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Cárie Dentária: Prevenção e Diagnóstico

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CARIOLOGIA 
 
• Doença dinâmica e multifatorial, mediada por biofilme e gerada por açúcares; 
 
Epidemiologia 
• Problema de saúde em países industrializados (60-90%) 
• Doença crônica mais comum na infância, maior em crianças de 2 a 5 anos de 
acordo com o censo americano de 2007 
• Taxas elevadas em crianças pobres ou de minoria étnica 
• Pesquisa mais recentes (NHANES - EUA) 2011 a 2012, aproximadamente 
23% das crianças 2-5 anos apresentam cáries em decíduos, 10% com cáries não tratadas 
 
Fisiopatologia 
• Relacionados ao tecido duro (coroa e raiz - após recessão gengival) 
• Relacionados à microbiologia (biofilme) 
• A cárie não ocorrerá na ausência de um biofilme dental cariogênico 
(patológico) e exposição frequente a carboidratos dietéticos (açúcares livres), sendo 
considerada uma DOENÇA DIETÉTICA-MICROBIANA 
• Conceito moderno: doença mediada pelo biofilme atribuída a ingestão 
frequente de carboidratos fermentáveis é fraca higienização bucal em combinação com 
exposição inadequada ao flúor, além de fatores comportamentais, sociais, psicológicos e 
biológicos 
 
Desmineralização / remineralização 
• Inicia-se abaixo da superfície do esmalte -> estrutura cristalina é 
desmineralizada -> ação dos ácidos orgânicos -> produzidos por bactérias do biofilme -> 
através do metabolismo de carboidratos fermentáveis (açúcares) 
• Fatores patológicos: consumo frequente de açúcares dietéticos, flúor 
inadequado, má higiene bucal, disfunção salivar - quando há a prevalência desses fatores 
que causam a DESMINERALIZAÇÃO (pH < 5,5) causado a progressão da doença, é 
considerado ALTO RISCO 
• A associação dos fatores patológicos com os fatores protetores -> RISCO 
MODERADO 
• Fatores protetores: dieta saudável, escovação com dentifrícios duas vezes ao 
dia, aplicação de flúor profissional, selante preventivo ou terapêutico, função salivar normal; 
fatores que auxiliam na REMINERALIZAÇÃO (pH > 5,5), paralisando ou regredindo a lesão, 
tornando-se BAIXO RISCO 
 
Biofilme 
• Existir na placa em grande número 
• Possuir vantagens seletivas 
• Não ser antagonizado pela microbiota 
• Capacidade acidogênica 
• Ser acidúrico 
 
Prevenção: preserva estrutura dentária, evitar processo de desmin. esmalte e promover 
cicatrizarão natural. 
Prevenção - Uso do flúor 
• Fluoreto em altas concentrações >2500 ppm, penetra o biofilme e se 
concentra em lesões incipientes (só em esmalte - inicial), diminuindo a desmin. e 
aumentando a mineralização. Além de ter uma maior concentração de fluoreto e ação mais 
prolongada 
Prevenção - Selantes 
• Uso profissional 
• Dentes escovados 
• Sulcos e fissuras 
• Ação de prevenção 
• Paralisa ou previne lesões iniciais não cavitadas 
• PROVA - Recomenda o uso de Selantes em comparação com o não uso em 
molares permanentes com superfícies oclusais íntegras e lesões cariosas oclusais não 
acentuadas em crianças e adolescentes. 
• PROVA - Sugere o uso de Selantes em comparação com o uso de vernizes 
de fluoreto em molares permanentes com superfícies oclusais íntegras e lesões cariosas 
oclusais em crianças e adolescentes. 
• TRADUÇÃO: recomenda-se o uso de verniz em superfícies oclusais íntegras 
ou lesionadas em comparação ao não uso ou, ao uso de verniz fluoretado. 
 
Diagnóstico 
ICDAS (Sistema Internacional de Detecção e Av. de cáries) - 2002 
• Planejado para: Prática clínica, Educação, Pesquisa, Saúde pública 
• Característica: *subdivisão dos estágios da cárie, *categorias discretas e 
previsíveis, *baseadas na extensão histológica da cárie dentro do dente 
• Cada score ou código tem uma característica própria e consequentemente 
opções de tratamento diferentes. 
• Score 0: alteração inicial subclinica (NÃO VISÍVEL), continuo estado 
dinâmico de progressão/regressão. 
• Score 1: alteração visual após secagem do dente. Mancha branca opaca, 
rugosa. Sem alterações histológicas significativas. 
• Score 2: alterações visíveis sem necessariamente ter secado o dente. 
Mancha branca opaca e rugosa. Pode ter início de cavitação. Alterações histológicas 
significativas. 
• Score 3: cavidade limitada ao esmalte. 
• Score 4: cavidade com extensão para o terço externo dentina. 
• Score 5: progressão para terço médio e interno da dentina. 
• Score 6: lesão cariosa na polpa. 
• ICCMS (classificação e manejo da cárie): Score 0 - ORIENTAÇÃO DE 
HIGIENE ORAL; Score 1 ao 4 - OPÇÕES DE TRATAMENTOS PREVENTIVOS; Score 5 e 6 
- OPÇÕES DE TRATAMENTO RESTAURADOR. 
 
 
ADA CARIES CLASSIFICATION SYSTEM (Sistema de Classificação de Cáries ADA) 
2008 
• Sistema de classificação para categorizar a LOCALIZAÇÃO, ORIGEM, 
EXTENSÃO e NÍVEL DE ATIVIDADE 
• Lesão de cárie: manifestação clínica da doença cárie. 
• Lesão não cavitada: desenvolvimento inicial da lesão de cárie, antes da 
cavitação. CARACTERIZADAS POR ALTERAÇÃO DE COR, BRILHO ou TEXTURA 
SUPERFICIAL. Desequilíbrio no processo DES-RE. O reestabelecimento deste equilíbrio 
pode interromper o processo, deixando um sinal clínico visível. (Manchas) 
• Lesão cavitada: perda da integridade da superfície dentária. Pode ser restrita 
ao esmalte (microcavitação). Porém frequentemente está associada à perda total de 
esmalte e exposição de dentina subjacente. 
• Tratamento restaurador: remoção da estrutura do dente e colocação de uma 
restauração; minimamente invasivo e conservando estrutura sadia. 
• Tratamento não restaurador: uso de estratégias e barreiras físicas (Selantes) 
e mudança de comportamento do paciente. 
• Classifica cada superfície com base em: 
• Face dentária 
• Presença ou ausência da lesão 
• Gravidade 
• Estimativa da atividade da lesão 
• Etapas necessárias: 
• Dente limpo com ar comprimido 
• Iluminação adequada 
• Sonda exploradora com ponta romba 
• Radiografias (peri e inter) 
• Locais anatômicos: 
• Sulcos e fissuras 
• Faces próximas 
• Faces lisas 
• Raiz 
 
Características de cáries ativas ou inativas 
• Áreas retentivas (sulcos, fissuras, proximais) - provavelmente ativas 
• Áreas não retentivas - prov. inativas 
• Placa bacteriana espessa ou pegajosa - prov. ativas (INATIVAS - O 
CONTRÁRIO) 
• Opaca e branco-amarelado - ativas 
• Brilho e marrom-preto - inativa 
• Inflamação geng. e sangramento - ativas (INATIVA - O CONTRÁRIO) 
• Suave, esmalte e dentina duros - inativa 
• Esmalte rugoso e dentina macia - ativa 
 
Lesão subclínica 
• A superfície é sólida 
• Não há lesão clínica visível 
• O tec. é normal em cor, translucidez e brilho 
 
Lesão inicial de cárie 
• Primeira lesões detectáveis 
• Limitadas ao esmalte/cemento ou com extensão ao terço externo da dentina 
• Cor brancas opacas ou marrom 
• Detectáveis às vezes somente após a secagem 
• Reversíveis 
• Faces oclusais não apresentam sombra cinza 
 
Lesão moderada de cárie 
• Desmineralização mais profunda 
• Microcavitação do esmalte 
• Exposição de dentina ou alteração de cor dentinária visível (sombra escura 
ou translúcida visível através do esmalte) 
 
Lesão de cárie avançada 
• Na ADA qualquer lesão que mostre clinicamente a dentina é avançada 
• Cavitação total do esmalte 
• Dentina clinicamente exposta 
 
 
ARTIGO: ADESÃO DENTAL 
 
Adesão é o estabelecimento de uma união microeconomia entre os materiais odontológicos 
e o substrato. 
 
Classificação 
Segundo Van Meerbeek et al (2003), os adesivos são classificadosde acordo com a 
estratégia utilizada durante o procedimento: 
• Condicione e lave 
• Auto-condicionante 
• CIV 
 
Condicione e lave 
• Não há adesão química 
• Caracteriza-se por um condicionamento inicial do substrato (ataque ac), após 
lavagem obrigatória, onde se remove o condicionador e outras estruturas do substrato, 
subsequentemente o substrato desmineralizado será infiltrado por monômeros resinosos 
• Dividido em: 
• Primer e bond (3 PASSOS OU MULTICOMPONENTES) 
• Único frasco (2 PASSOS OU MONOCOMPONENTES) 
 
 
 
 
Sistema de 3 passos (padrão ouro) 
• Ataque ac. fosfórico 37% (remove smear layer) -> primer (remodifica o 
substrato e facilita a penetração do adesivo, desloca a água) -> aplicação do bond (adesivo) 
 
Sistema de dois passos 
• Ácido Fosfórico 37% -> Primer e bond no mesmo frasco 
 
Géis de Ac. Fosfórico (35-37%) 
• Proporcionam uma adequada microrretenção 
• Devem ser aplicados passivamente, em esmalte de 15 a 20s e em dentina de 
10 a 15s (na clínica 10-D e 20-E). Lavagem e secagem pelo mesmo tempo de 
condicionamento. 
• O condicionamento no ESMALTE, faz uma dissolução seletiva dos cristais de 
hidroxiapatita, aumentando os espaços inter e intraprismaticos. Aumentando: superfície de 
contato, rugosidade, energia livre de superfície e a capacidade de molhamento 
• Em esmalte a aplicação do monomero resinoso cria uma retenção 
micromecânica. As microporosidades causada pelo condicionamento são preenchidas por 
prolongamentos resinosos. A hidroxiapatita é envolvida pelos monomeros formando uma 
zona híbrida, denominado CAMADA HIBRIDA DO ESMALTE. 
• O condicionamento em dentina, desmineraliza a dentina peri e intertubular, 
expondo as redes de fibrilas colagenas (desprovidas de hidroxiapatita), removendo 
completamente a camada de esfregaço (smear layer) e os tampões de esfregaço (smear 
plugs) 
• Após o condicionamento é aplicado um primer com monomeros específicos 
contendo propriedades hidrofílicas, dissolvidos em solventes orgânicos (etanol, acetona ou 
água). O HEMA aumenta a capacidade de molhamento e re-expansão da rede de colágeno 
e os solventes deslocam a água da superfície da dentina, preparando a rede de colágeno 
para a subsequente infiltração de resina adesiva. 
• Para uma boa formação da camada hibrida a dentina não pode estar 
completamente seca, deve estar um pouco úmida (mas não de saliva) 
• Janela de oportunidade - umidade ideal da dentina para uma adequada 
hibridização e selamento tubular. A quantidade de água está relacionada com o tipo de 
solvente utilizado. 
• Os solventes a base de acetona são os mais suscetíveis a ausência de 
umidade 
• Já os de água e álcool apresentam menor susceptibilidade, pois caso haja 
certa desidratação a dentina pode ser reidratadas pela água do sistema adesivo. 
• Caso a água permaneça em excesso - plastificação da camada hibrida 
iniciando o processo de degradação da interface adesiva 
 
Principal desvantagem do condicione e lave 
• Colapso das fribrilas de colágeno pela secagem excessiva. Diminuindo a 
união do material no dente e sua longevidade 
 
Sistema autocondicionante 
• Melhor em dentina 
• Monomeros ácidos condicionam e preparam o substrato simultaneamente 
• Monomeros ácidos desmineralizam, modificam e incorporam a camada de 
esfregaço na camada hibrida 
• Pode ser: 
• 2 passos (primer e bond aplicados separadamentes) e 1 passo all-in-one 
(primer e bond em um frasco só ou aplicados em um único passo clínico) 
• No sistema de dois passos, primer aplicado de forma ativa (movimento) 
desmineralizada o substrato e modificando a camada de esfregaço. Um jato de ar suave é 
aplicado para evaporar o solvente. E o monomero contido em outro frasco é aplicado para 
efetivar a camada hibrida. 
• No sistema em que o primer e o bond estão separados, uma gota de cada 
deve ser vertida num casulo, misturadas e aplicadas imediatamente 
• O que tem todos componentes em um frasco só não é o mais indicado 
• A inexistência da remoção do ácido por meio de lavagem exime o clínico da 
decisão a respeito da exata umidade que deve ser mantida na dentina, diminuindo a 
possibilidade de colabamento da trama colágena 
• Os adesivos podem ser classificados em forte, suave e ultra-suave. Primers 
mais ácidos formam camadas mais profundas e superfícies de esmalte mais porosas (maior 
capacidade de desmineralização) 
• Fortes pH menor ou igual a 1, produzem uma desmineralização semelhante 
ao ácido fosfórico 
• Suaves pH=2, não são capazes de promover os graus de desm. semelhante 
ao Ac. Fosfórico 
• Ultra-suave pH=2,7, sua interação com a camada de esfregaço não resulta 
em uma camada hibrida autêntica. Este tipo não desmin. dentina, promove apenas uma 
hibridização do esfregaço. 
• Apesar dos sistemas autocondicionantes promoverem uma camada hibrida 
de menor espessura e prolongamentos resinosos menores, quando comparados ao cond. e 
lave, há aqui, alem da retenção mecânica, uma adesão química. Alguns monomeros criam 
uma ligação com o cálcio da hidroxiapatita. 
• Monomeros que favorecem a ligação química: 10-MDP, 4-META e Fenil-P 
 
Remoção da dentina cariada - carbide baixa rotação ou manual 
 
Lesão de cárie só em esmalte - no de 3 passos pôde-se dispensar o PRIMER, aplicar 
somente ac. e bond, ou usar o sistema de dois passos 
 
 
ANESTESIA EM ENDO 
 
Dentes necrosados e casos de retratamento: 
• Facilitar a colocação do isolamento absoluto 
• Sensibilidade durante a introdução do instrumento ao terço médio e apical 
• Facilitar a manobra de obtenção do esvaziamento do canal cementário 
• Elimina o desconforto durante a obturação do sistema de canais radiculares 
 
Anestesia suplementar: Intraligamentar e Intrapulpar 
Casos mais difíceis de obtenção de anestesia pulpar: 
• Pulpite irreversível 
• Molares inferiores, pré-molares inferiores, prémolares superiores, molares superiores e 
incisivos inferiores 
 
Anestesia intraligamentar 
Contra-indicações: 
• Dentes com patologia perriradicular sintomática 
• Dentes com doença periodontal 
• Dentes semi-erupcionados 
 
Anestesia intrapulpar 
• Efeito imediato com duração cerca de 15 a 20 minutos 
• Contra-indicada em casos de necrose pulpar 
 
Isolamento 
Na maioria dos casos se isola depois da abertura coranária, exceto em casos de cavidades 
expostas ao meio bucal (pulpite crônica). 
• Grampos para isolamento 
• Grampos de nº 210-211-212 (para incisivos e 
caninos) 
• Grampos nº 206 e 208 (para pré-molares) 
• Grampos nº w8a, 26 (para molares) : sem aletas 
 
Situações atípicas e dificuldades no isolamento absoluto 
• Dentes extensamente destruídos por cárie ou fratura 
• Retratamento endodôntico em dentes com retentores protéticos 
• Dentes muito expulsivos ou incompletamente erupcionados 
• Dentes mal posicionados no arco 
• Aparelhos ortodônticos 
• Fatores emocionais 
 
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