sua dose sugerida por estudos², sendo de 4mg/kg em adultos saudáveis e 1mg/kg em jovens abaixo de 18 anos. ¹ADA Reports. Position of the American Dietetic Association: functional foods. J Am Diet Assoc. 2004; 104(5):814-26. ²Barone JJ, Roberts H. Caffeine consumption. Food Chem Toxicol. 1996; 34(1):119-29. 67- Bebidas energéticas entram na dieta? Para responder à essa pergunta, é preciso entender primeiro o que há na bebida e qual horário ela seria utilizada. Como o próprio nome já diz, a bebida energética é utilizada para gerar energia, ou seja, pode ser indicada antes ou durante treinos, principalmente os de longa duração, acima de uma hora e meia. Duas substâncias são altamente encontradas nesses drinks energéticos: cafeína e taurina. A cafeína aumenta o estado de alerta e disposição do indivíduo, justamente por atuar no metabolismo de neurotransmissores, podendo até mesmo diminuir a sensação de fadiga, tanto mental como muscular. Já a taurina fortalece as contrações do músculo cardíaco, sendo então diretamente relacionada à resistência física prolongada. Ingestões acima de 400mg por dia de cafeína não são recomendadas, já que seu excesso pode ser tóxico ao organismo, como insônia, desidratação e aumento da pressão arterial. Agora um problema visto nos drinks energéticos é que boa parte da sua composição é açúcar. O pico de insulina provocado pela ingestão de açúcar pode ser benéfico para reposição de glicogênio, porém a ingestão pré treinamento de uma refeição ou bebida rica em açúcar e compostos derivados 95 é associada a hipoglicemia reativa, causando fadiga, cefaleia, irritabilidade, apetite aumentado, etc. Também é uma péssima escolha para indivíduos com diabetes ou pré-diabetes. Como pré treino, sugiro uma alimentação menos industrializada cerca de uma hora antes, com carboidratos integrais e proteínas. A ingestão de cafeína e até mesmo taurina pode ocorrer pouco tempo antes do treino, apenas se necessário, e sempre respeitando as doses indicadas. Algumas pessoas se adaptam facilmente a ingestão de cafeína e criam dependência. Portanto, algumas pausas são necessárias, não tornando como hábito a ingestão diária. 68- Quais são os principais adoçantes? Os adoçantes são supostamente emagrecedores pelo fato do nosso corpo não absorvê-los. Após a ingestão, eles passam direto pelo estômago sem sofrer digestão, chegando assim ao intestino. Aqui falarei dos principais adoçantes e de estudos a respeito. Aspartame: Já aprovado para o uso em alimentos, o aspartame é praticamente isento de calorias e tem sabor quase idêntico ao açúcar. A recomendação de uso diário é de até 50mg por kg corporal. Pessoas com fenilcetonúria, doença que causa incapacidade em absorver a fenilalanina, não devem ingerir esse adoçante, já que sua base é feita de ácido aspártico e fenilalanina. Sacarina: adoçante já relacionado ao desenvolvimento de câncer na bexiga em ratos, teve seu consumo suspenso e depois liberado nos EUA, porém com rótulos informativos em cada produto que o contém. As pesquisas em humanos apresentam controvérsias, já que estudos com 9 mil pessoas demonstraram um pequeno aumento de casos de câncer em quem ingeria duas ou mais bebidas com sacarina. Porém, outros estudos com mais de cinco mil pessoas não conseguiram estabelecer relação entre o consumo de sacarina e o desenvolvimento de câncer. A FDA (Food and Drug Administration) sugere o máximo de 1000mg para adultos e 500mg para crianças por dia de sacarina. 96 Acessulfame K: Também não é reconhecido pelo metabolismo e excretado diretamente pelos rins, ou seja, não tem valor calórico. 15mg por kg corporal é o recomendado. A diferenciação desse adoçante para outros é a sua maior resistência a altas temperaturas, sendo usado principalmente para preparação de sobremesas. Sucralose: Feito a partir da sacarose, dissacarídeo composto de glicose e frutose. Sua recomendação é de 5mg por kg e também é resistente a altas temperaturas. Aprovado pela FDA e também isento de calorias. Tem sabor mais doce que o Acessulfame K. Fonte: Position of the American Dietetic Association: use of nutritive and nonnutritive sweeteners. 69- Adoçantes fazem bem? Ajudam a emagrecer? Estudos em ratos demonstram elevação da glicemia mesmo sem a ingestãode açúcar. Essa elevação ocorreu justamente por uma alteração da microbiota intestinal, aumentando a glicose no sangue. Porém, estudos comparativos entre grupos que ingeriram água com grupos que ingeriram sucralose ou acessulfame K não demonstraram diferenças nos valores de glicemia e esvaziamento gástrico.¹ Os adoçantes citados acima são considerados seguros nas doses indicadas pela American Dietetic Association². Há controvérsias a respeito da sua utilização para emagrecimento, já que alguns estudos sugerem que o consumo também está associado à diminuição da saciedade, levando a uma super compensação nas refeições seguintes. Hipóteses sobre inflamações celulares com o uso dos mesmos também são levantadas, embora estudos à respeito permaneçam controversos. Sugiro que, caso deseja trocar o açúcar por adoçantes, utilize-os como um auxílio até chegar ao sabor natural dos alimentos, diminuindo cada vez mais seu uso até acostumar-se e claro, sempre respeitando as doses acima indicadas. Uma outra sugestão é preferir consumir adoçantes naturais como stevia e xilitol no processo de readaptação do paladar à diminuição da necessidade 97 de sabores adoçados demasiadamente, sendo os mesmos considerados produtos mais seguros e benéficos. 1Wu T, Bound MJ, Standfield SD, Bellon M, Young RL, Jones KL, Horowitz M, Rayner CK. Artificial sweeteners have no effect on gastric emptying, glucagon-like peptide-1, or glycemia after oral glucose in healthy humans. Diabetes Care, 2013. 36: e202-e203. ²Position of the American Dietetic Association: use of nutritive and nonnutritive sweeteners. J Am Diet Assoc. 2004 Feb;104(2):255-75. 70- Suco de frutas naturais: posso tomar? No aumento do terrorismo nutricional, as frutas foram consideradas vilãs e, juntamente com os sucos de frutas, associadas a obesidade de forma não justificável. Como já explicado no capítulo sobre elas, o correto consumo de frutas não acarretará necessariamente em aumento de peso corporal ou tecido adiposo. O que ocorre é que, tendo o suco mais porções de frutas e menos fibras, a carga glicêmica aumenta e o valor calórico também. É importante ressaltar que a maioria dos sucos de frutas possuem cerca de 50 a 120 calorias em um copo de 240ml, sem adição de açúcar. Comparando, é muito menos que uma barra de chocolate de 50gr, com os benefícios das vitaminas, minerais e uma pequena quantidade de frutas. A obesidade é multifatorial. Não é apenas um alimento que irá te engordar e sim a quantidade calórica diária, a distribuição de macro e micronutrientes, como também as respostas hormonais ao que é consumido. Excelentes horários para o consumo de frutas são ao acordar, após alguma atividade físicas junto a outras fontes de carboidratos com glicose e, dependendo da rotina e objetivos, em pequenas refeições com oleaginosas por exemplo, diminuindo a carga glicêmica. 98 71- Gelatina ajuda a fortalecer a pele? Vejo pessoas acreditando que a gelatina comprada em mercado é boa para fortalecer pele, unhas e cabelos. Tudo isso graças ao colágeno presente em sua formula. O colágeno é uma proteína de vital importância para união e fortalecimento de tecidos conjuntivos. Ele é sintetizado de forma intracelular, ou seja, nosso corpo que o produz através da ingestão de proteínas de alto valor biológico (carnes magras, ovos, suplementos de qualidade, peixes). A quantidade desse tipo de proteína em gelatinas é praticamente nula, não ajudando em nada no processo de fortalecimento tecidual. Além da gelatina não ser útil para isso, ela é rica em corantes artificias, conservantes e até açúcar, podendo o seu excesso fazer mal ao organismo. Para melhor produção de colágeno, recomenda-se a ingestão de proteínas de alto valor biológico (carnes, ovos, frangos) junto a alimentos ricos em vitamina C e exercícios físicos resistidos tais como musculação, ajudando assim a síntese proteica. A suplementação de colágeno é desnecessária, já que o mesmo é quebrado em aminoácidos no organismo e transformado em diversas outras proteínas. Já a sua forma hidrolisada pode ser indicada para mulheres acima de 30 anos, embora os estudos a respeito da sua eficácia sejam ainda controversos. 72- Quais alimentos são indicados na TPM? O chocolate com 70% cacau é o mais conhecido, dadas suas concentrações de magnésio e serotonina, hormônio regulador do estresse. Alimentos ricos em ômega 3, como salmão, atum, sardinha, chia, linhaça, tem ação anti-inflamatória, associados a diminuição de cólicas e melhora no humor. 99 Os alimentos fontes de piridoxina, ou seja, vitamina B6, controlam os efeitos da aldosterona, hormônio que reduz a excreção de sódio causando inchaço. Cereais integrais e folhas vegetais verdes escuras são ótimas fontes dessa vitamina. Azeite, abacate e amêndoas, por conterem vitamina E, também são aconselhados, ajudando a diminuir a sensibilidade dos seios. O abacate e a amêndoa também são ricos em triptofano, aminoácido precursor da serotonina, hormônio do bem-estar. A ingestão de fibras ajuda a dar saciedade diminuindo a compulsão por doces durante o dia. A aveia, principalmente em farelo, é uma ótima opção. O zinco, presente em carnes magras e ostras, ajuda a diminuir a irritabilidade, insônia e ansiedade. Para terminar, laticínios com pouca gordura, ovos, sementes de girassol e gergelim também ajudarão no bem-estar, auxiliando seu metabolismo a produzir mais serotonina. 73- Quais alimentos ajudam a evitar flacidez ou reduzi-las? Como muitos já sabem, a vitamina A é extremamente importante na manutenção da pele saudável. Portanto, ingerir boas fontes como batata-doce e fígado bovino durante a semana é de suma importância. Ovos, couve, espinafre, manga, cenoura e mamão também são boas opções de variação. O silício confere elasticidade e flexibilidade na pele, exercendo papel na síntese de colágeno e elastina. Como alimentos fontes desse mineral, podemos citar o pimentão, a aveia, o arroz integral, a soja, frutas como maçã e laranja. Cevada, uva passa e pepino também contêm o mineral. Os aminoácidos prolina, glicina e lisina, sendo esse último essencial, também conferirão uma pele menos flácida, já que eles têm também como função a síntese de colágeno. A ingestão de alimentos altamente proteicos, como carnes, leites e ovos, ou a combinação de cereais integras e 100 leguminosas, como por exemplo arroz integral e feijão ou ervilhas, irão te trazer esses três aminoácidos em doses suficientes. A vitamina C, assim como a vitamina A, tem efeito protetor contra fatores que causam o envelhecimento, diminuindo os radicais livres e colaborando para síntese de colágeno. Frutas como kiwi, laranja, limão, acerola e goiaba possuem boas quantidades dessa vitamina. O zinco é um mineral que poucos dão o correto valor mas que participa de mais de 100 funções orgânicas e deve ser ingerido nas suas corretas proporções, conforme indicadas no capítulo deste livro sobre micronutrientes. Tem feito antioxidante, ajudando na manutenção da pele saudável e pode ser encontrado principalmente em ostras. Como ostras são alimentos de difícil acesso para partes da população, amêndoas, carnes bovinas, ovos e nozes são indicados também como fontes. Aveia, nozes, avelãs, batatas-doces, abacaxis e bananas são fontes de magnésio, mais um mineral importante na saúde da pele. O consumo adequado de água assim como atividades físicas, diminuindo o sedentarismo, devem ser práticas regulares, melhorando a saúde da pele, tonificando os músculos e assimdiminuindo a flacidez. 74- Qual a diferença entre produtos diets, lights e zero? Alimentos diets são aqueles em que um nutriente, como gordura, carboidrato, proteína ou sódio, por exemplo, é retirado em relação ao produto original. Na maioria dos produtos, é retirado o açúcar, sendo comumente voltados para indivíduos diabéticos. Um produto por ser diet não é automaticamente menos calórico. Pode apresentar algum outro nutriente em maior quantidade para manter o sabor, tendo até mesmo mais calorias do que o produto original. Os produtos lights são os que têm uma redução de algum nutriente, sendo no mínimo 25% o valor dessa redução. Por ser light, pode ter menos calorias do 101 que o original, porém é sempre importante comparar. Um produto com redução de sódio, por exemplo, não terá redução de calorias, já que micronutrientes não têm valor calórico. Alimentos zero são muito parecidos com os diets. Um produto zero pode não ter caloria alguma. Ter zero calorias não significa que o alimento é saudável. Um produto repleto de sódio pode indicar nenhuma caloria, porém é uma péssima escolha para hipertensos. Também pode conter doses elevadas de conservantes, adoçantes, flavorizantes, entre outros. 75- O que é gordura vegetal hidrogenada? Para explicar melhor, é necessário entender o que é a hidrogenação. Esse processo faz com que as gorduras insaturadas dos óleos passem a ser saturadas com a adição de uma molécula de hidrogênio. É um processo utilizado na criação de margarina a partir óleo de milho, por exemplo. Gorduras que sofrem hidrogenação tem um ponto de fumaça mais alto e mais consistência do que a sua forma natural. Uma preocupação é que, ao sofrer hidrogenação, alguns ácidos graxos poli- insaturados acabam mudando sua forma química, tornando-se ácidos graxos trans, ou gorduras trans. Esse tipo de gordura é associado ao aumento do colesterol LDL e diminuição do colesterol HDL, fatores de risco para doenças cardiovasculares, além de diabetes, aumento de gordura abdominal, hipertensão e fígado gorduroso. Gorduras trans são encontradas principalmente em biscoitos recheados, tortas, bolos, achocolatados, pipocas de micro-ondas, fast-foods, alguns tipos de margarinas e sorvetes. Não há um consumo mínimo recomendado e sua ingestão deve ser restrita tanto quanto possível. Como a legalização é falha e permite que fabricantes possam incluir que não há gorduras trans quando sua quantidade é mínima por porção, é sempre recomendado conferir também na lista de ingredientes se a mesma encontra-se presente. 102 76- Tapioca ajuda no emagrecimento? A tapioca tornou-se comum e amplamente divulgada por ser um alimento sem glúten e como fonte de substituição de outros alimentos, como o pão branco. A ausência do glúten não torna o alimento automaticamente eficaz no emagrecimento, já que essa proteína por si só não engorda. Como explicado nesse livro, é importante avaliar o índice glicêmico, a carga glicêmica, o total de calorias e o horário de ingestão. O índice glicêmico da tapioca em relação ao pão branco é de 115 contra 100, sendo altíssimo. Isso se deve justamente pelo fato da tapioca ser um alimento rico em carboidratos, pobre em proteína, fibras e gorduras. Segundo a TACO, a tapioca é feita em média de 50% de carboidrato. Ou seja, em 100gr de tapioca, 50gr serão carboidratos e de alto índice glicêmico. Sendo assim, sua carga glicêmica seria de 57, valor extremamente alto (explicação do cálculo no capítulo sobre carga glicêmica). As calorias também não são poucas. Novamente segundo a Taco, 100gr de tapioca ofereceriam em média 240kcal. Obviamente, a tapioca não é consumida sem recheio. Uma adição de fibras e proteínas diminuiria a carga glicêmica da refeição. Por exemplo, frango desfiado com legumes crus no recheio da tapioca. A adição de chia também é uma tática muito abordada para diminuir a velocidade de absorção da glicose, por ser um alimento rico em fibras. Porém também é rico em gorduras, tendo a média de 486kcal para cada 100gr. Resumidamente, consumir tapioca com chia pode não ser a tática mais adequada para quem deseja emagrecer, dependendo da quantidade de cada. Mesmo pobre em nutrientes, a tapioca pode ser uma excelente opção para reposição de glicogênio após atividades físicas, dada sua alta carga glicêmica. Também é ótima escolha para celíacos, tomando os devidos cuidados com sua quantidade e recheio. Para emagrecimento, ela pode ser indicada em pequenas quantidades e repleta de proteínas e fibras, respeitando as necessidades de cada macronutriente do paciente. 103 77- Quais lanches rápidos posso comer durante o trabalho? Devido a rotina geralmente corrida da maioria das pessoas, refeições simples e práticas são necessárias durante o dia, mantendo a saciedade, o nível de glicemia estável e evitando uma super compensação alimentar após muitas horas em jejum. A adição de frutas com oleaginosas é uma boa opção para tarde, por exemplo, evitando beliscos diários que atrapalham os resultados e objetivos. Temos como exemplo bananas ou maçãs adicionadas a uma porção de castanhas, amêndoas ou nozes. Iogurtes naturais podem ser indicados, tendo o devido cuidado de olhar a lista de ingredientes. Quanto menos flavorizantes, conservantes, açúcares refinados, melhor. A escolha deve ser sempre para o iogurte mais natural possível e, dependendo do objetivo, o menos calórico. Lanches naturais podem ser excelentes ou terríveis escolhas, dependendo da sua composição. Dificilmente um pão com farinha branca entra em horários intermediários do dia, dando sempre maior preferência aos integrais (não se esqueça de olhar a lista de ingredientes para ver se o primeiro item é mesmo a farinha integral e não a enriquecida com ácido fólico e ferro). O recheio também influenciará. Embutidos não são recomendados devido a sua alta taxa de conservantes, incluindo nessa lista também o muito usado e visto erroneamente como saudável peito de peru. Peito de frango desfiado, atum, sardinha, queijo cottage, vegetais como cenoura ralada, tomate, pepino ralado, beterraba ralada, hortaliças em geral, podem ser combinados no seu lanche tornando-o mais nutritivo e saudável. Sucos de frutas podem ou não serem recomendados, dependendo do grau de resistência à insulina, objetivo e propensão a obesidade. Devido à alta concentração de frutas no suco e menor número de fibras, a taxa de absorção da glicose pode se elevar, aumentando a insulina e inibindo a lipólise (quebra de gordura). É claro que há diversas variáveis que farão com que apenas um nutricionista conseguirá recomendar com certeza ou retirar os sucos desse horário porém, a nível de conhecimento, é importante elucidar que frutas consumidas em sua forma natural e com casca, diminuirão a carga glicêmica da refeição, o que pode ser indicado em grande parte dos casos. 104 78- Barra de proteínas são úteis? Barras proteicas podem ser extremamente úteis no dia a dia, sendo utilizadas principalmente em refeições intermediárias. Porém, toda solução extremamente prática exige atenção. Diversas barras ditas proteicas possuem mais carboidratos do que proteínas, outras a quantidade é a mesma e algumas poucas possuem mais proteína. Olhem por exemplo a tabela nutricional da marca Nu3, sabor paçoca: Informações Nutricionais Porção de 30g (1 unidade) Quantidade porção % VD (*) Valor Energético 130kcal = 545kJ 7 Carboidratos 12g 4 Proteínas 12g 16 Gorduras Totais 3,6g 7 Gorduras Saturadas 1,8g 8 Gordura Trans0g ** Fibras Alimentares 0,2g 1 Sódio 240mg 10 Vitamina C 2,3mg 5 Vitamina E 0,5mg 5 Vitamina D 0,25mg 5 Vitamina B2 0,07mg 5 Vitamina B12 0,12mcg 5 105 Reparem em três coisas: 1-O alto valor calórico para uma barra de apenas trinta gramas. 2-A quantidade de carboidratos é igual a quantidade de proteínas, mesmo sendo denominada barra PROTEICA. 3- A quantidade alta também de sódio, chegando a 10% dos valores recomendados diariamente em apenas uma barra. Agora vamos analisar a barra Whey Bar High Protein da Probiótica. 106 Retirei a tabela abaixo diretamente de um site de vendas. Reparem que a quantidade de sódio é um pouco menor, há boas doses de proteínas, porém há bastante carboidrato também, principalmente açúcar, o que pode não ser indicado em refeições intermediárias. Olhando em sua lista de ingredientes, podemos encontrar xarope de glicose, maltodextrina, gordura vegetal e emulsificantes. 107 Mais uma barra a analisar é a VO2 da Integral Médica. Igual a anterior, a quantidade proteica é muito similar a quantidade de carboidratos. Percebam que o primeiro ingrediente é o xarope de frutose, vindo depois as proteínas do leite e de soja. Ou seja, as proteínas não são nem o ingrediente principal. Embora eu tenha dado três exemplos acima, analisar produtos de cada marca não é o intuito aqui, e sim ensinar a identificar barras realmente proteicas e úteis aos seus objetivos. O custo benefício dessas barras raramente compensa e uma alimentação mais natural, como as que usei de exemplo no capítulo sobre lanches rápidos, é mais vantajosa. Mas claro, se optar pelo uso de barras proteicas, compare a quantidade de proteínas e as fontes de carboidratos na lista de ingredientes. 108 79- Dieta HCG funciona para emagrecer? O HCG - em português, gonadotrofina coriônica humana - é um hormônio produzido principalmente no início da gravidez, utilizado principalmente em testes da mesma. Ele mantem o corpo lúteo no ovário durante os três primeiros meses da gestação, inibindo a menstruação e ajudando a produzir progesterona e estrógeno. Injeções de HCG foram usadas algumas décadas atrás para tratamento a obesidade, porém seu uso foi condenado pela comunidade científica, devido à falta de evidências. Segue abaixo um artigo¹ traduzido na íntegra, de 1977: "As injeções de gonadotrofina coriônica humana (HCG) são utilizadas para afirmar que ajudam na redução de peso, reduzindo a fome, e afetando o humor, bem como auxiliando na redução de medidas localizadas. Nós testamos estas alegações em um estudo randomizado, duplo-cego, usando injeções de HCG ou placebo. A perda de peso foi idêntica entre os dois grupos, e não houve evidência de efeitos diferenciais sobre a fome, humor ou medidas corporais localizadas. Injeções de placebo parece ser tão eficaz como a HCG no tratamento da obesidade." Ou seja, tendo o mesmo efeito que o placebo, qual o sentido de utilizar o hormônio? Nenhum. A 'cura romana' foi um método utilizado pelo médico britânico A.T.W. Simeons, onde combinava uma dieta de 500kcal ao dia com injeções de 125UI de HCG. Após a publicação de vários estudos sobre a 'cura romana', dez demonstraram ser um método eficaz, enquanto que dez demonstraram resultados negativos quando relacionado o HCG à perda de peso. Apenas dois dos estudos positivos foram duplo-cegos, enquanto que a maioria não foi controlado. Segundo os resultados², esse método é ineficaz e não deve ser utilizado. A maioria dos estudos é metodologicamente pobre e as análises dos mesmos concluem que não há evidência científica para afirmar que o HCG é eficaz 109 para perda de peso, redistribuição de gordura, redução de apetite ou sensação de bem-estar. ¹ Greenway FL, Bray GA.- Human chorionic gonadotropin (HCG) in the treatment of obesity: a critical assessment of the Simeons method. West J Med. ² Rabe T, Richter S, Kiesel L, Runnebaum B. [Risk-benefit analysis of a hCG-500 kcal reducing diet (cura romana) in females]. Geburtshilfe Frauenheilkd. 1987 May;47(5):297-307. 80- Dieta dos pontos ajuda a emagrecer? A dieta dos pontos basicamente é uma dieta que transforma calorias em um ranking de pontuação, tornando mais fácil o cálculo. 1 ponto nela vale 3,6 calorias. Ou seja, alimentos com 10 pontos valerão 36 calorias, alimentos com 50 pontos 180 calorias, e assim em diante. O texto abaixo é retirado na íntegra de sites que a propagam como dieta emagrecedora: “A dieta dos pontos funciona à base de um sistema de pontuações, em que cada ponto vale 3,6 calorias. Desta forma você faz um menu ou um prato só com aquilo que você gosta, desde que fique no limite dos pontos pode perder peso. Se quiser perder peso e emagrecer 4 quilos por mês você pode consumir cerca de 320 pontos ou perto de 1200 calorias por dia. Isto torna- se mais fácil se fizer as contas num diário de dieta. Em regra geral deve reservar 50% a 60% ou entre 160 e 175 pontos carboidratos (pão, massa e cereais integrais, legumes, frutas e verduras). No que toca às proteínas deve reservar entre 30 a 50 pontos. As proteínas estão contidas no leite, queijo, carnes, iogurtes e grãos. Para as gorduras deve reservar até 95 pontos, o que equivale a 30% dos seus pontos do dia. Deve ter em conta que a gordura se encontra em muitos alimentos.” 110 A ideia é bem prática, afinal fica mais fácil fazer uma contagem calórica com essas medições, levando em conta que há na internet diversas tabelas pontuando os alimentos de acordo com suas calorias. Porém há vários fatores que fazem com que essa dieta não seja apropriada. Primeiro é a sugestão de perder 4kg ao mês. Uma boa aparência e saúde não é medida na balança. Perder peso apenas por perder não significa ser mais saudável. Músculos pesam, glicogênio pesa, líquidos pesam. Você pode perder 4kg no mês mas, se fizer da forma errada, arrisco a dizer que nem metade desses 4kg será de gordura eliminada. Sugerir consumir um número x calorias ao dia também não está certo. Conforme demonstrado nesse livro, há diversas variáveis ao decidir o tanto de calorias ao dia como: peso total, peso livre de gordura, nível de atividade física, redução gradual de calorias, etc. Imaginem um indivíduo obeso sedentário que consome 3000 kcal ao dia. Reduzir para 1200 seria comprometer totalmente a saúde do paciente, diminuir o metabolismo basal tornando-o propenso a acumular mais gordura, causar fadiga, cefaleia, irritabilidade, deixando a dieta algo pesaroso e difícil de ser seguida. Outro exemplo seria uma corredora de maratona que necessita de mais calorias ao dia para repor suas necessidades, mesmo em dietas de perda de gordura, afinal o nível de atividade física é alto, dado o treinamento excessivo. Dependendo do seu peso e treinamento, 1200 kcal seria um número irrisório, podendo diminuir a massa muscular, velocidade de recuperação e performance. “Bom, então basta eu calcular corretamente as calorias e transformá-las em pontos?” Também não. É preciso definir de onde virão essas calorias também, ou seja, de carboidratos, proteínas e gorduras. No texto explicativo copiado acima, a divisão dos macronutrientes segue as recomendações dietéticas, o que está correto. Porém elas são modificáveis conforme as necessidades de cada um. A maratonista citada acima poderia precisar de muito mais que 60% de carboidrato para atingir seus objetivos, dependendo do nível de treinamento e adaptação a dieta. O obeso, também citado, poderia aumentar suadose proteica um pouco acima das recomendações para aumentar a termogênese alimentar, respeitando é claro, suas necessidades e seus resultados de exames bioquímicos. 111 Para terminar, essa dieta não leva em consideração a carga glicêmica da refeição. Como exemplo, uma refeição pão francês e leite condensado daria 58 pontos pela dieta. Uma outra refeição com filé de frango grelhado médio e uma unidade pequena de batata doce alcançaria 85 pontos. Desnecessário dizer qual é mais saudável, considerando o número de fibras, proteínas e carboidratos integrais, que diminuem consideravelmente a carga glicêmica. Também há as vitaminas e minerais que não entram na conta, podendo causar déficits, principalmente em pessoas não habituadas à variar os vegetais, consumir frutas diariamente e diversificar as fontes de carboidratos, proteínas e gorduras, mantendo a dieta de acordo com os valores recomendados de micronutrientes. Por todos esses fatores, contar calorias/pontos em uma dieta não é recomendável. Há diversas variáveis a se considerar tanto nos alimentos como nos indivíduos. Como registro, lembrem-se que 500 calorias de um fast food com refrigerante absorverão de forma diferente de 500 calorias vindas de uma refeição com arroz integral, feijão, uma porção de carne magra, com legumes temperados com azeite. Nem preciso dizer qual é a indicada, certo? 81- Quais são os benefícios da dieta paleolítica? A dieta paleolítica consiste em alimentar-se como nossos ancestrais, retirando do cardápio alimentos vindos da agricultura, como trigo, feijões, soja e também alimentos industrializados como massas, bolos, refrigerantes, biscoitos etc. Há diversas versões da dieta, propagada também pelos mais diversos autores. Uma das versões mais antigas exclui totalmente o arroz branco, leites, batatas doces e inglesas, enquanto que novas versões dessa dieta liberam o consumo em doses baixas. Carnes vermelhas, brancas, ovos, peixes, oleaginosas, verduras e frutas de baixo teor glicêmico são totalmente liberados. 112 Seguir essa dieta exige uma reeducação alimentar extrema. Por proibir o uso de alimentos industrializados e aumentar o consumo de proteínas, gorduras, frutas e vegetais, acaba se tornando uma dieta rica fibras, antioxidantes, alta em aminoácidos essenciais, ômega-3 e sem adição de açúcar, conservantes, flavorizantes ou outros aditivos alimentares. 82- E os malefícios? A glicose, fruto do metabolismo do carboidrato, é o principal combustível do cérebro. Alguns pesquisadores afirma que a evolução da nossa massa encefálica se deve justamente ao maior consumo de carboidratos. Sintomas como fadiga, dores de cabeça, baixo rendimento intelectual são notados quando carboidratos são restringidos de forma abrupta. Embora os defensores da dieta preguem que há uma adaptação, pesquisas científicas sérias ainda são necessárias visando a manutenção da dieta a longo prazo (falo aqui de décadas, não de pesquisas utilizando protocolos menores de 6 meses à dois anos, por exemplo) Outro problema é a alta ingestão de carne. Há controvérsias quanto ao consumo de gordura saturada vinda de fontes animais e o aumento de colesterol ruim e desenvolvimento de câncer de cólon, porém quero entrar em outro assunto pouco abordado nas discussões sobre dietas paleolíticas: os micronutrientes. A grande ingestão de carne vermelha irá aumentar também o consumo de zinco. Quando em excesso, esse mineral passa de antioxidante para oxidante, podendo quedas no sistema imunológico, queda do colesterol bom, além de atrapalhar a biodisponibilidade do cobre e do ferro. Falando em ferro, uma dieta rica em carne vermelha e ovos também acarretará no excesso desse micronutriente. O excesso de ferro também o torna oxidante, atrapalha a absorção do cálcio, contribui para queda de cabelo, pode alterar o ciclo menstrual, causar arritmia, além de lesões hepáticas em indivíduos acima de 40 anos. Atrapalhar a absorção de cálcio também é um péssimo caminho metabólico que poderá ocorrer nessa dieta, quando utilizada a versão que exclui 113 laticínios. Deve-se haver então uma maior preocupação com a ingestão de cálcio e sua biodisponibilidade, conceito melhor explicado no capítulo sobre leite e cálcio nesse ebook. Mais um detalhe é o consumo liberado de oleaginosas. A Castanha-do-pará contem selênio, mineral muito importante para funções antioxidantes e melhora de funções hepáticas. Importante ressaltar que esse mineral também é encontrado no salmão e no fígado de boi, alimentos também liberados na dieta paleolítica. Porém, um alto consumo de selênio é tóxico e poderá causar cansaço muscular, congestão vascular, dermatite e queda capilar, além de perder suas funções antioxidantes. 83- É indicada para perder PESO? Sim, é indicada para perder PESO, não para perder gordura. A maioria dos estudos comparando essa dieta com dietas com baixo índice de gordura (até 30%) e alto de carboidrato (média de 50 a 70%), mostra grandes perdas de peso nos grupos que realizaram dietas paleolíticas ou próximas a elas, porém poucos comparam a perda também de massa muscular. Em um estudo¹ comparando essas duas perdas e de 6 meses com mulheres obesas, um grupo consumiu 15% de carboidrato, 28% de proteína e 57% de gordura. Já o outro grupo consumiu 54% carboidrato, 18% proteína e 28% de gordura, seguindo as recomendações dietéticas gerais. Após esses três meses, o grupo com baixo carboidrato perdeu, em média, 7,6 kg e, após 6 meses, média de 8,5 kg, enquanto que o grupo que consumiu menos gordura e mais carboidrato perdeu, em média, 4,2 kg e 3,9 kg, em 3 e 6 meses, respectivamente. Tabela demonstrativa abaixo: 114 Porém, apesar da dieta baixa em carboidrato ter apresentado melhores perdas de peso, também demonstrou uma queda significativa de massa muscular em comparação a dieta baixa em gorduras e rica em carboidratos. Nenhuma mudança significativa foi vista em densidade óssea, perfil lipídico e hormonal entre os dois grupos. Os autores concluem que essas mudanças dietéticas podem ser benéficas principalmente no tratamento da obesidade, embora mais estudos sejam necessários comparando o efeito dessas dietas a longo prazo, tanto na massa corporal, quanto nos perfis lipídicos e hormonais. Essa mudança dietética acrescentando mais gorduras, proteínas e diminuindo as fontes de carboidratos pode ser benéfica para redução de peso a curto prazo. A dieta paleolítica traz consigo diversos benefícios, diminuindo a ingestão de produtos refinados, ultra processados e aumentando a ingestão de frutas e vegetais. Porém, cuidados são necessários. Como dito acima, ingestão 115 excessiva de um único alimento ou macronutriente não é recomendável nem saudável. Atletas de alto nível que utilizam princípios da dieta paleolítica geralmente aumentam a ingestão de carboidratos em períodos próximos as provas ou treinamentos e claro, possuem acompanhamento nutricional. As mudanças corporais são significativas mas cuidados devem ser tomados para prevenir a perda de massa muscular, mantendo um aspecto saudável e simétrico, assim como a correta ingestão de micronutrientes, sem déficits ou excessos, podendo assim ser considerada benéfica. ¹Bonnie J. Brehm, Randy J. Seeley, Stephen R. Daniels, and David A. D’Alessio. A Randomized Trial Comparing a Very Low Carbohydrate Diet and a Calorie-Restricted Low Fat Diet on Body Weight and Cardiovascular Risk Factors in Healthy Women 84- Meu peso na balança não muda. O que fazer?Em primeiro lugar, esquecer a balança. Ela não irá mostrar sua quantidade de gordura apenas, e sim sua quantidade de gordura, sua massa muscular, o peso dos seus ossos, órgãos, glicogênio, quantidade de água, dentre tantas outras coisas. Pensem no seguinte exemplo. Duas mulheres com 60 kg entram em uma dieta. Após 3 meses, uma perdeu 8 kg, sendo 3 de gordura e 5 de massa muscular. A outra perdeu apenas 3kg, porém ao realizar a bioimpedância, foi notado que na verdade perdeu 5kg de gordura e ganhou 2kgs de massa muscular. Ou seja, por mais que a balance demonstre um menor resultado, uma delas ganhou mais musculatura e perdeu mais gordura, mantendo um corpo mais bonito, rígido e provavelmente mais simétrico. Agora, se mesmo avaliando apenas a massa gorda do corpo, você não está vendo mudanças, talvez seja hora de repensar a dieta. Ela pode conter um déficit muito grande de calorias, diminuindo seu metabolismo basal. Ela pode também estar repleta de açúcares disfarçados, principalmente em alimentos industriais ditos como saudáveis. Pode estar má distribuída, dando 116 pouca preferência para gorduras e proteínas e com excesso de carboidratos. Por último, pode ser que seu corpo já esteja totalmente adaptado e seja hora de realizar algumas mudanças. Alterar a dieta e a rotina de treinamento para ganho de massa muscular ou melhora de performance, mudar o balanceamento dos macronutrientes, pensando em aumentar o estoque de glicogênio, velocidade de recuperação e assim também aumentar a massa muscular podem ser ótimas opções para quebrar esse feito platô e forçar o organismo a novas adaptações. Permanecer por meses em uma mesma dieta ou em um mesmo objetivo pode ser ineficaz e desmotivacional. 85- Preciso comer mais só que não consigo, pois me sacio fácil. O que fazer? Algumas dicas para aqueles que precisam ganhar massa muscular mas têm tendência ao emagrecimento e rápida saciedade: - Pare de fazer pequenas refeições com pouco valor nutricional. Nada de comer bolos, coxinhas, sucos industrializados apenas com a desculpa de ingerir mais calorias. Aproveite esse espaço para ingerir comida de verdade, como lanches naturais, frutas e oleaginosas e mesmo mais porções de alimentos geralmente ingeridos em refeições grandes, como carnes, batatas, vegetais, ovos, etc. - Acrescente azeite como tempero. Além de altamente calórico, o azeite possui gordura boa e antioxidantes. Sua gordura ajuda na formação de hormônios sexuais, a gerar energia e a aumentar o saldo energético diário. - Sucos de frutas naturais são ótimas opções. Por terem menos fibras, dão menos saciedade e aumentam o valor calórico, já que geralmente possuem uma porção maior de frutas. Você também mantêm alta a ingestão de vitaminas e minerais, pouco valorizados porém indispensáveis na formação de massa magra. - Diminua as fibras. Como dito acima, as fibras ajudam a dar saciedade. Em algumas refeições, você pode sair da regra de comer sempre alimentos integrais, trocando-os por outras de suas versões. Não falo aqui de trocar industrializados por versões com mais açúcar ou derivados e sim trocar o 117 arroz integral pelo branco, ou a batata-doce pela inglesa. Muito cuidado ao realizar sempre essas trocas, já que a ingestão de micronutrientes será menor, devendo ser compensada de outra maneira, seja com acréscimo de vegetais, frutas, ou em uma refeição extra. -Se necessário suplemente. Caso mesmo com a adição de mais refeições, você ainda necessite de mais calorias, faça uma boa suplementação. Shakes proteicos ou hipercalóricos podem te ajudar a alcançar seu objetivo. Porém, muito cuidado ao escolher o suplemento. Diversas fabricantes utilizam como principal ingrediente de seus shakes a maltodextrina, ou seja, puro açúcar, e ainda cobram caro por isso. Ingerir um carboidrato tão facilmente digerido e absorvido em excesso irá aumentar mais as chances de criar gordura do que criar massa muscular. Prefira sempre aqueles que possuem amido como ingrediente principal e lembrem-se que suplementação é apenas uma forma de acrescentar macro e micronutrientes na dieta e não deve ser ingerida substituindo refeições. 86- Óleo de canola é saudável? A palavra canola foi registrada em 1979 pelo Canadá, para descrever uma nova semente, vinda de mudanças genéticas do óleo de colza, porém com um teor muito menor de ácido erúcico (ômega 9 monoinsaturado que em excesso pode ser fatal). Antes conhecido como um dos óleos mais saudáveis, o óleo de canola foi alvo de críticas de alguns médicos, que alegavam que seu uso era impróprio por ter sido modificado geneticamente e assim, suas propriedades nutricionais não são favoráveis. Para elucidar essa questão, trouxe uma meta análise abrangendo 76 estudos. Essa meta análise excluiu artigos que não foram feitos em humanos, artigos patrocinados pela indústria e artigos não intervencionais. 5 estudos demonstraram que o óleo de canola foi capaz de diminuir os níveis de triglicerídeos em cerca de 12,2%. 5 de 7 estudos também avaliaram os efeitos de margarina ou maionese feitas com óleo de canola, mostrando uma redução de 3,3% a 21,7%, comparado com grupos com dietas utilizando 12% das calorias provindas de ácidos graxos saturados. 118 Diversos estudos também compararam a ingestão de óleo de canola a ácidos graxos saturados e verificaram uma redução de 16,2% no LDL, colesterol considerado ruim. Outros estudos compararam a ingestão de canola a outros óleos como o de palma e o de coco, verificando uma diminuição de LDL em 8,9%. A peroxidação lipídica é o processo em que radicais livres agridem os ácidos graxos poli insaturados, resultado em ruptura de membranas celulares, mutações do DNA, formação de resíduos químicos e oxidação dos lipídios insaturados. Essa peroxidação foi comparada a gordura do leite e ao azeite de dendê e nenhuma diferença significativa foi notada no uso do óleo de canola. Coagulação sanguínea e marcadores de inflamação também foram avaliados, sem mudanças significativas na maioria dos estudos. O aumento de antioxidantes do grupo que utilizou óleo de canola foi notado em metade dos estudos, enquanto que nos outros não houve diferença significativa. A imagem abaixo resumirá bem as mudanças vistas com o uso do óleo de canola e também as mudanças não encontradas. 119 Legenda: TC= Colesterol total, TAG=Triacilglicerídeos Para aqueles que desejam se aprofundar mais, segue também as tabelas comparativas com as legendas ao final. 120 Legenda: CO= Óleo de canola, FO=Óleo de linhaça, SFA= Ácidos graxos saturados, SO=Óleo de girassol, No change = sem mudanças entre os grupos, 121 Decrease = Queda no grupo Óleo de canola, Improved = Aumento no grupo Óleo de canola Para terminar, as tabelas comparativas de colesterol total assim como suas partes e triacilglicerol. 122 123 Legenda: TC= Colesterol Total, LDL = Low Density Lipoprotein, HDL = High Density Lipoprotein, TAG=Triacilglicerol CO=Óleo de canola. C=Grupo controle, E%=Porcentagem de calorias ingeridas, LEAR = Low erucic acid rapessed (outro nome para óleo de canola); MUFA=Acidos graxos monoinsaturados, NS= Não significante, OO=Óleo de oliva, P=Paralelo, PUFA=Ácidos graxos poli insaturados, R=Randomizado, RO=Óleo de colza, SB=Estudo cego, SFA= Ácido graxo saturado, SO= Óleo de girassol, TFA=Gordura trans Reparem que, apesar de alguns entusiastas clamarem que a adaptação genética que o óleo de canola sofreu ser danosa,os estudos científicos mostram o contrário, provando que seu uso ainda é benéfico. Caso o leitor ainda assim possua ressalvas contra seu uso, pode utilizar frigideiras específicas que não necessitam de óleo para fritar seus alimentos, dando à devida atenção a substituição das propriedades da canola por outro alimento com propriedades parecidas, como o azeite extra virgem, por 124 exemplo, podendo ser utilizado como tempero. Sobre o processo de fritar óleos em alta temperatura, falarei na pergunta abaixo de forma mais específica. 87- Qual o melhor óleo de cozinha? Para explicar essa questão, é necessário diferenciar primeiro os tipos de gorduras de cada óleo. As gorduras saturadas, presentes na manteiga, no óleo de babaçu e no azeite de dendê são aquelas que não possuem duplas ligações entre os carbonos de suas moléculas. As monoinsaturadas, encontradas principalmente na canola e no azeite de oliva, são aquelas com apenas uma ligação dupla de carbono. Já as poli-insaturadas, como o próprio nome diz, possuem duas ou mais ligações, e são vistas principalmente no óleo de milho, de soja e de girassol. Quanto mais ligações o óleo tem, mais suscetível ao calor ele é, sofrendo danos oxidativos e produzindo toxicidades como acroleína, malondialdeído e hidroxi-nonenal. Resumindo, quanto mais gordura poli-insaturada o óleo possuir, menos resistente ele será e mais radicais livres poderá formar. Abaixo, uma lista com vários tipos de gorduras e óleos, retirada da tabela TACO, com a composição de seus tipos de gorduras: 125 Reparem nas quantidades significativas de gorduras poli-insaturadas do óleo de soja, de milho e girassol, que são usados por boa parte da população. Reparem também que a manteiga, assim como dendê são ótimas fontes de gorduras saturadas, ou seja, praticamente não sofrem oxidação. O azeite de oliva e o óleo de canola entram como principais óleos de cozinha de fonte monoinsaturada. Algumas gorduras como margarina e pequi, coloquei a nível de informação, embora seu uso seja menos comum. Para terminar, os principais óleos poli-insaturados também são fontes de ômega 6, nutriente que em excesso é pós-inflamatório, deixando o relativo a doenças cardiovasculares principalmente. Calcular a gordura dos óleos em sua dieta também é essencial, ainda mais se há excesso de alimentos fritos. Para aqueles que desejam algo mais prático, a recomendação é utilizar frigideiras sem óleo, atentando-se a substituir as gorduras utilizadas nos óleos por outras gorduras na alimentação, principalmente as fontes de ômega 3, como peixes de água doce já que, quando consumidas sem o aumento de temperatura, não sofrem danos oxidativos e possuem ação cardioprotetora. 126 88- Óleo de coco é saudável? O óleo de coco é composto, de forma predominante, de gordura saturada. Então, se você leu o capítulo acima, já sabe que não formará compostos oxidativos quando exposto à altas temperaturas. A grande diferença dele para os outros tipos de óleos é a presença de triglicerídeos de cadeia média (TCMs). Diferente dos ácidos graxos de cadeia longa, que sofrem ações de enzimas no pâncreas, para depois entrar na circulação sistêmica como quilomícrons e chegar ao fígado, sofrendo biossíntese de colesterol ou nova síntese como triglicérides, os TCMs são transportados diretamente para o fígado, rapidamente transformados em energia, ou seja, não entram no ciclo de colesterol e não são estocados como gordura. 50% da gordura do óleo de coco é composta pelo ácido láurico que, ao ser ingerido, se transforma em uma substância de ação antibacteriana, antifúngica e antiviral. Em um estudo de Ferreira e colaboradores¹, foi notado que 70gr do óleo em forma de suplementação elevou tanto o HDL, quanto o LDL e o colesterol total. Porém, em outro estudo², feito em Alagoas com mulheres entre 20 e 40 anos de idade, foi notado um efeito positivo na diminuição de circunferência abdominal, quando comparado a ingestão de óleo de soja. Em mais um estudo³, 48 mulheres após suplementarem 30ml/dia de óleo de coco durante 3 meses, demonstraram diminuição no IMC, relação abdômen-quadril, perímetro abdominal, triglicérides e lipoproteína de muito baixa densidade Apesar de demonstrar ser um excelente produto, seu excesso não é indicado. Estudos com doses acima de 86 gramas demonstraram alguns efeitos colaterais como desconforto gastrintestinal e diarreia. O uso da suplementação à base de óleo de coco também permanece controverso, carecendo de mais evidências científicas, já que há poucos estudos a respeito. ¹ Ferreira AMD, Barbosa PEB, Ceddia RB. The influence of medium-chain triglycerides supplementation in ultra-endurance exercise performance. Rev Bras Med Esporte. 2003;9(6):413-419. 127 ² Assunção ML, Ferreira HS, Santos EAF, Cabral Jr R, Florêncio MMT. Effects of dietary coconut oil on the biochemical and anthropometric profiles of women presenting abdominal obesity. Lipids. 2009; 44:593– 601. ³ SILVA, R. S. M.; FORTES, R. C.; SOARES, H. F. Efeitos da suplementação dietética com óleo de coco no perfil lipídico e cardiovascular de indivíduos dislipidêmicos. Brasília Med. v.48, n.1, p.42- 49. 2011. 89- E quanto a farinha de coco? A farinha de coco não contem o ácido láurico, relacionado à ação antibacteriana, antifúngica e antiviral, porém contem TCMs que, como vocês leram no capítulo acima, não é estocado como gordura. Também é fica em fibras, ajudando a diminuir o índice glicêmico, diminuição de LDL, aumento de saciedade e perda de peso. Pode ser usada como substituição a farinha de trigo em preparações, sendo uma ótima opção para celíacos. 90- Carne de porco faz mal? A carne de porco leva a má fama de ser gordurosa, pouco nutritiva e perigosa por conter parasitas. Essas afirmações não são totalmente verdadeiras. Qualquer carne pode ser perigosa quando mal preparada, independente se é bovina ou suína. Sobre ser pouco nutritiva, a carne de porco é rica em vitaminas B6, B12, tiamina, riboflavina, cálcio, fósforo, zinco e ferro. Um dos seus diferenciais é a alta concentração de potássio, importante para pessoas com pressão alta. 128 A carne suína apresenta baixos teores de gordura se retirada a pele e no interior dos músculos encontramos apenas 1,1 a 2,4 % de gordura. Essa quantidade equivale a encontrada na carne de frango e é menor que a da carne bovina (2,5%) e ovina (6,5%). Importante também lembrar que a carne suína apresenta uma proporção maior de gorduras insaturadas do que de gorduras saturadas, ao contrário da carne de gado. Um filé de 100 gramas de lombo de pernil cozido possui de 69 a 82 mg de colesterol, nível semelhante ao de outras carnes. Como toda carne, há diferenças nutritivas entre os cortes. O menos gorduroso é o lombo 91- Com tantas informações e controvérsias na internet, em quem acreditar? Não sabe em quem acreditar com esse tanto de opiniões e informações na internet? Então vou ensinar um pouco sobre a pirâmide das evidências científicas. A sua ordem de importância é de cima para baixo, sendo a revisão de estudos a mais importante e a com estudos in vitro a menos. O que isso significa? Que estudos que analisam 'in vitro', ou seja, reações que ocorrem fora do metabolismo tem importância, porém pouco significativa. Logo em seguida temos os estudos feitos em animais. Eles começam a provar algo, mas obviamente a fisiologia é diferente de nós humanos, não servindo como verdadeabsoluta. A opinião de um nutricionista, cardiologista ou qualquer especialista que for, também tem pouca força científica se não for justificada por bases mais acima na pirâmide. Relatos de caso, como o próprio nome diz, é um relato de alguém que, por exemplo, comeu algo e teve uma complicação. Isso não quer dizer que o alimento cause a complicação, apenas que ocorreu nesse indivíduo por um ou mais fatores. 129 Estudos de casos e controles são epidemiológicos observacionais. Eles levantam uma hipótese porém também não dão uma verdade absoluta. Por exemplo, pessoas que comem mais carnes vermelhas têm um índice maior de doenças cardíacas. Isso não significa que carne vermelha causa esse tipo de doença, já que pode haver outros fatores como obesidade, hábitos alimentares ruins, ingestão excessiva de álcool, etc. Os estudos de coorte utilizam acompanhamento tentando identificar qual foi o fator de risco. Temos como exemplo os que acompanharam fumantes por longo tempo e notaram uma maior incidência de câncer de pulmão, após comparar também outras variáveis, como atividades físicas e hábitos alimentares. Para terminar, temos os ECRs (estudos clínicos randomizados), onde pessoas são sorteadas para participarem de dois ou mais grupos e são analisadas durante certo tempo. Por exemplo, dois grupos com um ingerindo tribulus terrestris e outro placebo durante um mês e comparando as taxas de testosterona para provar se a erva aumenta ou não esse hormônio. E a principal evidência científica é a meta-análise ou a revisão sistemática de ECRS. Nisso, diversos ECRs são comparados, variando idade, população, presença ou não de doenças e chegando a uma conclusão. Por exemplo, a meta análise 'Evidence of health benefits of canola oil' analisou 73 artigos ECRs, após ampla busca, e comparou os efeitos do óleo de canola nos níveis de colesterol e proteínas de inflamação, chegando a conclusão de que o óleo é sim saudável, contrariando a opinião de alguns especialistas. Por isso, meus caros, antes de verem alguém falando que algo tem evidência científica, procurem saber qual tipo de evidência é essa. 130 92- O que são alimentos de época? São aqueles que estão em sua época de safra. Possuem menos agrotóxicos, mais nutrientes e custam menos, já que sua produção é em larga escala e utiliza menos química. Cada mês tem sua safra, conforme abaixo: Janeiro Legumes: abóbora, abobrinha, beterraba, pepino, pimentão, quiabo e tomate Meta análise ECRs Coortes Caso/controle Relatos de casos Opiniões de especialistas Estudos em animais Pesquisas in vitro 131 Frutas: abacaxi, carambola, coco-verde, figo, fruta-do-conde, mamão, maracujá e melancia Verduras: alface, cebolinha, couve, salsa e salsão Pescados: bacalhau, cação, dourado, linguado e pescada-amarela Fevereiro Legumes: abóbora, gengibre, milho-verde, pepino, pimentão, quiabo e tomate Frutas: abacate, ameixa, carambola, figo, fruta-do-conde, goiaba, jaca, maçã e pera Verduras: cebolinha, escarola, hortelã, louro e repolho Pescados: atum, bacalhau, bonito, cação, merluza e sardinha Março Legumes: abóbora, abobrinha, berinjela, beterraba, cará, chuchu, jiló, nabo, pepino, quiabo e tomate Frutas: abacate, abacaxi, ameixa, banana (maçã, goiaba e nanica), goiaba, jaca, limão, maçã e pera Verduras: acelga, alface, alho-poró, coentro, escarola, repolho e rúcula Pescados: cação, corvina, linguado, merluza, pintado, sardinha e tainha Abril Legumes: abóbora, abobrinha, berinjela, beterraba, cará, chuchu, gengibre e inhame Frutas: abacate, banana-maçã, caqui, jaca, kiwi, maçã e pera Verduras: alface, alho-poró, almeirão, escarola e repolho Pescados: bagre, bonito, cação, corvina, linguado, merluza e tainha 132 Maio Legumes: abóbora, abobrinha, batata-doce, berinjela, beterraba, cará, cenoura, chuchu, mandioca, mandioquinha e nabo Frutas: abacate, banana-maçã, caqui, kiwi, jaca, maçã, pera e tangerina Verduras: alho-poró, almeirão, erva-doce, louro, nabo e rabanete Pescados: bagre, bonito, lambari, linguado, tainha e traíra Junho Legumes: batata-doce, berinjela, cenoura, ervilha, inhame, mandioca e mandioquinha Frutas: carambola, kiwi, laranja-lima e tangerina Verduras: agrião, coentro, couve, escarola, espinafre e mostarda Pescados: atum, camarão, caranguejo, lambari, porquinho, sardinha, siri e tainha Julho Legumes: cenoura, cogumelo, ervilha, inhame, mandioca, mandioquinha, milho-verde, palmito e pepino Frutas: carambola, kiwi, laranja-lima e tangerina Verduras: agrião, coentro, couve, escarola, espinafre e mostarda Pescados: atum, cavalinha, espada, pargo, pescada, sardinha e trilha Agosto Legumes: cará, cenoura, ervilha, inhame, mandioca e pimentão Frutas: caju, carambola, laranja-pera, lima, maçã, tangerina e morango Verduras: agrião, couve, couve-flor, escarola, espinafre, mostarda e rúcula Pescados: atum, cação, corvina, espada, lambari, porquinho e sardinha Setembro 133 Legumes: cará, cogumelo, ervilha, inhame, pimentão e rabanete Frutas: abacaxi, banana-nanica, caju, jabuticaba, laranja-lima, laranja-pera e mexerica Verduras: almeirão, couve, couve-flor, escarola, espinafre, louro e orégano Pescados: atum, corvina, lambari, sardinha e tilápia Outubro Legumes: alcachofra, aspargo, berinjela, beterraba, ervilha, fava, pepino e tomate caqui Frutas: abacaxi, acerola, banana-nanica, banana-prata, caju, manga, jabuticaba e lima Verduras: almeirão, cebolinha, coentro, espinafre, hortelã e mostarda Pescados: atum, bonito, corvina, lambari, linguado, pintado, salmão e tilápia Novembro Legumes: aspargo, berinjela, beterraba, cenoura, nabo, pepino, pimentão e tomate Frutas: abacaxi, acerola, banana-nanica, banana-prata, caju, coco-verde, mamão, manga, melancia e pêssego Verduras: alho-poró, brócolis, cebolinha, erva-doce e espinafre Pescados: bonito, corvina, dourado, espada e manjuba Dezembro Legumes: beterraba, cenoura, cogumelo, pimentão, tomate e vagem Frutas: ameixa, cereja, damasco, figo, lichia, manga, melancia, melão e nectarina Verduras: almeirão, cebolinha, erva-doce, rúcula, salsa e salsão Pescados: bagre, bonito, dourado, espada, manjuba, salmão e truta 134 93- O que é o valor biológico de um alimento? É uma escala utilizada para determinar o quanto da proteína ingerida num alimento o organismo irá reter. Quanto maior o número do valor biológico, maior a digestibilidade da proteína assim como seu aproveitamento pelo corpo humano. O alimento disponível na natureza com maior valor biológico é o ovo inteiro, portando é usado como referência e seu número na escala é 100. Alguns alimentos sintéticos tem esse valor ultrapassado na escala, sendo suas proteínas melhor aproveitadas até mesmo do que a dos ovos. Alimento Valor biológico Whey isolado 110-159 Whey concentrado 104 Ovo inteiro 100 Leite de vaca 92 Clara de ovo 88 Peixe 83 Bife magro 80 (média conforme cortes) Frango 79 Caseína 77 Quinoa 75 Proteína de soja 74 Arroz 59 Feijão 49 Importante ressaltar que isso não indica a quantidade proteica que há em um alimento e sim o quanto dessa quantidade será realmente absorvido. Por via de regra, as proteínas animais são as melhores absorvidas, seguidas pelas leguminosas e por último as de cereais. 135 94- Como se calcula o valor calórico de um alimento? De forma bem simples, basta lembrar que proteínas ecarboidratos possuem 4 calorias por grama. Já gorduras possuem 9 calorias a cada grama. Ou seja, um arroz integral que em 100 gramas, possui 20 gramas de carboidrato, 4 de proteína e 1 de gordura, terá 105 calorias, 80 delas de carboidratos (20x4), 16 de proteína (4x4) e 9 de gordura (1x9). Fibras, água, vitaminas e minerais não possuem calorias, assim como adoçantes e demais produtos sintéticos. Vale ressaltar que não possuir calorias não torna o alimento mais saudável, assim como ser rico em gorduras, macronutriente mais calórico, não o torna engordativo. O azeite por exemplo, alimento repleto de lipídios, pode engordar menos do que um doce rico em açúcar (carboidrato), mesmo sendo mais calórica, já que possui gorduras poli insaturadas e, diferente do açúcar, não estimula a insulina (hormônio altamente anabólico que, em excesso, aumenta o tecido adiposo). Também por ser gordura, estimula saciedade e alguns hormônios que atuam na lipólise. 95- Posso substituir totalmente os alimentos por suplementação? A indústria suplementar quer que você acredite que sim. Há milhares de argumentos utilizados, indo desde “velocidade de absorção” a “não conseguimos ingerir todos os nutrientes necessários durante o dia”. Outros induzem a auto medicação, sugerindo melhora hormonal, no perfil lipídico ou mesmo no imunológico. Mesmo demonstrando resultados com evidências científicas, vemos que tais suplementos foram utilizados principalmente em pessoas hospitalizadas ou diagnosticadas com grandes déficits, utilizando a suplementação como forma de recuperação junto à alimentação até que o uso suplementar não seja mais necessário. Tais estudos não servem como evidências para prática 136 clínica e prescrição dos mesmos, já que boa parte do que utilizam suplementos são atletas sem problemas de saúde. Resumindo, pessoas saudáveis não necessitam de suplementação. Outro fator a favor da alimentação é a resposta do trago digestório ao alimento, produzindo enzimas digestivas, respostas hormonais dando saciedade, motilidade gastrointestinal e diversos fitoquímicos não encontrados em formas suplementares. Obviamente, a ingestão de suplementos não pode ser totalmente descartada. Indivíduos com alta demanda energética, sem tempo para se alimentarem corretamente durante uma rotina corrida e/ou com obrigações sociais podem utilizar alguns suplementos para suprir tal necessidade. Indivíduos vegetarianos com dietas hiperproteicas e hipoglicídicas (baixas em carboidratos) também podem necessitar de suplementação. Enfim, os exemplos são inúmeros mas a regra é apenas uma: o suplemento só é necessário quando o alimento não pode estar presente. Substituir por substituir acreditando em resultados melhores é, além de desperdício de dinheiro, criar a ilusão de que ingerindo tal substância, será ela a responsável pelo seu objetivo. 137 96- A pirâmide alimentar é útil? A base da pirâmide é feita, como podem ver, de carboidratos, para maior fornecimento de energia. Logo em seguida vemos frutas, legumes e verduras, fontes menos calóricas porém ricas vitaminas e minerais. Acima, vemos as principais fontes proteicas, assim como oleaginosas, em porções mais delimitadas. Por fim, as fontes de gordura que, embora possam conter vitamina E e ômega-3 e 6, possuem calorias em abundância. Pela pirâmide ser simples, pode ser algo seguido pela maioria da população, utilizada para limitar doces e consumir em quantidades adequadas frutas, legumes e verduras, assim como ter uma pequena noção de grupos alimentares e de como substituir um alimento por outro. Em suas recomendações também há a sugestão de fracionar as refeições em seis vezes ao dia, consumir cerca de 2000 calorias e realizar atividades físicas. 138 Por ser bem simples e visual, a pirâmide é um excelente guia para quem não tem noção alguma de como se alimentar corretamente, porém ela tem suas desvantagens, que citarei abaixo 97- Quais são suas desvantagens? Embora seja um guia prático, a pirâmide trata a alimentação como um todo, não respeitando necessidades, rotinas e objetivos de cada indivíduo. Ela também não traz uma noção energética e calórica de cada alimento e seus substitutos. Por exemplo, ao trocar o leite por um queijo cheddar, é necessário diminuir a porção respeitando as calorias, já que o queijo possui mais gordura e é muito mais calórico. Já a escolha de cereais é muito ampla. Carboidratos refinados são fontes muito mais pobres de micronutrientes do que os integrais, além de piorarem a resposta da glicose a insulina. Dietas hipocalóricas ricas em gorduras boas e proteínas, e baixas em carboidratos são associadas ao emagrecimento, porém essa prática vai contra o que prega a pirâmide, dando a impressão de que é um método errado para emagrecimento quando não é. Para terminar, não basta apenas consumir as frações indicadas de cada grupo. Deve haver uma associação correta dos macronutrientes, assim como suas correlações ao horário e as atividades a seguir, sejam elas de gasto energético ou descanso, buscando atingir o objetivo de forma mais eficiente. Você não vai consumir três porções de carboidratos antes de ficar sentado em uma cadeira de escritório, por exemplo, ou não vai consumir gorduras e proteínas logo após o treino, caso deseje rápida recuperação de glicogênio. Portanto, embora seja um guia prático, não se adequa as necessidades individuais e deve ser encarada apenas como base para o conhecimento alimentar, nunca como algo que deva ser seguido à risca por todos. 139 98- Vitamina A: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? Primeiro é preciso explicar o que são as vitaminas lipossolúveis: são as vitaminas que necessitam de gordura para sua absorção. As vitaminas A, D, E e K são as consideradas lipossolúveis. Após absorvidas no fígado, são estocadas por semanas e, por essa razão, o organismo pode sobreviver consumindo outras fontes alimentares que não as contenham. Essas vitaminas tem como características gerais necessitarem da bile para absorção, serem solúveis em lipídeos e tóxicas quando em excesso. Falarei individualmente de cada uma abaixo, porém as quantidades para cada gênero e idade estão em tabelas específicas no capítulo “Agora que sei a quantidade de água, quais são os valores diários de cada micronutriente?”. A vitamina A é necessária para manutenção da visão, saúde da pele, crescimento ósseo e diferenciação celular (uma célula ao amadurecer especializar-se em uma função específica). As principais fontes desse micronutriente são as de origem animal, que oferecem a vitamina A na sua forma pré-ativa, o retionl. Fígado, óleo de peixe, laticínios e ovos são excelentes fontes. Os vegetais não apresentam vitamina A pré-ativa mas apresentam outro precursor dela, o betacaroteno. Cenoura, damasco, manga, batata-doce e espinafre são ricas em betacaroteno. Porém, quando esse nutriente é absorvido, apenas 50% do seu total é convertido em retinol, ocorrendo perda de metade do seu valor. Importante ressaltar que o betacaroteno também tem função antioxidante, agindo contra radicais livres no organismo, compostos que causam degeneração celular. A deficiência dessa vitamina pode causar cegueira noturna, diminuição da atividade do sistema imune, exaustão, xeroftalmia (queratinização do olho levando a cegueira) e morte. Já sua toxicidade pode causar dano hepático, hemorragia, perda de cabelo, pele amarelada, defeitos congênitos, alteraçõesno ciclo menstrual e morte. 140 99- Vitamina D: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? Diferente de todas as outras vitaminas, a vitamina D pode ser sintetizada pelo próprio corpo, apenas com a presença da luz solar. Depois de aproximadamente 36 horas após a exposição, os fígados e rins atuam na precursão da vitamina D no organismo. Pessoas mais claras necessitam de 10 a 15 minutos de exposição ao sol para síntese de vitamina D, enquanto pessoas de pele mais escura precisam de exposição mais longa, dependendo do tom de pele. Atum, sardinha, salmão, ovos e carnes bovinas possuem também vitamina D, porém em pequenas quantidades, sendo necessária a exposição ao sol mesmo com o consumo alimentar de fontes da vitamina, para garantir melhor síntese. A deficiência dessa vitamina, como muitos já sabem, pode causar raquitismo, já que a mesma trabalha em conjunto com o cálcio, mineral importante para saúde dos ossos. Já seu excesso é extremamente tóxico. Ela atua no sistema nervoso central podendo causar depressão severa. Também pode forçar o cálcio a se depositar em tecidos mais frágeis, como coração e rins, causando seu mau funcionamento. Devido ao seu alto risco, a suplementação com vitamina D deve ser feita apenas com orientação médica. 100- Vitamina E: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? Também chamada de tocoferol, a vitamina E atua principalmente como antioxidante, protegendo o metabolismo contra os radicais livres. Os pulmões, por exemplo, são expostos ao oxigênio que pode destruir parte de suas membranas. A vitamina E, além de proteger os pulmões dessa destruição, é carreada na corrente sanguínea, protegendo também outros tecidos. 141 Ela está presente principalmente nas gorduras, como óleos de cártamo, canola, milho, soja, sementes de girassol, amêndoas e castanhas-do-pará. O processo de aquecimento durante longos períodos diminui a quantidade de vitamina E nos óleos (não se esqueça de ler o capítulo sobre óleos de cozinha para escolher a melhor fonte). A sua deficiência mais vista é no nascimento prematuro de bebês, que acabam vindo ao mundo antes da transferência de vitamina E da mãe, tornando-se anêmicos. Poucos sintomas foram vistos na deficiência em adultos, sendo eles movimentos, visão e fala prejudicados. Altas dosagens de vitamina E, principalmente quando utilizada na forma de suplementos, pode diminuir o efeito anticoagulante de medicamentos, além de causar náuseas e dificuldades intestinais. Porém, estudos a respeito ainda são controversos, necessitando de mais pesquisas para uma melhor abordagem. 101- Vitamina K: quais são suas funções e o que causa sua deficiência e seu excesso? A vitamina da coagulação. O que isso quer dizer? Que a principal função dessa vitamina é sintetizar proteínas para coagulação do sangue. Ela também ajuda na síntese de proteínas para o metabolismo ósseo, reduzindo riscos de fraturas. Suas fontes são principalmente as folhas verdes escuras, como espinafre, repolho, couve-flor. Fígado, leites, ovos e carnes em geral também fornecem quantidades significativas. Sua deficiência é rara e pode resultar em sangramento descontrolado, já que essa vitamina faz parte do sistema de coagulação, além de fragilidade óssea. Já o seu excesso faz o fígado liberar bilirrubina no sangue ao invés de excretá-la, levando a icterícia (cor da pele amarelada), sendo fator de risco ainda maior em crianças, que podem sofrer de danos cerebrais caso a bilirrubina alcance seu cérebro. Esse excesso é visto principalmente no uso indiscriminado de suplementos. 142 102- Vitamina B1: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? Primeiro irei explicar o que são vitaminas hidrossolúveis. Como o nome sugere, são as vitaminas solúveis em água. Podemos citar nesse grupo todas do complexo B e a vitamina C. Seu estoque no organismo é muito menor, chegando a dias, porém sua toxicidade também, já que são facilmente excretadas na urina. Vale lembrar que o alcance de níveis tóxicos de vitaminas hidrossolúveis foram vistos principalmente em quem utilizou suplementos multivitamínicos em altas dosagens, sem prescrição médica. As vitaminas do complexo B tem grandes papéis no metabolismo, agindo como coenzimas (aceleram reações metabólicas) e síntese de RNA e DNA. A principal função da vitamina C é agir como antioxidante, embora também tenha outras funções enzimáticas, como melhorar a absorção de ferro não- heme (por isso, sucos de acerola, laranja entre outros são recomendados junto à refeições para anêmicos). Falarei especificamente de cada uma abaixo, incluindo também as ‘não-vitaminas’. A vitamina B1, também chamada de tiamina, participa do funcionamento do tecido nervoso, incluindo o muscular, que age como resposta. Ela aparece em pequenas quantidades nos alimentos, entretanto está presente em vários deles. Grãos integrais, legumes, folhas verdes escuras, feijão-preto e ervilhas contem boas quantidades. A simples ingestão de pequenas porções de cada grupo já é o suficiente para alcançar as necessidades diárias indicadas. A sua ausência é relacionada ao aparecimento do beribéri, doença que causa edema e degradação muscular. 103- Vitamina B2: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? Conhecida como riboflavina, ela atua no metabolismo energético, ou seja, atua como coenzima para nosso organismo utilizar carboidratos, gorduras e proteínas como energia. Também é facilmente encontrada na natureza, principalmente em laticínios, folhas escuras, carnes vermelhas e cereais 143 integrais. Sua quantidade é reduzida na luz, portanto o armazenamento incorreto dos alimentos pode prejudicar a ingestão da mesma. Sua deficiência também é muito rara e geralmente detectada junto a deficiência de tiamina, já que suas fontes alimentares são praticamente as mesmas. Alcoólatras, intolerantes a lactose e portadores de doenças hepáticas apresentam maiores riscos de deficiência, sendo suscetíveis a sintomas como fraqueza, perda de memória e ganho de peso. Sendo esses sintomas muito genéricos, a simples percepção dos mesmos não basta como diagnóstico, já que podem estar associados a outras fatores físicos e mentais. Sendo assim, são necessários exames específicos para sua detecção. 104- Vitamina B3: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? A tiamina (vitamina B3) também participa do metabolismo energético como coenzima, assim como as vitaminas B1 e B2. Leites, queijos, iogurtes, cereais integrais, bifes de fígado, vegetais verdes escuros e até cogumelos são fontes desse micronutriente. Sua ausência é relacionada principalmente a pelagra, doença que causa dermatite e distúrbios gastrointestinais. Altas doses, vistas principalmente em suplementos e medicamentos podem causar danos hepáticos, formigamento nas extremidades e perda de visão. 105- Vitamina B5: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? A vitamina B5 ou ácido pantetônico, além de auxiliar na produção de energia como outras vitaminas do complexo B, também ajuda na síntese de hormônios adrenais e de acetilcolina, importante substância para reações 144 neuromusculares. Em sua forma ativa, ela se torna acetil-coa, participando ativamente do metabolismo dos carboidratos. Assim como outras vitaminas do complexo B, é encontrada no fígado, ovos, leites, aveia, frango, salmão, legumes e gérmen de trigo. Sua deficiência também é rara, ligada a sintomas como doençasneurológicas, cefaleia, cansaço e dores abdominais. 106- Vitamina B6: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? Suas formas ativas são conhecidas como piridoxina, piridoxal e piroxamina. Ela atua principalmente no metabolismo das proteínas, sendo assim altas doses proteicas necessitam de mais vitamina B6, embora as recomendações feitas pelas DRI’s atinjam o recomendado com segurança. Essa vitamina também ajuda na conversão de triptofano em niacina e na síntese de hemoglobina. Durante a gravidez, sua ingestão também exerce papel no desenvolvimento cerebral do feto. O espinafre é uma das fontes dessa vitamina, junto a bifes de fígados, peitos de frango, batatas doces ou inglesas, feijão, soja, peixes e algumas frutas como a banana. Sintomas como dermatite gordurosa, anemia e doenças cardiovasculares devido ao aumento de hemocisteína podem ser notados na deficiência de vitamina B6. 145 107- Vitamina B7: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? A vitamina B7 também chamada de Vitamina B8, Biotina ou Vitamina H também age como cofator no metabolismo de proteínas e carboidratos. Sua deficiência é rara mas costuma aparecer em indivíduos que consomem ovos crus pois os mesmos produzem avidina, proteína que inibe a absorção da biotina. Indivíduos que permanecem longos períodos em nutrição parenteral também podem sofrer sintomas de sua deficiência, como dermatite, seborreia, fadiga e dor muscular. Essa vitamina é encontrada em vários alimentos como cereais integrais, nozes, leites, ovos, carnes 108- Vitamina B9: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? Utilizado pelo organismo para produção de novas células, a vitamina B9 – ou ácido fólico- está presente na beterraba, em lentilhas, no bife de fígado, no espinafre e em outras folhas escuras, no feijão cozido e em ovos. Além disso, cereais como pães também podem ser enriquecidos ácido fólico em sua farinha, medida tomada como precaução para diminuir anemia e problemas no desenvolvimento do tubo neural de fetos, já que gestantes necessitam de doses maiores desse micronutriente. A falta de ácido fólico, junto com a falta vitamina B6 e B12 também é associada a maiores níveis de homocisteína, proteína que em excesso pode estar relacionada a desenvolvimento de problemas cardíacos. 146 109- Vitamina B12: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? Sendo também conhecida como cobalamina, essa vitamina ajuda na produção de células vermelhas no sangue e também na manutenção da bainha de mielina, componente presente em neurônios que acelera os processos de sinapse. Ela é vista em alimentos de origem animal, como peixes, carnes bovinas e suínas, e laticínios, sendo notada sua ausência em dietas vegetarianas e assim, corrigindo-a com o uso de suplementos específicos. Como sua absorção depende do fator intrínseco, componente produzido no estômago, sua deficiência também pode ser genética em pessoas que não produzem esse fator corretamente. Tanto a falta de vitamina B12 na dieta como a falta do fator intrínseco podem causar anemia perniciosa, facilmente confundida com deficiência de ácido fólico, sendo necessário um diagnóstico preciso para evitar problemas maiores a longo prazo, como danos na bainha de mielina e assim, mau funcionamento dos nervos e músculos. 110- Vitamina C: quais são suas funções e o que causa sua deficiência? Como já dito, sua principal função é servir como agente antioxidante, ou seja, combater compostos oxidativos no nosso organismo. Além disso, ajuda em outras funções, como absorção de ferro não-heme (presente em folhas verdes escuras, por exemplo) e na síntese de colágeno, substância presente em ossos, pele, tendões e dentes. Para terminar, essa vitamina melhora a resposta imunológica e ajuda na produção de tiroxina, importante hormônio que age no metabolismo basal. As frutas, principalmente cítricas, são as maiores fontes dessa vitamina. Legumes e vegetais também são ricos nela. Acerola, laranja, toranja, kiwi, morangos, brócolis, acelga, pimentões e couve-de-bruxelas ajudam a atingir as necessidades facilmente. 147 Embora seja hidrossolúvel, altas doses também são tóxicas. Flatulência, diarreias, náuseas além de alta absorção de ferro em pessoas que consomem esse mineral em doses excessivas são sintomas vistos quando há o abuso dessa vitamina, principalmente em forma suplementar. A sua deficiência é causa de baixa imunidade, diminuição de colágeno que pode levar ao aparecimento de escorbuto e diminuição na absorção de ferro, que dependendo da falta do mineral em outras fontes alimentares, pode causar anemia. 111- Quais são as não-vitaminas? São os nutrientes que não são considerados essenciais na alimentação. São eles a carnitina, o inositol, ubiquinona, PABA e o ácido lipóico. Embora o marketing agressivo da indústria dos suplementos sugira que o aumento da ingestão dessas substâncias resultem em resultados mais expressivos, principalmente na perda de gordura, as evidências científicas apontam para o caminho oposto: a não-necessidade da ingestão desses produtos pela forma suplementar. A necessidade de ingestão por via alimentar desses nutrientes é bastante discutida na comunidade científica embora deficiências tenham sido vistas apenas em animais de laboratório, induzidos a elas de forma experimental. Por fim, há a colina, importante para formação do neurotransmissor acetilcolina e proteção hepática. Ovos, leite e derivados, carnes bovinas e suínas, soja e gérmen de trigo são fontes. Deficiências raramente são vistas devido a sua concentração em diversos alimentos. Possivelmente, problemas hepáticos seriam atribuídos a sua falta, embora essa afirmação careça de evidências científicas. 148 CAPÍTULOS EXTRAS: GUIA CIENTÍFICO DE SUPLEMENTAÇÃO Deixarei aqui alguns capítulos do meu próximo ebook que contará com um guia científico de suplementação, com a análise de alguns suplementos feitas por estudos científicos. ZMA, L carnitina, CLA, Creatina, Tribulus Terrestris, DHEA, Beta-alanina, arginina, pré treinos em geral e multivitamínicos serão analisados nos próximos capítulos. 149 DHEA DHEA ou deidroepiandrosterona é um hormônio esteróide produzido a partir do colesterol. Esse hormônio produz a androstenediona, que é precursora de testosterona, estrona e estradiol. Entre os 30 e 40 anos de idade, ocorre o declínio desse hormônio, chegando a metade de sua produção por volta dos 40 anos. O declínio continua de forma natural durante o envelhecimento, chegando a 25% aos 70 anos e 5% aos 80. Por ser um dos precursores diretos de testosterona, a substância passou a ser comercializada como suplemento alimentar, prometendo efeitos similares ao da testosterona. Primeiro, vamos analisar os estudos¹ feitos em pessoas acima dos 40 anos. 99 Mulheres com sobrepeso e densidade óssea frágil foram analisadas de forma duplo-cega. O grupo que suplementou recebeu 50mg/dia de DHEA e tanto esse, quanto o grupo placebo (sem suplementação), participaram de 90 minutos de exercícios físicos duas vezes durante a semana. 87 mulheres chegaram ao final do estudo, que durou seis meses. Não foram encontradas diferenças na densidade mineral óssea ou marcadores de turnover ósseo entre os grupos. Houve diferenças significativas nos hormônios DHEA, estradiol, estrona e testosterona,sendo maiores no grupo suplementado. Também houve um declínio na SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais) neste grupo. A função cognitiva também foi aumentada com o uso de 25mg de DHEA em outro estudo com 20 mulheres, com idade entre 65 e 90 anos e disfunção cognitiva. Ao final dos seis meses de estudo, o grupo suplementado aumentou significativamente a testosterona plasmática, assim como seus níveis de DHEA. O grupo que não suplementou, além de não aumentar as funções cognitivas igual ao grupo que utilizou o suplemento, também teve a mesma deteriorada. O estudo chega à conclusão de que a suplementação em mulheres idosas pode ser útil na melhora da capacidade cognitiva assim como na realização de atividades diárias. 150 Em um estudo² diferenciado, 16 homens, 8 com média de idade entre 18 e 29, e 8 com média entre 45 e 64, receberam 50mg de DHEA ou placebo antes de um treino HIIT. Os resultados demonstraram que a suplementação elevou os níveis de testosterona livre nos homens de meia idade e preveniu que esses níveis caíssem durante o treino intervalado. Porém, em 19 jovens, de idade entre 18 e 29 anos, não treinados, a suplementação de 50mg ou de 150mg de DHEA não aumentou os níveis de testosterona sérica, estrona, estradiao, lipídios e enzimas do fígado³. Outro estudo randomizado comparou a ingestão de DHEA versus a ingestão de androstenediona (hormônio intermediário na produção de testosterona, estrona e estradiol). 40 homens saudáveis e treinados, com idade média de 48 anos, ingeriram duas vezes ao dia 50mg de DHEA, placebo ou androstenediona durante 12 semanas. Ao final do estudo, nenhum dos grupos apresentou diferenças significativas na massa muscular, força ou níveis de testosterona. A suplementação de DHEA tem se mostrado eficaz apenas em pessoas de meia idade, seguindo a maioria das pesquisas. Os resultados não foram significativos na maioria dos estudos em jovens, treinados ou não, e este tema carece de mais estudos, não sendo recomendável a suplementação até o momento. ¹ Kenny AM1, Boxer RS, Kleppinger A, Brindisi J, Feinn R, Burleson JA. Dehydroepiandrosterone combined with exercise improves muscle strength and physical function in frail older women. J Am Geriatr Soc. 2010 Sep;58(9):1707-14. ² Liu TC1, Lin CH, Huang CY, Ivy JL, Kuo CH. Effect of acute DHEA administration on free testosterone in middle-aged and young men following high-intensity interval training. Eur J Appl Physiol. 2013 Jul;113(7):1783-92 ³ Brown GA1, Vukovich MD, Sharp RL, Reifenrath TA, Parsons KA, King DS. Effect of oral DHEA on serum testosterone and adaptations to resistance training in young men. J Appl Physiol (1985). 1999 Dec;87(6) 151 TRIBULUS TERRESTRIS Tribulus terrestres é uma erva nativa de regiões como sul da Europa e sul da Ásia, que promete aumentar a massa muscular, devido a estimulação de produção natural de testosterona. Mas será que isso é verdade? Um estudo¹ avaliou as mudanças corporais induzidas pela tribulus, assim como as taxas de testosterona em atletas da elite de rúgbi. Durante 5 semanas, 22 atletas, foram divididos em dois grupos de 11, onde um dos grupos ingeria 450mg de tribulus e o outro ingeria placebo. Os dois grupos continuaram com seus treinos de força assim como seus padrões de alimentação. Após essas 5 semanas, nenhuma diferença foi notada em força, aumento de massa muscular e testosterona entre esses grupos. Outro estudo² avaliou 15 homens treinados, divididos em grupos placebo ou tribulus (esses consumiam 3.21mg/kg/dia). Peso corporal, composição corporal, força máxima, ingestão dietética e até mesmo efeitos no humor foram avaliados durante oito semanas nos dois grupos e nenhuma mudança foi constatada. Para finalizar, um artigo científico³ avaliou a ingestão de tribulus terrestris em 21 homens divididos em três grupos de 7, durante 4 semanas. O primeiro grupo ingeriu 20mg/kg/dia, o segundo 10mg/kg/dia enquanto que o terceiro era um grupo controle, ingerindo placebo. Nenhuma diferença na concentração sérica de testosterona, androstenediona (hormônio intermediário da via metabólica para produção de testosterona) e hormônio luteinizante (estimulante das células de Leyding a produzirem testosterona) foi notada. Embora muitos relatem melhoras tanto na força quanto na libido, a ciência mostra que tal efeito tem mais evidências psicológicas e sugestivas, demonstrando que a ingestão da erva em forma suplementar não altera hormônios responsáveis por tais mudanças em indivíduos saudáveis. ¹ Rogerson S1, Riches CJ, Jennings C, Weatherby RP, Meir RA, Marshall- Gradisnik SM. The effect of five weeks of Tribulus terrestris supplementation on muscle strength and body composition during preseason training in elite rugby league players. J Strength Cond Res. 2007 May 152 ² Antonio J1, Uelmen J, Rodriguez R, Earnest C. The effects of Tribulus terrestris on body composition and exercise performance in resistance- trained males. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2000 Jun ³ Neychev VK1, Mitev VI. The aphrodisiac herb Tribulus terrestris does not influence the androgen production in young men. The aphrodisiac herb Tribulus terrestris does not influence the androgen production in young men. ZMA ZMA é um suplemento que combina magnésio, zinco e piridoxina (vitamina b6). Ele promete aumentar sua testosterona e, por consequência, aumentar também sua massa muscular e força. Um estudo¹ analisou 42 homens treinados, divididos em dois grupos. Um grupo ingeria 4 cápsulas de ZMA, contendo 11mg de vitamina B6, 450mg de magnésio e 30mg de zinco, 30 a 60 minutos antes de dormir. O outro grupo, de 21 homens, ingeria apenas placebo feito de dextrose. Após 8 semanas de suplementação e treinamento resistido, não houve diferença entre os grupos em hormônicos catabólicos ou anabólicos, composição corporal, testes de 1RM e resistência muscular. Em outro estudo², 14 homens, entre 22 e 33 anos, ingeriram doses de zinco entre 11.9 a 23.2mg de zinco por dia. Essa ingestão fez aumentar os valores séricos de zinco, assim como sua excreção urinária, porém não houve alterações na testosterona total e sérica em resposta a essa suplementação. Os poucos estudos que mostram uma resposta positiva na ingestão de ZMA, foram feitos em pacientes de hemodiálise, com deficiência de zinco³ e em idosos com dietas restritivas, levando a deficiência de micronutrientes, como ¹Colin D Wilborn, Chad M Kerksick, Bill I Campbell, Lem W Taylor, Brandon M Marcello, Christopher J Rasmussen,1 Mike C Greenwood, 153 Anthony Almada, and Richard B. Effects of Zinc Magnesium Aspartate (ZMA) Supplementation on Training Adaptations and Markers of Anabolism and Catabolism. J Int Soc Sports Nutr. 2004; ² Koehler K1, Parr MK, Geyer H, Mester J, Schänzer W. Serum testosterone and urinary excretion of steroid hormone metabolites after administration of a high-dose zinc supplement. Eur J Clin Nutr. 2009 Jan;63 ³ Sudesh K. et al. (1982), Effect of Oral Zinc Therapy on Gonadal Function in Hemodialysis Patients, Annals of Internal Medicine 4 Prasad AS, Mantzoros CS, Beck FW, Hess JW, Brewer GJ. Zinc status and serum testosterone levels of healthy adults. Source: Department of Internal Medicine, Wayne State University School of Medicine, Detroit, Michigan, USA L-CARNITINA A l-carnitina atua transferindo os ácidos graxos – moléculas de gordura – do citosol para mitocôndria. Essa ação faz com que a gordura seja transformada em energia, explicando de forma mais simplista. Nosso corpotem a capacidade de síntese de l-carnitina, através dos aminoácidos lisina e metionina, porém surgiu o pensamento de que, ingerindo mais L carnitina, mais gordura seria oxidada. Desde então, a indústria dos suplementos investiu nesses produtos e no marketing dos mesmo, prometendo menor gordura corporal. Embora pareça tentador a ideia de usar tal suplemento, as evidências científicas não apontam para resultados animadores. Um dos estudos¹ avaliou o efeito da suplementação de L-carnitina, por 30 dias, sobre a taxa metabólica de repouso e oxidação de ácidos graxos livres (AGL), em repouso e exercício de 21 voluntários entre 40 e 58 anos com sobrepeso. O grupo suplementado, contendo dez pessoas, recebeu 1,8gr/dia de l- carnitina, enquanto que o grupo placebo recebeu maltodextrina. 154 Após os 30 dias, não houve efeito na redução corporal, ingestão calórica, taxa metabólica de repouso e quociente respiratório em repouso. Um outro estudo², feito com mulheres com sobrepeso, suplementadas com carnitina (4g/dia por oito semanas), que praticavam atividade física regularmente, não demonstrou alterações no peso e tampouco na gordura corporal entre os grupos. Porém, pode ser eficaz em portadores de doenças renais, neuropatia diabética e doenças cardiovasculares, tendo efeito vasodilatador e antioxidante³. Mais uma vez, os estudos demonstram outro suplemento que pode ser útil apenas em quem tem algum tipo de doença ou deficiência, não sendo necessário em pessoas saudáveis e tampouco melhorando performance ou perda de gordura. ¹ Christianne de Faria Coelho, João Felipe Mota,Fabrício César de Paula Ravagnani, Roberto Carlos Burini The supplementation of L-carnitine does not promote alterations in the resting metabolic rate and in the use of energetic substrates in physically active individuals ² Villani RG1, Gannon J, Self M, Rich PA. L-Carnitine supplementation combined with aerobic training does not promote weight loss in moderately obese women. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2000 Jun ³ Christianne de Faria Coelho; João Felipe Mota; Euclésio Bragrança; Roberto Carlos Burini. Aplicações clínicas da suplementação de L-carnitina. Rev. Nutr. vol.18 no.5 Campinas Sept./Oct. 2005 CREATINA Muitos pensam que a creatina serve para ganhar massa e força, enquanto outros creem que a função dela é gerar potência em exercícios de explosão. Será que ela cumpre alguma dessas funções tão acreditadas? Basicamente, a creatina é a junção dos aminoácidos metionina, arginina e glicina. Ela pode tanto ser sintetizada no nosso organismo, quanto ingerida 155 através da dieta, principalmente em fontes como carnes de porco, fígado, salmão, frango, etc. Explicando de forma breve, o papel da Creatina é reciclar o pool de ATP durante exercícios supra máximos, evitando a fadiga durante os primeiro segundos da atividade¹. Em estudo duplo cego, 14 homens treinados foram divididos, durante 6 dias, em dois grupos de sete, sendo o primeiro grupo creatina e o segundo grupo placebo. Os dois grupos executaram 5 sets de exercícios de supino e agachamentos com salto em três ocasiões (T1, T2 e T3). Antes de T1, os grupos não foram suplementados. Entre T1 e T2, os dois grupos receberam placebos e entre T2 e T3, o grupo creatina ingeriu 25gr do suplemento enquanto que o outro grupo recebeu a quantidade equivalente em placebo. A suplementação com creatina resultou em melhora significativa no pico de força durante os 5 sets de agachamentos com saltos e supinos. Após a suplementação, o lactato pós exercício foi significativamente mais alto no grupo creatina, assim como um aumento de massa corporal, que atingiu a média de 1,4kg. Em mais um estudo³, foi avaliada a ingestão de creatina de forma oral na composição corporal, força de flexores de cotovelo e fadiga de extensores de joelho em vinte homens entre 60 e 82 anos também de forma duplo cega. Os indivíduos foram divididos em grupos creatina (20gr) e placebo durante dez dias, seguidos respectivamente por 4g e placebo por vinte dias. Testes foram feitos antes da suplementação e após 10 e 30 dias de suplementação. Não houve diferenças significativas em massa e densidade corporal, assim como massa livre de gordura e força. Ao final do estudo, é concluído que a suplementação de creatina pode causar efeitos benéficos diminuindo a fadiga muscular em homens acima de 60 anos, porém não alterando a composição corporal. Mihic e colaboradores4 avaliaram a massa livre de gordura, pressão sanguínea, creatinina sérica e creatina quinase em homes e mulheres fisicamente ativos. 15 homens e 15 mulheres foram divididos neste estudo duplo cego em grupos placebo e creatina, ingerindo 20 gramas durante 5 dias. Não houve alterações na pressão sanguínea, creatinina sérica e clearence de creatinina (usado para avaliação renal). Em contraste, a suplementação aumentou a massa livre de gordura, assim como a massa 156 corporal, sem mudanças na gordura, sendo tais efeitos maiores nos indivíduos de sexo masculino. ¹ Balsom PD1, Söderlund K, Ekblom B. Creatine in humans with special reference to creatine supplementation. Sports Med. 1994 Oct ² Volek JS1, Kraemer WJ, Bush JA, Boetes M, Incledon T, Clark KL, Lynch JM. Creatine supplementation enhances muscular performance during high-intensity resistance exercise. J Am Diet Assoc. 1997 Jul ³ Rawson ES1, Wehnert ML, Clarkson PM. - Effects of 30 days of creatine ingestion in older men 4 Mihic S, MacDonald JR, McKenzie S, Tarnopolsky MA Acute creatine loading increases fat-free mass, but does not affect blood pressure, plasma creatinine, or CK activity in men and women. CREATINA COM CARBOIDRATO Vamos avaliar agora os efeitos da creatina ingerida junto a carboidratos. Os autores Green AL1, Simpson EJ, Littlewood JJ, Macdonald IA, Greenhaff PL. dividiram 22 homens saudáveis em 4 grupos. Grupo A – 5 gramas de creatina Grupo B e C – 5 gramas de creatina junto a 93 gramas de carboidratos simples Grupo D – placebo As doses acima foram ingeridas 4 vezes ao dia, totalizando 20gr de creatina. Além disso, o grupo C fez 1h de cicloergômetro em uma intensidade de 70%. Nos dias 1 e 3, o pico de creatinina no plasma assim como a concentração de creatina na urina foram menores nos grupos B e C do que no A. De forma controversa, a concentração sérica de insulina foi maior nos grupos B e C, sem diferenças significativas entre eles. Os dados sugeriram que a ingestão 157 de creatina junto a carboidratos simples aumentam a retenção do suplemento e que a retenção não foi aumentando quando o exercício foi realizado antes. Uma revisão feita por Graham AS, Hatton RC, mostra que os autores, após pesquisarem diversas pesquisas feitas de 1966 a 1999, chegaram à conclusão de que a creatina pode aumentar a performance em exercícios de alta intensidade e curta duração, porém sendo ineficaz em exercícios de endurance. O suplemento também foi relacionado a ganho de peso, cãibras, desidratação, diarreia e tontura, porém parece ser bem tolerado em estudos de curto prazo. Em uma revisão de 22 estudos, os autores verificaram que a força muscular (1, 3 ou 10 repetições máximas) seguidos de suplementação de creatina em treino de resistência foi 8% maior que dos grupos placebo, em média. Esse número aumentou para 14% de diferença positiva para creatina quando compararam a resposta em levantamento de peso. Os autores concluem que há evidencias significativas de que a creatina durante treinos de resistência é mais efetiva em aumentar a força muscular e a performanceno levantamento de peso do que o treino de resistência apenas, apesar das respostas serem altamente variáveis. ¹ Rawson ES, Volek JS. Effects of creatine supplementation and resistance training on muscle strength and weightlifting performance CREATINA ANTES OU DEPOIS DO TREINO? Embora haja poucos estudos comparando efeitos pré e pós treino, um deles avaliou 19 praticantes saudáveis de atividades físicas. Divididos em grupos pré e pós, os participantes ingeriram 5gr imediatamente antes ou imediatamente após os exercícios durante 4 semanas, sendo que nos dias sem treino o consumo era livre. Poucas mudanças foram observadas no grupo que ingeriu pós treino, sendo mais visíveis no peso corporal livre de gordura e na força. Nisso, os autores concluem que o consumo pós treino traz resultados superiores após 4 semanas. ¹ Jose Antonio* and Victoria Ciccone. The effects of pre versus post workout supplementation of creatine monohydrate on body composition and strength 158 CREATINA FAZ MAL AOS RINS? Uma dúvida muito comum e que alguns anos atrás foi uma das razões da creatina não ser liberada no Brasil é essa. Graças a diversos estudos e evidências científicas, hoje já é possível afirmar que a creatina não causa dano renal nem hepático. Em um dos estudos publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte¹, trinta e cinco praticantes de musculação foram distribuídos aleatoriamente em três grupos: placebo com doze, CRE1 com doze também e CRE2 com onze. Exames bioquímicos foram realizados antes e após oito semanas de treinamento resistido. Os grupos CRE1 e CRE2 ingeriram 20gr/dia com creatina por sete dias e nos 53 dias subsequentes, 0,03gr/kg de massa corporal de creatina por dia (CRE1) e 5gr/dia (CRE2). Isso significa que uma pessoa de 70kg no grupo CRE1 ingeriu 2,1gr de creatina (70 * 0,03), por exemplo, enquanto que todas as outras do CRE2 ingeriram 5gr do suplemento, independentemente do peso. Os valores de creatinina aumentaram 12,2% no grupo CRE1 e 9% no CRE2, enquanto que no grupo placebo, diminuíram 4,7%, porém mantendo-se na normalidade. Já os valores de função hepática também diminuíram, contudo sem significância estatística. Os autores concluem que a suplementação nas doses indicadas (0,03gr/kg ou 5g/dia), em indivíduos saudáveis por oito semanas não altera funções renais ou hepáticas, sendo considera segura. ¹ Ana Paula Perillo Ferreira Carvalho; Guilherme Eckhardt Molina; Keila Elizabeth Fontana. Suplementação com creatina associada ao treinamento resistido não altera as funções renal e hepática. Rev Bras Med Esporte vol.17 no.4 São Paulo July/Aug. 2011 159 CLA O ácido linoleico conjugado (CLA), é encontrado principalmente na gordura de ruminantes, como em carnes de gado e laticínios e passou a ser considerado um agente anti-obesidade por supostas alterações no metabolismo lipídico. Em estudos de 2004¹, os autores observaram que o CLA diminui a ingestão calórica, aumenta a oxidação lipídica, além de diminuir a lipogênese. Em uma suplementação de 2,2 a 4,2 de CLA durante 12 semanas, os participantes reduziram sua gordura corporal em cerca de -3,8% nos estudos de Risérus e colaboradores². Em outro estudo, Smedman e Vessby³ também observaram redução de 3,8% de gordura, porém no corpo todo. Porém, elevação da peroxidação lipídica, redução da HDL-colesterol em indivíduos com hipertensão e dislipidemia, aumento da glicose e insulina, assim como aumento da resistência à insulina, foram verificados em estudos feitos por Mourão e colaboradores, em 20054 Dados os efeitos colaterais encontrados nos estudos propostos a essa verificação, o uso de CLA permanece controverso e portanto, não recomendado. ¹ Wang e Jones (2004) Wang, Y.; Jones, P.J.H. Dietary conjugated linoleic acid and body composition. Am J Clin Nutr. Vol. 79. 2004. p.1153-1158. ² Risérus, U.; Smedman, A.; Basu, S.; Vessby, B. Metabolic effects of conjugated linoleic acid in humans: the Swedish experience. Am J Clin Nutr. Vol. 79. 2004. p.1146S-1148S. ³ Smedman, A.; Vessby, B. Conjugated linoleic acid supplementation in humans: metabolic effects. Lipids. Vol. 36. 2001. p.773-781. 4 Mourão, D.M.; Monteiro, J.B.R.; Costa, N.M.B.; Stringheta, P.C.; Minim, V.P.R.; Dias, C.M.G.C. Ácido linoléico conjugado e perda de peso. Rev. Nutr. Campinas. Vol. 18. Num. 3. 2005. p.391-399 160 BCAA BCAA – Brainched-Chain Amino Acid Dos 20 aminoácidos primários, três são os de cadeia ramificada: leucina, isoleucina e valina. A suplementação de bcaa nada mais é do que a ingestão direta desses três aminoácidos. Os fabricantes de bcaas alegam que o suplemento ajuda na diminuição da degradação proteica e muscular, e aumento da performance, diminuindo a fadiga. A leucina mostra-se mais eficaz em relação ao mecanismo relacionado à insulina e ao estímulo da proteína quinase mTOR, via de sinalização para síntese proteica. Ajuda a reduzir a fadiga? Em uma análise¹ de 19 artigos, sendo 7 em ratos e 12 com humanos. Dentre os artigos realizados em ratos, todos demonstraram efeitos positivos, sendo que em seis, apenas a leucina foi administrada. Dos doze feitos com humanos, 5 verificaram respostas positivas na síntese proteica e inibição da proteólise (quebra de proteína), enquanto que sete, nenhum efeito positivo foi observado. Já a teoria de diminuição de fadiga central teve tanto apoio quanto rejeição, ainda não justificando o uso do suplemento. Em um estudo² muito interessante, foram verificados os indicadores de danos musculares creatina quinase e lactato desidrogenase em grupos placebo e grupos com doses de bcaa de 0.64gr por kg corporal durante 14 dias. Um teste no ergômetro foi realizado no dia 7, com duas horas de duração e intensidade de 70%, aproximadamente. As amostras sanguíneas demonstraram uma redução da lactato desidrogenase e da creatina quinase, que se manteve até o quinto dia após o teste. O estudo conclui que a ingestão de BCAA pode reduzir o dano muscular em exercícios de endurance. 161 Em mais um estudo³, a ingestão de leucina (um dos aminoácidos do bcaa) junto a carboidratos foi comparada a ingestão de carboidratos sozinhos em períodos pós treino. O grupo que ingeriu leucina+carboidrato obteve uma síntese proteica muscular maior, assim como melhor balanço proteico, comparado com o grupo que administrou apenas carboidratos. O principal motivo da suplementação do BCAA é reduzir o triptofano, neurotransmissor associado a fadiga, diminuindo assim a sensação de cansaço durante o treino. Dez homens treinados, atletas de endurance, executaram atividades de ciclismo em intensidade 70 a 75% e, divididos em três grupos nesse estudo duplo-cego, ingeriram 3gr de triptofano em um grupo, 6 gr de bcaa em outro grupo, 18gr de bcaa no último grupo. O tempo até exaustão do exercício não diferiu em nenhum dos grupos. Ao final do estudo4, não houve diferença nem mesmo no grupo que ingeriu triptofano, o que supostamente deveria reduzir a performance. Percebam que mais uma vez seu uso permanece controverso. Trarei novos estudos ao finalizar o próximo livro, porém saibam que a ingestão de aminoácidos de forma suplementar pode não trazer nenhum benefício quando não houver demanda sustentada pelos exercícios ou quando a dieta já atender a demanda existente. Maior ingestão proteica ou de aminoácidos não significará mais músculos ou melhor performance necessariamente. ¹ Camila Luana Wloch, Gustavo Schneider,Polyana Carolina de Souza, Rafaela Liberali. Suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) e seu efeito sobre o balanço proteico muscular e a fadiga central em exercícios de endurance. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva ISSN 1981-9927 ² Coombes JS, McNaughton LR. Effects of branched-chain amino acid supplementation on serum creatine kinase and lactate dehydrogenase after prolonged exercise. J Sports Med Phys Fitness. 2000 Sep ³ Koopman R, Wagenmakers AJ, Manders RJ, Zorenc AH, Senden JM, Gorselink M, Keizer HA, van Loon LJ. Combined ingestion of protein and free leucine with carbohydrate increases postexercise muscle protein synthesis in vivo in male subjects. Am J Physiol Endocrinol Metab. 2005 Apr;288(4) 162 4 van Hall G, Raaymakers JS, Saris WH, Wagenmakers AJ. Ingestion of branched-chain amino acids and tryptophan during sustained exercise in man: failure to affect performance. J Physiol. 1995 Aug 1 GLUTAMINA É um aminoácido não essencial e o mais presente em nossa estrutura corporal. Em situações de estresse, câncer, cirurgias, queimadas e exercícios extenuantes, a glutamina torna-se um aminoácido condicionalmente essencial, já que sua concentração intracelular diminui pela metade. Tem como funções produzir energia para linfócitos, transportar amônia, participar do processo de gliconeogênese e auxiliar na anti-oxidação. Justamente por auxiliar no sistema antioxidante, a glutamina passou a ser preconizada como um suplemento capaz de melhorar sua performance e recuperação, principalmente no sistema imunológico. Os fabricantes geralmente recomendam sua ingestão pós treino, já que exercícios físicos extenuantes diminuem a concentração sérica do aminoácido. A glutamina pode ser administrada na forma livre (L-glutamina), dipeptideo (L-alanil-Lglutamina) ou tripeptideo (alanil-glutaminil-glutamina). Segundo Rogero e colaboradores¹, as formas em dipeptideos ou tripeptideos tem absorção favorecida por possuírem um melhor mecanismo de transportador na membrana intestinal. Cury Boaventura e colaboradores², dividiram corredores de média distância, maratonistas, ultramaratonistas e remadores em grupos glutamina ou placebo observaram que a suplementação diminuiu a incidência de infecções nos sete dias posteriores ao exercício. Porem a concentração do número de leucócitos e a concentração sanguina de glutamina não foi diferente em comparação aos atletas que receberam placebo. 163 Daniel e Cavaglieri³ também não observaram diferenças entre grupo glutamina e placebo na resposta imunológica em estudos feitos com atletas de futebol, ingerindo 5gr pós treino durante trinta dias. No estudo de Nia e colaboradores, 2013, observou os efeitos da L-glutamina por eletromiografia no quadríceps após exercícios excêntricos. Dezessete homens saudáveis foram randomizados nesse estudo duplo-cego em grupos placebo (n=8) e L-glutamina (n=9), realizando 6 sets até exaustão de extensores de pernas a 75% de 1RM (repetição máxima), com intervalos de três minutos entre cada sete. Nenhuma diferença significante foi notada entre os grupos foi notada ao analisar marcadores de dano muscular. Em artigo publicado no Jornal of nutrition4, o autor analisa que vários atletas já ingerem altas doses de l-glutamina justamente pelo consumo altamente proteico presente na alimentação, Exercícios prologados e períodos de treinamento intenso são associados a diminuição da concentração da glutamina plasmática, porem a ingestão em forma de suplementos não previne essas alterações em períodos pós treino. Doses de 20 a 30 gramas ou de 0.65gr/kg não causaram efeitos colaterais e níveis anormais de amônia no sangue. No entanto, a suplementação de glutamina seja para aumentar síntese de glicogênio, imunidade ou melhorar o efeito anticatabólico tem um número muito baixo de evidencias, não justificando o seu uso. ¹ Rogero, M.M.; Tirapegui, J.; Pedrosa, R.G.; Pires, I.S.O.; Castro, I.A. Plasma and Tissue Glutamine Response to Acute and Chronic Supplementation with L-glutamine and Lalanyl-glutamine in Rats. Nutrition Research. Vol. 24. Num. 4. 2004. p. 261-270. ² Curyboaventura, M.F.; Levadapires, A.C.; Folador, A.; Albaloureiro, T.C.; Hirabara, S.M.; Peres, F.P.; Silva, P.R.; Curi, R.; Pithon-Curi, T.C. Effects of Exercise on Leukocyte Death: Prevention by Hydrolyzed Whey Protein Enriched with Glutamine Dipeptide. European Journal of Applied Physiology and Occupational Physiology. Vol. 103. Num. 3. 2008. p. 289- 294. ³ Daniel, J.F.; Cavaglieri, C.R. Suplementação de Glutamina e Resistência Imunológica em Atletas de Futebol. Saúde em Revista. Piracicaba. Vol. 7. Num. 17. 2005. p. 21-29 164 4Gleeson, M. Dosing and Efficacy of Glutamine Supplementation in Human Exercise and Sport Training. The Journal of Nutrition. Vol. 138. 2008. p. 2045S-2049S L-ARGININA Aminoácido condicionalmente essencial, assim como a glutamina, a l- arginina é sintetizada no corpo humano, porém também pode ser ingerida pela alimentação e suplementação. Faz parte da síntese de outras moléculas, como ornitina, creatina, prolina e óxido nítrico. Justamente pela sua associação ao óxido nítrico, o consumo dela pela suplementação vem crescendo por praticantes de atividades físicas, esperando melhor performance e absorção de nutrientes. Em uma revisão de estudos¹ as hipóteses de aumento de força, recuperação muscular, melhora de performance e remoção de metabolitos como lactato e amônia foram testadas. Cinco estudos retirados da literatura verificaram melhoras na performance, com três indicando resposta positiva. Oito estudos sobre efeitos crônicos foram avaliados, com quatro indicando melhorias no desempenho do exercício. As doses foram baixas, mantidas abaixo de 20gr, não indicando efeitos colaterais em indivíduos saudáveis. O autor conclui que ainda é prematuro recomendar suplementos contendo L arginina em indivíduos fisicamente ativos. ¹ Álvares TS1, Meirelles CM, Bhambhani YN, Paschoalin VM, Gomes PS. L-Arginine as a potential ergogenic aid in healthy subjects. Sports Med. 2011 Mar 1;41(3):233-48 165 ARGININA COM CITRULINA A L-citrulina é uma precursora da L-arginina, precursora do óxido nítrico que, como dito acima, tem função na vasodilatação, pressão sanguínea, respiração mitocondrial e é relacionada a melhora de performance. Sendo a L-citrulina parte do caminho metabólico para a síntese de óxido nítrico, é comum a associação de L-citrulina e L-arginina para melhor desempenho físico. Apesar de tudo isso, a suplementação de L-citrulina sozinha não aumenta a performance durante o exercício. A Resposta ergogênica de L-citrulina e L-arginina depende do nível de treinamento. Estudos¹ envolvendo pessoas não treinadas demonstraram respostas positivas na tolerância aeróbica e anaeróbica. Já estudos com indivíduos bem treinados não demonstraram diferenças significativas. Sureda A1, Pons A. Arginine and citrulline supplementation in sports and exercise: ergogenic nutrients? Med Sport Sci. 2012;59:18-28 BETA-ALANINA É um aminoácido precursor de carnosina, dipeptídeo em alta concentração no músculo esquelético. Sintetizada a partir dos aminoácidos histidina e beta-alanina, a carnosina é relacionada a diminuição da fadiga durante o exercício diminuindo substratos que a causam como, por exemplo, concentração de PH no sangue. No estudo de Outlaw e colaboradores¹, os autores avaliaram a suplementação de forma duplo-cega em 16 mulheres jovens não treinadas. As participantesconsumiram 3.4gr de beta alanina ou 5gr de maltodextrina quando no grupo placebo. O estudo durou 8 semanas e a sessão de treinamento consistia em 4 dias por semana, tanto de músculos superiores quanto inferiores. 166 Na conclusão, foi verificado que a suplementação de beta alanina foi eficaz na melhoria de resistência de músculos inferiores. Não foram encontrados efeitos aditivos na composição corporal ou força máxima. Concentrações elevadas de carnosina são encontradas em indivíduos com proporções elevadas de fibras rápidas. Atletas de Sprint geralmente possuem concentrações elevadas desse dipeptídeo no músculo². Em conclusão feita por Artioli e colaboradores a beta alanina tem como possíveis efeitos: -Aumento da concentração de carnosina muscular -Redução de fadiga em exercícios de alta intensidade -Efeito tampão, provocando melhoras no desempenho durante o exercício. Nenhum efeito colateral foi encontrado na suplementação, apenas em doses acima de 800mg, causando parestesia (sensação anormal sobre a pele, como queimação, dormência, coceira). ¹ Outlaw JJ1, Smith-Ryan AE, Buckley AL, Urbina SL, Hayward S, Wingfield HL, Campbell B, Foster C, Taylor LW, Wilborn CD. The Effects of ß-Alanine on Body Composition and Performance Measures in Collegiate Women. J Strength Cond Res. 2014 Dec 5 ² Derave W, Everaert I, Beeckman S, Baguet A. Muscle carnosine metabolism and beta-alanine supplementation in relation to exercise and training. Sports Med. 2010 Mar 1;40(3):247-63. ³ Artioli GG, Gualano B, Smith A, Stout J, Lancha AH Jr. PRÉ TREINOS A suplementação pré treino aumentou incrivelmente sua popularidade nos últimos anos, sugerindo benefícios como diminuição de cansaço, maior explosão, força e rendimento. Pelo fato da maioria dos pré treinos apresentarem 'proprietary blend', ou seja, as doses de cada ingrediente não serem descritas, há poucos estudos sobre esse tipo de suplementação. 167 Em um desses estudos¹, os autores verificaram as diferenças geradas em hormônios anabólicos, composição corporal, força muscular entre indivíduos que ingeriram pré e pós treinos com indivíduos que ingeriram placebo. O pré treino era uma porção de NO-Shotgun® (whey protein, caseína, Bcaa, creatina, beta alanina e cafeína) enquanto que o pós treino uma porção de NO-Synthesize® (whey protein, caseína, Bcaa, creatina e beta alanina). Os autores analisaram IGF-1, GH, Testosterona, composição corporal, circunferências, teste de 1 repetição máxima no supino e leg press e potência anaeróbica. A única diferença notada entre os dois grupos durante 6 semanas de estudos, foi justamente o teste de potência anaeróbica, aumentado no grupo que ingeriu o pré treino. Outro estudo², utilizando um pré treino composto de creatina, beta alanina, taurina, leucina e cafeína avaliou os possíveis benefícios dessa suplementação na potência anaeróbica, força muscular, composição corporal e humor. De forma duplo-cega, randomizada, 20 homens saudáveis consumiram 30gr do suplemento ou 30gr de maltodextrina meia hora antes da sessão de treinamento. Após oito dias de estudo, a massa livre de gordura e a força no Leg Press aumentou, de forma quase insignificante, no grupo que suplementou. O humor não foi alterado em ambos os grupos. Devido à grande diversidade de fórmulas patenteadas, fica difícil analisar suplementos de pré treino de forma individualizada. Porém, as substâncias neles encontradas, tais quais arginina, carnitina, cafeína, creatina, beta alanina, taurina, entre outras, podem ser analisadas individualmente. Como o teor de cada ingrediente não é sempre divulgado, é preciso cuidado ao escolher seu pré treino, não só pelos efeitos colaterais, como distúrbios gastrointestinais, efeito rebote causando fadiga precoce, cefaleia, entre outros mas também pela possível falta de necessidade de diversos ingredientes presentes na fórmula, repleta muitas vezes de corantes e outros aditivos químicos. 168 Caso o principal motivo para a utilização do pré treino seja o cansaço, é necessário analisar a dieta, observando se a quantidade de nutrientes está adequada e presente nos horários ideias. O sono irregular e uma dieta incondizente com as necessidades não podem ser repostos por substâncias estimulantes. Corrija sua alimentação, sua rotina e depois reveja com seu nutricionista a real necessidade de estimulantes pré treinos. ¹ Vogel RM, Joy JM, Falcone PH, Mosman MM, Kim MP, Moon JR. Safety of a dose-escalated pre-workout supplement in recreationally active females. J Int Soc Sports Nutr. 2015 Feb 21. ² Outlaw JJ, Wilborn CD, Smith-Ryan AE, Hayward SE, Urbina SL, Taylor LW1, Foster CA. Acute effects of a commercially-available pre-workout supplement on markers of training: a double-blind study. J Int Soc Sports Nutr. 2014 Aug 15;11:40 MULTIVITAMÍNICOS A indústria de suplementos alega que a maioria das pessoas sofre de déficit de micronutrientes. Esse déficit deve-se justamente a uma dieta irregular, sem as quantidades suficientes de frutas, legumes e vegetais, além do excesso de industrializados. Desde que a rotina da maioria das pessoas mudou, a suplementação de multivitamínicos cresceu exponencialmente. Nos EUA, estima-se que 50% da população faça uso desses suplementos. Os fabricantes alegam melhorias da capacidade cognitiva, melhor função antioxidante, redução de riscos cardiovasculares e maior longevidade. Porém, a diferença entre o que os fabricantes alegam e o que os estudos a longo prazo tem demonstrado é imensa. Em uma revisão de artigos¹ com 400.000 participantes (sim, isso mesmo que você leu, o número foi extremamente alto!), os autores não encontraram 169 evidência alguma que demonstrasse diminuição de riscos para doenças cardiovasculares e câncer. Avaliando efeitos de multivitamínicos com complexo B, vitaminas E, C e ômega-3, autores também não encontraram diferenças nas funções cognitivas entre grupos suplementados e placebo em 12 estudos verificados². Para piorar a situação, suplementos com Betacaroteno, altas doses de vitamina A e vitamina E, além de não possuírem efeito benéfico relatado, podem estar associados a maior mortalidade e devem ser evitados³ 4. A suplementação com ácido fólico, associada a menor risco cardíaco, também não se mostrou eficaz nesse fator, além ter aumentado o risco de pessoas com alto nível de homocisteína, em revisões de artigos feitos de 1966 a 20095. Após todas essas analises, é possível afirmar que o uso de multivitamínicos é desnecessário e até mesmo fator de risco para indivíduos saudáveis. Caso ocorra algum déficit, verificado através de sinais semiológicos junto a exames bioquímicos, o uso pode ser sustentado para correção, sendo a dieta também modificada para o mesmo fim. Fora isso, o correto fracionamento de micronutrientes, assim como a variedade alimentar ainda são as melhores maneiras de se manter saudável. ¹ Fortmann SP, Burda BU, Senger CA, Lin JS, Whitlock EP. Vitamin and mineral supplements in the primary prevention of cardiovascular disease and cancer: an updated systematic evidence review for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2013; 159:824-34. ² Lin JS, O'Connor E, Rossom RC, Perdue LA, Eckstrom E. Screening for cognitive impairment in older adults: a systematic review for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2013; 159:601-12. ³ Miller ER 3rd, Pastor-Barriuso R, Dalal D, Riemersma RA, Appel LJ, Guallar E. Meta-analysis: high-dosage vitamin E supplementation may increase all-causemortality. Ann Intern Med. 2005; 142:37-46. 4 Meta-analysis: high-dosage vitamin E supplementation may increase all- cause mortality. 5 Miller ER 3rd, Juraschek S, Pastor-Barriuso R, Bazzano LA, Appel LJ, Guallar E. Meta-analysis of folic acid supplementation trials on risk of cardiovascular disease and risk interaction with baseline homocysteine levels. Am J Cardiol. 2010; 106:517-27. 170 EPÍLOGO As informações não acabam aqui! O grupo do facebook está te esperando com ainda mais artigos sobre dieta e suplementação. O link é https://www.facebook.com/groups/nutricaoesportiva.abordagempratica/ Estou sempre atualizando o grupo com novas postagens e tentando agregar mais conhecimento aos participantes (inclusive postarei lá mais artigos como os dos capítulos de suplementação). Portanto, não percam tempo e solicitem a participação! Um grande abraço. Felipe K. Almeida 171 .