Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MEDIDAS DIRETAS DE DISTÂNCIA Docente: Ismara Simão Curi MEDIÇÃO DE DISTÂNCIAS Em Topografia, a distância entre dois pontos significa a distância horizontal. As distâncias inclinadas são reduzidas às dimensões de sua projeção horizontal equivalente. Além disso, temos também a distância linear vertical ou diferença de níveis. MEDIDAS LINEARES As distâncias podem ser medidas direta ou indiretamente. Direta: Quando o instrumento de medida é aplicado diretamente sobre o terreno. Como, por exemplo, usando ternas. Fitas - 30, 60, 100 e 150 metros – maior precisão Fibra de vidro 20 a 50 m (com invólucro) 20 a 100 m (sem invólucro) - prática e segura. MEDIDAS LINEARES Indireta: Quando se obtém o valor da distância com auxílio de modelos matemáticos previamente conhecidos. Assim, é necessário realizar alguns cálculos sobre as medidas efetuadas em campo, para se obter indiretamente o valor da distância. Utilizando, por exemplo, aparelhos como Teodolito, Estação Total e GPS. ACESSÓRIOS Acessórios: São instrumentos que irão auxiliar na medida direta da distância. Os principais são: Piquetes; Estacas testemunhas; Balizas; Nível de cantoneira; Cadernetas de campo. PIQUETES Os piquetes são necessários para marcar convenientemente os extremos do alinhamento a ser medido. Apresentam as seguintes características: Fabricados de madeira roliça ou de seção quadrada com superfície no topo plana; Assinalados na sua parte superior com tachinhas de cobre, pregos ou outras formas de marcações que sejam permanentes; Comprimento variável de 15 a 30 cm; Diâmetro variando de 3 a 5 cm; É cravado no solo, porém, parte dele (cerca de 3 a 5 cm) deve permanecer visível, sendo que a sua função principal é a materialização de um ponto topográfico no terreno. ESTACAS TESTEMUNHAS São utilizadas para facilitar a localização dos piquetes, indicando sua posição aproximada. Estas normalmente obedecem as seguintes características: Cravadas próximo ao piquete, cerca de 30 a 50 cm; Comprimento variável de 15 a 40 cm; Diâmetro variável de 3 a 5 cm; Chanfras na parte superior para permitir uma inscrição, indicando o nome ou número do piquete. Normalmente, a parte chanfrada é cravada voltada para o piquete; Devem ficar aproximadamente 50 cm fora do terreno. PIQUETE E ESTACAS TESTEMUNHAS BALIZAS Materializam a ordenada vertical de um ponto do terreno. São utilizadas para manter o alinhamento entre pontos, quando há a necessidade de se executar vários lances. São hastes de ferro (ou madeira) pintadas alternadamente nas cores branca e vermelha para permitir que sejam facilmente visualizadas à distância. Comprimento de 2,0 m e diâmetro de 16 a 20 mm. Apresentam uma ponta guarnecida de ferro, a ser colocada sobre o piquete. NÍVEL CANTONEIRA Equipamento em forma de cantoneira e dotado de bolha circular que permite ao auxiliar segurar a baliza na posição vertical sobre o piquete ou sobre o alinhamento a medir. CADERNETA DE CAMPO Documento onde são registrados todos os elementos levantados no campo. MÉTODO DE MEDIDA DIRETA – COM TRENA Para determinar a distância horizontal entre dois pontos, apoia-se a baliza sobre o piquete que marca o ponto topográfico (nivelada verticalmente com auxílio do nível de cantoneira) e esticar a trena até a outra baliza localizada no ponto final ou intermediário. MÉTODO DE MEDIDA DIRETA – COM TRENA Quando não é possível medir a distância entre dois pontos utilizando somente a medição com a trena (para comprimentos maiores que a trena) costuma-se dividir a distância a ser medidas em partes, chamadas de lances. Distância Horizontal = DH DH = (4*20)+8,35 = 88,35 m MÉTODO DE MEDIDA INDIRETA TAQUEOMETRIA OU ESTADIMETRIA A Taqueometria, do grego “takhys” (rápido), “metren” (medição), compreende uma série de operações que constituem um processo rápido e econômico para a obtenção indireta da distância horizontal e diferença de nível. O levantamento taqueométrico é usado principalmente para definição planialtimétrica de parcelas do terreno, realizado através de poligonais e de irradiações a partir dos vértices das poligonais. O método correntemente empregado é o de num vértice de coordenadas conhecidas, obtidas através da poligonação, ou mesmo de uma triangulação, levantar os pontos em todas as direções que definam nitidamente as feições da superfície terrestre necessárias ao trabalho que se está realizando. TAQUEOMETRIA OU ESTADIMETRIA As observações de campo são realizadas com auxílio de Teodolitos, realizando-se medição do ângulo vertical ou ângulo zenital. TAQUEOMETRIA OU ESTADIMETRIA Como indicado na figura abaixo, a estádia do teodolito é composta de três fios estadimétricos horizontais e um fio estadimétrico vertical. TAQUEOMETRIA OU ESTADIMETRIA As Miras são réguas graduadas que servem para taqueometria e nivelamento geométrico. Existem no mercado diversos modelos, podendo ser constituídas de madeira, fibra de vidro, alumínio ou ínvar (ligas à base de Níquel e Ferro). LEITURA DE MIRA Durante a leitura em uma mira convencional devem ser lidos quatro algarismos (m, dm, cm, mm). A mira está graduada em centímetros, ou seja, cada espaço branco ou preto corresponde a 1 centímetro. Verificação de leitura: FM = (FS + FI) / 2 ± 1mm DISTÂNCIA HORIZONTAL A distância é determinada a partir da seguinte equação: DH = 100* I *cos² α ou DH = 100 * I *sen² Z Onde: DH é a distância horizontal; I é o intervalo de leituras na mira; α é o ângulo vertical; Z é o ângulo zenital. DISTÂNCIA VERTICAL A distância vertical ou desnível é determinado pela seguinte equação: DN = DH * tg α - FM + Ai ou DN = DH * cotg Z - FM + Ai Onde: DH = distância horizontal entre os dois pontos; FM = leitura Lc, realizada na mira com a linha de vista central; Ai = altura do centro ótico da luneta até o ponto topográfico. CUIDADOS E PRECISÃO NAS MEDIDAS Cuidados na medição de distância: Manutenção do alinhamento a medir; Horizontalidade da trena; Tensão uniforme nas extremidades. Precisão na medição de distância: Dispositivo de medição utilizado; Acessórios; Cuidados tomados durante a operação. EXERCÍCIO 1 Faça as leituras de mira dos fios superior e inferior na figura abaixo. Compare a soma das duas com o dobro da leitura do fio médio. EXERCÍCIO 1 - RESPOSTA FS = 3,691 FI = 3,641 FS + FI = 7,332 2 * FM = 3,667 * 2 = 7,33 DIFERENÇA DE 1 mm OK! EXERCÍCIO 2 O teodolito foi estacionado na estaca A e irradiaram visadas para três pontos. Sabe-se que: AzA1 = 330º00’00”, CA = 20,00 m e Ai = 1,60 m. Determinar as distâncias horizontais e verticais, bem como as cotas de cada PV. FS FM FI 1 0° 00' 00" 63° 26’ 1,725 1,6 1,475 2 50° 00' 00" 70° 04’ 1,196 1,008 1,000 3 100° 43' 00" 78° 22’ 2,198 2,099 2,000 A ZANG. HORIZONTALPVEST LEITURAS DA MIRA EXERCÍCIO 2 - RESPOSTA FS FM FI 1 0° 00' 00" 63° 26’ 1,725 1,6 1,475 0,250 19,999 10,00042 30,00042 2 50° 00' 00" 70° 04’ 1,196 1,008 1,000 0,196 17,32 6,873831 26,87383 3 100° 43' 00" 78° 22’ 2,198 2,099 2,000 0,198 18,99 3,41161 23,41161 I DH DN COTA A ZANG. HORIZONTALPVEST LEITURAS DA MIRA TEORIA DOS ERROS ERROS DE TOPOGRAFIA ERROS DE OBSERVAÇÃO Para representar a superfície da Terra são efetuadas medidas de grandezas como direções, distâncias e desníveis. Estas observações inevitavelmente estarão afetadas por erros. As fontes de erro poderão ser: Condições ambientais: causados pelas variações das condições ambientais, como vento, temperatura, etc. Exemplo: variação do comprimento de uma trena com a variação da temperatura. ERROS DE OBSERVAÇÃO Instrumentais:causados por problemas como a imperfeição na construção de equipamento ou ajuste do mesmo. A maior parte dos erros instrumentais pode ser reduzida adotando técnicas de verificação/retificação, calibração e classificação, além de técnicas particulares de observação. ERROS DE OBSERVAÇÃO Pessoais: causados por falhas humanas, como falta de atenção ao executar uma medição, cansaço, etc. CLASSIFICAÇÃO DOS ERROS Os erros, causados por estes três elementos apresentados anteriormente, poderão ser classificados em: Erros Grosseiros; Erros Sistemáticos; Erros Aleatórios. ERROS GROSSEIROS Normalmente relacionados com a desatenção do observador ou uma falha no equipamento. Cabe ao observador cercar-se de cuidados para evitar a sua ocorrência ou detectar a sua presença. A repetição de leituras é uma forma de evitar erros grosseiros. Alguns exemplos de erros grosseiros: Anotar 196 ao invés de 169; Engano na contagem de lances durante a medição de uma distância com trena. ERROS SISTEMÁTICOS São aqueles erros cuja magnitude e sinal algébrico podem ser determinados, seguindo leis matemáticas ou físicas. Pelo fato de serem produzidos por causas conhecidas podem ser evitados através de técnicas particulares de observação ou mesmo eliminados mediante a aplicação de fórmulas específicas. São erros que se acumulam ao longo do trabalho. Exemplo de erros sistemáticos, que podem ser corrigidos através de fórmulas específicas: Efeito da temperatura e pressão na medição de distâncias com medidor eletrônico de distância; Correção do efeito de dilatação de uma trena em função da temperatura. ERROS ACIDENTAIS OU ALEATÓRIOS São aqueles que permanecem após os erros anteriores terem sido eliminados. São erros que não seguem nenhum tipo de lei e ora ocorrem num sentido ora noutro, tendendo a se neutralizar quando o número de observações é grande. Aumentando o número de observações, aumenta a probabilidade de se chegar próximo ao valor real. Exemplo de erros acidentais: Inclinação da baliza na hora de realizar a medida; Erro de pontaria na leitura de direções horizontais. ERROS NA MEDIDA DIRETA DE DISTÂNCIAS Desvio lateral do alinhamento: O prolongamento visual do alinhamento e as sucessivas trenadas acarretam erros que influenciam na medição e devem ser minimizados. ERROS NA MEDIDA DIRETA DE DISTÂNCIAS Desvio vertical ou falta de horizontalidade da trena: erro produzido pelo desvio vertical da trena, medindo-se D2 em vez de D. ERROS NA MEDIDA DIRETA DE DISTÂNCIAS Erro de catenária: ainda no sentido vertical, o próprio peso da trena descreve uma curva ou “barriga”, provocando o erro de catenária ao medir D4 em vez de D. O excesso de tensão nas extremidades da trena também geram erros. ERROS NA MEDIDA DIRETA DE DISTÂNCIAS Falta de Verticalidade da Baliza: na tentativa esticar bem a trena o operador tende a deslocar a baliza da vertical, produzindo com a inclinação um erro grosseiro. Recomenda-se usar o nível de cantoneira para evitar este erro. PRECISÃO E ACURÁCIA A precisão está ligada a repetibilidade de medidas sucessivas feitas em condições semelhantes, estando vinculada somente a efeitos aleatórios. A acurácia expressa o grau de aderência das observações em relação ao seu valor verdadeiro, estando vinculada a efeitos aleatórios e sistemáticos. PRECISÃO DAS TRENAS Considerando-se os efeitos de tensão, temperatura, horizontalidade e alinhamento, temos a seguinte precisão para medidas realizadas utilizando trenas. PRECISÃO DOS TEODOLITOS Segundo a NBR 13133:1994, os teodolitos são classificados segundo o desvio padrão de uma direção observada em duas posições da luneta, conforme tabela abaixo. Classe de Teodolitos Desvio-padrão precisão angular Precisão baixa ≤ ± 30" Precisão média ≤ ± 07" Precisão Alta ≤ ± 02" CÁLCULO DE MÉDIA CÁLCULO DO DESVIO PADRÃO EXERCÍCIO 1 1) Uma distância foi mensurada 10 vezes, calcule o valor mais provável dessa grandeza, bem como sua precisão: Distância (m) 1. 101,33 2. 101,328 3. 101,333 4. 101,352 5. 101,344 6. 101,36 7. 101,312 8. 101,319 9. 101,335 10. 101,343 EXERCÍCIO 1 - RESPOSTA Valor mais provável: Calculando a média: 101,3356 m Precisão: Calculando o desvio padrão: 0,0146 m Distância = 101,3356 ± 0,0146 m EXERCÍCIO 2 2) Calcule a leitura angular mais provável e sua possível variação: Ângulo 1. 54º 13’22” 2. 54º 13’24” 3. 54º 13’23” 4. 54º 13’20” 5. 54º 13’25” 6. 54º 13’21” 7. 54º 13’22” 8. 54º 13’21” 9. 54º 13’24” 10. 54º 13’25” EXERCÍCIO 2 - RESPOSTA Valor mais provável: Calculando a média: 54° 13' 22,7” Precisão: Calculando o desvio padrão: 1,76” Distância = 54° 13' 22,7” ± 1,76” BIBLIOGRAFIA VEIGA, L. A. K.; et al. Fundamentos de topografia. Apostila. UFPR. 2012. ABNT NBR 13.133:1994 – Execução de levantamento topográfico. SILVA, M. M. S. Padronização de termos empregados na instrumentação geodésica. Disponível em: <http://docs.fct.unesp.br/departamentos/cartografia/eventos/2007_II_SBG/artigo s/A_036.pdf> Acesso em 20 de agosto de 2016. SANTOS, J. L. Infraestrutura Topografia 2. Barra da Estiva-BA, 2012. Aula divisão da Topografia. Disponível em: <http://wiki.urca.br/dcc/lib/exe/fetch.php?media=aula_01_modo_de_compatibilid ade_.pdf>. Acesso em 20 de agosto de 2016.
Compartilhar