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LINDB: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

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A LINDB é a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, nº 4.647 de 4 de setembro de 1942.
Art. 1º – Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
Nota-se que este dispositivo estabelece a Vacatio Legis da norma brasileira. O período da vacância (Vacatio) é o tempo destinado a adaptação da sociedade com relação à nova lei. Tecnicamente, é o período que medeia da data da publicação a efetiva entrada em vigor da lei.
Importante observar que existem exceções como o próprio artigo nos fala. Existe lei que não possui tempo algum de vacância produzindo seus efeitos imediatamente após oficialmente publicada. Quando não for estabelecido prazo especial no próprio texto da lei considerar-se-á o prazo de 45 dias da LINDB.
§ 1º – Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada.
Leia-se 3 meses e não 90 dias. (Este detalhe é explorado em questões de prova)
§ 2º – Revogado;
§ 3º – Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará da nova publicação.
Este parágrafo estabelece a possibilidade de modificação do texto legal dentro do prazo da Vacatio Legis, expressamente estabelecendo que o prazo do caput começa a “correr” da NOVA publicação.
§ 4º – As correções a texto de lei em vigor consideram-se lei nova.
Art. 2º – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
Neste artigo, fica claro que somente lei posterior revoga a lei anterior (SOMENTE LEI REVOGA LEI). É na regra geral deste artigo que encontramos o princípio da continuidade da lei.
Também é notório que, antes da regra geral deste dispositivo, se estabelece expressamente a exceção, ou seja, aquela lei destinada à vigência temporária, são os casos:
LEI TEMPORÁRIA: lei temporária propriamente dita, possui tempo inicial e um tempo final. Esta lei se auto revoga. Ex: Lei da Copa.
LEI EXCEPCIONAL: é um tipo de lei temporária, possui um tempo inicial e se difere por ter um termo final, ou seja, não há data certa. Também se auto revoga no momento em que cessar aquilo que lhe deu causa. Ex: Uma lei perante uma calamidade pública.
O artigo cita o termo REVOGAR. Vejamos: revogação é o ato de revogar, ou seja, fazer cessar a eficácia e a vigência da lei. A revogação ocorre por duas maneiras.
Ab-rogação – espécie de revogação total; é revogada a lei de maneira geral em todos os seus artigos e parágrafos.
Derrogação – espécie de revogação parcial; somente algum artigo e/ou parágrafo.
Essas duas espécies de revogação, por sua vez, também são divididas em: tácita e expressa. Expressa é quando o legislador diz de forma clara, inequívoca, a revogação que ele quer fazer. Ex: revogam-se os artigos x,y,z da lei nº 111. Já a tácita ocorre quando o legislador não diz de forma nítida, deixando implícita, subentendida. Ex: revogam-se as disposições em contrário.
§ 1º – A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º – A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
Os dois parágrafos supracitados, referem-se às formas pelas quais a lei posterior revogará a anterior; como também, o momento em que não considerar-se-á modificada nem mesmo revogada, hipótese de lei complementar.
§ 3º – Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido vigência.
Este dispositivo dispõe sobre a lei revogada não voltar a viger pelo fato da sua lei revogadora ter perdido a vigência. Porém, mais uma vez, encontramos uma exceção prevista no próprio parágrafo terceiro. Tal exceção, refere-se ao chamado efeito repristinatório. Este efeito faz com que a lei nova possua carácter duplo, ou seja, revoga a lei anterior ao mesmo tempo que restabelece, expressamente, a primeira lei que já havia sido revogada.
Art. 3º – Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Neste artigo identificamos o princípio da obrigatoriedade da lei.
Art. 4º – Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.
No presente dispositivo são apontadas as diretrizes legais para o momento em que o magistrado se deparar com a lacuna da lei. Assim, deverá se utilizar dos mecanismos pertencentes ao direito de integração, ou seja, analogia, costumes e princípios gerais. É importante que a ordem elencada no supracitado artigo seja respeitada.
Art. 5º – Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e as exigências do bem comum.
Em mais um artigo destinado especialmente ao juiz, fica claro o princípio da equidade, ou seja, o direito de justiça ao caso concreto.
Art. 6º – A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º – Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º – Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida, inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º – Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
O presente artigo abarca uma série de conceitos importantes para o direito.
Primeiro, é fundamental ressaltar que, a matéria abordada pelo legislador refere-se ao chamado direito intertemporal.
Em regra, toda lei que entra em vigor possui efeitos imediatos e gerais, portanto possui como característica a irretroatividade.
A irretroatividade se faz importante para assegurar segurança jurídica e estabilidade a vida em sociedade. “O direito de hoje não pode ser violado pela lei de amanhã. ”
Assim, em via de regra, a lei nova não pode atingir situações reguladas pela lei anterior.
OBS: Chama-se a atenção para as exceções no ramo do direito penal. (Princípio da retroatividade da lei mais benéfica e Princípio da irretroatividade da lei in pejus.)
A LINDB é uma lei de suma importância no estudo jurídico, e como já vimos, não diz respeito somente ao campo civilista, e sim a todas as demais áreas do direito.

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