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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Padronização, Qualidade e Certificação Aula 2: Aspectos Legais e Normativos Professor Nelson Tadeu Galvão de Oliveira Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa inicial Caros alunos, estamos iniciando a nossa aula sobre aspectos legais e normativos, referente à disciplina Padronização, Qualidade e Certificação. Nela vamos aprender sobre as normas técnicas e normas regulamentadoras, conheceremos as principais entidades elaboradoras de normas técnicas e regulamentadoras nacionais, regionais e internacionais e como essas elaboram as normas, bem como a voluntariedade e/ou obrigatoriedade de aplicação. Conheceremos ainda os critérios usados para a normalização e trataremos das principais normas de qualidade e de como se dá a conformidade aos requisitos dessas normas através de auditorias. Contextualizando As normas técnicas, apesar de seu carácter voluntário, têm grande importância para o desenvolvimento da qualidade do setor produtivo e de serviços, e o seu cumprimento é fator de considerável importância para a aceitabilidade dos produtos e serviços pelo mercado consumidor interno e externo. As normas regulamentadoras, estas sim, de carácter obrigatório, não se questionam o seu cumprimento, e visam disciplinar a produção e os serviços em favor e para a segurança do consumidor. A série ISO 9000, por ter carácter internacional, sem dúvida, é a mais importante relativa a normas da qualidade. Para avaliar a adequação da empresa aos requisitos da qualidade da norma técnica, usa-se da ferramenta de auditar os Sistemas da Qualidade: “Auditoria de qualidade: um exame sistemático e independente para determinar se as atividades da qualidade e respectivos resultados cumprem as providências planejadas e se essas providências são implementadas de maneira eficaz, e se são adequadas para atingir os objetivos” Todos esses assuntos serão abordados nessa aula. Problematização Como trabalho prático, você deverá pesquisar sobre as principais entidades de normalização internacional e descrever brevemente como estas elaboram as suas normas técnicas. Existem diversos organismos internacionais de normalização, em campos específicos, como a ISO (a maioria dos setores), a IEC (área elétrica e eletrônica) e a ITU (telecomunicações). Vamos ver em detalhes. Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 a) ISO - International Organization for Standardization As normas ISO são desenvolvidas nos seus comitês técnicos (ISO/TC), organizados numa base temática com representantes dos seus membros. As representações são nacionais. A aprovação das normas ISO é feita mediante votação entre os seus membros. A participação brasileira nos trabalhos de normalização da ISO é efetuada através da ABNT. Na página da ISO contém informações sobre o programa de trabalho dos ISO/TC (são mais de 200), as normas ISO em vigor, a estrutura da organização, além de informações sobre o processo de normalização internacional e links para diversas organizações correlatas. As normas ISO são voluntárias, cabendo aos seus membros decidirem se as adotam como normas nacionais ou não. A adoção de uma norma ISO como Norma Brasileira recebe a designação NBR ISO. b) IEC - International Electrotechnical Commission As normas IEC são desenvolvidas nas suas comissões técnicas (IEC/TC), organizadas numa base temática com representantes dos seus membros. As representações são nacionais. A aprovação das normas IEC é feita mediante votação entre os seus membros. A participação brasileira nos trabalhos de normalização da IEC é efetuada através da ABNT. Na página da IEC contém informações sobre o programa de trabalho das IEC/TC, as normas IEC em vigor, a estrutura da organização, além de informações sobre o processo de normalização internacional e links para diversas organizações correlatas. As normas IEC são voluntárias, cabendo aos seus membros decidirem se as adotam como normas nacionais ou não. A adoção de uma norma IEC como norma brasileira recebe a designação NBR IEC. c) ITU - International Telecommunications Union As normas ITU são desenvolvidas pela ITU-T, que é o braço normalizador da ITU. As normas ITU (chamadas de recomendações) são desenvolvidas em grupos de estudos (SG), por assunto, constituídos por representantes dos países. A aprovação das normas ITU é feita mediante votação entre os membros e consenso dos participantes do SG. A participação brasileira nos trabalhos da ITU é efetuada sob coordenação do governo brasileiro, através do Ministério das Comunicações e da Anatel. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Na página da ITU contém informações sobre o programa de trabalho dos SG, as normas ITU em vigor, a estrutura da organização, além de informações sobre o processo de normalização internacional e links para diversas organizações correlatas. As recomendações ITU são voluntárias, cabendo aos seus membros decidirem se as adotam como normas nacionais ou não. TEMA 01: Normas técnicas Aqui você terá acesso a informações sobre normas nacionais, regionais e internacionais e outros tipos de normas. Uma norma técnica é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Esta é a definição internacional de norma. Deve ser realçado o aspecto de que as normas técnicas são estabelecidas por consenso entre os interessados e aprovadas por um organismo reconhecido. Acrescente-se, ainda, que são desenvolvidas para o benefício e com a cooperação de todos os interessados, e, em particular, para a promoção da economia global ótima, levando-se em conta as condições funcionais e os requisitos de segurança. As normas técnicas são aplicáveis a produtos, serviços, processos, sistemas de gestão, pessoal, Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 enfim, nos mais diversos campos. Usualmente, é o cliente que estabelece a norma técnica que será seguida no fornecimento do bem ou serviço que pretende adquirir. Uso das normas As normas são utilizadas, dentre outras finalidades, como referência para a Avaliação da Conformidade, para a Certificação ou a realização de Ensaios, por exemplo. Muitas vezes, o cliente, além de pretender que o produto siga uma determinada norma, também deseja que a conformidade a essa norma seja demonstrada, mediante procedimentos de avaliação da conformidade. Por vezes, os procedimentos de avaliação da conformidade, em particular a certificação, são obrigatórios legalmente para determinados mercados (certificação compulsória – estabelecida pelo governo para comercialização de produtos e serviços); outras vezes, embora não haja a obrigatoriedade legal, as práticas correntes nesse mercado tornam indispensável utilizar determinados procedimentos de avaliação da conformidade, tipicamente a certificação. O ordenamento jurídico da maioria dos mercados normalmente considera que as normas em vigor nesse mercado devem ser seguidas, a menos que o cliente explicitamente estabeleça outra norma. Assim, quando uma empresa pretende introduzir os seus produtos (ou serviços) num determinado mercado, deve procurar conhecer as normas que lá se aplicam e adequar o produto a elas. Voluntariedade das Normas Tipicamente, as normas são de uso voluntário, isto é, não são obrigatórias por lei, e pode-se fornecer um produto ou serviço que não siga a norma aplicável no mercado determinado. Por outro lado, fornecer um produto que não siga a norma aplicável no mercado-alvo implicaesforços adicionais para introduzi-lo nesse mercado, que incluem a necessidade de demonstrar de forma convincente que o produto atende às necessidades do cliente e de assegurar que questões como intercambialidade de componentes e insumos não representarão impedimento ou dificuldade adicional. Do ponto de vista legal, em muitos mercados, quando não se segue a norma aplicável, o fornecedor tem responsabilidades adicionais sobre o uso do produto. Normas Nacionais São normas técnicas estabelecidas por um organismo nacional de normalização para aplicação num dado país. No Brasil, as normas brasileiras (NBR) são elaboradas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), e em cada país, normalmente, Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 existe um organismo nacional de normalização. A ABNT é reconhecida pelo Estado brasileiro como o Fórum Nacional de Normalização, o que significa que as normas elaboradas pela ABNT - as NBR - são reconhecidas formalmente como as normas brasileiras. As Normas Brasileiras são elaboradas nos Comitês Brasileiros da ABNT (ABNT/CB) ou em Organismos de Normalização Setorial (ONS) por ela credenciados. Os ABNT/CB e os ONS são organizados numa base setorial ou por temas de normalização que afetem diversos setores, como é o caso da qualidade ou da gestão ambiental. Tão importante quanto saber quais normas se encontram em consulta pública ou foram publicadas é saber quais normas se planeja desenvolver num setor específico, de modo que qualquer interessado possa se preparar para participar do processo e interferir nos seus resultados. A ABNT publica anualmente um Plano Nacional de Normalização, contendo todos os títulos que se planeja desenvolver ao longo do ano. TEMA 02: Normas regulamentadoras ou Regulamentos técnicos Um regulamento técnico é um documento, adotado por uma autoridade com poder legal para tanto, que contém regras de caráter obrigatório e estabelece requisitos técnicos, seja diretamente, seja pela referência a normas técnicas ou à incorporação do seu conteúdo, no todo ou em parte. Em geral, regulamentos técnicos visam assegurar aspectos relativos à saúde, à segurança, ao meio ambiente ou à proteção do consumidor e da concorrência justa. O cumprimento de um regulamento técnico é obrigatório e o seu não cumprimento constitui uma ilegalidade com a correspondente punição. Por vezes, um regulamento técnico, além de estabelecer as regras e os requisitos técnicos para um produto, processo ou serviço, também pode estabelecer procedimentos para a avaliação da conformidade ao regulamento, inclusive a certificação compulsória. Todos os estados emitem regulamentos técnicos. Assim, quando se pretender exportar um produto para um determinado mercado, é imprescindível conhecer se o produto ou serviço a ser exportado está sujeito a um regulamento técnico naquele país em particular. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 Os regulamentos técnicos têm grande potencial de se constituírem em barreiras técnicas ao comércio. O Acordo de Barreiras Técnicas ao Comércio da OMC (TBT) estabelece uma série de princípios, com o objetivo de eliminar entraves desnecessários ao comércio, em particular as barreiras técnicas, que são aquelas relacionadas com normas, regulamentos técnicos e procedimentos de avaliação da conformidade, que podem dificultar o acesso de produtos aos mercados. Um dos pontos essenciais do acordo é o entendimento de que as normas internacionais, que são aquelas elaboradas pelos organismos internacionais de normalização, se constituem em referência para o comércio internacional. O acordo estipula que, sempre que possível, os governos devem adotar regulamentos técnicos baseados nas normas internacionais. Considera que os regulamentos técnicos que seguem normas internacionais não se constituem em barreiras técnicas. Sempre que um governo decidir adotar um regulamento técnico que não siga uma norma internacional, deve notificar formalmente os demais membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) com antecedência mínima de 60 dias, apresentado uma justificativa. Os demais membros da OMC podem solicitar esclarecimentos e apresentar comentários e sugestões ao regulamento proposto. Estas informações são veiculadas pelos chamados "pontos focais" (inquiry points). Estas organizações, designadas por cada um dos membros da OMC, são as responsáveis por efetuar as notificações da regulamentação a ser adotada por esse país e pelo recebimento da comunicação das notificações efetuadas pelos outros países. O inquiry point do Brasil é o INMETRO, onde se podem obter informações sobre as notificações efetuadas à OMC, tanto brasileiras quanto dos demais países da OMC. O que é o Inmetro O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, INMETRO, é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado interministerial, que é o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro). Objetivando integrar uma estrutura sistêmica articulada, o Sinmetro, o Conmetro e o Inmetro foram criados pela Lei n. 5.966, de 11 de dezembro de 1973, cabendo a este último substituir o então Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) e ampliar significativamente o seu raio de atuação a serviço da sociedade brasileira. A missão institucional do INMETRO é: Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços Prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos, através da metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de consumo, a inovação e a competitividade do país. Competências e atribuições do Inmetro: Executar as políticas nacionais de metrologia e da qualidade; Verificar a observância das normas técnicas e legais, no que se refere às unidades de medida, aos métodos de medição, às medidas materializadas, aos instrumentos de medição e produtos pré-medidos; Manter e conservar os padrões das unidades de medida, assim como implantar e manter a cadeia de rastreabilidade dos padrões das unidades de medida no país, de forma a torná-las harmônicas internamente e compatíveis no plano internacional, visando, em nível primário, à sua aceitação universal e, em nível secundário, à sua utilização como suporte ao setor produtivo, com vistas à qualidade de bens e serviços; Fortalecer a participação do país nas atividades internacionais relacionadas com metrologia e qualidade, além de promover o intercâmbio com entidades e organismos estrangeiros e internacionais; Prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, Conmetro, bem assim aos seus comitês de assessoramento, atuando como sua secretaria executiva; Fomentar a utilização da técnica de gestão da qualidade nas empresas brasileiras; Planejar e executar as atividades de acreditação de laboratórios de calibração e de ensaios, de provedores de ensaios de proficiência, de organismos de certificação, de inspeção, de treinamento e de outros necessários ao desenvolvimento da infraestrutura de serviços tecnológicos no país; e Desenvolver, no âmbito do Sinmetro, programas de avaliação da conformidade, nas áreas de produtos, processos, serviços e pessoal, compulsórios ou voluntários, que envolvem a aprovação de regulamentos. Fonte: <www.inmetro.gov.br>. Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 TEMA 03: Critériosde normalização A normalização é para criar os meios necessários para a comunicação entre cliente e fornecedor e stabelecer as condições adequadas para um processo ou produto/serviço. A principal internacional entidade de normalização é a International Organization for Standardization (ISO). Os objetivos da normalização são os de estabelecer: Economia global, em termos de esforço humano, materiais, força na produção e troca de mercadorias; A proteção do interesse do consumidor por intermédio da adequada e contínua qualidade de mercadorias e serviços; A segurança, saúde e proteção da vida; O fornecimento dos meios de expressão e comunicação entre as partes interessadas. O processo de normalização técnica a nível mundial desempenha papel essencial na eliminação/redução de barreiras técnicas e comerciais entre países. a) Impactos à normalização na economia 1. Melhorar a qualidade, quantidade e regularidade da produção; 2. Equilibrar a oferta e a procura; 3. Aumentar a competitividade no mercado nacional; 4. Reduzir os litígios entre empresas; 5. Proporcionar o crescimento da produtividade nacional. b) Impactos da normalização na produção 1. Eliminar desperdícios; 2. Padronizar a documentação técnica; 3. Reduzir custos; 4. Aumentar a produtividade; 5. Criar as bases para a competitividade, evitando assim a concorrência desleal. Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 c) Impactos da normalização no consumo 1. Acessar dados técnicos padronizados; 2. Reduzir de preços; 3. Padronizar de pedidos; 4. Possibilitar a comparação objetiva entre produtos, processos e serviços; 5. Reduzir prazos de entrega; 6. Garantir qualidade, regularidade, segurança e integridade. d) Impacto da normalização no social A normalização assegura maior uniformidade no trabalho, menor desgaste do trabalhador e melhor uso dos equipamentos, logo, gerando somente benefícios à sociedade pela segurança que oferece ao consumidor. e) Impacto tecnológico A normalização proporciona o acesso à tecnologia a todos os países, pois o desenvolvimento tecnológico num mercado é, de alguma forma, transmitido às normas e usado por essas em outros países. f) Impacto científico Integrar conhecimento requer padronização e isto é facilitado pelas normas técnicas. g) Impacto econômico Aqui está o mais visível dos ganhos da normalização, ou seja, os ganhos expressivos conseguidos com a competitividade, obtidos pela normalização. h) Impacto ambiental O sistema de normalização consolida, organiza e disponibiliza metas como a proteção da saúde, da segurança e do meio ambiente. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Benefícios da normalização a) Qualitativos São os que não podem ser diretamente medidos ou são de difícil mensuração exemplos: Utilização adequada de recursos; Disciplina na produção; Uniformidade do trabalho; Registro do conhecimento tecnológico; Melhoria no nível de capacitação do pessoal; Controle dos produtos e processos; Segurança do pessoal e dos equipamentos; Racionalização do uso do tempo. b) Quantitativos São os que podem ser mensurados exemplo: Redução do consumo e desperdício; Especificação e uniformização de matérias-primas; Padronização de componentes e equipamentos; Redução de variedades de produtos; Disponibilização de procedimentos para cálculos e projetos; Melhoria da produtividade; Melhoria da qualidade de produtos e serviços; Eficácia da comunicação entre pessoas e empresas Critérios para a normalização da norma da qualidade ISO 9000 As normas foram elaboradas através de um consenso internacional acerca das práticas que uma empresa deve tomar a fim de atender plenamente os requisitos de qualidade total. A ISO 9000 não fixa metas a serem atingidas pelas organizações a serem certificadas – as próprias organizações estabelecem essas metas. Uma organização deve seguir alguns passos e atender a alguns requisitos para serem certificadas. Dentre esses podem-se citar: Padronização de todos os processos-chave da organização, processos que afetam o produto e conseqüentemente o cliente; Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 Monitoramento e medição dos processos de fabricação para assegurar a qualidade do produto/serviço, através de indicadores de performance e desvios; Implementar e manter os registros adequados e necessários para garantir a rastreabilidade do processo; Inspeção de qualidade e meios apropriados de ações corretivas quando necessário; e Revisão sistemática dos processos e do sistema da qualidade para garantir sua eficácia. TEMA 04: Normas de qualidade Desde os seus primórdios, a industrialização levantou questões relativas à padronização e à qualidade de processos e produtos. A padronização internacional começou pela área eletrotécnica, com a constituição, em 1906, da International Electrotechnical Commission (IEC). Seu exemplo foi seguido em 1926, com o estabelecimento da International Federation of the National Standardizing Associations (ISA), com ênfase na engenharia mecânica. As atividades da ISA cessaram em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Nesta época, as empresas britânicas de alta tecnologia, nomeadamente as de produção de munições, registravam inúmeros problemas com a qualidade de seus produtos, o que ocasionava sérios acidentes com perda de vidas e de património. O governo passou, então, a solicitar aos seus fornecedores, procedimentos de fabricação conforme normas registradas por escrito, visando garantir que esses procedimentos estavam sendo seguidos. Esta norma tinha a designação "BS 5750", e ficou conhecida como norma de gestão, uma vez que não apenas especificava como se produzir, mas também como gerenciar o processo de produção. Com o final do conflito, em 1946, representantes de 25 países reuniram-se em Londres e decidiram criar uma nova organização internacional, com o objetivo de "facilitar a coordenação internacional e unificação dos padrões industriais". A nova organização, a Organização Internacional para Padronização iniciou oficialmente as suas operações em 23 de fevereiro de 1947, com sede em Genebra, na Suíça. Com a acentuação da globalização na década de 1980, aumentou a necessidade de normas internacionais, nomeadamente a partir da criação da União Europeia. "Em 1987, o governo britânico persuadiu a Organização Internacional para Padronização (ISO) a adotar a BS 5750 como uma norma padrão internacional. A BS 5750 tornou- -se a ISO 9000." Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 A ISO série 9000 compreendia um conjunto de cinco normas (ISO 9000 a ISO 9004), além destas cinco normas, deve se citar a existência da ISO 8402 (Conceitos e Terminologia da Qualidade) e da ISO 19011 (Diretrizes para a Auditoria de Sistemas da Qualidade). ISO 9000:1987 Esta foi a primeira norma da qualidade, baseada na norma britanica BS 5750, embora tivesse influência de outras normas existentes nos EUA. O gerenciamento da qualidade era subdividido em três modelos, conforme segue: ISO 9001:1987 – modelo de garantia da qualidade para projeto, desenvolvimento, produção, montagem e prestadores de serviço: aplicava-se a organizações cujas atividades eram voltadas à criação de novos produtos. ISO 9002:1987 – modelo de garantia da qualidade para produção, montagem e prestação de serviço: compreendia essencialmente o mesmo material da anterior, mas sem abranger a criação de novos produtos. ISO 9003:1987 – modelo de garantia da qualidade para inspeção final e teste:abrangia apenas a inspeção final do produto, e não se preocupava como o produto era feito. ISO 9000:1994 A norma ISO 9000:2004 continha os termos e as definições relativos à norma ISO 9001:1994. Não é norma certificavel, é apenas explicativa dos termos e das definições da garantia da qualidade. ISO 9001:1994 A ISO 9002:1994 é a norma que continha a garantia da qualidade como base da certificação. ISO 9001:2000 Combina as 9001, 9002 e 9003 em uma única, doravante denominada simplesmente como 9001:2000. Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 Os processos de projeto e desenvolvimento eram requeridos apenas para empresas que, de fato, investiam na criação de novos produtos, inovando ao estabelecer o conceito de "controle de processo" antes e durante o processo. Esta versão exigia ainda o envolvimento da gestão para promover a integração da qualidade internamente na própria organização, definindo um responsável pelas ações da qualidade. Adicionalmente, usa aferições de desempenho e de indicadores para medir a efetividade das ações e atividades desenvolvidas. Mas, a principal mudança foi o foco no cliente, que passa a ser visto como parte da organização. Além disso, também são considerados como clientes os envolvidos na cadeia de produção como clientes internos. ISO 9000:2005 Única nesse ano. Mantinha as bases da ISO 9000:2000. ISO 9001:2008 Esta versão teve como principal caracterisitica apresentar maior compatibilidade com a família da ISO 14000, e as alterações realizadas trouxeram maior compatibilidade para as suas traduções e, consequentemente, um melhor entendimento e interpretação de seu texto. ISO 9001:2015 Esta norma tem a seguinte estrutura: 1. Escopo 2. Referências Normativas 3. Termos e Definições (definições comuns) 4. Contexto da Organização 5. Liderança 6. Planejamento 7. Suporte 8. Operação 9. Avaliação do Desempenho 10. Melhoria Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 No Brasil A família de normas NBR ISO 9000:1994 (9001, 9002 e 9003) foi cancelada e substituída pela série de normas ABNT NBR ISO 9000:2000, que é composta de três normas: ABNT NBR ISO 9000:2000 – descreve os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade e estabelece a terminologia para estes sistemas. ABNT NBR ISO 9001:2000 – especifica requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade, onde uma organização precisa demonstrar sua capacidade para fornecer produtos que atendam aos requisitos do cliente e aos requisitos regulamentares aplicáveis, e objetiva aumentar a satisfação do cliente. ABNT NBR ISO 9004:2000 – fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia como a eficiência do sistema de gestão da qualidade. O objetivo desta norma é melhorar o desempenho da organização e a satisfação dos clientes e das outras partes interessadas. Não existe certificação para as normas ABNT NBR ISO 9000:2000 e ABNT NBR ISO 9004:2000. Como é a série ISO 9000, hoje? A ISO 9000 é uma série de 4 normas internacionais para "Gestão da Qualidade" e "Garantia da Qualidade". Ela não é destinada a um produto nem a alguma indústria específica. Tem como objetivo orientar a implantação de sistemas de qualidade nas organizações. As regras e os padrões da Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade são complementares aos padrões do produto, e são implantados para melhorar a sua qualidade, com impacto na funcionalidade do Sistema da Qualidade. A série é composta das seguintes normas: ISO 9000 – Fundamentos e Vocabulário ISO 9001 – Sistemas de gerenciamento da qualidade: requisitos ISO 9004 – Sistemas de gerenciamento da qualidade: guia para melhoramento da performance ISO 19011 – Auditorias internas da qualidade e ambiental. Em setembro de 2015, a ISO publicou a atualização da ISO 9001, surgindo então a ISO 9001: 2015. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 TEMA 05: Auditoria da qualidade Auditoria é um processo sistemático de verificação de conformidades de um Sistema de Gestão da Qualidade baseado nos requisitos de uma determinada norma técnica. a) Objetivos de uma auditoria Determinar a conformidade ou não conformidade do sistema da qualidade com os requisitos especificados; Determinar a eficácia do sistema em atender aos objetivos; Identificar o potencial de melhoria do sistema da qualidade; Atender aos requisitos regulamentares; Para fins de certificação (registro) do sistema da qualidade. b) Benefícios de uma auditoria Dar à alta direção a confiança de que as coisas acontecem conforme pretendido. Proporcionar confiança aos clientes; Detectar e observar problemas ocasionais; Dar retorno das informações às ações corretivas e melhorias A auditoria dependerá da coleta de informações para que as informações sejam identificadas. A informação é a evidência objetiva da conformidade. É importante que essas informações coletadas sejam reais e exatas. c) Tipos de auditoria da qualidade Auditoria de adequação: é aquela em que se determina a extensão na qual o sistema documentado representado pelo manual da qualidade e pelos procedimentos adequadamente atende aos requisitos da norma aplicável. Esta auditoria é também conhecida por: Auditoria da documentação; Auditoria de escritório; Análise crítica da documentação; Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 Auditoria de sistema = conjunto da auditoria de adequação + conformidade; No processo de certificação, uma auditoria de adequação se limita tipicamente à análise crítica de documentos da qualidade. Auditoria de Conformidade ou de Implementação: estabelece a extensão na qual o sistema documentado está entendido, implementado e percebido pela força de trabalho, ou seja, como está funcionando e de que forma está funcionando um Sistema de Gestão da Qualidade. Auditoria Externa: é uma auditoria de segunda parte ou de terceira parte. Auditoria Interna: é uma auditoria de primeira parte. d) Classificação da auditoria da qualidade Auditoria da Qualidade de Primeira Parte: ésta é uma auditoria realizada por uma empresa sobre si mesma. É uma autoauditoria. É realizada para benefício da administração daquela empresa que utilizará as informações obtidas durante a auditoria. Auditoria da Qualidade de Segunda Parte: são auditorias desenvolvidas por uma empresa sobre uma outra. Este tipo inclui auditorias realizadas por clientes em seus fornecedores. Auditoria da Qualidade de Terceira Parte: são auditorias realizadas por uma terceira parte independente, que não tem interesse direto nos resultados das auditorias (certificadoras). e) Planejamento da auditoria Para um bom planejamento de uma auditoria, usamos um modelo de plano baseado no 5W1H, obtendo-se respostas aos questionamentos colocados no quadro conforme modelo a seguir: Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 f) Perfil do auditor Para entendimento do perfil desejado para o auditor, separam-se a seguir suas características e atributos em: Características profissionais; Características técnicas; Atributos éticos; Atributos pessoais Síntese Chegamos ao fim da segunda aula, cujo foco foram os aspectos legais e normativos. Nesse encontro, vocês puderam aprender como funcionam a elaboração e uso das normas técnicas e regulamentadoras no Brasil, além de conhecer os critérios de normalização e como deve se desenvolver as auditorias de qualidade. Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 Referências ALMEIDA, Márcio. Tipos de Auditoria de Qualidade. 2012. Disponível em: <http://marcioqualy.blogspot.com.br/2012/07/tipos-de-auditoria-da-qualidade.html>. Acessoem: 01 jul. 2016. DEMING, W. E. Qualidade: A Revolução da Administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990. PALADINI, Edson P. Avaliação Estratégica da Qualidade. São Paulo: Atlas, 2002. PUC-RIO. Capítulo 2: Fundamentos e a prática da normalização. Disponível em: <http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/4049/4049_3.PDF>. Acesso em: 01 jul. 2016. SELEME, Robson. Gestão da Qualidade e Ferramentas essenciais. Curitiba: IBPEX, 2010. <http://www.inmetro.gov.br/> <http://www.abnt.org.br/> <http://www.iso.org/iso/home.html>
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