Buscar

história_da_educação_no_brasil_aulas1_a_3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
História da Educação no Brasil 
O estudo dessa disciplina pretende abordar os principais acontecimentos que 
marcaram os quase cinco séculos de história da educação em nosso país, no 
intuito de compreendermos melhor a realidade da educação nos dias de hoje a 
partir das transformações sociais, políticas e econômicas ocorridas desde a 
chegada dos portugueses na América. 
A nossa viagem pela história da educação brasileira terá início com a chegada 
da Companhia de Jesus em nosso território em 1549 até a apresentação e 
discussão de um cenário mais recente em nossa educação em fins do século 
XX. 
A nossa proposta é tentar entender os avanços e retrocessos, as continuidades 
e descontinuidades que fizeram parte da educação e da pedagogia brasileira 
ao longo de nossa história, sempre buscando fazer relações com o contexto 
histórico existente na Europa e nos Estados Unidos. 
Para atingirmos tal objetivo, procuraremos trabalhar com diferentes formas 
possíveis de fontes e correntes historiográficas, a fim de proporcionar ao aluno 
uma visão ampla e diversificada da história da nossa educação. 
 
Bibliografia 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia Geral 
e do Brasil. São Paulo, Moderna, 2006. 
GHIRALDELLI JR., Paulo. História da Educação. 2ª Edição. São Paulo, Cortez, 
2000. 
LOPES, Eliane Marta Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, 
Cynthia Greive (Orgs.). Quinhentos anos de educação no Brasil. 3. ed. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2003. 
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. Petrópolis, 
Rio de Janeiro: Vozes, 1999.. 
 
Objetivo 
A disciplina procura fundamentar os principais conceitos inerentes a educação 
e a pedagogia presentes em diferentes contextos da realidade social e cultural 
brasileira. Além do esforço de relacionar passado e presente, esta disciplina 
2 
 
tem como proposta buscar as possíveis interfaces entre a história da educação, 
a filosofia, a sociologia e a antropologia. 
 
Aula 1 - A Criação da Companhia de Jesus: O Contexto Religioso na 
Europa no Século XVI 
Reconhecer o contexto religioso na Europa no século XVI que permitiu a 
criação da Companhia de Jesus, principal instituição responsável pela 
educação no Brasil Colonial. 
********* 
A nossa viagem pela história da educação no Brasil tem início no século XVI, 
na Europa, onde uma nova visão de mundo ganhava cada vez mais espaço, 
fruto das transformações decorrentes de um período denominado de 
Renascimento. 
Com a chamada crise do século XIV na qual as sociedades europeias foram 
fortemente abaladas pelas guerras, a fome e a Peste Negra, a estrutura social, 
econômica e política dominante desde o século V, que caracterizava a Idade 
Média, começava a ser contestada por novos grupos sociais que procuravam 
dar uma nova ordem tendo o homem e as necessidades humanas como centro 
das atenções e não mais Deus. 
Novos valores e formas de pensamento baseados em um crescente 
racionalismo e individualismo surgem como forma de reerguer uma Europa 
dividida pelos interesses comerciais e materialistas dos Estados Nacionais 
absolutistas em formação. 
O Rei e a nobreza, associados à burguesia comercial, buscam no 
mercantilismo fórmulas alternativas para a sustentação econômica de uma 
nova sociedade. 
Na transição do século XIV para o XV, a Igreja Católica, instituição símbolo da 
unidade cultural e religiosa e guardiã dos valores cristãos, não consegue dar 
sustentação ideológica ao moderno mundo que estava emergindo dos 
escombros da sociedade medieval. 
Na educação, a crise do modelo escolástico permite o avanço do humanismo, 
o que significou a valorização do pensamento humano nas artes, na filosofia e 
uma maior secularização do saber. O homem desvia-se do céu para se 
preocupar mais com as coisas da terra. 
3 
 
Com isso observa-se um aumento do número de colégios voltados à educação 
dos filhos, principalmente da burguesia, a fim de melhor prepará-los para a 
administração dos negócios da família. 
A Reforma Protestante foi um movimento religioso, no século XVI, que mudou 
consideravelmente os rumos da sociedade e da educação na Europa. A 
unidade da fé e o monopólio da interpretação das escrituras sagradas, até 
então sob o controle da Igreja Católica, foi rompida de forma definitiva, dando 
origem a diversas religiões, tais como o Luteranismo, o Calvinismo e o 
Anglicanismo. Este movimento pode ser explicado por um conjunto de fatores 
de ordem religiosa, política, social e econômica. 
As severas críticas feitas pelo padre e teólogo alemão Martinho Lutero (1483-
1546) à venda de indulgências e de relíquias religiosas e o comportamento 
mundano do clero tinham como alvo a hierarquia eclesiástica e a corrupção 
moral da Igreja de Roma. 
Lutero pretendia um retorno às origens do cristianismo, das quais, segundo ele, 
o clero católico teria se afastado ao longo dos mil anos da Idade Média. 
Do ponto de vista político e econômico a reforma recebeu apoio da burguesia e 
de elementos da nobreza alemã. 
A burguesia via no movimento reformista uma maneira de se libertar do jugo da 
Igreja Romana, já que esta condenava diversas práticas comerciais e 
financeiras que impediam o acúmulo de capital. Da sua parte, romper com o 
Papa significava para a nobreza alemã maior autonomia política e o controle 
sobre as terras que pertenciam à Igreja. 
Qual a relação entre a reforma protestante na Europa e a história da educação 
no Brasil? 
Será a partir da reação da Igreja Católica à Reforma Protestante de Lutero, a 
chamada Contra-Reforma, que poderemos observar um impacto direto. 
Uma das consequências imediatas da disseminação das ideias de Lutero em 
toda a Europa foi a perda de fiéis por parte da Igreja Católica. Reunidos no 
Concílio de Trento (1545-1563), os representantes da Igreja tomaram 
importantes medidas para conter a expansão do protestantismo. Dentre elas, 
podemos citar a reafirmação da supremacia papal, dos princípios da fé e da 
doutrina católica, a criação da lista de livros proibidos (Index), o fortalecimento 
4 
 
da atuação do Tribunal de Inquisição e o estímulo à criação de seminários para 
a formação de padres e de novas ordens religiosas. 
Em 1534, foi criada a principal ordem religiosa: a Companhia de Jesus. 
Fundada pelo militar espanhol Inácio de Loyola (1461-1556), a Companhia de 
Jesus teve atuação destacada na propagação da fé católica e na luta contra os 
infiéis e hereges. Conhecidos como “os soldados de Cristo”, os jesuítas se 
espalharam pelo mundo, a fim de cumprir o seu trabalho missionário. 
Como estratégia para atingir os seus objetivos, a Companhia de Jesus optou 
pela criação de colégios, estabelecimentos voltados para a educação de jovens 
dentro do ensino das primeiras letras e da doutrina cristã. 
Os professores jesuítas eram do Colégio Romano, fundado em 1550, e 
encaminhados para a Ásia, América e África onde prestavam os seus serviços 
religiosos e pedagógicos. 
 
Síntese da Aula 1 
 A História da Educação compõe o conjunto de saberes fundamentais no 
desenvolvimento da formação do futuro pedagogo. 
 É uma disciplina muito recente que vem conquistando sua autonomia e 
identidade, construindo suas características e especificidades. 
 Ainda há muito a se debater sobre o objeto da História da Educação, de 
maneira a se distanciar de outros campos de estudo, evitando algumas 
aproximações que podem levar à descaracterização da área em 
questão, enfim fortalecendo essa área do saber acadêmico. 
 
5 
 
Aula 2 - Os Jesuítas e a Educação no Brasil Colonial 
Objetivos: 
1. Compreender a importância da Companhia de Jesusna história da 
educação brasileira; 
2. Analisar o papel dos jesuítas, dos colégios, e das missões na educação de 
elementos da sociedade colonial brasileira. 
************** 
Nesta aula, o nosso ponto de partida é o ano de 1549, na colônia portuguesa 
na América. Mais precisamente na Bahia, quando em terras brasileiras 
desembarcam os primeiros jesuítas, do navio que trouxe de Portugal o 
governador-geral Tomé de Souza. 
Liderados pelo padre Manuel da Nóbrega, a Companhia de Jesus iniciava um 
período de intensa atuação na sociedade colonial brasileira, cujo legado pode 
ser percebido nos dias de hoje. 
Até a expulsão do Brasil por decreto do Marquês de Pombal, então primeiro-
ministro do rei de Portugal D. José I, a Companhia de Jesus possuía “25 
residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, sem contar os seminários 
menores e as escolas de ler e escrever, instaladas em quase todas as aldeias 
e povoações onde existiam casas da Companhia”. 
 
Quais eram os objetivos da Companhia de Jesus ao enviar seus “soldados de 
Cristo” para o Brasil acompanhando o governador-geral Tomé de Souza, 
representante do Rei português D. Manuel I? 
 
Recordando a aula passada, temos que ter em mente que o contexto político e 
religioso na Europa, no século XVI, não era favorável a Igreja Católica, que 
teve o seu poder contestado pelos reformistas protestantes. A perda do 
monopólio sobre as verdades cristãs proporcionou uma acentuada evasão de 
fiéis da Igreja Católica, que viam nas novas igrejas reformistas uma 
oportunidade maior de salvação de suas almas. 
 
Com isso, um dos objetivos da Companhia de Jesus ao chegar ao Brasil era 
conquistar um maior número de fiéis e seguidores, a fim de expandir a fé cristã 
e o poder de Roma. Outro objetivo da Companhia de Jesus tem relação com a 
6 
 
aliança entre a Igreja e o Estado português. A intenção de Portugal era 
colonizar o Brasil. Colonizar, na visão da metrópole portuguesa, significava 
defender, explorar e povoar a terra. A Companhia de Jesus, por seu termo, se 
enquadrava no projeto colonizador do Brasil na condição de disseminadora da 
cultura “civilizatória” europeia entre os índios e colonos. Sem dúvida, dentre os 
aspectos culturais, expandir a religião e a moral católica cristã estavam entre 
os principais objetivos dos jesuítas. 
 
Ainda no papel de parceira de Portugal na colonização da América portuguesa, 
a Igreja tinha a importante função de garantir a unidade política, a partir da 
uniformização da fé e das consciências. Essa uniformização seria atingida 
através de um árduo trabalho pedagógico nos colégios, nas missões e nas 
pregações religiosas onde os jesuítas estivessem. 
Nos primeiros anos de sua atuação no Brasil, a Companhia de Jesus voltou-se 
para a catequese e o ensino de ler e escrever para índios e filhos dos colonos 
que dividiam o mesmo espaço pedagógico: os colégios. 
O ensino das letras, de acordo com José Maria de Paiva, significava a 
confirmação da organização da sociedade. A sociedade seria hierarquizada 
pelo acesso às letras. 
Com o decorrer do tempo, os colégios e o domínio das letras passam a ser 
destinados primordialmente aos filhos dos colonos. Os colégios da Companhia 
de Jesus tinham uma função que iam além do próprio ensino formal. O dia-a-
dia intramuros formatava consciências e modelava indivíduos que acabavam 
por servir de agentes da ordem e da cultura europeia e cristã. Todo o 
comportamento desviante da moral cristão deveria ser identificado e corrigido 
para a purificação da sociedade. Caso fosse necessário, castigos e punições 
eram aplicados àqueles que insistissem em contrariar as regras do bom 
comportamento. 
Havia um documento que reunia as diretrizes pedagógicas que os jesuítas 
deveriam seguir tanto em termos de conteúdo quanto em relação aos métodos 
a serem empregados: o Ratio Studiorum1. 
O currículo do colégio definido pelo Ratio era composto de: 
 a Gramática média; a Gramática superior; 
 
1
 http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/fontes_escritas/1_Jesuitico/ratio%20studiorum.htm 
7 
 
 as Humanidades; 
 a retórica 
 a Filosofia e a Teologia, em um estágio mais avançado. 
 
A educação dos gentios, principalmente dos curumins, prosseguia e Padre 
José de Anchieta foi um dos seus mais atuantes pedagogos. Utilizando entre 
outros recursos o teatro, a música e a poesia, Anchieta pode ser apontado 
como um dos nomes de maior destaque da história da educação brasileira 
naquele período. 
 
O índio era alvo da disputa entre os jesuítas, que queriam convertê-lo ao 
cristianismo, e os colonos, que o escravizavam para a execução de trabalhos 
forçados. Tanto os jesuítas quanto os caçadores de escravos penetraram pelo 
interior da colônia portuguesa para “capturá-lo”. 
 
Tendo em vista a dificuldade que os jesuítas encontravam para realizar a sua 
obra evangelizadora nas tribos indígenas, eles acabaram por criar as 
chamadas missões. 
 
As missões eram espaços sob a administração da Companhia de Jesus, onde 
os gentios, além de receberem a educação religiosa, aprendiam a viver 
sedentariamente em unidades individualizadas por família e a executar o 
trabalho agrícola com divisão de tarefas, a criação de gado, a construção de 
templos, fabricação de instrumentos musicais etc. Estabelecendo áreas 
específicas para trabalhar, descansar e realizar o culto, entre outras. O jesuíta 
passou a controlar os índios e a substituir os hábitos considerados bárbaros (a 
poligamia, a antropofagia, a “ociosidade”, a “desorganização”, o andar nu etc.) 
por condutas mais “civilizadas”. 
 
Nas missões, os índios abriam mão de sua cultura original para receberem 
uma cultura totalmente estranha a eles. Este processo de aculturamento vai 
tornar o índio mais dócil e fragilizado. A perda do hábito da guerra entre tribos, 
por exemplo, vai permitir que os aldeamentos indígenas fossem presa fácil 
8 
 
para aqueles que se ocupavam em aprisioná-lo e comercializá-lo como 
escravo. 
A educação “letrada” no Brasil Colonial era direcionada aos homens. As 
mulheres não tinham acesso aos colégios e eram educadas para a vida 
doméstica e religiosa. Como esposas dos colonos portugueses, elas deveriam 
servir como reprodutoras, ou seja, gerar filhos para o seu senhor e marido. 
De acordo com a hierarquia familiar, dentre as famílias dos colonos 
portugueses o primogênito teria direito sobre todas as propriedades da família; 
o segundo filho era enviado aos colégios e, possivelmente, completaria seus 
estudos superiores na Europa; o terceiro seria entregue à Igreja para seguir a 
vida religiosa. 
Sobre a educação dos negros africanos no período colonial, Luiz Alberto de 
Oliveira Gonçalves nos adverte que a ação educativa da Igreja Católica em 
relação ao negro restringia-se à catequização. Ao contrário dos índios, a 
palavra escrita lhes era inacessível. A doutrinação, segundo o mesmo autor, se 
deu a partir das devoções aos santos e à Virgem Maria. 
Como vimos no início dessa aula, o acesso à palavra escrita era uma forma de 
inserir o indivíduo na sociedade colonial brasileira. Assim, a exclusão social dos 
negros era notória e a sua condição de escravo justificada pela Igreja Católica. 
Em 1750, com a assinatura do Tratado de Madrid entre Portugal e Espanha, a 
confortável e estável situação usufruída pela Companhia de Jesus na América 
portuguesa começou a se deteriorar, até atingir um momento crucial, em 1759, 
com a expulsão desta ordem religiosa das terras brasileiras. 
 
 
 
9 
 
Síntese da Aula 02 – Os Jesuítas e a Educação no Brasil Colonial 
Nesta aula, você: se deu conta de como foi importante para a educação, a cultura e a 
sociedade a presença da Companhia de Jesus no Brasil; 
 tratou das ideias pedagógicas praticadas pelos jesuítas nos colégios e 
missões; 
 atentou para a relação existente entre educação e o poder contido na 
ação Companhia de Jesus em seus 210 anos de permanência no Brasil-
colônia. 
 
Aula 3 - A Reforma Pombalina na Educação Brasileira 
Objetivos: 
 contextualizar as ideias do Marquês de Pombal dentro do movimento 
iluminista na Europa do século XVIII; 
 compreender os interesses de Portugal e da Igreja Católica em relação à 
América Portuguesa na segunda metade do século XVIII; 
 identificar as razões que levaram Portugal a expulsar a Companhia de 
Jesus de terras brasileiras; 
 analisar as consequências da expulsão dos jesuítas e da reforma 
pombalina para a educação brasileira. 
 
Desde a chegada em 1549, passando por todo o século XVIII onde ampliou e 
consolidou o monopólio sobre a educação, a Companhia de Jesus tornou-se 
uma das poderosas e influentes instituições no período colonial brasileiro. 
 
10 
 
Com vários colégios e missões espalhadas por todo o território da América 
portuguesa e espanhola, os jesuítas impuseram através da educação religiosa 
uma determinada forma de pensar e ver o mundo baseada na fé e na moral 
católica. 
 
O crescente poder da Companhia de Jesus contrasta com um certo declínio 
econômico e financeiro de Portugal, a partir de meados do século XVIII. A 
rivalidade com outras potências coloniais como Holanda, Inglaterra e França e 
a decadência do comércio com o Oriente podem ser apontados como alguns 
dos fatores que levaram Portugal à crise. 
 
A descoberta do ouro, em fins do século XVII, deu condições ao Rei D. João V 
(1706-1750) de governar com enorme luxo e ostentação. 
A assinatura do Tratado de Methuen (com a Inglaterra) foi extremamente 
desfavorável para a economia portuguesa, pois elevou o déficit da balança 
comercial e inibiu o desenvolvimento da manufatura têxtil em Portugal. 
 
Em 1750, D. José I assume o trono português tendo Sebastião José de 
Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como o seu primeiro-ministro. 
Pombal ficou conhecido como um dos déspotas esclarecidos da Europa no 
século XVIII. O seu período da administração à frente do governo português 
ficou marcado pelo esforço no sentido de minimizar a crise econômica em seu 
país. 
Uma das políticas adotadas por Pombal foi tentar reduzir a dependência de 
Portugal dos produtos ingleses e reforçar os laços do pacto colonial com o 
Brasil, a colônia mais rica do já decadente Império português. 
 
A Europa vivia um momento de grande efervescência cultural e ideológica: o 
Iluminismo. 
Pensadores como Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot, entre outros, 
produziram importantes obras centrando suas críticas na sociedade do Antigo 
Regime e suas estruturas políticas (o Absolutismo), econômicas (o 
Mercantilismo) e religiosas (o dogmatismo da igreja Católica). 
 
11 
 
Uma nova forma de pensar e ver o mundo focado na racionalidade e nos 
princípios liberais vai ganhar cada vez mais adeptos em toda a Europa. 
Acreditava-se que a razão seria o instrumento capaz de “iluminar” o caminho 
dos homens, conduzindo-os a uma era de novos conhecimentos e de 
progresso para as sociedades e estados. 
Estava declarado, assim, o conflito entre a fé e a razão. O Estado português, 
ainda centralizado nas práticas mercantilistas 
e no absolutismo monárquico, vai entrar em choque com a Igreja Católica em 
função da existência de interesses econômicos e ideológicos conflitantes. A 
situação no Brasil na segunda metade do século XVIII exemplifica muito bem 
aquele contexto histórico. 
 
Em 1750, foi assinado o Tratado de Madri. 
Com a assinatura do Tratado de Madri por Portugal e Espanha, o Marquês de 
Pombal passou a exigir a retirada dos jesuítas da região das missões 
localizada no extremo sul do Brasil. 
Desde a chegada do padre Manoel de Nóbrega no Brasil, em 1549, a 
Companhia de Jesus acumulara muito poder político, ideológico e econômico. 
A posse de vastíssimas extensões de terra, a exploração agrícola e mineral e 
da atividade pecuária, a educação religiosa nos colégios e nas missões e a 
ocupação pelos jesuítas de importantes cargos políticos na colônia conferiram 
à Companhia de Jesus um poder que acabou por rivalizar com os interesses de 
Portugal. 
 
Podemos resumir em duas as razões que levaram o Marquês de Pombal a 
expulsar os jesuítas do Brasil. 
O poder econômico 
Origina-se das riquezas extraídas da terra com a utilização do trabalho escravo 
indígena e africano. 
A Companhia de Jesus se tornou muito rica ao longo dos 210 anos de 
permanência no Brasil, o que conferiu aos jesuítas um enorme poder político, 
que em alguns momentos rivalizava com o poder do estado português, como 
no caso da resistência em deixar o território dos Sete Povos das Missões, na 
12 
 
região do Prata. Após a expulsão, Portugal confiscou os bens da Companhia 
de Jesus. 
 
O poder ideológico 
Se dá através da educação nos colégios e nas missões, e da moral católica 
disseminada por toda a sociedade colonial. A Companhia de Jesus 
determinava o que era certo e errado em termos de comportamento e 
costumes. À Igreja Católica interessava formar o “homem de fé”, enquanto que 
para Portugal, em pleno período iluminista, já não interessava mais este tipo de 
educação. Após a expulsão dos jesuítas, foram destruídos muitos livros e 
manuscritos pertencentes àquela ordem religiosa. 
 
A segunda metade do século XIX representou para a história brasileira um 
período de grandes mudanças. 
 A desestruturação do sistema de ensino (ensino elementar, secundário e 
superior/formação de padres), devido ao fechamento dos colégios sob o 
controle dos padres jesuítas. 
 O retorno dos índios, até então sob a tutoria dos padres jesuítas nas 
missões, à condição de presa para os caçadores de escravos. 
 
A Reforma Pombalina 
 
Na tentativa de suprir o espaço deixado pela ausência da Companhia de Jesus 
na educação no Brasil Colonial, o estado português tomou algumas medidas 
efetivas, a partir de 1772, que ficaram conhecidas como a reforma pombalina. 
 
De acordo com Maria Lúcia de Arruda Aranha, as principais medidas foram: 
 a nomeação de professores; 
 o estabelecimento de um plano de estudos e inspeção; 
 a modificação do curso de humanidades, típico do ensino jesuítico, para 
o sistema de aulas régias de disciplinas isoladas, como ocorrera na 
metrópole; 
 a instituição do “subsídio literário”, uma espécie de imposto, visando 
gerar recursos para o pagamento dos professores. 
13 
 
A implantação das medidas efetivas pelo Marquês de Pombal pode caracterizar 
o início do ensino público oficial no Brasil. 
 
Quais os efeitos das medidas tomadas por Pombal para a educação brasileira? 
De imediato, podemos supor uma queda brusca na qualidade e na organização 
do ensino. Substituir a experiência e a preparação dos antigos professores (os 
padres jesuítas) e toda a estrutura curricular e metodológica utilizada por eles 
nos seus colégios em todo o Brasil não era tarefa muito simples. Os 
professores que foram nomeados para o Brasil, provavelmente não tinham a 
formação específica para atuarem na função. 
Por outro lado, as aulas régias, isoladas, dificilmente poderiam suprir o 
conjunto de aulas e disciplinas aplicadas organicamente pelos mestres 
jesuítas. 
 
Com todo este quadro, parece ficar claro que houve inúmeras perdas com o 
desmantelamento de um aparato educativo que já funcionava há mais de 
duzentosanos. 
Cabe, porém, indagar: será que o subsídio literário arrecadado regularmente e 
transferido em forma de salário para os professores proporcionava-lhes 
condições de viverem dignamente em nossas terras? 
14 
 
Síntese da Aula 3 
 atentou para importantes aspectos a respeito do movimento iluminista 
na Europa no século XVIII; 
 percebeu que havia um conflito de interesses entre Portugal e a 
Companhia de Jesus no Brasil Colonial a partir da segunda metade do 
século XVIII; 
 avaliou as razões e as consequências para a educação no Brasil 
Colonial com a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras em 1759; 
 relacionou as medidas tomadas pelo Marquês de Pombal para a 
educação no Brasil Colonial com uma nova política de Portugal para a 
sua colônia na América.

Outros materiais