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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS ANÁLISE DE ALIMENTOS BELÉM- PA 2018 FERNANDA RABELLO JULIANA LIGIA MACHADO MARIELE TRINDADE SAMARA GONÇALVES PRÁTICA 07 DETERMINAÇÃO DE ANTOCIANINAS TOTAIS Relatório apresentado para a disciplina de Análise de Alimentos, do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Pará, ministrada pelo Professor Dr. Renan Chisté. BELÉM- PA 2018 4 1. INTRODUÇÃO As antocianinas são pigmentos vegetais, responsáveis por uma grande variedade de cores observadas em flores, frutos, algumas folhas, caules e raízes de plantas, que podem variar do vermelho vivo ao violeta/azul, e são solúveis em água. Devido sua solubilidade em água, as antocianinas ocorrem nos tecidos de plantas dissolvidas no fluído da célula vegetal, que geralmente apresenta pH levemente ácido. Além disso possuem potente capacidade antioxidante quando comparado com antioxidantes clássicos como butilato hidroxi anisol, butilato hidroxi tolueno e alfa tocoferol (vitamina E) (NARAYAN et al, 1999). Quando inserida em alimentos elas atribuem coloração e prevenção contra auto-oxidação e peroxidação de lipídeos em sistemas biológicos. E apresentam grande importância na dieta humana, podendo ser considerada como um importante aliado na prevenção/retardamento de doenças cardiovasculares, do câncer e doenças neuro degenerativas, devido ao seu poder antioxidante, atuando contra os radicais livres. Quimicamente, esses pigmentos são compostos fenólicos pertencentes ao grupo dos flavonóides, grupo de pigmentos naturais amplamente distribuídos no reino vegetal (CASTAÑEDA, 2009). Os Flavonóides são compostos de origem natural do grupo dos metabólitos e participam na fase que depende da luz durante a fotossíntese, e geralmente são encontrados na parte aérea da planta, porém, permanecem ausentes em seres de origem marinha. As antocianinas possuem mesma origem biossintética dos outros flavonóides naturais. São estruturalmente caracterizadas pela presença do esqueleto contendo 15 átomos de carbono na forma C6-C3-C6, porém, ao contrário dos outros flavonóides, as antocianinas absorvem fortemente na região visível do espectro, conferindo uma infinidade de cores, dependendo do meio de ocorrência (BROUILLARD, 1982). A determinação de compostos fenólicos é de grande importância em relação as qualidades sensoriais dos alimentos, como cor, sabor e aroma. Um dos métodos de determinação é a Espectrofotometria UV-Vis. Que consiste em utilizar luz na faixa do visível, do ultravioleta (UV), para determinar de um modo quantitativo a concentração de substâncias em solução que absorvem radiação, denominada Absorbância. As antocianinas apresentam diferentes perfis espectrais dependendo do pH, devido à predominância de diferentes estruturas em cada meio. Os alimentos apresentam diversos pigmentos que desempenham funções específicas. É cada vez maior o interesse da população e da comunidade científica 5 em alimentos contendo compostos bioativos, tais como os polifenóis e antocianinas . Neste contexto, estudou se o Euterpe oleracea - como o açaí é conhecido na comunidade cientifica-, que é um fruto rico em antocianinas e carotenoides. Representam uma importante fonte de lipídios, proteínas, fibras, minerais e vitaminas. E além dos benefícios citados anteriormente, o açaí possui em sua composição substâncias como os compostos fenólicos, dentre outros, que são componentes antioxidantes (SANTOS et al, 2008). 6 1. OBJETIVO Determinar os teores de antocianinas por espectrofotometria UV- Vis em extrato de açaí. 7 2. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais 3.1.1 Reagentes • Etanol • HCl 3.1.2 Equipamentos • Balança analítica previamente calibrada • Espectrofotômetro 3.1.3 Vidrarias e outros materiais • Proveta • Balão volumétrico • Becker de 50 mL • Papel de filtro • Papel alumínio • Cubetas • Kitassato • Celite • Funil de Buchner 3.1.4 Amostra • Extrato de açaí 3.2 Preparo de soluções • Solução de etanol 95%: Em um becker mediu-se 950 ml de etanol absoluto e aferiu-se com água destilada até 1000 ml. • Solução de HCl 1,5N (HCl com pureza de 37% e densidade de 1,19 g/mL): mediu-se 62 mL de HCl diluindo com água destilada até completar o volume 500 mL. • Solução extratora: etanol 95%/ HCl 1N (85:15, v/v): adicionou-se 850 ml de etanol 95% a 150 ml de HCl 1,5N e ajustou-se o pH da solução até 1,5 com HCl diluído. (As soluções já tinham sido preparadas antecipadamente). 8 3.3 Procedimento experimental Extração e leitura • Pesou-se aproximadamente 0,1 g de amostra de açaí em um béquer revestido com papel alumínio. Como a amostra já era diluída não foi preciso fazer a etapa de maceração, então com o auxílio da proveta, adicionou-se 10 ml da solução extratora à amostra e homogeneizou-se. • Com auxílio de um funil e papel de filtro, filtrou-se a mistura em um kitassato revestido com papel alumínio, fez-se a lavagem do béquer com solução extratora para garantir total despigmentação da amostra. Após, aferiu-se até o menisco com solução extratora. Atentou-se para não conter partículas sólidas no kitassato, o que poderia atrapalhar, caso fosse transferida partículas para as cubetas, a leitura no espectrofotômetro. • Transferindo uma pequena quantidade da amostra extraída para as cubetas, foi possível realizar a leitura em um espectrofotômetro UV-visível (VISIONite), fixando um comprimento de onda de 535 nm. A amostra do branco possuía apenas a solução extratora usada para corrigir o erro da análise. Com os valores da absorbância obtido no espectrômetro foi possível realizar o cálculo de antocianinas totais. A análise foi feita em triplicata, o papel alumínio foi utilizado para diminuir a degradação dos compostos de interesse pela luminosidade do ambiente. 9 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES: Existe grande demanda de pesquisas para desenvolver corantes alimentícios a partir de fontes naturais, visando diminuir (ou eliminar), gradativamente, a dependência do uso de corantes alimentícios sintéticos no processamento de alimentos (FRANCIS, 1989). Dentre os corantes de fontes naturais, encontram-se as antocianinas (ou enocianinas) que podem ser obtidas a partir dos extratos de cascas de alguns frutos, por exemplo. As antocianinas fazem parte da classe dos flavonóides, pigmentos naturais, que são responsáveis por uma variedade de cores atrativas das frutas, flores e folhas, que variam do vermelho ao azul. São solúveis em agua e pertencem a classe de compostos contendo uma estrutura básica de quinze átomos de carbono, conhecidos coletivamente como flavonoides (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985; SANTOS et al., 2014). A antocianina é comumente expressa em teor de antocianinas totais (AT), desta forma, para a realização da análise do teor de antocianinas totais foi utilizado o método proposto por FULEKI e FRANCIS (1968). Realizou-se a determinação do teor de antocianinas total da amostra de açaí (Euterpeoleracea), em triplicata. Obteve-se o valor de antocianinas totais através da seguinte equação: 𝐴𝑇 (𝑚𝑔/100𝑔) = 𝐴𝑏𝑠𝜆 max 𝑥 𝐹𝑑 𝑥 𝑉 𝐸1%1𝑐𝑚 𝑥 𝑚 𝑥 100Eq. (1) Onde, Abs 𝜆𝑚𝑎𝑥 = Absorbância a 535 nm; Fd = Fator de diluição (1,0); E1%1cm = 98,2 (Média das absorvidades molares das antocianinas: cianidina 3- glicosídeo, cianidina 3-arabinosídeo, peonidina 3-galactosídeo e peonidina 3- arabinosídeo em solução alcoólica de Etanol/HCl, 85:15, v/v); V = Volume do extrato (mL). M = Massa da amostra (g). A partir da Equação 1, concluiu-se os resultados dispostos na Tabela 1, onde os valores para a absorbância foram encontrados por espectrofotometria: Tabela 1- Dados e determinação de Antocianinas Totais (AT): Massa Amostra (g) Absorbância (Abs) AT (mg/100g) 0,1533 0,151 25,076 0,1504 0,157 26,575 0,1552 0,120 19,684 10 Com base nos dados adquiridos na Tabela 1, calculou-se a média e o desvio- padrão para antocianinas totais em mg/100g: Tabela 2- Média e desvio-padrão para AT: MÉDIA ± DP 23,78 mg/100g ± 2,96 O valor médio para antocianinas totais do açaí encontrado foi de 23,78 mg/100g, enquanto Schultz (2008) obteve o resultados de58,5 mg/100g para a juçara (Euterpe edulis) e 14,4 mg/100g para o açaí (Euterpe oleracea). Comparando com Schultz (2008), o açaí analisado apresentou um valor para antocianinas totais inferior. De acordo com Cavalcante (2014), a amostra avaliada se encontrava abaixo da faixa encontrada por ela, que variou entre 0,15 (mg/100g) e 2,59 (mg/100g), para o fruto açaí, onde o resultado obtido na análise antocianinas totais se mostrou mais elevado. Cipriano (2011) encontrou o valor de 58,33 mg/100g a polpa de açaí, onde esse resultado se manteve superior quando comparado com a análise. Santos et al. (2008) determinou uma faixa de antocianinas totais ao avaliar doze polpas de açaí adquiridas em pontos de comercialização da cidade de Fortaleza-CE, a faixa encontrada por esse alto foi de 13,93 à 54,18 mg/100g; de acordo com essa faixa de antocianinas, o valor encontrado de 23,78 mg/100g se manteve dentro dessa faixa. A Instrução Normativa nº 01, de 7 de Janeiro de 2000 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, referente a legislação dos Padrões de Identidade e Qualidade para diversas polpas de fruta, inclusive a polpa de açaí, onde é possível encontrar dados oficiais determinados para este produto, observou-se que não há uma quantidade especifica para antocianinas totais. 11 5 CONCLUSÃO Podemos concluir que o açaí analisado possui uma concentração de antocianinas (23,78 mg/100g) dentro da faixa abordada na literatura, de 58,5 mg/100g para a juçara (Euterpe edulis) e 14,4 mg/100g para o açaí (Euterpe oleracea), pelo fato de não se ter a informação com relação a espécie que deu origem ao açaí analisado, não se pode afirmar se este está com a concentração de antocianinas dentro do esperado para sua espécie. 12 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS: CAVALCANTI, R. Teor de Antocianinas Totais em Frutos Intactos de Açaí (Euterpe oleraceaMart) e Palmiteiro-Juçara (Euterpe edulisMart) Usando Espectroscopia na Região do Infravermelho Próximo e Calibração Multivariada. (Dissertação: Doutorado). UFRN. 2014. CIPRIANO, P. Antocianinas de Açaí (Euterpe Oleracea Mart.) e Casca de Jabuticaba (Myrciaria jaboticaba) na Formulação de Bebidas Isotônicas.Universidade Federal de Viçosa. 2011. FULEKI, T., FRANCIS, F.J. Extraction and Determination of Total Anthocyanin in Cranberries. Journal of Food Science. V.33, p. 72-73. 1968. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. v. 1: Métodos Químicos e Físicos Para Análise de Alimentos, 3. ed. . p. 157. São Paulo: IMESP, 1985 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 01, de 7 de Janeiro de 2000.Diário Oficial da União. Seção 1, p. 54. Disponível em: <http://www.ibravin.org.br/downloads/1379429768.pdf> RANCIS, F.J., Food Colorants: Anthocyanins. Critical Reviews. Food Science Nutrition, v.28, n.4, p.273-314, 1989. SANTOS, et al. Potencial Antioxidante de Antocianinas em Fontes Alimentares: Revisão Sistemática. R. Interd. v. 7, n. 3, p. 149-156, 2014. SANTOS, G.M., et al. Correlação Entre Atividade Antioxidante e Compostos Bioativos de Polpas Comerciais de Açaí (Euterpe oleracea Mart). Archivos Latinoamericanos de Nutrición, v. 58, p. 187-192, 2008. SCHULTZ, J. Compostos Fenólicos, Antocianinas e Atividade Antioxidante de Açaís de Euterpe edulisMart.e Euterpe oleraceaMart. Submetidos a Tratamentos para sua Conservação. TCC (Graduação). Universidade Federal de Santa Catarina, 2008. BROUILLARD, R. Em Anthocyanins as food colors; Markakis, P., ed.; Academic Press: New York, 1982, cap. 1. CASTAÑEDA, L. M. F.Antocianinas: o que são? Onde estão? Como atuam?. PPG- Fitotecnia/UFRGS, 2009 NARAYAN, M.S.; AKHILENDER NAIDU, K.; RAVISHANKAR, G.A., et al. Antioxidant effect of anthocyanin on enzymatic and non-enzymatic lipid peroxidation. Prostagiandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids, v. 60, n.1, p. 1-4, 1999. SANTOS, G. M. ; MAIA, G. A.; SOUSA, P. H. M. ; COSTA, J.M.C.; FIGUEIREDO, R. W; PRADO, G.m. . Correlação entre atividade antioxidante e compostos bioativos de polpas comerciais de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Archivos Latino americanos de Nutrición, v. 58, p. 187-192, 2008.
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