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BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS – FRUTAS E HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS 1 Introdução Com a mudança de hábitos dos consumidores que buscam cada vem uma alimentação mais saudável e que tenha praticidade um novo ramo surge na área agroindustrial, às frutas e hortaliças minimamente processadas, que foram descritas por Bastos (2006) como o produto derivado de operações mínimas de processamento, desenvolvidas em condições preestabelecidas de higiene e sanitização, com o fim de manter as características do produto fresco. Este tipo de alimento possui um alto valor agregado e processamento fácil, tornando-se assim uma importante fonte de renda para agroindústrias familiares. É importante ressaltar que além da praticidade que o consumidor busca outro fator importante levado em consideração para aquisição do produto é as condições higiênicas que este foi produzido, para que se tenha a certeza que aquele alimento não irá causar nenhum dano à saúde. Para que se produza um alimento seguro é importante que agroindústria tenha as boas práticas de fabricação. As BPF’S (boas práticas de fabricação) são práticas de fabricação (BPF) são uma série de medidas, que tem como objetivo garantir a integridade alimento desde a matéria-prima até o produto final (BASTOS, 2006). Este trabalho tem como objetivo explorar as frutas e hortaliças minimamente processadas em todos seus aspectos. 2 Desenvolvimento 2.1 Definição Segundo Bastos (2006) o produto minimamente processados é aquele derivado de operações mínimas de processamento, desenvolvidas em condições preestabelecidas de higiene e sanitização, com o fim de manter as características do produto fresco. 2.2 Instalações Os arredores, área externa e interna das instalações de processamento devem estar livres de focos de lixo, água, vetores e pragas. O layout (figura 1) deve permitir fluxo linear, sem cruzamentos e retrocessos de atividades, com áreas de tamanho compatível com o volume de produção (STURION, 2007). A indústria deve ser dividida em três áreas, as quais se denominam de: área suja ou recepção, processamento e expedição e deposito. Estas áreas devem ser construídas de forma em que a matéria-prima não entre em contato com o produto final (BASTOS, 2006). A área suja é o local onde é recebida a matéria-prima vinda do campo, é nela em que as frutas e hortaliças são selecionadas e lavadas. Nesse local deve ter uma área para cada processo, possuir boa drenagem e local apropriado para o recolhimento dos resíduos provenientes do alimento (BASTOS, 2006). O processamento deve ter uma higiene mais rigorosa e ser isolada e sua temperatura deve ser controlada (BASTOS, 2006). As áreas de expedição e de depósito pode ficar na mesma sala, esta corresponde ao local onde ficam as geladeiras e os freezers para armazenamento dos produtos processados, já embalados e rotulados. Nela também são estocadas embalagens, etiquetas e insumos necessários ao processamento, exigindo cuidados quanto à proteção contra agentes externos, como insetos e pequenos animais (BASTOS, 2006). Figura 1: Layout da agroindústria para o processamento mínimo de frutas e hortaliças 2.3 Etapas de produção No fluxograma abaixo (figura 2) podemos visualizar as etapas do processamento de frutas e hortaliças. Figura 2: Fluxograma de processamento 2.3.1 Colheita As frutas e hortaliças devem ser colhidas de acordo com o padrão de qualidade comercial, em recipientes higienizados previamente, com o mínimo de manipulação, no menor tempo possível e nas primeiras horas do dia, para evitar a contaminação por micro-organismos (STURION, 2007). 2.3.2 Transporte Deve ser rápido, em veículo fechado, limpo e refrigerado, no caso de grandes distâncias (STURION, 2006). Colheita Pré-seleção e classificação Recepção da matéria-prima Redução do tamanho Transporte Lavagem Sanificação Centrifugação Seleção final Embalagem Rotulagem Distribuição 2.3.3 Recepção da matéria-prima Deve ocorrer em local arejado e sem radiação solar direta. O resfriamento rápido com água fria retarda o processo de deterioração (STURION, 2007). 2.3.4 Pré-seleção e classificação Na pré-seleção, devem-se retirar as sujidades e, na etapa de classificação, deve- se buscar a uniformidade e a padronização. Os utensílios e equipamentos utilizados nessas etapas devem ser devidamente higienizados para impedir a contaminação por fungos e bactérias (STURION, 2007). 2.3. 5 Lavagem Deve ser feita por imersão em água clorada e com detergentes específicos para a eliminação das sujidades, com posterior enxágue em água corrente, visando à remoção dos produtos químicos. A água deve estar ao redor de 5ºC, para reduzir a atividade metabólica do vegetal (STURION, 2007). 2.3.6 Descascamento Os equipamentos empregados no processo mecânico devem ser higienizados, conforme descrito anteriormente. No caso do emprego de processo químico ou térmico, devem-se respeitar as concentrações e o binômio tempo/temperatura indicados para cada tipo de vegetal, visando evitar injúrias (STURION, 2007). 2.3. 7 Redução do tamanho A exposição dos tecidos vegetais ao manuseio e oxigênio aumenta a taxa respiratória e adianta a senescência. Destaca-se, então, a importância da higienização dos equipamentos e utensílios utilizados e refrigeração imediata após o corte a 4ºC (STURION, 2007). 2.3. 8 Sanificação Deve ser realizada em tanques com solução sanificante a 4ºC. No enxágue dos vegetais, a água empregada deve ser clorada em uma concentração de 3 a 5mg/l. O pH, a temperatura e a quantidade de matéria orgânica devem ser monitorados para a eficácia do processo de sanificação. O hipoclorito de sódio é um excelente saneante para controle de patógenos. O peróxido de hidrogênio e o ozônio também vêm sendo utilizados como agentes antimicrobianos (STURION, 2007). 2.3.9 Centrifugação Por ser uma etapa posterior à sanificação, pode ser um ponto de recontaminação do produto. Todos os cuidados higiênicos em relação ao equipamento, ambiente e manipuladores devem ser rigorosamente considerados. Destaque-se que as operações de corte, lavagem e centrifugação não devem exceder a 30 minutos (STURION, 2007). 2.3.10 Seleção final Aqui também, por se tratar de produtos já higienizados, a sanificação dos equipamentos e utensílios e o uso de luvas descartáveis pelos manipuladores são cuidados necessários (STURION, 2007). 2.3.11 Embalagem Fundamental para a manutenção da qualidade do produto, esta etapa requer a utilização de equipamentos (embaladeiras e dosadores) higienizados, além da seleção criteriosa. Processo de embalagem de verdura minimamente processada: assepsia é primordial dos materiais a serem empregados, com base nas especificações químicas e físicas dos diferentes tipos de embalagem e de acordo com a fisiologia dos vegetais e método selecionados (STURION, 2007). 2.3.12 Rotulagem Deve informar claramente, dentre as exigências regulamentadas, a vida útil e as instruções de preparo e armazenamento (STURION, 2007). 2.3.13 Distribuição Deve ser rápida, sem interromper a “cadeia do frio”. O transporte deve ser refrigerado e o armazenamento, nos pontos de venda, nunca deve ser feito em temperatura superior a 5ºC,independente do método empregado para a embalagem. É importante, por fim, ressaltar que a qualidade de um produto minimamente processado depende, além das características da matéria-prima, da adoção das boas práticas de higiene e das práticas (STURION, 2007). 2. 4 Equipamentos Os equipamentos e os utensílios necessários ao processamento mínimo de frutas e hortaliças são: − Tanques de alvenaria com azulejo ou de aço inoxidável para a lavagem e a sanitização dos frutos. − Mesa para seleção (aço inoxidável). − Mesa para preparo (aço inoxidável). − Mesa ou bancada para embalagem do produto (aço inoxidável ou material lavável). − Descascador de frutas, semelhante ao usado para descascar melão (opcional). − Tábuas de plástico. − Facas com lâminas afiadas e colheres de aço inoxidável. − Termosseladora ou máquina para fechar sacos de plástico a quente. − Suporte com bobina de PVC. − Balanças eletrônicas. − Câmaras frias para armazenamento do produto. − Monoblocos de plástico para transportar os frutos dentro da área de processamento, para operações de sanitização, ou para colocar os frutos após a lavagem. − Peneiras grandes de plástico. − Caixas de plástico. − Termômetros. − Refratômetros portáteis para medir o teor de sólidos solúveis. − pHmetro (medidor de pH) (BASTOS,2006). 2.5 Boas Práticas da Fabricação As boas práticas de fabricação (BPF) são uma serie de medidas, que tem como objetivo garantir a integridade alimento desde a matéria-prima até o produto final (BASTOS, 2006). As BPF têm por finalidade reduzir a contaminação em frutas e hortaliças e englobam desde as instalações, a conduta ao manipular o alimento e a higiene pessoal dos manipuladores (BASTOS, 2006). 2.5.1 Instalações 2.5.1.1 Piso Na área de processamento ele deve ser fácil lavagem, antiderrapante e apresentar um declive em direção aos drenos e ralos. Já os da área externa deve ser uma superfície de fácil limpeza (BASTOS, 2006). 2.5.1.2 Paredes e tetos Estes devem ser de cor clara, podendo ser revestido de azulejo em uma altura mínima de 2m ou utilizado uma tinta lavável, não devendo ter falhas de revestimento ou pintura (BASTOS, 2006). 2.5.1.3 Luminárias A iluminação deve ser adequada para cada ambiente em numero e disposição, além possuírem proteção contra quedas e estouros (MACHADO et. al., 2015). 2.5.2 Manipuladores O manipulador é aquele que entra em contato direto com o alimento este, lava, corta, descasca, rala e embala. É importante que ele tome cuidado com a higiene corporal e deve estar saudável. 2.5.2.1 Higienização das mãos A lavagem das mãos deve ser realizada na chegada da agroindústria, após o uso dos sanitários, a cada interrupção de trabalho, antes de tocar em equipamentos e utensílios já higienizados ou em alimentos já processados, antes e após o uso de luvas e deve ser realizada da seguinte maneira: 1º. Umedecer as mãos e antebraços 2º. Esfregar com sabonete liquido durante 15 segundos 3º. Enxaguar 4º. Secar com papel toalha descartável 5º. Aplicar álcool 70% (STURION, 2007). 2.5.2.2 Aparência O manipulador deve estar limpo, gozando de boa saúde, sem ferimentos, os cabelos devem estar bem aparados e limpos além de presos e protegidos por toucas. As unhas devem ser mantidas sempre cortadas, limpas e sem esmaltes. O uso de barba deve ser sempre evitado (MACHADO et. al., 2015). 2.5.2.3 Adornos O uso de adornos como anéis, relógios, brincos e pulseiras, deve ser proibido tanto para evitar que se percam no alimento (perigo físico), como para prevenir a contaminação do alimento que está sendo manipulado (perigo biológico) (MACHADO et. al., 2015). 2.5.2.4 Uniformes Todos os empregados devem usar uniformes limpos, sem bolsos e sem botões, de cor branca (ou outra cor clara), toucas e botas. As toucas devem ser confeccionadas em tecidos ou em fibra de papel, devendo cobrir todo o cabelo dos empregados de ambos os sexos (MACHADO et. al., 2015). 2.5.2.5 Luvas Para manipular frutas e hortaliças é recomendado o uso de luvas descartáveis que devem ser substituídas a cada interrupção de trabalho, as de borracha são indicadas para manipuladores que necessitam de proteção como os que lavam os equipamentos e utensílios, recolhem o lixo, utilizam produtos químicos (STURION, 2007). 2.6 Higienização equipamentos e utensílios A higienização envolve três etapas: a limpeza, a desinfecção e a sanitização cada uma com um objetivo especifico. A limpeza é o processo que consiste na eliminação das sujidades visíveis, já a desinfecção diminui o número de micro-organismo e a sanitização tem por objetivo a eliminação dos micro- organismos patogênicos (STURION, 2007). Todo produto utilizado para higienização devem ser aprovados pelo ministério da saúde, devem ser utilizados de acordo as informações do fabricante, tendo um cuidado de obedecer à correta diluição e o tempo de contato com a superfície. Os acessórios como espojas e escovas utilizadas no processo de limpeza devem ser de material não contaminante, de difícil corrosão, de fácil higienização e devem ser bem conservados (STURION, 2007). O primeiro passo para higienização adequada dos equipamentos e a lavagem com o detergente para eliminar as sujeiras visíveis, após utiliza-se uma solução clorada a 200mg/l, como sanitizante com tempo mínimo de contato de 15 minutos e enxágue final. Para os utensílios que vão em contato com o alimento é remendado para sanitização álcool 70% deixando-o secar naturalmente na superfície (STURION, 2007). 3 Considerações finais Este trabalho foi importante pois, abrangeu nossos conhecimentos em uma área não tão citada da agroindústria. As BPF’S são medidas simples que se bem implantadas e seguidas corretamente nos dá a certeza que o alimento produzido será livre de contaminação. Referencias BASTOS, Maria do Socorro Rocha. Processamento mínimo de frutas. - Brasília, DF. Embrapa Informação Tecnológica, 2006. 38 p. ; - (Agroindústria Familiar). MACHADO, Roberto Luiz Pires; DUTRA, André de Souza; PINTO, Mauro Sergio Vianello. Boas práticas de fabricação (BPF). - Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, 2015. 20 p.; 21 cm. – (Documentos / Embrapa Agroindústria de Alimentos, ISSN 1516-8247 ; 120). STURION, Gilma Lucazechi. “Boas práticas” definem procedimentos para pré e pós-colheita. Visão Agrícola nº7, Jan-Jun 2007, p 98-110