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1 SEMANA 09 – CONTESTAÇÃO EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA XX DA VARA DO TRABALHO DE XX/UF - AUTOS DO PROCESSO N° XXXX Banco Confiança, já qualificado nos autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em pígrafe, movida por PAULO, também já devidamente qualificado, que tramita em rito ........., vem através do seu advogado que esta subscreve, endereço eletrônico ........., com endereço profissional em ........., propor a presente CONTESTAÇÃO com base nos fatos e fundamentos que passa a expor: DAS PRELIMINARES - DA IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO DA PARTE RECLAMANTE - AUSÊNCIA DE PROCURAÇÃO DO PATRONO DO RECLAMANTE Desde logo, registre-se a ausência de representação regular do reclamante, haja vista a ausência de procuração especifica concedida ao patrono da causa. Assim , com fulcro no artigo 76 do CPC/2015, haja vista a irregularidade da representação da parte, entende-se pela suspensão do processo, com a consequente designação de prazo para que seja sanado o vício pelo reclamante. DO MÉRITO - DOS FATOS O reclamante Paulo ocupava o cargo de gerente-geral do Banco Confiança, desde 2010, quando foi promovido e, então, passou a receber o dobro de seu salário anterior. Registre-se que o Banco Confiança custeou para Paulo a realização de seu MBA em Finanças, investindo na capacitação do ex empregado um valor total de R$30.000,00. Tal financiamento foi estipulado contratualmente com apenas uma cláusula de permanência do obreiro nos quadros funcionais do Banco por 2(dois) anos após o término do curso, sob pena de ressarcimento integral, caso o empregado viesse a 2 pedir demissão antes do período pactuado. Segundo o reclamante, apesar de muito satisfeito com seu trabalho, ao receber uma proposta irrecusável de outra instituição financeira, não hesitou e pediu demissão do Banco seis meses após o término de sua especialização profissional. O Banco, por sua vez, lhe pagou corretamente todas as parcelas decorrentes da extinção do contrato de trabalho, no entanto, ao ser questionado quanto ao pagamento das inúmeras horas extras prestadas desde 2010 até o fim de seu contrato, o empregador alegou não serem devidas. Não satisfeito, Paulo ajuizou a Reclamação Trabalhista que doravante passa a ser contestada pelo réu, com fulcro nos princípios da eventualidade, da impugnação especificada e da concentração. - DOS FUNDAMENTOS - DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE HORAS EXTRAS Não há qualquer fundamentação legal para o pedido de horas extras requeridas pelo reclamante, uma vez que o mesmo exercia função gerencial na instituição bancária reclamada, ou seja, o obreiro possuía uma função de total confiança na instituição empregadora. Há de se enfatizar que o reclamante quando fora promovido ao cargo de gerente, em 2010, passou a receber o dobro de sua remuneração anterior. Portanto, o acréscimo em seu salário se deu em função do valor da gratificação da função gerencial, que é, então, superior a um terço do salário de seu cargo efetivo, exatamente como previsto no § 2º do citado artigo 224 da CLT. Por essa razão, a jornada laboral do reclamante não estaria igualada à constante no artigo 224 da CLT. Visando demostrar as alegações aqui apresentadas, vejamos que expressa o citado dispositivo legal, como segue: “Art. 224 - A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas continuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana. § 1º A duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará compreendida entre sete e vinte e duas horas, assegurando-se ao empregado, no horário diário, um intervalo de quinze minutos para alimentação. § 2º As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes ou que desempenhem outros cargos de confiança desde que o valor da gratificação não seja inferior a 1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo”. DA RECONVENÇÃO Considerando que o CPC pode ser usado subsidiariamente naquilo que não for contrário à CLT e, assim, ainda, consoante dispõe o artigo 343 daquele Código de Processo Civil, na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Registre-se que tal entendimento fora ratificado pelo TST, por meio da Instrução Normativa Nº 39/2016. Dito isso, o réu, visto as pretensões conexas existentes, passa a pleitear a seguinte 3 ação de reconvenção sob os fundamentos fáticos-jurídicos que passa a expor. - DA NECESSIDADE DE RESSARCIMENTO AO BANCO CONFIANÇA DOS VALORES GASTOS COM A ESPECIALIZAÇÃO DO RECLAMANTE Conforme já relatado na parte fática desta peça, O Banco Confiança custeou para Paulo a realização de um MBA em Finanças, investindo na capacitação do ex empregado, como uma ação da política de aprimoramento de seu quadro funcional. O investimento total fora de R$30.000,00. Em contrapartida, a instituição financeira empregadora apenas estipulou contratualmente uma cláusula de permanência nos quadros funcionais do Banco por 2 anos após o término do curso, sob pena de ressarcimento integral, caso o empregado viesse a pedir seu desligamento antes do período pactuado contratualmente. A cláusula era necessária, haja vista a garantia de retorno do investimento que se empregou na especialização do obreiro. Entretanto, Paulo, apesar de muito satisfeito com seu trabalho, ao receber uma proposta irrecusável de outra instituição financeira, pediu demissão 6(seis) meses após o término de sua especialização profissional. Nesse sentido, Excelência, resta evidenciada a má fé do reclamante, pois sendo o mesmo sabedor do acordo firmado, não titubeou e aproveitou a primeira oportunidade de se desligar do Banco, sem cumprir o que fora pactuado, ou seja, não efetuou o ressarcimento dos valores investidos no MBA que cursou. Nesse sentido, vem decidindo os Tribunais Regionais do Trabalho, conforme abaixo se exemplifica: “TRT-1 - Recurso Ordinário RO 12839720115010041 RJ (TRT-1) Data de publicação: 15/02/2013 Ementa: 8ª T U R M A TERMO DE COMPROMISSO. CLÁUSULA DE PERMANÊNCIA. VALIDADE. MULTA CONTRATUAL. Ciente o autor dos termos ajustados quando de sua admissão, não se vislumbra nos autos qualquer vício de consentimento sendo válidos os descontos dos cursos custeados pela ré, por ter pedido demissão antes de completar dois anos de casa”. “TRT-2 - RECURSO ORDINÁRIO RO 23160720115020 SP 00023160720115020038 A28 (TRT-2) Data de publicação: 08/11/2013 Ementa: CLÁUSULA DE PERMANÊNCIA. VALIDADE. O empregado que recebe formação profissional custeada pelo empregador e descumpre cláusula de permanência em serviço, para fins de reversão dos benefícios da formação profissional em prol da empresa e retorno do investimento feito, deve indenizar o empregador acerca dos investimentos da formação profissional”. Diante do exposto, faz-se necessário o ressarcimento, pelo autor, de todo o valor gasto pelo Banco Confiança, corrigido monetariamente, desde à data do dispêndio, até a data atual. 4 DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer à V. Exª: 1. Seja acolhida a preliminar de irregularidade de representação da parte autora, especificamente no que tanga à ausência de procuração específica ao patrono da causa e, assim, dar-se a imediata suspensão do processo em pauta, a fim de que seja designado prazo para que seja sanado o vício, sob pena dos efeitos do artigo 76 do CPC de 2015. 2. No mérito, a improcedência do pedido de horas extras, ante a falta de fundamentaçãoque lhe dê sustentação; 3. Seja reconhecida a ação de reconvenção proposta, com fulcro no artigo 343 do CPC/2015, em razão dos fatos e fundamentos apresentados e que lhe dão sustento; DAS PROVAS Requer a produção de provas documentais, documentais supervenientes, testemunhais e o depoimento pessoal do reclamante. Termos em que, pede deferimento, Cidade/UF, DD/MM/AA Advogado OAB/UF XXXX
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