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BACTÉRIAS ANAERÓBIAS

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BACTÉRIAS ANAERÓBIAS 
Bactérias anaeróbias são aquelas que não podem estar na presença de oxigênio, elas só vão ter o metabolismo anaeróbio, ou seja, respiração e fermentação anaeróbia. E não é uma simples questão de que ela não quer crescer na presença de oxigênio, não é isso.
O oxigênio quando entra na célula vai sofrer um processo de oxirredução e isso vai ocorrer sempre, seja numa bactéria, seja numa célula eucariótica como as células do nosso corpo por exemplo. Nesse processo de redução do oxigênio formam-se radicais livres. Normalmente as células tem enzimas que vão detoxificando os radicais que vão sendo formados, para que justamente não causem danos as células. 
Esses radicais podem se ligar em membrana e no próprio material genético e aí vai desregulando, o que significa que se não for neutralizado, aquela célula morre. 
Os anaeróbios normalmente não produzem essas enzimas, então qualquer oxigênio que entre vai ser letal para eles, ou as vezes eles produzem um pouco, mas essa quantidade não é suficiente para que ele fique muito tempo em um ambiente com oxigênio, se ficar o tempo todo ele vai morrer. É claro que ter um pouquinho é bom porque nem sempre o ambiente tem completa ausência de oxigênio, então eles têm essa capacidade de produzir um pouquinho da enzima para não morrer, mas ele não vai crescer. 
Os microrganismos anaeróbios estritos têm que conviver com outras bactérias, para que essas bactérias possam consumir o oxigênio e não chegue até os anaeróbios estritos, se isso não acontecer eles morrem. 
Os fatores que são comuns nas doenças ocasionadas pelas bactérias anaeróbias que vão evidenciar que tem um processo infeccioso acontecendo é a presença de abcesso. É muito comum se formar um abcesso porque eles têm normalmente muitos antígenos na sua estrutura celular e esses antígenos acabam estimulando que venham leucócitos e várias células do sistema imune que não conseguem controlar a infecção. Tem um recrutamento, tem todo esse envolvimento, forma-se aquela massa celular em volta do microrganismo, mas não elimina. 
Para o anaeróbio é bom que se forme o abcesso porque essa massa não facilita a passagem de oxigênio e antibiótico, por isso que em muitos tratamentos tem que se drenar o abcesso para facilitar a passagem de substâncias. 
Outro fator é que os tecidos ficam tão lesados, e não que as bactérias produzam muitas toxinas, mas como a bactéria vai crescendo, pelo próprio metabolismo dela ela produz muitas enzimas principalmente e essas enzimas a bactéria produz para clivar substâncias e adquirir nutrientes, mas essa clivagem destrói tecido ao redor do microrganismo e lembrando também que bactéria anaeróbia fermenta muito. Os produtos da fermentação são ácidos, gases e álcool e isso em um tecido acumulando causa toxicidade e causa uma destruição tecidual e é por isso que é muito comum ter necrose. 
Não é comum fazer a cultura de bactérias anaeróbias porque é extremamente difícil, elas sempre morrem no processo. Analisa os sintomas clínicos e realiza-se um tratamento empírico. 
Tratamento empírico não é especifico. É um tratamento baseado em estudos clínicos anteriores e que viram que diante de um quadro se administrar determinada droga normalmente funciona. 
Tem alguns fatores que vão influenciar esse processo de doença, e isso não só para anaeróbico, mas como também para qualquer doença infecciosa.
Quantidade de inóculo isso tem uma relação direta. Se você for infectado por poucas bactérias as chances de ficar doente é mínima, porque as vezes o próprio sistema imune vai controlar. Mas se for inoculado por uma grande quantidade vai ficar doente. No entanto o inóculo não é um fator determinante. 
Fatores de virulência influencia mais que a quantidade de bactérias. Quanto mais virulenta, pior é a bactéria e menor a quantidade necessária dela para produzir uma doença. 
Fatores predisponentes se é uma pessoa diabética, obesa, que tem maus hábitos ou uma doença que cause uma imunossupressão, vai também favorecer o processo de doença. 
É muito comum gestantes ter algum tipo de doença periodontal, porque tem um monte de hormônios circulando que estimulam crescimento bacteriano. E um outro fator que é muito comum é o enjoo da gestante, porque quando enjoa não consegue escovar os dentes corretamente. 
As infecções causadas por anaeróbias são endógenas, que é justamente ocasionada por microrganismos da sua própria microbiota, que por um desequilíbrio daquele local houve a propiciação de crescimento daquele microrganismo e existe também a possibilidade da infecção exógena, que aí você não tinha o microrganismo, ele veio do ambiente, você se contamina e ele começa a se multiplicar no seu corpo ocasionado aquela determinada enfermidade. 
Então no caso de anaeróbios a gente vai ter infecção endógena muito comum na cavidade oral, porque a gente tem muita bactéria anaeróbia na boca. Não só anaeróbia, a gente chama de consórcio microbiano, que em uma situação de saúde está equilibrado e em um processo de doença ocorre o que a gente chama de sucessão microbiana. 
No próprio trato respiratório, que é uma coisa esquisita de pensar, pois lá vai ter oxigênio, mas os anaeróbios não sozinhos, e a gente vai ver muito isso, que a maioria das doenças causadas por anaeróbios não vai ser causada por um único microrganismo, mas uma combinação de microrganismos. E nessa combinação, muitas vezes não é apenas anaeróbio, tem também anaeróbio facultativo. E aí justamente o facultativo vai conseguindo utilizar o oxigênio para favorecer o crescimento do anaeróbio. 
Ocorre também no trato gastrointestinal e trato gênitourinário feminino. Nas vaginoses microbianas, normalmente ocorrem essa sucessão microbiana em que os anaeróbios ou fungos crescem mais e vai causar um processo inflamatório nessa região.
Para se recuperar de uma infecção endógena tem que tratar. Algumas são mais leves, você toma antibiótico em casa mesmo e rapidamente se recupera e outras vai ter que fazer um processo mais complicado. Mas lembrando que tem que seguir bem o tratamento, fazer realmente o tempo que está sendo indicado pelo médico. 
O que pode favorecer essas infecções endógenas? 
Qualquer tipo de cirurgia ou até mesmo um processo aparentemente simples. Quando se meche na gengiva ocorre uma frouxidão e isso pode ser um caminho de passagem, por isso que todo procedimento tem que ser bem executado com atenção e sempre avaliando o paciente.
Qualquer tipo de trauma, um acidente que possa acontecer, e aí não se pode restringir a boca. 
Pacientes que ficam acamados podem aspirar conteúdo oral e isso vai para o pulmão e outras regiões podendo ocasionar infecção. 
No caso de anaeróbios, as infecções exógenas, justamente porque eles são anaeróbios, não é tão comum se observar. Porque, por exemplo, eu tenho uma bactéria anaeróbia na boca e estou falando, com certeza algumas estão saindo porque é natural, não significa que eu estou doente, mas ela saiu e encontrou oxigênio e aí ela morre. Então não é comum a transmissão dessas bactérias para outras pessoas porque elas são sensíveis ao oxigênio. 
A principal forma de transmissão para se ter infecção exógena vai ser via esporos. Algumas bactérias anaeróbias vão ser esporuladas. O esporo não morre na presença de oxigênio, ele é uma forma de resistência, então essas bactérias quando estão esporuladas podem ficar no ambiente indefinidamente, esperando encontrar tecido que esteja adequada para o seu crescimento. 
É claro que não ser pele íntegra. Não vai ser pegar o esporo e passar na pele, porque a pele tem oxigênio. Normalmente vai ter alguma relação com algum tipo de trauma, uma perfuração na pele, e ali dentro ele vai encontrar um ambiente adequado para germinar e apresentar um processo infeccioso. 
Principais processos infecciosos 
Intra-abdominais (abcessos, peritonites) 
Pélvicos (infecção vaginal e/ou uretral)
Pele e tecidos moles 
Orais e/ou dentárias 
Abcessos cerebrais 
Endocardite 
Toxi-infecções 
	INFECÇÃO
	TOXI-INFECÇÃO
	INTOXICAÇÃO
	Contato com microrganismoContato com microrganismo 
	
	Produz enzimas e degrada tecido 
	
	
	
	Microrganismo coloniza e produz toxina 
	
	
	
	Contaminação por esporo que germina em um ambiente anaeróbio e a bactéria se multiplica e produz toxina 
	Vai levar pelo menos 1 dia
	Vai levar pelo menos 1 dia 
	É rápido – cerca de 2h depois que consumiu o alimento intoxicado 
Bactérias anaeróbias da cavidade bucal 
A maioria deles não é cultivável, são poucas as espécies que a gente consegue isolar. E para se ter uma ideia estima-se que a gente tenha mais de 30 gêneros diferentes, o que é uma quantidade muito grande dentro da cavidade oral, correspondendo a mais de 700 espécies. É um dos locais de maior variabilidade microbiana, só perde para o intestino, porque este é muito extenso. 
Lembrando que a maioria é comensal, mas em algumas situações elas podem ocasionar a doença periodontal e outras enfermidades. 
Muitos estudos se baseiam em sondas genéticas e PCR, que são métodos moleculares. Você detecta um gene, uma proteína, alguma coisa especifica do microrganismo e confirma a presença dele. 
Bacteoides spp. – infecção endógena 
É um grupo de bactérias que tem várias espécies. Elas fazem parte da microbiota de várias partes do nosso corpo e aí quando ocorre um desequilíbrio por alteração elas acabam causando uma infecção. 
As síndromes clínicas mais marcantes ocasionadas por essas bactérias são peritonites, infecção ginecológica e “pé diabético” (nesse caso não é apenas a questão do microrganismo, mas também do hospedeiro, que tem uma dificuldade de cicatrização, a circulação não é a mesma coisa. Então qualquer pessoa diabética acaba tendo uma predisposição, não só a essa lesão, mas também a outras lesões em função dessa dificuldade de cicatrização).
Não é a bactéria que inicia a necrose. Por exemplo, a pessoa bateu e machucou e aí houve a contaminação pelo microrganismo, e aí aquele ambiente passa a ser propício para a necrose. 
O tratamento dessas infecções tem que fazer muitas vezes drenagem, porque se não o antibiótico não penetra, não vai chegar aonde está o microrganismo para remover a massa e abrir espeço no abcesso para as drogas chegarem até o local infectado. Dependendo do tecido tem que começar a fazer um debridamento, que é a raspagem delicada do local de onde começou a necrosar. Então toda vez que se percebe que o tecido está necrosando tem que debridar para que a necrose não se espalhe. Em casos extremos, mas não é o mais comum, é necessário a amputação do membro. Porque tem que lembrar que existe a possibilidade de o microrganismo cair na corrente sanguínea e causar lesões muito piores. 
E entra com a antibióticoterapia empírica, e aí normalmente funciona e o paciente começa a se recuperar. 
Clostridium – infecções exógenas 
As infecções causadas por esse grupo microbiano são o tétano e o botulismo. Esse grupo microbiano consegue causar infecção exógena é porque formam-se esporos e dessa maneira eles conseguem sobreviver em ambientes adversos e conseguem ter uma longa permanência em vários locais e normalmente é difícil eliminar. Esporo é uma forma de resistência. Ainda que o ambiente tenha sido limpo, porque esses desinfetantes comuns são mais diluídos e deixam o microrganismo viável. Em um ambiente hospitalar para eliminar esporos tem que ser um desinfetante mais forte, em uma concentração maior, que consiga realmente eliminar. Por isso que tem toda uma série de regras para fazer desinfecção e esterilização. 
Outro fator que vai favorecer a causa das doenças é que eles produzem muitas toxinas. Eles produzem toxinas de três ordens que a gente pode falar. Uma delas de maneira mais geral são chamadas citolíticas, que causa a morte de diferentes tipos celulares. Temos também as chamadas enterotoxinas, que são toxinas específicas para enterócitos, no intestino e temos principalmente neurotoxinas, que atacam o sistema nervoso e são os quadros mais graves e que podem levar a morte do paciente, devido ao local e forma como elas vão atuar. 
Tem tanto esporo dessas bactérias porque elas podem algumas vezes fazer parte da microbiota de animais e isso facilita, porque dentro do ciclo da bactéria ela esporula o tempo todo, por exemplo quando o animal defeca, pelo próprio xixi, vai sendo espalhada, é um processo natural, e aí cai na água e a coisa vai realmente espalhando. 
Tétano 
Doença infecciosa aguda não contagiosa. Provoca um estado de hiperexcitabilidade do sistema nervoso central.
É uma doença extremamente grave e não contagiosa porque é uma bactéria anaeróbia, então se por acaso sair um anaeróbio do nosso corpo ele vai morrer antes que possa infectar outra pessoa.
A pessoa adquire o tétano através de algum tipo de trauma. O esporo está no ambiente e a pessoa se machuca. As pessoas antigas falavam que era sempre algum material enferrujado, mas a ferrugem não favorece o esporo, na verdade tudo que está enferrujado tem mais reentrâncias e aí você tem mais chances de ter esporos depositados ali do que em um prego novo que está liso, que não tem uma superfície tão boa para que ele possa ficar aderido. 
Em primeiro lugar tem que limpar o ferimento, normalmente não precisa dar ponto nem nada, porque a lesão é pequena, mas é suficiente para que se tiver um esporo ele entrar. 
Dá tempo de ser vacinado antes de ter a doença porque é um esporo, então ele primeiro tem que entrar no seu corpo, tem que perceber que está favorável aquele ambiente, germinar, que é um processo que demora alguns dias e depois disso a bactéria vai colonizar o seu corpo, se multiplicar e depois de tudo produzir a toxina tetânica, e isso demora pelo menos uns 5 dias. Então dá tempo de tomar a vacina porque normalmente a maior parte da população foi vacinada em algum momento da vida, então essa vacina não é aquela vacina que você não tem memória, é uma memória imunológica e por isso é mais rápida. Se você nunca foi vacinado vai ser mais complicado. E se tiver com a vacinação em dia não precisa, ainda que a lesão seja grande. A vacina deve ser tomada de 10 em 10 anos.
As características da doença são essas citadas a cima, a pessoa se machuca, adquire o espero, ele germina... e depois da colonização ela produz a toxina tetânica e ela vai causar o chamado tétano acidental, que é classificado como toxi-infecção, porque você tem o esporo, a bactéria que cresce no seu corpo e a toxina tetânica tem que ser produzida. 
Quem tomou a vacina não fica doente porque a vacina é antitoxiode tetânico, isso significa que ele impede que a toxina atue. A vacina não tira a bactéria, mas impede a ação da toxina, e se ele impede a ação não tem doença. Quando a bactéria não consegue causar a doença ela acaba sendo eliminada com o tempo. 
A outra possibilidade te tétano é o tétano neonatal, que é mais grave. O tétano neonatal acontece naquela criança em que a mãe não tomou a vacina, porque durante a amamentação são passados anticorpos pré-formados, então a criança não tem imunidade nenhuma contra o tétano. 
Uma outra questão é que o coto umbilical, que é uma região muito vascularizada até secar e cair, e isso leva de 1 a 2 semanas. E aí essa área que está muito vascularizada pode ter uma contaminação ambiental. O esporo está no ambiente, então com toda criança deve ter o cuidado com a higienização, passar álcool 70 nesse coto. 
Antigamente para ajudar a secar, existia uma crença de que se você colocasse algumas coisas em cima desse coto ele secava, e acabava ajudando mesmo só que junto eram coisas contaminadas, como por exemplo o pó de café, mas o pó de café não é estéril. É uma doença grave que começa pelo coto umbilical, recebe esporo e aí segue a sequência igual a dor ferimento. Também é uma toxi-infecção. 
Ação da toxina tetânica 
A toxina (tetanospasmina) é absorvida por via neural motora liga-se a receptores da membrana pré-sináptica bloqueia a liberação de GABA
A pessoa se machucou, a bactéria germinou, cresceu, produziu toxina tetânica. A toxina tetânica, ou por via de corrente sanguínea ou por via linfática, vai serconduzida ao ser sistema nervoso. Não a bactéria, vale sempre destacar isso. No tétano você não tem uma disseminação bacteriana, não adianta pedir exame de sangue para detectar bactéria no sangue porque não vai achar nada. Apenas a toxina se dissemina e o tropismo dela é o sistema nervoso e lá no sistema nervoso ela vai causar as alterações. 
A toxina é absorvida e ela se liga nos receptores da membrana pré-sináptica. Ela se liga aonde estaria sendo liberado o GABA e isso significa que ela impede fisicamente que o GABA passe e isso vai fazer com o tecido fique contraído e isso é irreversível, a pessoa vai tendo contraturas sucessivamente começa com uma contratura local e depois isso vai se espalhando. 
Primeiro nos nervos da face porque a toxina tem uma predileção pelo nervo trigêmeo, então é muito comum uma pessoa com tétano apresentar riso sardônico (parece que está rindo) e quando chega nesse estágio não volta mais, o paciente fica internado e é o pior prognóstico, levando ao óbito em pouco tempo. Pode até entrar com tratamento, mas já tem tanta toxina circulante que não dá tempo de conseguir controlar. O ideal é trabalhar com prevenção.
Outra característica é a contração do dorso e a pessoa pode até ter fratura de costela. É uma dor muito grande, mas a pessoa está o tempo todo consciente. 
 Sintomas 
1º sinal riso sardônico, salivação sudorese, irritabilidade e espasmo dorsal
Forma grave arritmias cardíacas, desidratação e flutuação da pressão arterial 
Diagnóstico, tratamento e prevenção
Diagnóstico baseado nas manifestações clínicas 
Terapia antibiótica (metronidazol), imunização passiva (quando já tem anticorpos formados para combater a toxina, mas não é qualquer hospital que tem) 
Prevenção vacinação com toxóide tetânico (série de 3 doses, seguidas por doses de reforço a cada 10 anos)
Clostridium botulinum – botulismo 
Doença neuroparalítica grave não contagiosa 
É causado por uma bactéria semelhante ao do tétano. Também vai produzir uma neurotoxina extremamente grave, só que a gente vai ver que o local de ação dele não é no mesmo neurotransmissor, ao invés do GABA, ela vai impedir que a acetilcolina passe, vai ser um caminho inverso, portanto o efeito vai ser o relaxamento muscular que é ruim também. O musculo tem que fazer os dois processos, contração e relaxamento.
A melhor forma de disseminação da toxina é por via gastrointestinal. Está com relacionado com a questão de conservas caseiras ou até de salsichas. Então não pode ter esporos dessa bactéria nesses alimentos, para evitar que isso aconteça. 
Ainda acontece o botulismo, não em uma grande escala, mas no brasil, quando a gente pesquisa lá no ministério da saúde, você acha, em algumas partes do Brasil a confirmação da doença. 
O quadro mais clássico é o quadro de intoxicação, a pessoa não ingere a bactéria viável, apenas a toxina pré-formada. Diferentemente do tétano que a gente tem uma alta taxa de letalidade, o botulismo não é tão grande, porque se você ingere por exemplo 10 doses de toxina ela vai se ligar em determinada região, você vai ter um mal estar, mas é uma quantidade mensurada. Em geral é uma coisa pontual. 
Mas a gente tem uma forma de botulismo, que aí nesse caso a taxa de letalidade é alta, que é o chamado botulismo infantil. O botulismo infantil não é um quadro de intoxicação, mas sim de toxi-infecção. Tem esse quadro diferente na criança (até 1 ano) porque depois de os 6 meses de vida vai começar a alimentação. Para evitar o uso de açúcar para as crianças os pais utilizam mel, porque tem aquela ideia que vem da natureza então é natural, não é uma coisa processada, mas justamente por ser uma coisa natural, o mel pode ter esporos. Dentro do mel, normalmente, o esporo não germina e aí a criança vai e consome. A microbiota intestinal da criança não está bem estabelecida e isso é o diferencial. Um adulto quando come mel, mesmo que tenha esporo, quando ele chega no intestino já vai estar cheio de bactérias, então ele não vai conseguir fazer nada, então não tem botulismo dessa maneira em adultos. Mas na criança por não ter uma microbiota bem estabelecida, vai ocorrer a doença. 
Então a gente ingere a toxina, seja no mel ou a toxina já pré-formada, vai para a placa neuromuscular e ali a toxina botulínica vai atuar, vai causar o bloqueio da liberação da acetilcolina, causando então o que a gente vai chamar de paralisia flácida, que é o musculo ficar distendido, não contraído. Mas como geralmente é em pouco quantidade, a pessoa sente um mal estar, tem uma alteração, mas não é uma coisa que leve a morte.
A criança geralmente vem a óbito, porque nesse caso a toxina vai se espalhando até chegar na parte respiratório, e aí morre por parada respiratória. 
Tratamento, prevenção e controle 
Suporte ventilatório; terapia com metronidazol; utilização de antitoxina botulínica 
Destruir a toxina aquecendo o alimento por 20 minutos a 80º; crianças menores de 1 ano não devem consumir mel
Não tem vacinação, porque não há apenas uma toxina botulínica, são mais de 8 toxinas diferentes. É uma coisa muito complexa produzir vacina para 8 antígenos diferentes.

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