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SÍNDROME METABÓLICA Prof. Dr. Robervan V. Santos Diminuição da desnutrição em adultos e aumento de obesos é a tendência no país desde os anos 80. A prevalência de obesidade mórbida na população brasileira é de 2% em Homens e 4% EM Mulheres (3% da população geral) SBCB2008. TRANSIÇÃO NUTRICIONAL Segundo POF-IBGE (2003) – famílias de baixo poder aquisitivo estão mais expostas à obesidade. Comprar alimentos de baixa qualidade nutricional e elevada densidade energética – a preços mais acessíveis – é mais viável economicamente que adquirir verduras, frutas, legumes e carnes magras. % Transição nutricional no Brasil. 0 15 30 45 Deficit de peso Excesso de peso Deficit de peso Excesso de peso POF 1974-5 PNSN 1989 POF 2002-3 Homens Mulheres 0 2 4 6 8 10 12 14 Homens Mulheres 1975 1989 1997 2003 % Tendência de obesidade em adultos brasileiros IMC ≥30. Monteiro C & Conde WL. Arq Bras Endocrinol Metab 1999; 43: 1586-196 Ministério da Saúde - 2006 A Síndrome Metabólica é uma condição de risco para o desenvolvimento de doença aterosclerótica sistêmica, em especial a coronariana, e esta relacionada ao desenvolvimento do Diabetes tipo 2 SÍNDROME METABÓLICA Arq Bras Endocrinol Metab, 50:400-07;2006 • Prevalência: 20 a 25% na população normal. • A redução da ação insulínica pode estar acompanhada de um grupo de alterações metabólicas e cardiovasculares. • HAS; hipertrigliceridemia; redução do HDL- colesterol; intolerância aos carboidratos, obesidade central; hiperuricemia e doença cardiovascular SÍNDROME METABÓLICA SBD, 2006 • Sobrepeso: IMC ≥25 Kg/m2 ou cintura >102cm em homens e >88cm em mulheres. • Hábitos de vida sedentários. • Glicemia de jejum ≥100mg/dl. Fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome Metabólica • Idade acima de 40 anos. SBD, 2006 • História pessoal de diabetes gestacional. • Diagnóstico de hipertensão arterial, dislipidemia ou doença cardiovascular. • História familiar de diabetes tipo 2, hipertensão arterial ou doença cardiovascular. Fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome Metabólica • Presença de acantose nigricans ou síndrome dos ovários policísticos. SBD, 2006 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA INSULÍNICA HOMA – IR (Homeostasis Model Assessment) Glicemias entre 140-199mg/dl, 2 horas após a ingestão de 75g de glicose ou glicemias de jejum entre 100-125mg/dl sugerem a presença de RI. HOMA IR = [insulina de jejum (mU/ml) x glicemia de jejum (mmol/L]/22,5 Valores de corte para o diagnóstico da RI = Homa IR >2,71 Arq Bras Endocrinol Metab vol 50 2006:208-215 Valores da Circunferência da cintura (cm) considerados como risco para doenças associadas a Obesidade RISCO ELEVADO RISCO MUITO ELEVADO MULHERES 80 88 HOMENS 94 102 Fonte: NCEP - 2001 OUTROS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME METABÓLICA ALIMENTAÇÃO Aumento consumo de fibras Quantidade de açúcar ingerida Alto índice glicêmico Framingham Offspring Study; Diabetes Care 2004; 538-46 Resistência à insulina Menor Resistência à insulina COMO DEFINIR SINDROME METABÓLICA? ICD-9 2000 WHO 1998 AHA 2001 IDF 2000 ADA 2001 Resistência à Insulina HDL baixo Hipertensão Hipertrigliceridemia Obesidade central Intolerância à glicose Diabetes LDL alto NCEP-ATP III 2001 Definições Recentes de Síndrome Metabólica (SM) Incluso na definição Não incluso na definição Adaptado de Tonkin A. European Heart Journal 2004;6:A37-A42 Identificação Clínica da SM pelos Guidelines da NCEP (National Cholesterol Education Program) de 2001 NCEP guidelines 2001 Três dos seguintes fatores: Fator de Risco Nível de Definição - Obesidade Abdominal (Circunferência da Cintura) Homem > 102 cm Mulher > 88 cm - Triglicérides > 150 mg/dl - HDL colesterol Homem < 40 mg/dl Mulher < 50 mg/dl - Pressão Arterial > 130/>85 mmHg - Glicemia de Jejum > 110 mg/dl Resistência à Insulina: Fator Central da SM Resistência à Insulina Obesidade Hipertensão Arterial Fibrinólise Hiperglicemia Disfunção endotelial Doença Macrovascular Intolerância à Glicose Adaptado de McFarlane SI, et al. J Clin Endocrinol Metab. 2001;86:713-718; Reusch JEB. Am J Cardiol. 2002;90(suppl):19G-26G. Dislipidemia Resistina e obesidade Resistência a leptina e a insulina Adiponectina • Melhora a sensibilidade a insulina; • Melhora a tolerância a glicose; • Melhora o metabolismo lipidíco; • Efeito anti-aterogênico; • Melhora a função cardiovascular; McFarlane SI, et al. J Clin Endocrinol Metab. 2001;86:713-718. Fatores de Risco CV Associados à Resistência à Insulina • HAS • Hiperinsulinemia • HDL colesterol baixo / Alto nível de triglicérides • Marcadores Inflamatórios ( PCR) • LDL pequenas e densas • Viscosidade sanguínea • Disfunção endotelial • Microalbuminúria Influência dos Fatores da Síndrome Metabólica na Aterosclerose • HipertensãoArteria l • Baixa Tolerância à Glicose • Dislipidemia: - HDL baixo - LDL pequenas e densas - Hipertrigliceridemia • Obesidade Centrípeta LDL <<< HDL LDL Endotelio >> SHEAR STRESS Monócito Macrófago Moléculas Adesão Célula Espumosa << Oxidação LDL Modificado Citocinas Proliferação celular Fatores de Crescimento, Metaloproteinases MCP-1 Adaptado de Ross R. N Engl J Med 1999;340:115-126 Tratamento da Síndrome Metabólica • Medidas gerais Exercício, Redução de peso • Drogas que reduzem resistência à insulina Metformin, Glitazonas • Drogas Hipotensoras Inibidores de ECA e BRAs • Drogas hipolipemiantes e ação antinflamatória Estatinas, Fibratos TRATAMENTOS CONSERVADORES NÃO-FARMACOLÓGICOS DA SÍNDROME METABÓLICA Reduzem a obesidade visceral e a RI. MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA: Dietoterapia, exercício regular e cessar o fumo. Melhoram o perfil lipídico e controle glicêmico. Controlam a pressão arterial. Arq Bras Endocrinol Metab 2006:400-07 Dietas com baixo IG estão associadas a um menor risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Os alimentos com baixo IG são ricos em fibras alimentares, em especial as fibras solúveis. As fibras alimentares melhoram a resposta glicêmica e as concentrações de insulina prandial. TRATAMENTO DIETOTERÁPICO NA SM As concentrações de insulina em jejum são menores em indivíduos que relatam maior ingestão de fibras. O aporte protéico assemelha-se ao da população geral, com ênfase no consumo de proteínas como a soja e o peixe. O objetivo é diminuir a ingestão de gorduras saturadas e colesterol. A substituição de proteína de origem animal por proteína de soja diminui as concentrações sanguíneas de colesterol total e LDL-col. TRATAMENTO DIETOTERÁPICO NA SM Deve-se limitar o consumo de sal. O excesso de sódio, além de elevar a pressão arterial e aumenta a calciúria. ÍNDICE GLICÊMICO – é um indicadorbaseado na habilidade da ingestão do carboidrato de um dado alimento elevar os níveis de glicose sanguínea pós- prandial, comparado com um alimento de referência ÍNDICE GLICÊMICO DOS ALIMENTOS Índice glicêmico Alto (>85) Índice glicêmico Moderado (60-85) Índice glicêmico Baixo (<60) ELABORAÇÃO DO PLANO ALIMENTAR Composição da dieta (NCEP - 2001) macronutrientes – Carboidratos: 50 a 60% – Proteínas: 15 a 20% – Gorduras: 25 a 35%; sendo • 7% de gordura saturada • 10% de gordura poliinsaturada • 20% de gordura monoinsaturada Jama 2001; 2486-97 ELABORAÇÃO DO PLANO ALIMENTAR • CARBOIDRATOS: Cereais integrais, frutas, legumes, hortaliças e leguminosas (feijões). O importante é a recomendação para o aumento da ingestão de carboidratos complexos, principalmente fibras (20 a 30g/dia), e o controle da ingestão de alimentos com alto IG CARBOIDRATOS 2 a 4 porções de frutas/dia. A escolha de frutas e vegetais (verduras e legumes) deve ser variada. 3 a 4 xícaras de verduras ou legumes/dia (crus e cozidos). Priorizar os cereais integrais e alimentos com baixo índice glicêmico. • PROTEÍNAS: – Proteínas de origem animal: carnes, peixes, ovos, leite e derivados - (iogurtes, queijos). – Proteínas de origem vegetal (feijão, soja e derivados, ervilha, lentilha, grão de bico, castanhas, amendoim). ELABORAÇÃO DO PLANO ALIMENTAR PROTEÍNAS As carnes vermelhas apresentam teores mais elevados de gordura saturada (7,3g%) e de colesterol (85mg/%). Deve-se priorizar os peixes pois apresentam em média 2,9g% de gordura saturada e 68mg/% de colesterol. As concentrações séricas de LDL-colesterol podem ser reduzidas em até 5% com dietas pobres em gorduras saturadas e colesterol contendo 25g diárias de proteína da soja (1,3g% de gordura saturada e 0mg% de colesterol). • GORDURAS: – Gorduras saturadas: manteiga, carnes gordas, creme de leite, queijos amarelos, gordura de coco, gordura hidrogenada (trans) »Gorduras poliinsaturadas: óleos vegetais (milho; soja; girassol) »Gorduras monoinsaturadas: óleo de oliva, canola, gordura do abacate ELABORAÇÃO DO PLANO ALIMENTAR GORDURAS Os lipídios que mais contribuem para o aumento do LDL- colesterol são os os ácidos graxos trans isômeros e, em menor grau, o colesterol dietético. A gordura trans está associada à alteração na ação da insulina, com diminuição da tolerância à glicose e elevação da glicemia de jejum. Os ácidos graxos trans são produzidos durante o processo de hidrogenação dos óleos vegetais. GORDURAS O alto consumo de ácidos graxos trans aumenta o risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Ocorre modificação no perfil lipídico, diminuindo as concentrações de HDL-col e aumentado as de LDL-col. Países industrializados consomem entre 4 a 7% de gordura trans/dia. A recomendação da OMS é de menos de 1% do Valor Energético Total (2000Kcal=2,2g). GORDURAS TRANS Usada em larga escala a partir da década de 80, para aumentar o prazo de validade dos alimentos e deixá-los mais crocantes ou cremosos. Seu consumo não deve ultrapassar 1% do total de calorias diárias (OMS) = 2000Kcal =2,2g/dia: 1 pcte grande= triplo do limite diário trans 2 unidades= 55% mais limite diário trans 1 pcte grande= 60% mais limite diário trans 1 donut= Dobro do limite diário trans 1 colher sopa= limite diário trans GORDURAS A ingestão de colesterol deve ser inferior a 200mg/dia (NCEP). As gorduras monoinsaturadas fortalecem as partículas de LDL-col, tornado-as menos propensa à oxidação, diminuem as concentrações de colesterol total e promovem efeitos benéficos no HDL-col. A dieta mediterrânea, rica em cereais não refinados, frutas, vegetais e com elevada proporção de gorduras monoinsaturadas parece atenuar o risco cardiovascular de indivíduos com SM.
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