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No início do século XIX, a filologia que já vinha sofrendo mudanças com o iluminismo francês, passa de fato por uma revolução cientifica, pois, inserida no contexto de uma Europa com maior disseminação do conhecimento e com uma visão romântica, baseada na busca da verdade absoluta por meio da razão, é ocasionada uma radicalização do pensamento cientifico e estudos de cunho positivistas ganham espaço na filologia, no entanto, a filologia ainda era estruturada em bases religiosas.
Nesse contexto positivista, o objeto de estudo da filologia oitocentista lato sensu era o texto escrito, analisado por meio de estudos linguísticos etimológicos, glossários e especialmente trabalhos relacionados a aspectos fonéticos e fonológicos. A partir desses estudos foi descoberto por meio da comparação das afinidades genealógicas entre o sânscrito, o latim e o grego no século XVIII e em seguida foi publicado a obra “Sobre o sistema das conjunções em sânscrito” do linguista alemão Franz Bopp, e as afinidades fonéticas e morfológicas entre as línguas já citadas que apontavam para existência de uma língua comum anterior, o indo-europeu. (o que resultou no estabelecimento da gramática comparada. )
Com o caráter científico da filologia, orientada pelo ponto de vista filosófico que tinha o interesse de descobrir obras literárias que revelassem o espírito dos povos e resgatasse a cultura por meio da língua chamado de “Volkgeist”, expressão utilizada na filosófica Hengeliana, houve um aprofundamento na investigação da “língua original”, e teorias de povos que possuíam línguas puras, línguas que precisavam ser cuidadas para não degenerecer, tentativas de reconstrução do texto verdadeiro (equitótica), e a defesa da relação de língua com raça e purismo linguístico ganham força. 
A partir da visão comparativa e a legitimidade dada ao discurso da filologia oitocentista pela investigação cientifica, foi produzido as noções de famílias de línguas foi produzido a ideia de civilizações inferiores e superiores. Essa linha de pensamento teve consequências que refletem até a atualidade. Com discursos que limitam povos e suas culturas, contribuem para a criação de estereótipos e prejudica construções de identidades, o que ultrapassa o recorte linguístico e se dirige ao oportunismo político. 
Atualmente a filologia/crítica textual stricto sensu, diferente da filologia do século XIX, se dedica a investigação de vários aspectos da língua para entender o texto, aspectos esses obtidos pelo estudo da linguística histórica. Tradicionalmente a crítica textual busca a reconstrução do texto afim de aproximá-lo ao máximo da edição original, além de averiguar autenticidade do texto. Outro viés da crítica textual contemporânea estuda as variações das edições e os processos de produção e recepção do texto, tendo em vista o contexto histórico-cultural em que estão integradas as produções textuais.