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2 Módulo 02 - As cidades e a mudança do clima: desafios e oportunidades Aula 01: As cidades no século XXI .................................................................................................................................................... 4 Uma breve análise dos municípios brasileiros ............................................................................................................................. 5 Aula 02: Articulação dos municípios ............................................................................................................................................... 7 Gases de Efeito Estufa (GEE) nas cidades ....................................................................................................................................... 7 Aula 03: Algumas iniciativas: plataformas e redes conhecimento ................................................................................ 10 O engajamento das cidades brasileiras ........................................................................................................................................ 11 Aula 04: Plano Diretor Ambiental (PDA) ..................................................................................................................................... 14 Planos Setoriais ...................................................................................................................................................................................... 14 O que é um Plano Diretor (PD)? ...................................................................................................................................................... 15 O que tem em um Plano Diretor (PD)? ......................................................................................................................................... 15 Plano Diretor Ambiental (PDA)......................................................................................................................................................... 16 Aula 05: Gestão de risco: vulnerabilidades ................................................................................................................................ 18 Vamos saber como prevenir e detectar os sinais ...................................................................................................................... 19 Algumas dicas para se prevenir das chuvas nas áreas de risco ........................................................................................... 20 Aula 06: Mobilidade ............................................................................................................................................................................... 22 Transporte público de baixo carbono como o metrô ainda é incipiente no Brasil ...................................................... 24 Aula 07: Resíduos Sólidos e Saneamento ................................................................................................................................... 26 Tipos de Resíduos ................................................................................................................................................................................. 27 Duas importantes leis que mitigam as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) ...................................................... 28 3 Olá! Que bom ter você aqui no Módulo 02 desta jornada. Agora que você já sabe um pouco sobre mudança do clima, vamos ver a importância das cidades nesse contexto. Serão sete aulas, as quais mostraremos os principais instrumentos existentes para uma gestão de baixo carbono. Alguns desses instrumentos já estão sendo implementados e você verá porque a contribuição de cada um é importante na descarbonização do território. Para tanto, estruturamos a aprendizagem da seguinte forma: Aula 01: As cidades no século XXI Aula 02: Articulação dos municípios Aula 03: Algumas iniciativas: plataformas e redes conhecimento Aula 04: Plano Diretor Ambiental (PDA) Aula 05: Gestão de risco: vulnerabilidades Aula 06: Mobilidade Aula 07: Resíduos Sólidos e Saneamento Muito bem! Agora já podemos dar início a primeira aula, do Módulo 02, As cidades no século XXI. Pronto(a) para começar? Boa aula! 4 Aula 01: As cidades no século XXI Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a América Latina e o Caribe (ALC) é a região em desenvolvimento que registrou a mais rápida urbanização no mundo. A população urbana passou de 41% em 1950 para 80% em 2010. Ao mesmo tempo, a região mostra uma importante concentração de atividade econômica nas zonas urbanas. Atualmente, entre 60% e 70% do Produto Interno Bruto (PIB) regional é produzido nos centros urbanos. As cidades são sistemas complexos e interdependentes de vários setores, cuja dinâmica influencia a qualidade de vida de milhões de pessoas e boa parte da economia regional. Os centros urbanos são responsáveis pela maior parte das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) devido ao uso de combustíveis fósseis, tanto de forma direta (principalmente na indústria e no transporte urbano) quanto indireta (geração de eletricidade ou transporte de mercadorias). Os desequilíbrios ambientais, econômicos e sociais das cidades podem gerar barreiras intransponíveis para o desenvolvimento sustentável dos países, pois segundo levantamento realizado pelo BID, duas em cada três pessoas que vivem nas cidades latino-americanas estão em condições de pobreza. Apesar de gerar riquezas e oportunidades, o impacto das cidades sobre o meio ambiente e a alta vulnerabilidade das cidades latino-americanas em relação à mudança do clima, aos desastres naturais e às limitações financeiras nos obriga a refletir sobre o conceito de sustentabilidade no desenvolvimento urbano. Muitas cidades desenvolveram inventários e estabeleceram planos de ação climáticos e legislação específica. Os métodos padronizados para delimitar, calcular e reportar essas emissões são fundamentais para avaliar o desempenho das cidades ao longo do tempo e desenvolver planos de ação para uma economia de baixo carbono. A existência de diversas tipologias de cidades no Brasil requer a utilização de estratégias e métodos baseados em referências nacionais, locais ou próprias para políticas de mitigação e adaptação. As intervenções necessárias para isso passam necessariamente pela gestão de risco de desastres baseada no reconhecimento da vulnerabilidade socioambiental do município - que implica na expansão da mancha urbana em áreas de preservação ambiental e a gestão das águas e dos resíduos. Assista ao vídeo do Canal Futura que tem como título: O crescimento das cidades e a periferização. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=puIh8Hr8tX4. 5 Muito bem! Tendo ciência do impacto das cidades sobre o meio ambiente e a vulnerabilidade das cidades em relação à mudança do clima, vamos fazer uma análise dos municípios brasileiros neste próximo tópico. Uma breve análise dos municípios brasileiros É impossível implantar um padrão único de política pública de enfrentamento da mudança do clima no país. O Governo Federal emana as diretrizes gerais para orientar os estados e os municípios a elaborarem seus planos regionais e locais, por exemplo, o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA). Temos que considerar que as diversidades produtivas, sociais, culturais e espaciais (regionais, urbanas e rurais) com suas assimetrias e obstáculos se configuram como um desafio na promoção do desenvolvimentosustentável em um país continental como o nosso. Um dos aspectos que evidencia essas dissemelhanças é a quantidade de pequenos municípios existentes e sua relação com o tamanho do território que faz parte da sua administração. Na pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (MUNIC, 2013), vemos que 88,5% (4932 municípios) possuem população de até 50 mil habitantes como mostra o gráfico abaixo: Legenda: Distribuição dos municípios segundo faixa populacional em números absolutos. Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2013. Metade da população mundial vive em cidades. 80% do PIB mundial é gerado nas cidades. 2/3 de energia do mundo é consumida pelas cidades. Fonte: CDP. 6 A pesquisa mostra também que 75% do total das prefeituras brasileiras não possuem corpo técnico suficiente para implementar políticas socioambientais, principalmente se for em um território de grandes dimensões como o caso das regiões Norte e Centro-Oeste. Quanto à distribuição territorial, 45% do território do Brasil contêm 8% do total dos munícipios (Região Norte) enquanto 11% do território abrigam 29% dos munícipios (Região Sudeste). Cerca de 60% dos municípios brasileiros estão localizados nas regiões Sudeste e Nordeste, regiões com atividade econômica, renda per capita e atuação políticos bastante diferenciados e 83% dos municípios com menos de 50 mil habitantes se concentram nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul (MUNIC, 2013). Vejamos o gráfico a seguir: Legenda: Relação entre a dimensão das regiões e a quantidade de municípios. Fonte: Gráfico adaptado do IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2013. Esses gráficos retratam que as diferenças das regiões em relação à faixa populacional, dimensão territorial, estrutura administrativa, acesso à comunicação e mobilidade são determinantes para implementar uma política de adaptação à mudança do clima. Caro(a) participante, vimos nessa Aula 01 que os centros urbanos são responsáveis pela maior parte das emissões de GEE e que há tipos de cidades que necessitam de estratégias diferentes para a redução da emissão de poluentes. Na Aula 02, falaremos sobre a Articulação dos Municípios quanto à emissão de poluentes e a sustentabilidade. Conheça melhor o Perfil dos Municípios Brasileiros – 2013. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 7 Aula 02: Articulação dos municípios Na aula passada, fizemos uma breve análise dos municípios brasileiros para você entender que as políticas de mitigação e adaptação à mudança do clima devem ser diferenciadas e implementadas conforme o grau de vulnerabilidade socioambiental a que o município está exposto – tendo como base as diretrizes dos governos federal e estadual. Agora, na Aula 02, Articulação dos Municípios, vamos estudar o que os municípios brasileiros têm feito e o que podem fazer para promover uma gestão mais sustentável. Gases de Efeito Estufa (GEE) nas cidades As cidades são responsáveis por aproximadamente 70% das emissões relacionadas à energia, de acordo com o 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC/2014). A grande quantidade de emissões nessas áreas deve-se, não somente à energia necessária para abastecimento dos centros urbanos, mas porque se localizam ali a maioria das indústrias e mercados consumidores. Em 2014, prefeitos das maiores metrópoles do mundo renovaram durante a Cúpula do Clima, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque, o compromisso de expandir os seus esforços para criar cidades resilientes, programas de eficiência energética e mecanismos de financiamento para combater a mudança climática, incluindo uma iniciativa para reduzir as emissões de gases de efeito estufa para 454 megatoneladas até 2020. Conhecido como Pacto Global de Prefeitos (Compact of Mayors), o acordo é uma coalizão global de prefeitos e autoridades locais comprometidas com a ação climática. Foi resultado do comprometimento e engajamento de membros do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima, da Organização Mundial de Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU) e da rede Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI) com apoio do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos - ONU Habitat. A rede C40, que teve grande destaque na Conferência das Partes (COP) – COP 21 – foi fundada em 2005 pelos prefeitos de aproximadamente 20 das maiores e mais influentes cidades do mundo com o objetivo de combater os problemas relacionados à mudança do clima pela implementação de políticas e programas que gerem reduções mensuráveis em emissões de GEE e riscos relacionados ao clima. Que alguns prefeitos brasileiros elaboraram uma carta pedindo recursos para combater as mudanças do clima? Se você quiser conhecer a carta dos prefeitos brasileiros acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 8 Outra rede importante é o ICLEI que fornece assistência técnica aos municípios promovendo a troca de experiências em plataformas virtuais, a formulação de projetos e pesquisas, organização de conferências e a elaboração de documentos de referência para ações. No Brasil, podemos citar a Rede de Secretários de Meio Ambiente - CB27 das 27 capitais brasileiras, e a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA), que inclui Secretarias de Meio Ambiente e a Confederação Nacional dos Munícipios (CNM), como grandes articuladores para impulsionar a implementação da gestão urbana para enfrentamento da mudança do clima após a COP 21. Apesar disso, as abordagens sobre cidades e mudanças do clima no Brasil são incipientes. Não existem estudos sistemáticos para entender os impactos locais das mudanças ambientais globais nas cidades, com poucos exemplos na literatura nacional e, geralmente, restritos a grupos emergentes de pesquisa. Porém, um estudo realizado por Reis et al. (2015) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) sobre a governança local e mudança do clima nas sedes das maiores Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória) demonstrou que, em boa parte dos casos, os municípios sedes de RMs tratam as mudanças climáticas como algo secundário nas administrações públicas locais. Estamos vendo que os novos desafios ambientais contemporâneos exigem a superação do atraso funcional, técnico e financeiro das cidades brasileiras, a qual, a agenda ambiental local esteja alinhada às questões climáticas globais. A pesquisa investigou a existência de arranjos institucionais (comitê local, fóruns, entre outros), iniciativas de planejamento e gestão (inventários de emissões de gases estufa, planos de adaptação e mitigação, leis específicas municipais, associação a redes de conhecimento (destaque para o ICLEI) e concluiu que a adaptação das cidades às mudanças climáticas requerem ações no nível local. Até 2015, estavam integrados na rede do ICLEI, os governos estaduais de Minas Gerais, do Amazonas e de São Paulo e os seguintes municípios: Alta Floresta/MT, Apuí/SP, Bauru/SP, Belo Horizonte/MG, Betim/MG, Contagem/MG, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Goiânia/GO, Guarulhos/SP, Itu/SP, Lucas do Rio Verde/MT, Manaus/AM, Mariana/MG, Porto Alegre/RS, Rio de Janeiro/RJ, Santa Maria/RS, Santo André/SP, SãoCarlos/SP, São Paulo/SP, Sorocaba/SP, Tailândia/PA e Volta Redonda/RJ. O que é uma Urban LEDS? Veja este vídeo produzido pelo ICLEI: https://www.youtube.com/watch?v=ExiqoiLmEt8. A sua cidade é sustentável? Reflita... 9 Apenas um grupo de cidades possuem legislações específicas sobre este assunto e estão longe de estarem amplamente disseminadas entre os municípios de porte médio e grande no Brasil (REIS et al. 2015). A criação de comitês ou fóruns locais dedicados a discutir e promover ações de mitigação e adaptação é uma possibilidade que pode ser instituída em todos os municípios independentemente de seu tamanho. Os comitês, geralmente, são capazes de integrar todas as partes interessadas da administração pública aos diversos atores locais e conseguem melhorar a interlocução da secretaria de meio ambiente com outras secretarias consideradas mais estratégicas dentro do município. Além disso, facilita a articulação com os fóruns estaduais para buscarem soluções compartilhadas entre diferentes níveis de governança. Caro(a) participante, chegamos ao final dessa aula e esperamos que você tenha refletido sobre a importância de se promover uma gestão mais sustentável nos municípios. Na Aula 03, que tem como título: Algumas iniciativas: plataformas e redes de conhecimento, falaremos sobre o planejamento urbano e territorial para o desenvolvimento socioambiental do município. REIS, D.S; SILVA, J.C; BRANT. T: Cidades e mudanças climáticas: planejamento urbano e governança local no Brasil. Artigo da Universidade Federal dos Vales de Jequitinhonha e Murici – UFVMJ, enviado à XV Enampur - Espaço, Planejamento e Insurgências, Belo Horizonte/MG, 2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. MARTINS R., FERREIRA L.C. Uma revisão crítica sobre cidades e mudança climática: vinho velho em garrafa nova ou um novo paradigma de ação para a governança local? Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 10 Aula 03: Algumas iniciativas: plataformas e redes conhecimento Na aula passada, vimos a existência de articulação de prefeitos para fortalecer e impulsionar políticas contra efeitos da mudança do clima. Na Aula 03, teremos como assunto: Algumas iniciativas: plataformas e redes conhecimento. Vamos falar da adesão de alguns municípios às iniciativas de algumas organizações na elaboração de metodologias e assistência técnica para mensurar emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Antes de entrarmos no conteúdo propriamente dito, que tal testar seu conhecimento sobre como preservar o meio ambiente por meio de um QUIZ? Nos últimos cinco anos, as abordagens sobre Cidades e mudanças do clima evoluíram ao redor do mundo, com o surgimento de iniciativas inovadoras na academia, no planejamento urbano e na gestão pública, tais como: financiamento de grandes instituições internacionais de estudos sobre cidades e mudanças do clima (Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento etc.); eventos das Organizações das Nações Unidas (UN-HABITAT, 2013), a incorporação definitiva do tema pelo IPCC no quinto relatório (IPCC, 2014) e o desenvolvimento de novas metodologias de regionalização de cenários climáticos. Em escala regional, o surgimento de novos arranjos institucionais tais como: a criação de comitês locais sobre mudanças do clima; novas legislações municipais que levam em consideração metas de mitigação e iniciativas de adaptação; o fortalecimento de redes de conhecimento intermunicipais (como ICLEI) entre outras, evidenciam a preocupação dos governos municipais em introduzir uma gestão de baixo carbono nos seus territórios (REIS et. al, 2015). Vejamos a seguir, algumas iniciativas que estimulam ações locais, incentivando a agenda de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nos municípios. Uma cidade limpa é uma cidade com pessoas felizes e que produza baixa emissão de GEE. Vamos jogar? Clique no link abaixo: http://www.eupensomeioambiente.com.br/educacao- ambiental/quiz-meio-ambiente/. Quando surgiu sua cidade? Quais os principais problemas identificados neste processo? Quais arranjos e articulações políticas e sociais estão sendo realizadas para resolver o problema da urbanização? 11 O engajamento das cidades brasileiras Pacto de Prefeitos Em 2015 no evento Cúpula do Clima em Nova York foi criado o Pacto Global de Prefeitos, a maior iniciativa do mundo envolvendo cidades na luta contra as mudanças climáticas. Os Prefeitos signatários se comprometem a atuar para a mitigação e adaptação à mudança do clima, e reportar publicamente e de forma transparente sua evolução. O instrumento utilizado para avaliar emissões de GEE foi a plataforma Carbonn, que é o repositório central de informações da iniciativa e a pesquisa do CDP Cities. Com isso, cidades de todos os tamanhos podem compartilhar seus compromissos publicamente e reportar com consistência suas metas, atividades e impacto. Se comprometeram ao Pacto 23 munícipios brasileiros: Fortaleza, Natal, Jaboatão dos Guararapes, Aracaju, Salvador, Palmas, Cuiabá, Aparecida de Goiânia, Brasília, Curitiba, Londrina, Joinville, Florianópolis, Porto Alegre, Betim, Vitória, Rio de Janeiro, Campinas, Sorocaba, Rio Grande da Serra, Itu, Piracicaba, Maringá. Desafios das Cidades (WWF e ICLEI) Organizado pelo WWF Global em parceria com o ICLEI, a iniciativa dos Desafios das Cidades, reafirma pelo terceiro ano o seu valor como ferramenta para estimular ações locais, incentivando a agenda de mitigação e adaptação às mudanças do clima nos municípios. Na edição 2015/2016, nove municípios brasileiros formalizaram suas inscrições: Belo Horizonte, Betim, Campinas, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Sorocaba. As medidas rumo a uma economia de baixo carbono tomadas por cada cidade foram reportadas na plataforma de registro climático administrada pelo ICLEI ao lado do C40 e do CGLU - carbonn® (cCR). CPD Cities A Carbon Disclosure Program (CDP) é uma organização internacional com o maior e mais completo sistema global de divulgação ambiental realizado por meio de pesquisas. Uma das suas áreas é CDP Cities que faz uma pesquisa global que permite que os governos de cidades divulguem publicamente os seus dados sobre emissões de GEE, a análise de riscos das alterações climáticas, oportunidades e planos de adaptação. Metodologia ICIS – BID Trata-se de um programa de assistência técnica aos governos de cidades médias da ALC, cujo objetivo é elaborar um plano de ação que inclui a sustentabilidade ambiental, urbana, fiscal e a governança das cidades da região. A metodologia abrange três dimensões: A primeira trata do meio ambiente e da mudança do clima e inclui temas como: água, esgotamento sanitário, energia, mitigação de gases de efeito estufa e outras áreas similares. 12 A segunda é a de desenvolvimento urbano, que inclui temas como: o uso do solo, habitação, transporte e competitividade da economia. A terceira dimensão se chama fiscal e governança, incluindo temas como: impostos, gastos e aspectos da gestão. As cidades são selecionadas de acordo com critérios como crescimento econômico acima da média nacional, população entre 100 mil e 2 milhões de habitantes, além do potencial de integração regional. O Termo de Compromisso no âmbito do ICES foi firmado entre a CAIXA e o BID em 2013, como consequência da parceria iniciada entre as duas instituições durante a Conferência Rio+20. Até o momento cinco cidades estãodesenvolvendo a metodologia: Goiânia, João Pessoa, Vitória, Florianópolis e Palmas. Na tabela a seguir, mostraremos os municípios que se comprometeram, em 2016, ao Pacto dos Prefeitos, que aderiram ao Programa Desafio das Cidades e estão utilizando a metodologia do ICES e responderam à pesquisa do CPD Cities. As cidades inseridas no campo com cor mais escura são aquelas que aderiram a mais de uma iniciativa. Legenda: Relação das cidades brasileiras mais engajadas no enfrentamento à mudança do clima, iniciativa do Pacto dos Prefeitos, ICLEI, WWF, CPD e Desafios das Cidades, 2016. Fonte: o conteudista. 13 Muito bem! Chegamos ao final dessa aula e vimos o quão importante são essas inciativas e programas para o meio ambiente. Já na próxima aula, Aula 04, falaremos do Plano Diretor Ambiental (PDA). Veremos alguns instrumentos de planejamento urbano e territorial para o desenvolvimento socioambiental do município. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Guia metodológico: Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis, 2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. CPD CITIES. Guia de Orientação às cidades respondentes, 2015. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. ICLEI. Compacto de Prefeitos: definição de conformidade. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 14 Aula 04: Plano Diretor Ambiental (PDA) Antes de iniciarmos nossa quarta aula, retomaremos a aula passada. Lá, nós falamos da participação de algumas cidades às iniciativas de algumas organizações na preparação de metodologias e assistência técnica para calcular emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Já na Aula 04, falaremos do Plano Diretor Ambiental (PDA). Bom, além das legislações, comitês, capacitações, temos também vários instrumentos de planejamento urbano e territorial para o desenvolvimento socioambiental do município. Quando implementado de forma eficiente, por si só já são eficazes para mitigar e adaptar o município contra os efeitos da mudança do clima, por exemplo, o PDA que vamos mostrar nesta aula. Planos Setoriais No âmbito do meio ambiente urbano, os principais instrumentos de planejamento ambiental são o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), o Plano Diretor Municipal, o Plano de Bacia Hidrográfica, o Plano Diretor Ambiental Municipal, a Agenda 21 Local, e o Plano de Gestão Integrada da Orla. No entanto, todos os planos setoriais ligados à qualidade de vida no processo de urbanização, como saneamento básico, moradia, transporte e mobilidade, também constituem instrumentos de planejamento ambiental (MMA, [2017]). “A vida de uma cidade deve-se, normalmente, à presença de um rio nas proximidades; a morte de um rio deve-se, principalmente, ao fato de existir uma cidade nas imediações”. (Paulo Cesar Paschoalini) Legenda: Vista aérea de Parnaíba/PI. Foto: Morais Brito. 15 O que é um Plano Diretor (PD)? O Plano Diretor (PD) é um instrumento da política urbana, previsto pelo Estatuto da Cidade (EC) exigido para cidades com mais de vinte mil habitantes. Deve ser aprovado pela Câmara Municipal tornando-se uma lei municipal onde fixa critérios jurídico-urbanísticos para a ocupação racional do solo e proteção ambiental. O PD estabelece princípios, diretrizes e normas a serem utilizadas como base das decisões dos atores envolvidos no processo de desenvolvimento urbano. Como precisam ser discutidos democraticamente e consensuados pelos munícipes, é normal a existência de objetivos conflitantes, mas o processo de negociação deve ter como finalidade, o interesse público das decisões, ou seja, onde o bem-estar atinja a maior parcela da sociedade. O EC determinou que a lei que institui o PD deve ser revista, pelo menos, a cada dez anos e o Prefeito que não cumprir a determinação legal incorre em improbidade administrativa. É importante que os prefeitos eleitos em 2016 atentem a esses prazos e na revisão, procurem inserir propostas de mitigação e adaptação à mudança do clima. Os problemas mais comuns encontrados nos Planos Diretores são: baixa aplicabilidade direta onde há uma dependência constante à legislação complementar; pouco rebatimento territorial com diretrizes genéricas que são desvinculadas do território (zoneamento); incompatibilidade com o Plano Plurianual (PPA) e com os orçamentos municipais que, muitas vezes, não avança na definição de investimentos prioritários/estratégicos. O que tem em um Plano Diretor (PD)? A grosso modo, um Plano Diretor (PD) deve conter: A) Definição de princípios e/ou diretrizes; B) Definição de objetivos gerais; C) Definição de objetivos setoriais – cujos conteúdos obrigatórios são: Plano de Transporte Urbano: integrado para cidades com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes; Plano de Mobilidade Urbana: para cidades acima de 20.000 (vinte mil) habitantes e em todos os demais obrigados (até Jan/2015). D) Definição de parâmetros de ordenamento territorial: Macrozoneamento: fixa as regras fundamentais de ordenamento do território; Zoneamento: institui as regras gerais de uso e ocupação do solo para cada uma das Zonas em que se subdividem as Macrozonas; 16 Definição de Zonas Especiais: áreas do território que exigem tratamento especial na definição de parâmetros reguladores de usos e ocupação do solo, sobrepondo se ao zoneamento. E) Definição de parâmetros para o uso, a ocupação e o parcelamento do solo para cada zona (residencial, comercial, misto, industrial, institucional etc.) e definição de parâmetros urbanísticos de ocupação do solo: coeficiente de aproveitamento (básico e máximo), taxa de ocupação, taxa de permeabilidade do solo, recuo e gabarito etc; F) Definição e regulamentação de instrumentos da política urbana; G) Definição e regulamentação de instrumentos de gestão da política urbana: Conselho Municipal das Cidades ou de Desenvolvimento Urbano; Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano; Sistemas de Monitoramento (indicadores, controle da ocupação do solo). H) Definição de investimentos estratégicos: listagem dos principais investimentos previstos para o cumprimento dos objetivos e diretrizes do plano; I) Anexos: mapas, fotos aéreas, tabelas, descrição dos perímetros das zonas, listagem de logradouros, entre outros (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2013). Plano Diretor Ambiental (PDA) O Plano Diretor Ambiental (PDA) conjuga ações de mitigação e adaptação à mudança do clima e pode ser acoplado ou não ao PD. Por exemplo, em 2012, o município de Sorocaba fez a revisão de seu Plano Diretor Ambiental. Como o próprio nome diz, trata-se do desenvolvimento sustentável do município que além de incluir os pilares da sustentabilidade socioambiental, serve de ferramenta de gestão para equilibrar receitas, gastos e direcionar investimentos públicos e privados. O PDA de Sorocaba procurou compartilhar os planos setoriais como: saneamento, sistema de abastecimento de água, desenvolvimento físico-territorial bem como ações resultantes da adesão ao programa do governo estadual de incentivo e apoio à gestão ambiental dos munícipios paulistas – Programa Município Verde Azul com os planos de arborização, recuperação de mata ciliar, plano cicloviário entre outros. Sobre a revisão do PD, vamos pensar na adaptação da cidade aos efeitos da mudança do clima? 17 Muito bem!Nesta aula, vimos as características do PD Ambiental e a sua importância na gestão municipal. Na Aula 05, Gestão de risco: vulnerabilidades, apresentaremos as características e vulnerabilidades de uma gestão de risco. Prefeitura de Sorocaba. Plano Diretor Ambiental. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Ministério das Cidades - Planejamento Urbano. Workshop de Financiamento de Municípios - Rio de Janeiro, 2013. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 18 Aula 05: Gestão de risco: vulnerabilidades Na aula passada, vimos que o Plano Diretor (PD) é um instrumento obrigatório para o ordenamento territorial e geração de receitas dos munícipios, mas o Plano Diretor Ambiental (PDA) agrega além dos objetivos e funções intrínsecas do PD, a variável ambiental que contribui para uma gestão de baixo carbono. Agora, na Aula 05, Gestão de risco: vulnerabilidades, vamos ver alguns exemplos de como as cidades podem se proteger dos efeitos devastadores de eventos climáticos extremos. Já vimos que o Brasil possui uma diversidade de configurações urbanas, que além de refletir patamares heterogêneos de inclusão social e econômica, também respondem de forma diferente às vulnerabilidades climáticas. O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), no seu eixo de cidades, apresentou uma síntese das principais vulnerabilidades dos municípios brasileiros que servem para traçar as diretrizes de adaptação no contexto da mudança do clima cabendo aos gestores municipais e ao setor privado o protagonismo em escala local. “Um homem caminha cabisbaixo e só: perdeu o que não tinha”. (Eugénia Tabosa) Legenda: Corte irregular de terreno provoca deslizamento de terra no bairro Bethânia, em Ipatinga/MG. Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga. 19 Quais as características dos municípios brasileiros quanto aos aspectos demográficos e de riscos urbanos? Veja a tabela a seguir: Tabela: Aspectos demográficos e de riscos urbanos dos municípios do Brasil. Fonte: Fonte: adaptado do PNA – população baseada na Munic (2013). Um dos instrumentos utilizados para prevenção de ocupação em área de risco é o mapeamento. Em São Paulo o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) contratado pela prefeitura fez um mapeamento das áreas de risco onde identificou 407 áreas de encostas e margens de córrego sujeitas a escorregamentos e a processos de solapamento de margens, o que corresponde a 0,9% da área total do município – lugares que não podem ser ocupados em nenhuma hipótese. Vamos saber como prevenir e detectar os sinais A capacidade adaptativa do município está relacionada com a variável populacional e com os aspectos de governança e de gestão democrática, ou seja, os governos lidam de forma diferente em função da infraestrutura e serviços públicos essenciais para o bem-estar da população. A coordenação institucional dentro do município deve ser realizada com diferentes níveis do governo de maneira integrada. Uma estratégia de mudança do clima ou de proteção civil não pode se desenvolver simplesmente dentro da secretaria de meio ambiente da prefeitura. 20 Para financiar as intervenções de adaptação (seja baseado nos serviços ecossistêmicos ou obras de infraestrutura) existem fundos especificamente dedicados à mudança do clima, por exemplo, o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima). Geralmente, os recursos tanto da prefeitura quanto do governo federal, não são suficientes para cobrir todas os gastos das intervenções. O objetivo de uma gestão ambiental eficaz é implementar medidas que trazem benefícios para reduzir emissões de GEE ou aumentar a resiliência da cidade. Uma ação possível e viável a qualquer município é a recuperação de áreas verdes urbanas que servem como sumidouros de CO2, para drenar águas pluviais, prevenção de deslizamentos de terra e ainda cumpre a função de lazer da população. Algumas dicas para se prevenir das chuvas nas áreas de risco Veja algumas iniciativas simples de executar para evitar problemas nos períodos das chuvas (MAPEAMENTO... ([2017], on-line): Evitar os cortes verticais do talude (terra); Evitar a plantação de bananeiras, que é uma planta que aumenta a quantidade de água no solo, dando preferência às plantas mais leves e de raízes profundas, como o bambu; Não jogar lixo nas encostas, córregos e bocas de lobo; Construir calhas nos telhados, conservando-os limpos; Construir canaletas no chão para direcionar a água; Manter limpos os ralos, esgotos, galerias, valas etc.; Aterrar buracos que acumulam água; Reforçar muros e paredes mal construídos; Providenciar a poda ou corte de árvores com risco de queda; Incentivar a criação de mecanismos de alertas e cooperação entre os moradores de locais de risco para acionar a Defesa Civil; Não construir moradias às margens de cursos d’água, sobre aterros ou próximos de brejos; Construir a casa sempre em nível mais elevado que o curso d’água mais próximo; Observar se as árvores estão ficando inclinadas, se há trincas novas nas paredes das casas ou no chão e se há movimentação do terreno; Vídeo educativo sobre deslizamentos de terra - Poli / UFRJ. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=K9i3JyXocgI. Vídeo educativo sobre deslizamentos e defesa civil – IPT-SP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bhKWHx08jFA. 21 Observar se a água da chuva está barrenta e contendo plantas e troncos, pois poderá ser um sinal de inundação. Muito bem! Chegamos ao final desta aula e vimos até aqui as características dos municípios brasileiros quanto aos aspectos demográficos e de riscos urbanos e algumas dicas para se prevenir das chuvas nas áreas de risco. Na Aula 06, trataremos sobre Mobilidade, mais precisamente a mobilidade urbana e a emissão de CO2. Ministério da Integração Nacional. Projeto Mapeamento: Dados e Análise da Vulnerabilidade a Desastres Naturais para Elaboração de Mapas de Risco e Apresentação de Proposta de Intervenções para Prevenção de Desastres. Acesse ao site: http://www.mi.gov.br/projeto- mapeamento. Universidade Federal de Santa Catarina. Curso de Gestão de Desastres e Ações de Recuperação. CEPED UFSC, 2014. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. ONU. Como construir cidades mais resilientes: um Guia para Gestores Públicos Locais, 2012. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 22 Aula 06: Mobilidade Na aula passada, vimos que as vulnerabilidades dos municípios demandam uma gestão integrada, principalmente de zoneamento, plano de drenagem, plano de saneamento, entre outras. Vimos também que as cidades são sistemas complexos, crescem de maneira descontrolada onde a falta de planejamento gera efeitos negativos como o surgimento ou crescimento de bairros desprovidos de infraestrutura e assentamentos precários instalados em áreas de risco ou de preservação ambiental. E também, mostramos que a ausência ou deficiência de serviços urbanos e sociais gera pobreza tanto nas cidades isoladas quanto nas regiões metropolitanas. Por outro lado, mostramos algumas ações para conter os efeitos adversos dos eventos extremos. Nesta aula que tem como assunto: Mobilidade. Abordaremos a mobilidade urbana e as características quea tangem em relação a sustentabilidade. Em função dos acordos da COP 15 (2009), o Brasil começou a elaborar vários planos setoriais de mitigação e adaptação à mudança do clima. Já foram realizados planos dos seguintes setores: indústria; mineração; transporte e mobilidade urbana e saúde. Vamos abordar então sobre a mobilidade urbana, por ser um grande emissor de CO2 decorrente do excesso de carros e da falta de infraestrutura de transporte público que suporte o crescimento demográfico e o espraiamento das cidades. A opção pelo automóvel - que parecia ser a resposta eficiente do século XX à necessidade de circulação - levou à paralisia do trânsito, com desperdício de tempo e combustível, além dos Entre os Censos de 2000 e 2010, a população brasileira aumentou 20,9 milhões (12,3%), enquanto a frota no país cresceu 41,8 milhões (122%) entre 2002 e 2012. Isto significa que circulam nas ruas dois novos veículos para cada bebê nascido (MOTTA, 2013). Este curta mostra, de forma simbólica, o que acontece quando um sujeito tenta atravessar uma rua: A Ilha (2008) Brasil [Animação] Curta Metragem. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7C3Ug43Xzaw. 23 problemas ambientais de poluição atmosférica e de ocupação do espaço público. No Brasil, a frota de automóveis e motocicletas teve crescimento de até 400% nos últimos dez anos. Para se ter uma ideia, do total de viagens realizadas no país, cerca de 35% não são motorizadas, ou seja, são feitas a pé ou de bicicleta. Os pedestres e ciclistas sofrem com a ausência de políticas públicas nestas áreas. No entanto, nas cidades com mais de um milhão de habitantes, o transporte público é responsável por uma parcela maior do deslocamento, entre 36 a 40% onde as viagens são mais demoradas. Mas infelizmente é no transporte público que as viagens são mais demoradas – pois não há mais espaço. Sabemos que a facilidade de acesso ao crédito, juros baixos e redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis vem aumentando o número de veículos nas ruas. Esse fenômeno se repete não apenas em grandes cidades, mas nas médias e pequenas. O carro é um dos sonhos do brasileiro e como consequência a sociedade acaba enfrentando enormes dificuldades de locomoção. Segundo o Instituto Avante Brasil (IAB), o inventário de emissões veiculares no estado do Rio de Janeiro fez uma série histórica das emissões e concluiu que os automóveis emitiram, em 2002, 23.798.082 toneladas de dióxido de carbono (CO2) em 2012, houve um aumento de 86,1%, chegando a 44.286.294 toneladas de CO2. Só em 10 anos! Em São Paulo, a emissão de CO2 dos carros corresponde a quase 60% do total de veículos, conforme gráfico abaixo: Legenda: Contribuição das categorias de veículos na emissão de CO2 no estado de São Paulo em 2014. Fonte: Fonte: CETESB - Emissões veiculares no estado de São Paulo 2014 . Estamos mostrando para você, com alguns exemplos, que a questão da mobilidade urbana é muito séria e precisa de políticas radicais para diminuir emissões de GEE, além de proporcionar maior mobilidade das pessoas. Existe uma lei sobre este assunto. Em janeiro de 2012 foi promulgada a Lei nº 12.587, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU). A lei em seu artigo 24 definiu o Plano de Mobilidade Urbana como o instrumento e efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana e os municípios com população superior a 20 mil habitantes devem elaborar seus planos no prazo de três anos (até 2015). 24 A implantação pelos Municípios dos princípios, diretrizes e objetivos da PNMU nas suas políticas locais de mobilidade urbana representa uma excelente oportunidade de se promover os objetivos da Política Nacional sobre Mudança do Clima, ao se combinar os instrumentos de promoção da acessibilidade à cidade com objetivos de redução do consumo de energia, emissão de GEE e locais. Neste plano foi incorporada nova medida, relacionada ao apoio aos municípios e fomento para elaboração dos planos de mobilidade urbana. Transporte público de baixo carbono como o metrô ainda é incipiente no Brasil O metrô é um transporte presente em apenas 20 cidades do Brasil (0,3%), conforme dados da pesquisa IBGE/Munic (2012). Já o transporte coletivo via barco está presente em 641 dos municípios (11,5%). Na região Norte, 55,2% das cidades têm este tipo de serviço. O metrô é encontrado só nas cidades com mais de 50 mil habitantes – sendo que 26,3% das cidades com mais de 500 mil habitantes têm esse tipo de transporte. Veja abaixo o percentual de meios de transporte no Brasil: Leia mais sobre a Lei nº 12.587 que fala das diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2012/lei/l12587.htm. Sobre o Plano Municipal de Mobilidade Urbana (PlanMob). Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. 25 Legenda: Os meios de transporte do Brasil. Fonte: IBGE/ Munic-2012. A integração entre o transporte coletivo e as bicicletas propõe uma nova atitude frente aos rumos do trânsito nas cidades e envolve um desafio social e ambiental, que só poderá ser superado mediante a sensibilização do Poder Público e da própria sociedade quanto à importância de se priorizar o desempenho dos sistemas de transporte público, de maneira a propiciar alternativas de qualidade para toda a população. Caro(a)s Gestore(a)s por que não priorizar o transporte público e as bicicletas? Assista ao vídeo: O que é mobilidade urbana sustentável? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CX6Krvv7ss8. 26 Muito bem! Chegamos ao final desta aula e conhecemos alguns dados sobre a mobilidade urbana em relação a emissão de CO2 e mobilidade sustentável. Já na Aula 07, Resíduos Sólidos e Saneamento, abordaremos algumas políticas municipais essenciais para estabilizar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Aula 07: Resíduos Sólidos e Saneamento Na aula passada, falamos sobre mobilidade urbana – os problemas e desafios para implementar um transporte de baixo carbono. Agora, na Aula 07, falaremos de mais duas políticas municipais essenciais para estabilizar as emissões de GEE. Ministérios dos Transportes e das Cidades. Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade Urbana para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima (PSTM), 2012. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Ministério das Cidades. Sete passos: como construir um plano de Mobilidade Urbana. Acesse o link disponível no curso digital, dentro da Plataforma. Conheça o Plano de Mobilidade Urbana do município de Santos/SP. Disponível em: http://www.santos.sp.gov.br/mobilidade/#oquee. 27 A preocupação com os resíduos vem sendo discutida há algumas décadas nas esferas nacional e internacional. Enquanto o setor de resíduos representa a menor parcela de contribuição de emissões com relação aos demais setores (mudança de uso da terra, energia, agropecuária e processos industriais), cerca de 3,7% do total verificado em 2014 possui grande impacto na atmosfera, devido à geração de gases com maior potencial de aquecimento global, como o Metano (CH4), 21 vezes mais potente que o Dióxido de carbono (CO2), e o Óxido Nitroso (N2O), 310 vezes mais potente. Tipos de Resíduos Domiciliar: originado nas atividades diárias das residências, constituído por restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas,embalagens, papel higiênico, fraldas descartáveis e diversos outros itens. Dos serviços de saúde hospitalar: são resíduos sépticos constituídos basicamente de agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões órgãos e tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes, luvas descartáveis, remédios, filmes de raio X etc. Os resíduos assépticos desses locais, desde que coletados segregadamente e que não entrem em contato direto com pacientes ou resíduos sépticos, são semelhantes aos domiciliares. Industrial: é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, fibras, metais, escórias etc. Comercial: originado nos estabelecimentos comerciais e de serviços, constituído de grande quantidade de papel, plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio de funcionários. “Nem toda mudança é crescimento; nem todo movimento é para frente”. (Ellen Glasgow) Legenda: Ruas da Estrutural, a dez quilômetros do centro de Brasília. Crédito: Wikipedia/Valter Campanato/ABr. 28 Agrícola: originados nas atividades agrícolas e da pecuária, incluem embalagens de fertilizantes e defensivos agrícolas, rações, restos de colheita, excremento de animais etc. Público: originado dos serviços de limpeza pública urbana e de áreas de feiras livres. Entulho: resíduo da construção civil, composto por materiais de demolições, restos de obras, solos de escavações etc. As emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes do setor de resíduos sólidos continuam sua trajetória de crescimento no Brasil e atingiram, em 2014, seu maior número absoluto nos últimos 44 anos, segundo as estimativas divulgadas pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Foram lançadas 68,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera em 2014, o que representa um crescimento de 80% entre 2000 e 2014 e de 500% desde 1970 (OBSERVATÓRIO DO CLIMA, [2017], on-line). No entanto, o tratamento e disposição de resíduos podem ter tanto impactos climáticos positivos como negativos, por exemplo: as emissões de metano de aterros representam a maior fonte de emissões de GEE no setor dos resíduos, mas podem ser transformados em energia. O aterro continua a ser o método de destinação de resíduos predominante na maioria das partes do mundo, e como a gestão do aterro melhora nos países em desenvolvimento as emissões de metano estão previstas para aumentar. A captura de Landfill Gas (LFG) – geração de biogás em aterro sanitário –, já é uma reconhecida fonte energética renovável e pode reduzir consideravelmente as emissões de metano. Por outro lado, quando reciclamos os resíduos, reduzimos as emissões e o desperdício de energia industrial, além de diminuir a quantidade de resíduos levados para os aterros. Duas importantes leis que mitigam as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), após 20 anos de discussões no Congresso Nacional, marcou o início de uma forte articulação institucional envolvendo os três entes federados – União, Estados e Municípios, o setor produtivo e a sociedade em geral - na busca de soluções para os problemas na gestão resíduos sólidos que comprometem a qualidade de vida dos brasileiros. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) obriga o município a elaborar o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS), como condição necessária para ter acesso aos recursos da União, destinados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos. Vamos ver este vídeo? Resíduos Sólidos - Coleta Seletiva - Logística Reversa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jYFQGF4dMrs. 29 A gestão de resíduos sólidos é uma ferramenta poderosa para reduzir as emissões de GEE no Brasil e no mundo, onde a responsabilidade compartilhada é fundamental para as mudanças necessárias no modo como fazemos as coisas hoje, seja do ponto de vista de produtos seja de serviços. O PGIRS pode estar inserido no Plano de Saneamento Básico com a publicação da Lei nº 11.445/2007, a Lei de Saneamento Básico, todas as prefeituras têm obrigação de elaborar seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). Tal como PGIRS, sem o PMSB, a Prefeitura não poderá receber recursos federais para projetos de saneamento básico. O Plano compõe um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais relativo aos processos de: Abastecimento de água potável; Esgotamento sanitário; Manejo de resíduos sólidos; Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. Você percebeu que os dois planos têm objetivos comuns para diminuir a emissão de GEE e podem ser implementados conjuntamente num documento único respeitando o conteúdo mínimo definido em ambos. Os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos resíduos sólidos estão dispensados da elaboração do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, desde que, o plano intermunicipal atenda ao conteúdo mínimo previsto no art. 19 da Lei nº 12.305/2010. Em 2015, o Ministério do Meio Ambiente fez um levantamento de quantos municípios já haviam feito o PGIRS. Apenas 41% do total dos municípios afirmaram ter elaborado o plano. Desse universo, 40% ainda tem lixão e isto atinge mais de 90% dos municípios de até 50 mil habitantes. Vemos que após 5 anos da aprovação do PNRS, menos da metade dos municípios conseguiram fazer “sua lição de casa”. Para saber mais sobre Elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico – CREAMG,2014, vamos ver mais um vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RnW4ed0fr3w. Na Muni (2013), apenas 6% dos municípios brasileiros afirmaram implementar Educação Ambiental para Resíduos Sólidos com o PGIR associado ao Plano de Saneamento. 30 Muito bem caro(a) participante! Chegamos ao final deste módulo e esperamos que esta jornada esteja lhe proporcionando conhecimento e grandes reflexões em relação a importância de uma gestão de baixo carbono. Vimos nesta última aula, se consequências da emissão do metano pelos lixôes e como os municípios do nosso país vêm se “comportando” em relação às leis. Abordamos brevemente sobre as opções de transformar as emissões em energia e o Plano de Saneamento Básico. No Módulo 03, estudaremos sobre as regiões do Brasil e os efeitos da mudança do clima em cada uma delas. Até lá! Quiz com curiosidades e perguntas de conhecimentos básicos sobre reciclagem. Disponível em: https://rachacuca.com.br/quiz/67283/reciclagem-i/.
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