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DIREITO CIVIL - PONTO 8

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DIREITO CIVIL - PONTO 8
POSSE. DEFINIÇÃO. NATUREZA JURÍDICA. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE. AQUISIÇÃO DA POSSE. EFEITOS DA POSSE. COMPOSSE. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. PERDA DA POSSE. PROPRIEDADE. DEFINIÇÃO. ELEMENTOS. CLASSIFICAÇÃO. EXTENSÃO DA PROPRIEDADE. RESTRIÇÕES À PROPRIEDADE. AQUISIÇÃO OU CONSTITUIÇÃO DA PROPRIEDADE. PROPRIEDADE IMÓVEL. PROPRIEDADE MÓVEL. PROPRIEDADE RESOLÚVEL E FIDUCIÁRIA. PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL E IMÓVE. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. POLÍTICA AGRÍCOLA E REFORMA AGRÁRIA.
Resumo atualizado por ricardo beckerath da silva leitao - dia 25.08.2012
POSSE
 
1 – CONCEITO: Posse é a situação de fato, regulada pelo direito, na qual o possuidor tem o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes a propriedade.
Teorias:
TEORIA SUBJETIVA: Para SAVIGNY, a posse apresentaria 2 elementos constitutivos: 
Corpus – elemento que traduz no controle material da pessoa sobre a coisa 
Animus – elemento volitivo, que consiste na intenção do possuidor de exercer o direito como se proprietário fosse. 
TEORIA OBJETIVA: Para IHERING a posse apresentaria apenas 1 elemento constitutivo”
Corpus – Elemento que traduz a efetiva apreensão da coisa
É o ordenamento jurídico que discrimina a seu arbítrio, sobre as relações possessórias, criando assim artificialmente a separação da chamada detenção jurídica relevante de outras situações não protegidas. Quando não houver proteção legal da relação com a coisa, o que existe é mera detenção, portanto, a detenção nada mais é do que espécie de posse cujo ordenamento jurídico não concede proteção.
A superioridade desta teoria repousa na maior facilidade de distinguir-se a POSSE da DETENÇÃO. Para Ihering a detenção seria uma posse desqualificada pelo ordenamento jurídico 
O CC/2002 nesse entrechoque de posições, se inclinou no artigo 1196, a toda evidencia, pela teoria objetiva. Mas o CC/02 faz concessões a teoria subjetiva, como, por exemplo, ao tratar do usucapião, já que o CC exige posse com animus domini
. 
Assim, pelo nosso sistema civil, têm posse: locatário, comodatário, depositário etc. Podem, portanto, exercer a defesa de sua posse até mesmo contra o locador, o comodante ou depositante, como atesta o artigo 1197, já que são possuidores diretos:
DETENÇÃO: como dito, a detenção, pela teoria objetiva, é uma posse desqualificada pelo ordenamento. Assim, no silencio do ordenamento, quem apreende a coisa é possuidor. São casos de detenção prevista expressamente no CC: 
1º hipótese- FÂMULO DA POSSE (gestor da posse) : artigo 1198 - É aquele que apreende a coisa por força de uma relação subordinativa para com terceiro, ou, em razão de uma dependência jurídica. É aquele que apreende a coisa em nome de outrem. Ex: CASEIRO 
2º hipótese: ATOS DE MERA TOLERÂNCIA artigo 1208 - Os atos de mera tolerância não induzem posse por conta do abuso de confiança. Evita-se com isso que a posse precária convalesça. Ex: empréstimo. 
Atenção: ato de tolerância ou permissão pode induzir posse, quando rompida a relação jurídica base. Ex: quando o comodatário na restitui a coisa no dia certo, passa a haver esbulho, rompendo a relação juridica base, e induzido a posse do esbulhador. 
3º hipótese: PERMISSÃO e CONCESSÃO DE USO DE BEM PUBLICO
A permissão e concessão de uso de bem publico não induz, posse, mas mero ato de detenção. 
Questões especiais sobre a posse:
- Constituto possessório: ele vem, em geral, corporificado na chamada “cláusula constituti”. Trata-se da operação jurídica que altera a titularidade da posse, de maneira que aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio.
- Traditio brevi manu: é o contrário do constituto possessório, ou seja, opera-se quando aquele que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio.
- Autotutela da posse: trata-se de meio legítimo de defesa, exercido segundo o princípio da proporcionalidade, em duas situações, previstas no §1º, do art. 1.210, CC – legítima defesa e desforço incontinenti:
- Patrimônio de afetação: é questão que toca ao tema da alienação fiduciária. Segundo o prof. Hercules Aghiarian, este “sistema de direito real de garantia” vincula um conjunto de bens ao empreendimento realizado pelo incorporador, visando a garantir maior segurança jurídica de possuidores e proprietários no mercado imobiliário (a lei que disciplinou o patrimônio de afetação no Brasil foi a Lei 10.931/04).
2 – NATUREZA JURÍDICA DA POSSE. JUS POSSESSIONIS E JUS POSSIDENDI.
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE: Houve muita discussão, até mesmo entre Ihering e Savigny, sobre a definição de qual é a natureza jurídica da posse; se ela é um FATO ou um DIREITO. 
SAVIGNY: teria natureza jurídica dúplice. Considerada isoladamente, a posse seria um FATO, por independer de regras do direito. Mas em determinadas condições o atribuem a este fato os efeitos de um DIREITO PESSOAL. É a chamada teoria eclética. 
IHERING: conceituando direito subjetivo como um interesse juridicamente protegido, obtém definição que identifica a posse como um interesse legitimo. Tratar-se-ia portanto de um DIREITO, porque se trata de um interesse tutelado pela norma. 
Para Cristiano Chaves, a posse é um DIREITO SUBJETIVO dotado de estrutura peculiar
 
A partir da idéia de que a posse é um direito, surge a discussão se se trata de um DIREITO REAL ou DIREITO PESSOAL. Entretanto, não pode ser enquadrada nas duas modalidades mencionadas pelas seguintes razões:
A pretensão de classificá-la como direito pessoal esbarra na própria definição deste: relação ou vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de uma prestação;
Um argumento que pode tirar da posse qualquer natureza real é o caráter absoluto desses direitos, sendo que a posse não é oponível erga omnes em pelo menos duas situações: (i) ainda que o possuidor possa vencer a demanda possessória contra o proprietário, este acabará reavendo a coisa por meio das vias reivindicatórias e (ii) o direito de seqüela do possuidor cede ante a boa-fé.
Assim, “Em verdade, no direito moderno, a posse é um instituto jurídico sui generis...Sendo instituto sui generis, não só não se encaixa nas categorias dogmáticas existentes, mas também não dá margem à criação de uma categoria própria que se adstringiria a essa figura única” (José Carlos Moreira Alves).
Essa discussão importava muito no processo civil, porque se fosse considerada como direito real importaria a participação obrigatória do cônjuge nas ações possessórias. Mas, depois da reforma de 1994, o CPC sanou essa questão ao disciplinar a obrigatoriedade de participação do cônjuge nas ações possessórias somente nas seguintes situações (art. 10): 
Se há caso de composse ou 
Se se discute ato por ambos praticado
3 – CLASSIFICAÇÕES DA POSSE
A posse pode ser classificada em: 
3.1 - Posse direta e posse indireta: Decorre do desdobramento da posse em virtude da existência de uma relação jurídica negocial ou legal entre possuidor direto (imediato) e indireto (mediato). Este é o dono da coisa ou assemelhado, que entrega seu bem a outrem, aquele é o que recebe o bem e tem contato físico com a coisa.
O possuidor direto e o indireto podem invocar a proteção possessória, inclusive podendo o possuidor direto valer deste instrumento contra o possuidor indireto. Enunciado 76 do CJF: “Art. 1197: O possuidor direto tem direito de defender sua posse contra o indireto, e este contra aquele”..
Se não ocorrerem os fatos jurígenos que dão origem ao desdobramento da posse, não há que se falar em posse direta ou indireta (mediata ou imediata), mas simplesmente posse (plena). A posse direta é, de maneira geral, uma posse derivada, como alguns a denominam, sendo limitada no tempo.
3.2 - Posse justa e posse injusta: 
O CC artigo 1200, estabelece que a posse pode ser justa quanto não há vicio objetivo sobre ela. Mas havendo vicio objetivo,a posse se torna injusta. E o que é vicio objetivo? 
Violência
Clandestinidade 
Precariedade 
Em outras palavras posse injusta é a posse violenta, clandestina e precária. 
Violenta – é a posse que adquire-se pelo uso da força (vis absoluta) ou pela ameaça (vis compulsiva). Ex: decorre de um esbulho ou roubo por exemplo 
Clandestina – é a posse que adquire-se às ocultas de quem exerce a posse atual, sem publicidade ou ostensividade. Ex: a posse que decorre do furto
Precária – é a que decorre do abuso de confiança. 
Há sempre o fator da relatividade em relação ao exame da posse justa ou injusta, pois a posse somente será viciada em relação a alguém. Como conseqüência desta relatividade, a posse injusta pode ser protegida pelos interditos contra terceiros que a ameacem e pretendam-na para si. A posse pode ser justa com relação a um sujeito e injusta em relação a outro. A posse se transmite com os mesmos caracteres aos sucessores (art. 1203, 1206 e 1207 CC). Este é o princípio da continuidade do caráter da posse. 
. 
 Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Atenção para o enunciado 237 do CJF: 
De acordo com o Artigo 1208 do CC, não autorizam a aquisição da posse os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessada a violência ou a clandestinidade. Neste caso, enquanto perdurar a violência ou enquanto subsistir a situação na clandestinidade, não haverá situação possessória. Cessados, surge a posse, porém injusta, em relação a quem a perdeu. Mas em relação à comunidade, esse antigo detentor terá posse justa. Ou seja, há uma dualidade de configuração da posse.
No que se refere à cessação da clandestinidade, não se exige a difícil prova de que a vítima tomou conhecimento do esbulho, mas apenas de que tinha condições de tomar, porque o esbulhador não mais oculta seus atos de posse.
Não é correto dizer que por conta do artigo 1208 não citar a precariedade, não há convalidação da mesma, mas apenas da violência e da clandestinidade. Em verdade, a lei trata de convalidação da posse, mas em transmudação da detenção em posse, com a cessação dos vícios da violência e da clandestinidade. Não há referência à precariedade porque o possuidor precário já possuía posse, havendo apenas transfiguração desta de justa para injusta. 
3.3 - Posse de boa-fé e de posse de má-fé. Justo título. 
DE BOA-FÉ quando o possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa ou do direito possuído. 
DE MÁ-FÉ quando o possuidor está convencido de que sua posse não tem legitimidade jurídica, e nada obstante, nela se mantém. 
Cessa a boa-fé no momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente
. 
O conceito de justo título é empregado não como documento ou instrumento, mas como fato gerador do qual a posse deriva. Configura estado de aparência que permite concluir estar o sujeito gozando de boa posse. Justo título é o que seria hábil para transmitir o domínio e a posse se não contivesse nenhum vício. Exemplo: Escritura de compra e venda devidamente registrada é um título hábil para transmissão de imóvel, embora possa ser anulada se o vendedor não era o verdadeiro dono.
A boa-fé é presumida em favor daquele que possui justo título (presunção relativa) e não é essencial para o uso dos interditos: basta que a posse seja justa. Mas ganha relevância no usucapião, na questão dos frutos e benfeitorias e na definição da responsabilidade pela perda ou deterioração.
O art. 1212 do CC preceitua que “ O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era”. Do referido dispositivo pode-se extrair a seguinte conclusão, exposta no Enunciado 80 do CJF: “Art. 1212: É inadmissível o direcionamento de demanda possessória ou ressarcitória contra terceiro possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima, diante do disposto no art. 1212 do NCC. Contra o terceiro de boa-fé cabe tão-somente a propositura de demanda de natureza real”.
3.4 - Posse ad interdicta e posse ad usucapionem: 
POSSE AD INTERDICTA é aquela que pode ser defendida pelos interditos, isto é, pelas ações possessórias, quando molestada, mas não conduz à usucapião. Para ser protegida pelos interditos, basta que a posse seja justa, ou seja, que não contenha os vícios da violência, da clandestinidade ou da precariedade.
 
A POSSE AD USUCAPIONEM é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo a seu titular aquisição de domínio. É, em suma, aquela capaz de gerar o direito de propriedade. 
3.5 - Posse nova e posse velha: 
POSSE NOVA é a de menos de ano e dia. 
POSSE VELHA é a de ano e dia ou mais. 
3.6 – Posse natural e civil 
POSSE NATURAL é aquela que já nasce do contato físico com a coisa possuída. 
POSSE CIVIL é aquela decorrente de uma relação contratual, tal como o CONSTITUTO POSSESSÓRIO
 
4 – AQUISIÇÃO, CONSERVAÇÃO, TRANSMISSÃO 
4.1 – Aquisição da posse
Quem pode adquirir a posse: Os sujeitos de aquisição da posse são variados. Ela pode ser adquirida pelo representante – legal, judicial ou convencional – da pessoa que deseja a posse, como pelo seu gestor de negócios, caso a aquisição seja ratificada pelo interessado (art. 1.205,I) 
 . Enunciado 236 do CJF: “Arts. 1196, 1205 e 1212: Considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida de personalidade jurídica”. 
O novo código civil, ao contrario do anterior, coerente com a teoria objetiva de Jhering, adotada no art. 1196, não fez a enumeração dos modos de aquisição, limitando-se a proclamar, no art. 1204
 “adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade”. 
Portanto, a posse pode ser adquirida por: (a) apreensão da coisa ou exercício do direito; (b) disposição da coisa ou do direito; (c) modos de aquisição em geral.
Apreensão da Coisa ou Exercício do Direito: A apreensão consciente da coisa importa em posse. Consiste na apropriação unilateral de coisa “sem dono”. A coisa é dita “sem dono” quando for abandonada (res derelicta) ou quando não for de ninguém (res nullius). Dá-se ainda a apreensão quando a coisa é retirada de alguém sem sua permissão. Adquirir-se-á também por exercício do direito. Exemplo clássico: servidão.
Disposição da Coisa ou do Direito: Após o início do poder fático sobre a coisa, continua-se, permanece-se no mesmo estado, utilizando-se da coisa. Utilizar-se da coisa caracteriza conduta normal de titular de posse ou domínio.
Modos de Aquisição da Posse em Geral: Entende-se que a posse pode ser obtida por qualquer forma lícita. Ex: abertura de herança, contrato, etc.
Enunciado 77 do CJF: “Art. 1205: A posse de coisas móveis e imóveis também pode ser transmitida pelo constituto possessório”.
Sobre o tema é relevante destacar o instituto da UNIÃO DAS POSSES, previstas no artigo 1207 do CC, traduzindo na continuação da posse pela soma do tempo do atual possuidor com o de seus antecessores. O gênero união de posses subdivide-se em 2 especies: 
Sucessio Possessionis - trata-se de modo derivado de titularização da posse, diante do principio da saisine 
Accecio possessionis – que se verifica sempre inter vivos e por meio de uma relação jurídica (e.g compra e venda) 
4.2 – Transmissão da posse: Pode ocorrer a título universal ou a título singular. Na primeira pode ser causa mortis, os herdeiros sucedem o autor da herança e, inter vivos, quando se transfere uma universalidade como, por exemplo, um estabelecimento comercial. Na segunda, título singular, ocorre quando se transfere um bem ou bens determinados e individualizados, ou ainda, causa mortis, quando no testamento institui-se um legatário.
5 - EFEITOS DA POSSE:
 (5.1) proteção possessória (tutela jurídica da posse);(5.2) percepção dos frutos; (5.3) indenização pelas benfeitorias e direito de retenção; (5.4) responsabilidade civil do possuidor; (5.5) possibilidade de usucapião.
5.1) Proteção possessória: ver ítem 7.
5.2) A percepção dos frutos (arts. 1214 a 1216, do NCC/2002): Uma vez sendo vencido o possuidor, na ação reivindicatória, as regras quanto aos frutos, acessórios da coisa, variam de acordo com a sua boa-fé ou a má-fé:
Boa-fé: tem direito aos frutos já percebidos ao tempo em que cessou a boa-fé bem como as despesas de produção, inclusive remuneração razoável por seu trabalho;
Má-fé: não tem direito a nenhum fruto. Tem que devolver os frutos colhidos e percebidos, bem como os que deixou de perceber por culpa sua, ou seja, os percipiendos. Tem direito apenas ao custo da produção e de custeio.
5.3) indenização pelas benfeitorias e direito de retenção: 
Boa-fé: tem direito à indenização pela benfeitorias ÚTEIS e NECESSÁRIAS (essas com direito de retenção), podendo levantar as voluptuárias que não lhe forem pagas e admitam remoção sem detrimento da coisa. Enunciado 81 do CJF: “Art. 1219: O direito de retenção previsto no art. 1219 do CC, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias”;
Má-fé: somente tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias (e sem direito de retenção).
Na indenização pelo valor de benfeitorias, o reivindicante pode optar entre o valor de custo e o valor atual. As benfeitorias, em cada caso, somente merecem indenização se existirem ao tempo da evicção, compensando-se os valores devidos em razão das mesmas com os danos devidos pelo evicto (possuidor) ao reivindicante. O NCC/2002 estabeleceu que o reivindicante, obrigado a indenizar o possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual ou o seu custo, enquanto que, em relação ao possuidor de boa-fé, terá que ressarcir pelo valor atual.
- Obs.: o art. 35, da Lei de Inquilinato (Lei 8.245/91), ao regular benfeitorias, estabelece a possibilidade de o próprio contrato trazer regramento específico, inclusive cláusula de renúncia, afastando as normas legais: “Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis (...)”.
Súm. 335, STJ (de 2007) – estabelece que nos contratos de locação é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
5.4) Indenização dos prejuízos. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa (arts. 1217 e 1218, do NCC/2002):
Boa-fé: somente se tiver dado causa (Silvio Rodrigues entende que só se tiver agido com dolo ou culpa grave na perda ou deterioração);
- Má-fé: responde em todos os casos, mesmo em razão de força maior ou caso fortuito. Somente pode eximir-se, caso comprove que a perda ou deterioração dar-se-ia da mesma maneira se estivesse nas mãos do retomante.
5.5 – Usucapião
A posse é requisito fundamental, embora não o único, para a usucapião. Desse modo, a aquisição de propriedade pela usucapião é um dos principais efeitos da posse. Usucapir é adquirir a propriedade pela posse continuada durante certo lapso de tempo. 
6 – COMPOSSE
 Composse é a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a mesma coisa. Assim como existe o condomínio, existe a composse. Esta pode existir tanto na posse imediata como na mediata. Ex: dois ou mais locadores.
Caracterizada a composse decorrera dela 2 EFEITOS MATERIAIS:
1º efeito: cada um dos co-possuidores exerce o seu direito sobre o todo, independentemente da sua fração. 
2º efeito: cada um dos co-possuidores tem direito de defender o todo, independentemente de sua fração. 
Não se deve confundir composse com concorrência ou sobreposição de posses (desdobramento vertical da posse em direta e indireta).
Há também um EFEITO PROCESSUAL : 
Artigo 10, §2º do CPC: 
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados.(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
No CPC consta que se uma ação possessória imobiliária for ajuizada contra uma pessoa casada, exige-se a citação do seu cônjuge quando ele estiver em COMPOSSE
7 – PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
 Os meios de defesa da posse constituem, na verdade, mais que efeitos, sua própria essência. De nada valeria o estado de fato e a aparência sem eles. Pelos meios de defesa, protege-se a posse contra qualquer ato que signifique ameaça ou violação dessa relação entre a pessoa e a coisa. As bases, os fundamentos e as modalidades de proteção possessória devem vir descritos pela lei material, já as minúcias do procedimento devem vir regradas pela lei processual. 
i.	– LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE. DESFORÇO IMEDIATO.
Duas são as hipóteses de autotutela: legítima defesa e desforço imediato. Ambas com fundamento material no art. 1210, § 1º, do CC “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contando que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse”.
Enunciado 239 do CJF: “Art. 1210: Na falta de demonstração inequívoca de posse que atenda à função social, deve-se utilizar a noção de melhor posse, com base nos critérios previsto no parágrafo único do art. 507 do CC/1916”. 
A legítima defesa ocorre quando a posse é ameaçada, já o desforço imediato quando a posse é perdida.
Ocorre esbulho quando o possuidor é retirado total ou parcialmente de sua posse. Existe turbação quando se agride a posse sem chegar ao esbulho.
Onde é possível a ação possessória também é possível a autotutela. Engloba tanto os móveis quanto imóveis. Para que o possuidor valha-se da defesa de mão própria, faz-se necessária a turbação ou o esbulho e uma reação imediata: contando que faça logo. Requisito da imediatidade na repulsa. Passadas a oportunidade e conveniência da autodefesa, cabe ao sujeito recorrer às vias judiciais, sob pena de praticar o ilícito penal tipificado no art. 345 do CP (exercício arbitrário das próprias razões). 
Além disso, os atos de defesa e de desforço dependem do requisito da moderação, isto é, os atos não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse. 
ii.	– INTERDITOS POSSESSÓRIOS. AÇÕES POSSESSÓRIAS NO CPC.
A) Regras gerais:
LEGITIMAÇÃO ATIVA: não basta ser proprietário ou titular de direito real; se não tiver posse terá que se valer da via petitória. Mas o herdeiro está em situação privilegiada, pois a lei presume que ele continua a posse do antecessor
LEGITIMAÇÃO PASSIVA: é do autor da ameaça, turbação ou esbulho. Contra o terceiro que recebeu a coisa de boa-fé não cabe reintegração de posse, mas apenas ação petitória (Enunciado 80 do CJF: “Art. 1212: É inadmissível o direcionamento de demanda possessória ou ressarcitória contra terceiro possuidor de boa-fé, por ser parte passiva ilegítima, diante do disposto no art. 1212 do NCC. Contra o terceiro de boa-fé cabe tão-somente a propositura de demanda de natureza real”). 
RECURSO ESPECIAL Nº 998.409 - DF (2007⁄0249655-2)
Civil e Processo civil. Recurso especial. Ação possessória. Possibilidade jurídica do pedido. Bem imóvel público. Ação ajuizada entre dois particulares. Situação de fato. Rito especial. Inaplicabilidade.
- A ação ajuizada entre dois particulares, tendo por objeto imóvel público, não autoriza a adoção do rito das possessórias, pois há mera detenção e não posse. Assim, não cumpridos os pressupostos específicos para o rito especial, deve o processo ser extinto, sem resolução de mérito, porquanto inadequada a ação.(13/10/2009)
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS NA AÇÃO POSSESSÓRIA. O art. 921 do CPC autoriza a cumulação do pedidopossessório com a condenação em perdas e danos; cominação de pena em caso de nova turbação ou esbulho; e desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. Desde que o autor dispense o rito especial, pode formular outros pedidos cumulados ao possessório, como, por exemplo, o de rescisão do compromisso de compra e venda e o demarcatório.
FUNGIBILIDADE. Em relação aos interditos vige o princípio da fungibilidade, mas apenas entre as três ações possessórias em sentido estrito (ação de reintegração, manutenção e interdito proibitório). Justifica-se este princípio em face da possibilidade de rápida mutabilidade do estado de fato ou da dificuldade de precisar-se, no caso concreto, qual a espécie de agressão que a vítima efetivamente sofreu.
NATUREZA DÚPLICE DA AÇÃO POSSESSÓRIA. As possessórias são ações dúplices, conforme dispõe o art. 922 do CPC. O réu pode realizar pedido contraposto em harmonia com o artigo 921 do CPC, uma vez que a cognição horizontal é limitada. 
EXCEÇÃO DE DOMÍNIO. A jurisprudência somente vem admitindo quando (a) duvidosa a posse de ambos os litigantes, isto é, quando o exame da prova não tenha sido capaz de dissipar a dúvida no que respeita ao verdadeiro possuidor ou (b) as partes disputam a posse a título de proprietárias.
Enquanto estiver tramitando a ação possessória, em que ambas as partes a discutem com base no domínio, nem o réu nem o autor podem ajuizar ação petitória, no entanto, se o pleito não tiver esse conteúdo, não fica impedida a propositura de ação petitória. Súmula 487 do STF “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”. Ainda que a decisão judicial na possessória for no sentido da súmula 487 do STF, não fará coisa julgada acerca do domínio. Entretanto, o entendimento acima exposto diverge do constante nos Enunciados 78 e 79 do CJF: “Art. 1210: Tendo em vista a não-recepção, pelo NCC, da exceptio proprietatis (art. 1210, §2º) em caso de ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no jus possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração do direito real sobre o bem litigioso” e “A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório”.
AÇÕES DE FORÇA NOVA E FORÇA VELHA. A propositura da ação com menos de ano e dia da turbação ou do esbulho permite o deferimento da liminar nos termos do art. 928 do CPC e, se ultrapassado o prazo de ano e dia, a ação continuará a ser possessória, mas pelo rito ordinário (são executivas, portanto).
A MEDIDA LIMINAR NA POSSESSÓRIA E A TUTELA ANTECIPADA GENÉRICA. A nova redação do art. 273 do CPC permite que o juiz, sob determinadas condições, antecipe total ou parcialmente a tutela pretendida no pedido. Desse modo, passa a ser concebível que, mesmo no procedimento ordinário, se possa obter tutela provisória da posse, sob a nova modalidade criada pelo legislador. Embora a tutela antecipada genérica do art. 273 possa atingir a mesma finalidade da liminar possessória típica, seus requisitos são mais específicos e estritos (prova inequívoca e verossimilhança da alegação; fundado receio de dano irreparável ou que fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu), além de poder ser revogada ou modificada a qualquer tempo e de não poder ser concedida ser houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Assim, entende-se que a liminar na possessória, por ter requisitos mais abrangentes, continua a ter sentido a sua existência. 
(Pergunta da prova oral do XII concurso do TRF4: Há diferenças entre a liminar na possessória e a tutela antecipada genérica? Pode se afirmar que a liminar na possessória deixou de ter sentido com a criação da tutela antecipada?).
O juiz não poderá conceder liminar sem antes ouvir o representante judicial da pessoa jurídica de direito público se essa for a ré. Lembre-se que as empresas públicas e sociedades de economia mista não são de direito público. 
B) Interdito proibitório:
Sua particularidade é o caráter preventivo. Busca-se evitar ofensa à posse.
Conferido ao possuidor com justo receio de ser molestado (turbado) ou esbulhado de sua posse. Busca proteção contra violência iminente..
Não se admite o interdito proibitório com a finalidade de impedir que o réu ajuíze alguma ação.
C) Manutenção de posse:
Requisitos: (a) TURBAÇÃO (molestamento sem privação da posse) atual; e (b) data do início da turbação e a continuação na posse. Pode haver concessão de medida liminar, ordenando que cesse a turbação. Após a citação e caso não tenha sido concedida medida liminar nem tenha sido convencido o juízo com justificação judicial, toma o feito o rito ordinário. É ação dúplice, podendo o demandado requerer sua reintegração, caso tenha sido esbulhado por posse violenta e não convalidada por ano e dia.
D) Reintegração de posse
É conferida ao possuidor que foi ESBULHADO, ou seja, privado de sua posse de forma injusta. Requisitos: que tenha havido esbulho e que o mesmo date de menos de ano e dia. Com prova pré-constituída ou extraída de justificação pode o juiz conceder medida liminar de reintegração. Caso contrário, ordenada a citação e contestado o feito, toma-se o rito ordinário.
 
 RECURSO ESPECIAL Nº 696.744 - SP (2004⁄0051867-0)
Processo civil. Recurso especial. Ação de reintegração de posse. Liminar cumprida apenas parcialmente. Circunstância que só é identificada anos após o trânsito em julgado da sentença proferida no processo de conhecimento e de extinção da execução movida com o único intuito de exigir os honorários advocatícios decorrentes da sucumbência. Possibilidade de expedição do mandado definitivo de reintegração.
- Constatada a ocorrência de erro na reintegração liminar anteriormente deferida, nada impede que o provimento definitivo de mérito seja concretizado pela via própria. Na hipótese, o largo decurso de tempo entre o trânsito em julgado da sentença e o pedido de reintegração definitiva decorre apenas de erro quanto à correta percepção da extensão da reintegração liminar, que se supunha completa, mas havia sido parcial (...). 
 
OUTROS MECANISMOS DE TUTELA DA POSSE: 
Cumpre destacar que tanto o proprietário como o não proprietário desfrutam de acesso as ações possessórias, sendo bastante que estejam exercendo com atualidade o poder de fato sobre a coisa, no instante em que a posse é agredida. Contudo, existem litígios que envolvem a proteção da posse em que se possa, propriamente, cogitar de um esbulho, turbação ou ameaça. Para o enfrentamento judiciais de tais situações o ordenamento jurídico oferece formas diferenciadas de tutela. 
Isto é, não são ações submetidas ao procedimento possessório, conquanto possam estar conectadas, de algum modo, com a posse. 
E) Embargos de terceiro
Podem ser utilizados por terceiro, senhor ou possuidor, para defesa da sua posse e podem ser opostos em caráter preventivo. Pressuposto é o ato de apreensão judicial (esbulho processual), fato que o distingue das demais possessórias.
A qualidade de terceiro é estabelecida por exclusão: quem não é parte no feito, ainda que possa vir a ser. É também terceiro o cônjuge atuando em defesa de sua meação, bens próprios, reservados ou dotais. É irrelevante que ele tenha sido intimado da penhora, mas jamais poderá ele pretender discutir o débito, porque isso é matéria a ser deduzida em embargos do devedor. Obs: * responde pelas dívidas do casal o patrimônio da mulher quando elas resultarem de atos praticados em proveito da família; * a meação da mulher deve ser considerada em cada bem do casal e não na totalidade do patrimônio.
Figurará como réu aquele que deu causa à apreensão judicial.
Cabem os embargos para o credor com garantia realobstar alienação judicial do objeto da garantia. Note-se que ele tem, ainda, direito de preferência legal, devendo, para esse fim, ser intimado da praça. A contestação será limitada aos seguintes argumentos: (a) devedor comum é insolvente; (b) título da garantia é nulo ou não obriga terceiro; (c) outra é a coisa dada em garantia. O bem hipotecado não é impenhorável, mas ao credor hipotecário está assegurado o direito de impedir a alienação, pelos embargos de terceiro, desde que demonstre a solvência do devedor.
Súmula 195 do STJ: em embargos de terceiro não se anula ato jurídico por fraude contra os credores (deve-se ajuizar a pauliana).
Os embargos de terceiros podem ser ajuizados a qualquer tempo, antes da sentença final, ou na execução, até 5 dias após a arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da carta respectiva (art. 1040 CPC). Cabem os embargos ainda que o processo se encontre no tribunal para apreciação de recurso. Se o prazo de embargar for perdido, ainda restará a possibilidade de se postular a anulação do ato judicial.
É o juízo deprecante quem deve apreciar os embargos se o bem apreendido foi por ele indicado.
F) Ação de nunciação de obra nova:
Cuida-se de ofensa à posse por obra vizinha. Objetivo da ação é impedir a continuação de obra que prejudique prédio vizinho ou esteja em desacordo com os regulamentos administrativos. Situa-se na proteção dos direitos de vizinhança. É pressuposto essencial que a obra seja “nova”. Se já estiver em fase de conclusão, o vizinho poderá propor ação de reparação de danos ou demolitória, mas não mais embargá-la. Prédios devem ser vizinhos, mas não precisam ser contíguos. Nos casos de invasão mínima, tem-se convertido, pretorianamente, a nunciação ou a demolitória em indenização da área invadida. Inadmissível a ação se a obra nova é executada não no prédio do nunciado, mas em logradouro público.
A ação tem natureza pessoal, de modo que se dispensa o consentimento do outro cônjuge.
O nunciante requererá embargo para que fique suspensa a obra, bem como a cominação de multa para o caso de descumprimento e perdas e danos. Descumprimento do embargo configura atentado.
O prazo para contestar é de apenas 5 dias. Desde que preste caução e demonstre prejuízo, o nunciado poderá requerer o prosseguimento da obra (menos se a ação for fundada em contravenção às posturas administrativas).
G) Ação de dano infecto
Quem tiver justo receio de sofrer dano em seu imóvel em decorrência de ruína em prédio ou obras vizinhas pode pedir que o proprietário ou responsável preste caução, para garantir eventual indenização, se ocorrer dano. Nesse caso, protege-se o bem possuído de dano potencial, ainda não ocorrido. O proprietário ou possuidor previne-se exigindo caução. 
H) Ação de imissão na posse
Dela podem se valer: (a) os adquirentes de bens para haverem a respectiva posse; (b) administradores e demais representantes das pessoas jurídicas para haverem de seus antecessores a entrega dos bens; (c) mandatários para haver os bens dos mandantes das mãos de seus antecessores. A ação tem sido utilizada, também, pelos arrematantes dos imóveis para haverem a sua posse das mãos dos devedores.
Trata-se de ação dominial, portanto, não é possessória. Difere da reivindicatória, pois esta busca haver a posse que se perdeu por ato injusto de outrem e na imissão é reservada a quem nunca tivera a posse.
No estatuto processual vigente não foi incluída a ação como procedimento especial.
8 – PERDA DA POSSE
Conserva-se na posse aquele que mantém o comportamento de exteriorização do domínio, que se dá por conduta do próprio agente ou de seus prepostos e representantes. 
O legislador de 1916 foi repreendido por ter sido casuístico nas hipóteses de perda, uma vez que poderia ter adotado uma fórmula genérica. O novo CC em seu art. 1223 dispõe que “perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual ser refere o art. 1196”, isto é, quando desaparecem os poderes inerentes à propriedade com relação à coisa que eram exercidos pelo possuidor. Causas da perda da posse: (a) abandono: é a renúncia; (b) tradição; (c) destruição: perecimento do objeto; (d) colocação da coisa fora do comércio: tornou-se inalienável, ex. terras públicas; (e) posse de outrem; (f) constituto possessório.
POLÍTICA AGRÍCOLA E REFORMA AGRÁRIA)
1 – Conceitos:
O Estatuto da Terra (lei 4504/64) dá o conceito do que sejam Políticas públicas agrícolas e Reforma Agrária.
a) política agrícola é o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do País. 
b) reforma agrária é o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
2.1. A função social da propriedade
Pode-se dizer que a propriedade privada, como um direito individual e funcionalizado, i.e., que tem presente uma função social, apresenta um conceito não absoluto de propriedade – pela função social que lhe é inerente. “Para usar uma expressão metafórica muito feliz, diz-se que o direito de propriedade é o corpo e a função social é a alma, elementos inseparáveis, mas distintos, que se mantêm vivos enquanto ligados.” (Godoy. P. 31)
O novo Código Civil, atento à idéia de função social da propriedade, consagrou-lhe diversos parágrafos no artigo 1.228:
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Especificamente quanto à propriedade imobiliária agrária, a CF (art. 186) considera atendida a sua função social quando cumpre simultaneamente os requisitos:
da produção: uso racional e adequado, segundo os critérios exigidos em lei;
da ecologia: preservação e conservação dos recursos naturais e
social: respeito aos direitos trabalhistas e “manter exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”.
A CF manteve a mesma disciplina inaugurada com o Estatuto da Terra, acrescentando-lhe, apenas, a preocupação com o meio ambiente. Posteriormente, a Lei 8.629, de 25.02.93 minudenciou os requisitos da função social da propriedade rural, detalhando objetivamente todas as exigências legais para que se considere cumprida a função social da propriedade. 
Da produção
A Lei 8.62993 traz o detalhamento para a caracterização da propriedade produtiva. O art. 6º da Lei atribui essa condição àquela propriedade que atinge, simultaneamente, graus de utilização e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. Estabelece que o grau de utilização da terra deverá ser igual ou superior a 80%, calculado entre a área utilizável e a área efetivamente em produção. A eficiência é computada segundo o tipo de exploração na unidade em face aos índices indicados pelo órgão estatal. 
O artigo 7º da mesma Lei 8.62993 exclui da desapropriação para fins de reforma agrária, o imóvel que comprove estar sendo objeto de implantação de projeto técnico. 
Do elemento ecológico
A Lei 8.62993, no seu art. 9º, considera adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis quando a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a manter o potencial produtivo da propriedade. 
. 
Do elemento social
A Lei 8.62993, no §4º do artigo 9º, considera que a observância das disposições que regulam as relações de trabalho implica tanto o respeito às leis trabalhistas quantoaos contratos coletivos de trabalho. A referida lei também enquadra nesse tópico o respeito às disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais, apesar de tal matéria não se referir à legislação trabalhista. 
3. Instrumentos de Política Agrária na CF de 1988. 
Nos artigos 184 a 187, a CF concede os instrumentos que permitem ao Poder Público o desenvolvimento da Política Agrária. São eles: 
Política agrícola e desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. 
ITR progressivo no tempo (art. 153, §4º), 
A impenhorabilidade da pequena propriedade imobiliária agrária (art. 5º, XXVI) e 
O usucapião constitucional agrário.
4. A política agrícola.
A Política Agrícola, como primeiro instrumento de Política Agrária, está disciplinada na CF, no art. 187, que dispõe que será planejada e executada, na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transporte; em seguida, especifica uma série de medidas de políticas públicas a seres implementadas, visando à promoção da produção, beneficiando e incentivando os produtos, com: instrumentos creditícios� e fiscais; preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; incentivo à pesquisa e à tecnologia; assistência técnica e extensão rural; seguro agrícola; cooperativismo; eletrificação rural e irrigação; e habitação para o trabalhador rural. 
Diferentemente da Reforma Agrária, a Política Agrícola, também chamada de Política de Desenvolvimento Rural, é um movimento permanente, em eterna renovação para acoplar os recursos da tecnologia e a necessidade de retirar riquezas cada vez mais densas da terra, sem a exaurir, sem a esgotar.
São atividades cobertas pela Política Agrícola: agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais (i.e., exploração de florestas cultivadas ou extrativismo).
5. Princípios fundamentais do direito agrário brasileiro.
Segundo Paulo Torminn Borges, são estes os princípios fundamentais do direito agrário:
função social da propriedade;
progresso econômico do rurícola;
progresso social do rurícola;
fortalecimento da economia nacional, pelo aumento da produtividade;
fortalecimento do espírito comunitário, mormente da família;
desenvolvimento do sentimento de liberdade (pela propriedade) e de igualdade (pela oferta de oportunidades concretas);
implantação da justiça distributiva;
eliminação das injustiças sociais no campo;
povoamento da zona rural, de maneira ordenada;
combate ao minifúndio;
combate ao latifúndio;
combate a qualquer tipo de propriedade rural ociosa, sendo aproveitável e cultivável;
combate à exploração predatória ou incorreta da terra;
combate aos mercenários da terra.
6. Institutos básicos de direito agrário.
O ET, em seu artigo 4º, traz uma série de conceitos básicos de direito agrário, que vão a seguir analisados.
Imóvel rural x imóvel urbano
O Estatuto da Terra procurou encerrar a polêmica, adotando a teoria da destinação. Acontece que o CTN, como lei posterior, revogou o princípio da destinação, substituindo-o pelo da localização, ex vi de seu art. 32. Mais recentemente, a Lei 8.62993, que veio regulamentar os artigos 185 e 186 da CF, também cuidou da definição de imóvel rural, utilizando-se do critério da destinação. Eis a literalidade do dispositivo:
“Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
I – imóvel rural, o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa, vegetal, florestal ou agro-industrial.”
 No STJ já pacificou que o critério para definição de imóvel rural, para fins de cobrança de ITR, é o critério da destinação do imóvel. Há decisão sobre o tema inclusive em sede de recurso repetitivo (RESP - RECURSO ESPECIAL – 1112646. 1º seção, julgado 28.08.2009) 
Propriedade familiar
Pela literalidade do artigo 4º, II do ET, é o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e, eventualmente, trabalhado com a ajuda de terceiros.
Módulo rural
É a área de terra, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, que, trabalhada direta e pessoalmente por uma família de composição média, com auxílio apenas eventual de terceiros, se revela necessária para a subsistência e, ao mesmo tempo suficiente como sustentáculo ao progresso social e econômico da referida família. 
Segundo Benedito Ferreira Marques, “tem-se, assim, que o módulo rural é a medida adotada para o imóvel rural classificado como ‘propriedade familiar’.” A fixação desta área é feita atualmente pelo INCRA.
É proibido o parcelamento do solo em dimensão inferior à constitutiva do módulo rural (fração mínima de parcelamento – FMP). Com isso, visa-se a evitar a proliferação de áreas tidas como antieconômicas, o que acarreta problemas graves de distorção fundiária. 
Minifúndio
É o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar (art. 4º, IV do ET). É, pois, a gleba de terra que, embora bem trabalhada pelo proprietário com sua família, e, eventualmente, com a ajuda de terceiro, se revela insuficiente para o sustento e o progresso social e econômico do mesmo conjunto familiar. 
O minifúndio, sendo antieconômico, prejudica o minifundiário, e, retendo-o em situação deficitária, prejudica a própria comunidade por falta de melhor aproveitamento de suas forças humanas disponíveis. 
Latifúndios
É o imóvel rural que, tendo área igual ou superior ao módulo, é mantido inexplorado, explorado incorretamente, ou que tem dimensão incompatível com a justa distribuição de terra. Há, pois, dois tipos de latifúndios: por extensãopor dimensão (área superior a 600 vezes o módulo médio da propriedade rural ou 600 vezes a área média dos imóveis rurais na respectiva zona) e por exploraçãopor inexploração (não exploração ou exploração incorreta).
Empresa
Paulo Torminn Borges entende que “a empresa rural pode ser definida como o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, fazendo-o cumprir integralmente sua função social”.
A empresa rural não se confunde com a propriedade familiar. Esta é unidade de produção para o conjunto familiar. Aquela é unidade de produção para uma comunidade mais ampla, onde se associam terra, trabalho, capital e técnica, tudo dirigido organicamente a um fim econômico. 
A natureza da empresa rural depende de como a mesma estiver organizada. Poderá ser de natureza civil, submetida ao registro no INCRA, ou comercial. Segundo nos ensina Fábio Ulhôa Coelho, o Código Civil de 2002 reservou para o exercente de atividade rural um tratamento específico (art. 971). Se ele requerer sua inscrição no registro da empresa (Junta Comercial), será considerado empresário e submeter-se-á às normas de Direito Comercial. Esta deve ser a opção do agronegócio. Caso, porém, não requeira a inscrição neste registro, não se considera empresário e seu regime será o do Direito Civil.
Pequena propriedade rural
A CF fez referência à pequena propriedade rural, a qual foi definida pela lei 8.62993, com sendo aquela compreendida entre 1 (um) a 4 (quatro) módulos fiscais. 
A pequena propriedade rural, “desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento”. (art. 5º, XXVI).
Média propriedade rural
A lei 8.62993 definiu a média propriedade rural como aquela com dimensão superior a 4 (quatro) até 15 (quinze) módulos fiscais. A média propriedade rural é relativamente insuscetível dedesapropriação, com se verá a frente. 
Colonização 
Colonização é instrumento de política agrária, com objetivos básicos de dar sentido econômico e social a imóveis rurais ociosos. Assim, colonização é forma de política agrária dirigida ao povoamento de terras desabitadas ou pouco povoadas, virgens ou incultas, objetivando introduzir nelas a infra-estrutura necessária para permitir a organização de um parcelamento de terras ou permita o racional aproveitamento ou utilização, bem como a introdução de serviços púbicos e privados adequados, para o assentamento de uma população. 
Duas são as espécies de colonização: a) oficial e b) particular.
A colonização oficial tem como colonizador o Poder Púbico, cujos projetos se desenvolvem sobre terras que já se incorporaram ao seu patrimônio, ou que venham a sê-lo, preferencialmente nas áreas ociosas, próximas a grandes centros urbanos e de mercado de fácil acesso com problemas de abastecimento. 
A colonização particular, como nome indica, é realizada por empresa particular. 
7. Terras devolutas e poder público
Terras devolutas são as terras que, não sendo bens próprios nem aplicadas a algum uso público, não se incorporam regular e legitimamente ao domínio privado. 
As terras devolutas que estiverem localizadas em área rural devem passar para a iniciativa privada, de modo a promover o desenvolvimento agrícola. Afinal, é certo que o Poder Público não quer terras para sua exploração direta, como se for empresário. Não quer competir com a iniciativa privada, cujo estímulo é postulado constitucional. 
Nesse sentido, dispõe o artigo 188 da CF de 1988:
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional de reforma agrária. 
O ET, de forma bem didática, dispõe que: 
Art. 13. O Poder Público promoverá a gradativa extinção das formas de ocupação e de exploração da terra que contrariem sua função
Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de empresas rurais de pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional desenvolvimento extrativo, agrícola, pecuário ou agroindustrial. Também promoverá a ampliação do sistema cooperativo e a organização daquelas empresas, em companhias que objetivem a democratização do capital.
8. Aquisição de terras por estrangeiros
A lei 5.70971 enumerou os estrangeiros que poderiam adquirir imóveis rurais no território brasileiro, excluindo de tal possibilidade os demais:
a) os estrangeiros residentes no Brasil;
b) as pessoas jurídicas estrangeiras, quando autorizadas a funcionar no Brasil;
c) as pessoas jurídicas brasileiras, das quais participem, a qualquer título, pessoas estrangeiras físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e residam ou tenham sede no exterior. 
Ressalve-se a hipótese de sucessão hereditária legítima, em que qualquer estrangeiro poderá adquirir imóveis rurais. 
A mesma lei 5.70971 fixa a área máxima que cada pessoa estrangeira pode adquirir, bem como a área máxima de cada município, disponível para tais alienações, e, ainda, a porcentagem que pode ser transferida às pessoas da mesma nacionalidade, evitando quistos étnicos. Afinal, conforme Paulo Torminn Borges, “a formação de quistos étnicos em nosso território poderia representar perigo momentâneo para nossa segurança, para nossa integridade territorial e para a homogeneidade da nação: língua, sentimento pátrio etc”.
Assim, a pessoa física não poderá adquirir mais de 100 módulos de exploração indefinida (cf. alteração da lei n. 8.62993), em área contínua ou descontínua. Esse limite pode ser aumentado mediante autorização do Congresso Nacional, ouvido o Conselho de Defesa Nacional, quando se tratar de imóvel rural vinculado a projetos julgados prioritários em face dos planos de desenvolvimento do País. 
9. Processo discriminatório.
É o procedimento especial destinado a identificar e definir em seus contornos e em suas lindes as terras devolutas. Assim, o seu objetivo precípuo é separar as terras do Poder Público das que pertencem aos particulares, identificado-as, claramente, para efeito de registro nos cartório de registro de imóveis e, ao depois, aliená-las ou aplicá-las nas finalidades previstas no Estatuto da Terra.
O processo discriminatório pode ter lugar no âmbito administrativo ou no âmbito judicial, hoje regulada pela Lei 6.38376.
Por óbvio, a ação discriminatória de terras da União processar-se-á na Justiça Federal.
A ação discriminatória tem caráter prejudicial em relação às ações em andamento, referentes a domínio ou posse de imóveis situados, no todo ou em parte, na área discriminada. Assim, segundo Torminn, com espeque no artigo 23, p. ún., da Lei 6.383, todas as ações atraídas passam à competência da JF, e, nelas, mesmo que não seja parte, deve a União intervir. Nesse contexto, pode-se dizer que a ação discriminatória goza de preferência, mas apenas em relação às demais ações versantes sobre a área discriminada. 
10. A Justiça Agrária
O artigo 126 da CF diz que, para dirimir conflitos fundiários, o TJ proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio (EC 45/2004). 
11. Legitimação de posse
A legitimação da posse está ligada ao cumprimento de um dos mais importantes princípios norteadores do direito agrário que é a despublicização de suas terras, transferindo-as para particulares, para que nela trabalhem e produzam. 
A legitimação de posse é a exaração de ato administrativo, através do qual o Poder Público reconhece ao particular que trabalhava a terra a sua condição de legitimidade, outorgando, ipso facto, o formal domínio pleno, ou, simplesmente, é a forma de alienação de terras devolutas. 
Atualmente, a legitimação de posse está regulada pela Lei 6.38376, que dispõe sobre os procedimentos discriminatórios das terras devolutas da União. 
Para a expedição do título de domínio, a Lei 6.383 estabeleceu a necessidade de obtenção de um documento provisório, que denominou de “licença de ocupação”. Para obtê-la, o posseiro deve atender os seguintes requisitos prévios:
a) serem as terras legitimáveis públicas devolutas;
b) a área não pode ultrapassar a cem (100) hectares;
c) o posseiro deve comprovar morada permanente e cultura efetiva pelo lapso de tempo não inferior a um (1) ano;
d) o posseiro não pode ser proprietário de imóvel rural;
e) deve ele explorar a atividade agrária com seu trabalho direto e o de sua família.
Preenchido esses requisitos, o posseiro recebe a licença de ocupação, que terá o prazo de quatro anos. Esse documento representa um título de posse, permite o acesso ao crédito rural e assegura a seu titular a preferência para a aquisição definitiva do imóvel. É um documento intransferível por ato inter vivos, é inegociável, e não pode ser objeto de penhora ou de arresto, tendo o caráter personalíssimo.
A licença de ocupação é pré-requisito da legitimação de posse, pelo que para obter esta o posseiro terá que ter, pelo menos 5 anos de posse (1 ano para a licença de ocupação e mais os 4 anos de cumprimento da licença).
A CF de 88, em seus artigos 188 e 189, introduziu novos parâmetros para as alienações das terras devolutas. De acordo com o novo texto constitucional, a transferência das terras devolutas está condicionada à compatibilização com a Política Agrícola e com a Reforma Agrária e estabelece a cláusula de inegociabilidade do imóvel pelo prazo de 10 (dez) anos, a ser inserida, seja no título de domínio, seja no de concessão de uso. 
12. Regularização de posse
é forma onerosa de aquisição de propriedade, resultando da preferência para a aquisição do imóvel em virtude da posse agrária.
A regularização de posse é facultativa e onerosa, em contraposição à legitimação que é obrigatória e gratuita.
“Tratando-se de um procedimentoadministrativo com caracteres peculiares à compra e venda, negócio jurídico tipicamente bilateral e oneroso, não se vislumbra possibilidade de obtenção do título na esfera judicial, a menos que, preenchidos todos os requisitos legais e convencionais, o Poder Público se negue a outorgar o título definitivo. Em tal hipótese, acredita-se que se apresente cabível a ação de adjudicação compulsória, regulada no Decreto–Lei n. 58, de 10 de dezembro de 1937”.
aqui
13. Usucapião agrário
A usucapião agrário ou usucapião especial, também é denominado de usucapião pro labore e de usucapião constitucional. 
O usucapião agrário se funda na posse-trabalho, assim entendida como aquela caracterizada pela utilização econômica do bem possuído. 
Os requisitos do usucapião agrário estão previstos no artigo 191 da CF:
é ponto pacífico na doutrina agrarista que, no usucapião agrário, não se conhece a figura do preposto, nem se admite que a posse do antecessor se some à do atual, para efeito de composição do tempo necessário à prescrição aquisitiva. A posse há de ser direta e pessoal e ininterrupta. Quando muito se concebe a sucessão de posses em caso de morte do possuidor, porque, no contexto agrário, a chamada propriedade familiar constitui um dos seus postulados. 
A competência da ação de usucapião será do foro da situação do bem:
Súmula 11 do STJ: A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não fasta a competência do foro da situação do imóvel. 
14. Reforma Agrária
A reforma agrária restou conceituada no parágrafo primeiro do artigo 1º do estatuto da terra, nos seguintes termos:
reforma agrária é o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. 
Temos, assim, que a reforma agrária não visa apenas a distribuição de terras, mas sim a uma melhor distribuição, o que evidencia o seu caráter de transformação da distorcida estrutura agrária do país. 
A reforma agrária busca atender a um fim específico que é a “justiça social e ao aumento de produtividade”. Essa é a razão porque alguns autores afirmam que o fundamento da reforma é a justiça social. Outros assinalam que são dois os fundamentos: a) igualdade de oportunidade de acesso à terra (democratização da terra); e b) fazer a terra cumprir a sua função social. 
Existem, em tese, dois métodos de fazer a reforma agrária, o coletivista e o privatista. 
O coletivista consiste na nacionalização da terra, passando à propriedade do Estado, que outorga ao campesino apenas o direito de uso. Fundamenta-se na doutrina socialista.
O privatista é aquele em que se admite a propriedade privada. A terra é de quem a trabalha, seja pequeno, médio ou grande produtor. Baseia-se na teoria, segundo a qual os bens existem para a satisfação do homem, que deve se apropriar deles, não sendo, porém um direito absoluto, porque está condicionado ao bem comum. 
A reforma agrária, no Brasil, é de competência da União e a desapropriação respectiva tem marcado caráter punitivo, vez que a indenização da terra nua é paga com Títulos da Dívida Agrária.
A distribuição dos imóveis rurais desapropriados tanto pode ser feita através de títulos de domínio como por meio de instrumentos de concessão de uso (DL 27167 – art. 7º�). Em qualquer desses instrumentos é obrigatória a inclusão de cláusula de inegociabilidade pelo prazo de 10 anos (CF 189). Além disso, os beneficiários assumem a obrigação de cultivar o imóvel recebido, direta e pessoalmente, ou través de seu núcleo familiar, mesmo que através de cooperativas, bem como a obrigação de não ceder o seu uso a terceiros, a qualquer título, pelo prazo de 10 anos.
Desapropriação rural
Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, a desapropriação pode ser assim definida: 
“um procedimento administrativo mediante o qual o poder público, compulsoriamente e por ato unilateral, despoja alguém de um bem, adquirindo-o originariamente, mediante indenização prévia e justa”.
O legislador constituinte, no artigo 185, previu a desapropriação agrária, ao tempo em que estabeleceu certas imunidades:
Assim, em princípio, todo imóvel que não cumpra a sua função social é passível de desapropriação agrária, excepcionando-se a pequena e medida propriedade, quando o proprietário não possua outra propriedade rural, bem como a propriedade produtiva. Além disso, nos termos do artigo 7º da Lei 8.62993, o imóvel que comprove estar sendo objeto de implantação de projeto técnico que atenda a certos requisitos estabelecidos na lei não pode ser desapropriado.
A desapropriação pode se dar por procedimento administrativo, quando existe acordo das partes em relação ao valor da indenização, ou por procedimento judicial, quando tal acordo inexiste. 
Na hipótese de ser instaurada a ação de desapropriação agrária, o réu pode alegar qualquer matéria de defesa, exceto apreciar o interesse social declarado (art. 9º, LC 7693). 
Declarado o interesse social, para fins de reforma agrária (sempre por decreto do Presidente da República), fica o órgão executor do projeto (atualmente o INCRA) legitimado para promover a vistoria e a avaliação do imóvel, podendo até mesmo valer-se de força policial, com autorização do juiz, em caso de resistência do proprietário. O prazo para exercício da ação expropriatória é de dois anos, a contar do decreto.
O depósito prévio é uma exigência no momento da instauração do processo expropriatório agrário. A imissão de posse é um ato processual que deve ser determinado no primeiro despacho do juiz, determinado-se, ainda, a citação e a averbação da ação no registro do imóvel. 
O art. 22 da Lei n. 939396, que disciplina a incidência do ITR, dispõe que o valor da terra nua para fins de depósito judicial não pode ser superior ao valor da terra nua declarada pelo proprietário-contribuinte para efeitos e tributação.
Da sentença caberá apelação apenas no efeito devolutivo, quando o expropriado for apelante, e no duplo efeito quando o poder público for apelante. A remessa obrigatória somente está prevista para os casos em que a sentença fixar valor de indenização superior a 50% do oferecido na inicial. 
A competência é sempre da justiça federal de 1ª instância e o MPF funciona em todas as fases da ação, como fiscal da lei. 
PROPRIEDADE
 Atualizado por Wilson Medeiros Pereira
1 - CONCEITO: é um direito complexo, que consiste em um feixe de atributos (poderes) consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa de que lhe serve de objeto (art. 1228, CC). 
Mas quem tem os 4 poderes e + o titulo tem = PROPRIEDADE. 
Quem tem os 4 poderes mais não tem titulo tem = DOMÍNIO 
Quem tem 1 só poder tem = POSSE 
O objeto da propriedade no novo Código Civil é bem certo, determinado e tangível, já que a matéria relativa a bens incorpóreos é regulamentada em diplomas esparsos, como a Lei nº 9279/96 (Marcas e Patentes), Lei nº 9609/98 (Programas de Computador) e Lei nº 9610/98 (Direitos Autorais). Já a CF/88 conceitua o termo propriedade de forma ampla, servindo a qualquer espécie de bem aferível patrimonialmente.
2 - EXTENSÃO VERTICAL DA PROPRIEDADE: (art.1229, CC) abrange o espaço aéreo e o subsolo correspondente, sendo que o seu titular não poderá opor-se injustificadamente à atuação de terceiros sobre o imóvel (passagem de postes de eletricidade e cabiamento). O art. 1230, em consonância com o art. 20, IX e X, da CF, determina que a propriedade do solo não abrangerá os recursos minerais do subsolo, potenciais energéticos, sítios arqueológicos e demais bens referidos em leis especiais. Portanto, tratando-se de bens dominicais de propriedade da União e distinta da do solo, as jazidas e demais recursos minerais apenas poderão ser explorados pelo proprietário na qualidade de concessionário, com acesso ao produto da lavra. Excepcionalmente, será viável a exploraçãodireta de recursos minerais pelo proprietário, quando imediatamente utilizados na construção civil sem qualquer transformação industrial.
3 - FACULDADES DO DIREITO DE PROPRIEDADE: o proprietário tem as faculdades de usar, gozar e dispor de seus bens e reavê-los de quem quer que injustamente os possua.
a) Direito de Usar: ius utendi. É a faculdade do proprietário servir-se da coisa de acordo com a sua destinação econômica. 
b) Direito de Gozar: ius fruendi. Consiste na exploração econômica da coisa, mediante a extração de frutos (há renovação constante à medida que são retirados) e produtos (vão se exaurindo quando extraídos da natureza, sem possibilidade de renovação). Também inserido no ius fruendi está o direito dos proprietários às pertenças 
c) Direito de Dispor: ius abutendi. Faculdade que tem o proprietário de alterar a própria substância da coisa. A disposição pode ser material ou jurídica.
d) Direito de Reivindicar: ius persequendi é o elemento externo da propriedade por representar a faculdade de excluir terceiros de indevida ingerência sobre a coisa, permitindo que o proprietário mantenha a sua dominação sobre o bem. 
As faculdades não prescrevem pelo não uso. Apenas a posse prolongada de terceiro pelos prazos legais provocará a mutação subjetiva do domínio; caso ninguém exercite poder de fato sobre a coisa, intocado restará o direito subjetivo, malgrado a desídia quanto a uma de suas faculdades. A falta de utilização da coisa apenas priva alguém do domínio quando se mostrar anti-social (desapropriação por interesse social).
4 - ATRIBUTOS DA PROPRIEDADE: 
Exclusividade: a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneidade a duas ou mais pessoas, em idêntico lapso temporal, portanto, o proprietário pode excluir terceiros da atuação sobre a coisa mediante a reivindicatória.
Perpetuidade: a propriedade tem duração ilimitada, subsistindo independentemente do exercício de seu titular, sendo transmitida por direito hereditário aos sucessores. Este atributo pode, no entanto, ser limitado quando não for cumprida a função social (ex: desapropriação sanção e o artigo 1276,§2º), ou quando na origem for limitado (Ex: propriedade resolúvel) 
Elasticidade e consolidação: os poderes da propriedade podem ser temporariamente desmembrados (direitos reais na coisa alheia), sem que com isso se desnature o direito de propriedade. Nesse sentido, diz se que o domínio é distendido, amplamente elástico. 
5 – FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE:
5.1- Evolução social do direito de propriedade: função social da propriedade
- direito romano: caráter individualista
- idade média: dualidade de sujeitos: o dono e o que explora economicamente
- após Revolução Francesa: individualista
- século XX: caráter social
- século XXI: função social.
Desde a CF/46, fala-se na função social da propriedade (ordem econômica), mas, somente na CF/88 o direito de propriedade foi tratado no artigo 5o, que garante os direitos fundamentais da pessoa humana. Isso deve levar a um repensar sobre a forma de gerir a propriedade:
Artigo 5º, XXII e XXIII da CF e:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Artigo 1228, §1º do CC
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
A função social é a materialização do paradigma da SOCIALIDADE da exposição de motivos do CC., Deve-se repensar a aplicação das prerrogativas da propriedade. 
A função social da propriedade faz com que a propriedade envolva a situação jurídica de mão dupla, ou seja, o proprietário tem direitos e deveres em relação ao não proprietário, que da mesma forma os tem em relação ao proprietário. `
Função social da propriedade relativiza o caráter autônomo , ilimitado e absoluto do direito da propriedade. A função social vai temperar estas características. 
Não há definição apriorística da função social da propriedade, ou seja, trata-se de um conceito indeterminado. A CF/88 sinalizou o que seja a função social nos artigos 182 e 186, quando respectivamente afirma que atendem à função social:
IMÓVEL URBANO – quando atende às exigências do Plano Diretor Urbano, sujeitando-se a possíveis sanções: parcelamento e edificação compulsório, IPTU progressivo e desapropriação
em títulos da dívida pública, 
por valor venal (e não de mercado), 
retira-se o valor de possível valorização que o imóvel tenha sofrido em decorrência de obra pública, 
não cabe restituição por lucro cessante e
não cabe o pagamento de juros compensatórios.
IMÓVEL RURAL – quando: aproveitamento racional e adequado da propriedade (Lei 8629/93 estabelece os percentuais de aproveitamento das áreas rurais); utilização adequada que preserva os recursos naturais e o meio ambiente; observa as disposições que regulamentam as relações de trabalho (proteção contra o trabalho escravo ou o proprietário rural que costumeiramente descumpre as exigências trabalhistas); favorece o bem estar do proprietário e dos trabalhadores. Caso não cumprida a função social, pode haver a desapropriação da propriedade rural: pagamento com títulos da dívida agrária. É proibida a desapropriação da pequena propriedade rural e da propriedade produtiva. Há imóvel que pode ser economicamente produtivo, mas, socialmente improdutivo
Quando se diz que qualquer direito deve cumprir uma função social, quer-se dizer que deve atender às exigências constitucionais básicas. 
Nessa perspectiva, o CC/02 incorpora a preocupação com a observância do princípio da função social em muitos momentos, a começar da própria conceituação do direito de propriedade em geral, cujo exercício deverá pautar-se de acordo com finalidades econômicas, sociais e voltadas à preservação do equilíbrio ecológico, do patrimônio histórico e artístico (§1º do art. 1.228).
Dada a sua importância na configuração do novo perfil do direito de propriedade no direito brasileiro, passemos a uma análise mais detida dos parágrafos artigo 1288 do CC/02, os quais introduziram novos limites ao instituto ora em análise:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Limitações de Ordem Privada. Muito embora, aparentemente, seja a alteração de menor importância, ou melhor, de menor impacto, essa limitação tem por origem a faculdade do proprietário de usar e gozar da coisa. Estipula a norma a proibição de atos que não tragam comodidade ou utilidade e que "sejam animados pela intenção de prejudicar outrem". Ora, a conjunção aditiva "e" indica que a proibição vincula-se preponderantemente sobre atos que se realizem animados pela intenção de prejudicar outras pessoas, os quais ensejam a aplicação da TEORIA DO ABUSO DO DIREITO ou TEORIA DOS ATOS EMULATIVOS.
 
           Fala-se aqui de uma "finalidade humana" ou "função humana" da propriedade, pois os bens jurídicos a serem preservados são aqueles decorrentes do patrimônio individual (material, moral ou da personalidade). De fato, nos últimos anos, mormente após a Constituição de 1988, tornou-se lugar comum dizer que o direito de propriedade deve ser exercido em razão de "função social". Todavia, é possível encontrarmos um exercício regular dos direitos de propriedade, obediente à função social, porém, animado pela intenção de prejudicar outrem. Por exemplo, no caso de possuidor que opta por destruir uma benfeitoria útil, ao invés de pleitear a indenização correspondente. O exercício do direitode propriedade sobre a coisa (divisórias de madeira ou gesso, por exemplo), destruindo-a, não traria comodidade ou utilidade, e vindo a fazê-lo com a intenção de que o proprietário não venha a se servir da coisa, estará animado pela intenção de causar-lhe prejuízos. É claro que o ônus da demonstração do animus lesandi restará a cargo da outra parte (proprietário do imóvel), mas torna-se perfeitamente viável, dada a ausência, já mencionada, de comodidade e/ou utilidade.
            
No tocante ao aspecto volitivo, entende-se não ser imprescindível, pois, para o reconhecimento da teoria do abuso de direito, que o agente tenha a intenção de prejudicar terceiro, bastando, segundo a dicção legal, que exceda manifestamente os limites impostos pela finalidade econômica ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes.
                      
  A função humana da propriedade surge assim como fator diferenciado da função social. Essa, mais ampla, atinge um maior número de pessoas. Aquela, mais restrita, surge de relações individualizadas (contratos, relações de vizinhança etc).
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. (Limitações de Ordem administrativa)
§ 4o. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 05 anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5o. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Limitações de Ordem Social. No § 4o está prevista uma possibilidade de perda da propriedade imóvel, que vem complementada no § 5o, estabelecendo o pagamento de indenização e permitindo que o título seja apto ao registro no CGI em nome dos possuidores. Essa medida é uma revelação muito nítida do PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE é a ideia de FUNCIONALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE. 
DENOMINAÇÃO: os autores estão dando nomes distintos para o instituto: DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL, POSSE TRABALHO, DESAPROPRIAÇÃO PRÓ-LABORE. É a medida por meio da qual o proprietário vai buscar a propriedade do imóvel e fica sem ele.
REQUISITOS:
Se aplica a imóvel URBANO ou RURAL;
O imóvel deve ter área extensa, mas o CC/02 não tarifou, não disse o tamanho da área; o legislador considerou que a lei é nacional, e por isso, em cada região esse conceito é diferente, ou seja, o juiz do caso concreto é que irá aferir se se trata ou não de uma extensa área de terras para o fim do instituto;
Número considerável de pessoas. Mais uma vez o legislador não quantificou, mas o seu objetivo foi solucionar grandes ocupações; o juiz irá verificar o caso concreto;
A ocupação deve ser acima de 05 anos, de maneira ininterrupta e de boa-fé;
O número considerável de pessoas deve ter introduzido obra ou serviço de interesse social. A idéia é a de que os possuidores tenham dado uma utilização consonante com o interesse social, o que não foi feito pelo proprietário. É evidente que a utilização dos possuidores não pode ser especulativa.
A existência de pedido de restituição do imóvel, o que se faz mediante ação reivindicatória. Enunciado 83 do CJF – Art. 1228: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1228 do NCC.
INDENIZAÇÃO é requisito para a sentença, que servirá de título.. Quem paga? Os possuidores; na tramitação do projeto, houve uma proposta para que a indenização fosse arcada pelo poder público, mas a mesma não vingou. Essa medida difere da USUCAPIÃO exatamente porque os possuidores devem pagar uma indenização; se os possuidores não quiserem pagar a indenização, não poderão utilizar-se da medida.
Enunciado 240 do CJF – Art. 1228: A justa indenização a que alude o §5º do art, 1228 não tem como critério valorativo, necessariamente, a avaliação técnica lastreada no mercado imobiliário, sendo indevidos os juros compensatórios.
REQUERIMENTO: deverá ser requerida pelos possuidores? Sim, o juiz não pode reconhecer de ofício, até porque tem indenização. 
Enunciado 84 do CJF – Art. 1228: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (§§ 4º e 5º do art. 1228 do NCC) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização. 
REGISTRO: como há um número considerável de pessoas, como o juiz irá determinar o registro no RGI? A solução viável parece ser o registro sob a forma de CONDOMÍNIO. 
Enunciado 241 do CJF – Art. 1228: O registro da sentença em ação reivindicatória, que opera a transferência da propriedade para o nome dos possuidores, com fundamento no interesse social (art.1228, §5º), é condicionado ao pagamento da respectiva indenização, cujo prazo será fixado pelo juiz.
FORMA DE AQUISIÇÃO: é forma originária ou derivada da propriedade? Há divergências, mas o melhor entendimento é o de que se trata de forma de aquisição originária da propriedade, tornando o imóvel, uma vez registrado em nome dos possuidores, insuscetível de reivindicação e liberado de quaisquer ônus, cabendo aos eventuais credores somente a sub-rogação no preço pago ao antigo proprietário.
NATUREZA JURÍDICA: Observa-se, de imediato, tratar-se de dispositivo que institui uma nova forma de perda de propriedade, não antes conhecida do direito brasileiro, dada a sua peculiaridade: 
Comentários relevantes sobre o tema: 
1º comentário: A função social da propriedade implica em OBRIGACIONALIZAÇÃO do direito de propriedade. O proprietário, antes, somente tinha direitos. Hoje o proprietário tem deveres, relativos ao cumprimento da função social. Neste sentido, torna-se o direito de propriedade uma relação jurídica complexa 
2º comentário: Dentro da função social da propriedade, encontraremos diferentes funções. Dentro dela (função social da propriedade) encontramos funções, tais como: função social ambiental, econômica, humana ...
3º comentário: A função social da propriedade não é, nem não pode ser, um fator de empecilho a LIVRE INICIATIVA. Veja que a função social da propriedade esta em harmonia com a livre iniciativa. Isso porque a função social não é a socialização da propriedade (como nos regimes comunistas). A CF no artigo 170 garante a livre iniciativa como fundamento da ordem econômica. 
7- Modos de Aquisição da Propriedade Imobiliária: diferentemente dos direitos pessoais, os direitos reais possuem regime próprio de aquisição, consubstanciados em modos previamente estipulados em lei.
Registro 
Usucapião 
Acessão 
Registro: é modo especifico de aquisição de propriedade imobiliária. O registro está para os bens imóveis, assim como a tradição está para os bens móveis (art.1226, CC). O Brasil adotou o sistema romano (titulo ou causa + registro). Sem registro não se adquire a propriedade de bem imóvel:
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
O negócio ainda não registrado produz apenas um direito obrigacional. O registro, entretanto, não conduz a uma presunção absoluta e indestrutível da propriedade; um vício no negócio jurídico poderá contaminar o registro. Há presunção iuris tantum do domínio, acarretando inversão do ônus da prova. Os vícios originários do título são insanáveis e transmitem-se junto à cadeia dos adquirentes.
Enunciado 87 do CJF: “Art. 1245: Considera-se também título translativo, para fins do art. 1285 do NCC, a promessa de compra e venda devidamente quitada (arts. 1417 e 1418 do CC e §6º da lei 6.766/79)”.
Atributos: 
Constitutividade: o registro é indispensável para a aquisição

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