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Aspectos físico-químicos do Pescado Introdução É um dos alimentos mais perecíveis (cuidado na captura até a chegada ao consumidor). Causa das alterações: -Enzimática -Oxidativa -Microbiológica Introdução A rapidez das alterações depende de cuidados: -Higiene -Manutenção da cadeia de frio -Espécies capituradas -Métodos de captura A qualidade do produto final depende do frescor da matéria-prima Introdução O frescor depende: -Grau de esgotamento energético pós-captura (tempo de rigor mortis) -Danos físicos (equipamentos de captura e manuseio a bordo ou na despesca) -Limpeza e higiene (ambiente de trabalho ou na manipulação) -Produção de muco superficial (mos) -Rigor mortis (tempo entre início e final) -Autólise (proteínas e lipídios) -Decomposição microbiana Alterações dos Pescados pós-morte Alterações post-mortem do pescado Bioquímicas Físicas Químicas Microbiológicas Alterações post-mortem do pescado Captura Alterações Bioquímicas Morte do animal - ATP para manter as funções musculares - Anorexia – Glicólise anaeróbia (1 molécula de glicose – 3 ATP) - Formação de ácido lático, que acumula na músculo: do pH Eventos que sequem a morte do pescado Pré-rigor mortis Etapa entre a morte do animal e o início da contração muscular post-mortem O músculo encontra-se flexível e responde a estímulos elétricos O oxigênio residual é consumido e tem início glicólise anaeróbica O tempo do pré-rigor depende das reservas de ATP (Trifosfato de Adenosina) e glicogênio na hora da morte Pré – Rigor mortis Propriedades físicas do músculo Situação no Pré-Rigor pH muscular 7,0 na maioria das espécies Retenção de água 100%, não há exsudação com a pressão Extensibilidade Pode ser esticado até 15% além do seu comprimento Resistência elétrica Máxima (condutância mínima) Extração de Proteínas Atinge o valor máximo em torno de 90% Resposta ao estímulo Os músculos contraem-se ao estímulo elétrico Situações que influenciam o pré-rigor Boa condição nutricional no momento da captura Espécimes de tamanhos maiores Resfriamento rápido Maus tratos físicos Esforços intensos na captura Espécimes de carnes escura Peixes em fase desova Tempo pré-rigor Tempo pré-rigor Rigor mortis Enrijecimento do músculo por contração extrema e irreversivel das fibras pH do músculo chega ao valor mínimo Tempo de 1-7h após a morte Ausência de estímulo elétrico pelo tato Diferença da dureza em diferentes partes do corpo Índice de Rigor IR: (L0-L/L0)x100 Fatores fisiológicos: Grau de exaustão do pescado Tamanho Temperatura da água Cultivo Condição da morte O período de Rigor mortis depende de: Resfriamento à bordo é o melhor meio para produzir um rigor- mortis prolongado em peixes marinhos - Começa na cabeça e avança na cauda - Peixes resfriados com gelo (0oC – 5oC) – 1-7h, com velocidade moderada e progressiva desde (0oC – 17oC), após grande aceleração para pequenos aumentos de temperatura. Rigor mortis Influencia da MP na duração e intensidade do rigor mortis Características Duração e Intensidade do Rigor Idade É + breve no peixes jovens Classe de peixes É + curto no cartilaginosos que nos ósseos Tipo de músculo É + rápido e dura menos nas espécies de músculo escuro Famílias de peixes É + prolongado nas espécies planas (linguado) Fatores que influenciam o Rigor mortis Temperatura O peixe leva um tempo maior para atingir pH final, depende das espécies. Pargo, linguado, tilápia: atingem o rigor mais rápido a 0ºC do que a 10-20ºC. Fatores que influenciam o Rigor mortis Carpa e dourado: retardam mais o rigor na Tª baixa Espécie de peixe Bacalhau(Whiting) : 1h de rigor Redfish: 22h Codfish: 2 a 8h Fatores que influenciam o Rigor mortis Rigor mortis Enfraquecimento do tecido conjuntivo: menor rendimento, operação mais lenta(gapping) pH: músculo entra em rigor quando o pH atinge o mínimo(músculo escuro ,maior acúmulo de ácido lático e pH final em torno de 5,6 a 5,8) Músculo branco, pH 6,0 a 6,2 Pós rigor mortis -Descontração e recuperação da elasticidade muscular -Acrescimento da solubilidade das protéinas - Anchovas: variação da textura, sabor e odor se dá pelas enzimas proteolíticas sem permitir o ataque microbiano Pós rigor mortis Propriedade Situação de Pós rigor pH Aumenta e atinge valores ligeiramente inferiores ao pré-rigor Retenção de água Aumenta e estabiliza-se num valor ligeiramente inferior ao pré-rigor Extensibilidade É > que no musculo em rigor e muito próxima do pré-rigor Extratibilidade das proteínas Recupera-se quase 100% do valor do pré- rigor Resposta ao estímulo Não responde ao estímulo Avaliação do frescor e qualidade do pescado Avaliação do frescor do pescado Métodos Objetivos (não sensoriais) Métodos subjetivos (sensoriais) Métodos sistemáticos (APPCC) Pontuação e Classificação sensorial Torry Sensory Scheme Tasmanian Food Research Quality Index Method (QIM) Europen Union (EU) Grading Scheme Flavor Profile Analysis (FPA) Químico/Bioquímico Compostos da quebra do ATP Valor de K TMA, DMA, TVN, Formaldeído Amônia, compostos voláteis “Narizes”eletrônicos Aminas biológicas Físico Textura Fistester VI, RT-Fershness Grader Espectroscopia, infravermelho (NIR) UV visível; e de impedância eletromagnética; microscopia; indicadores tempo-temperatura (TT) Microbiológico Contagem viável total Organismo deteriorante PCR Provas de Oligonucleotídeos Técnicas anti-corpos Sensoriais bacteriános Fonte: Gonçalves (2011) Qualidade x tipos de compostos Fase I Frescor bioquímico Fase II Frescor Micro- biológico Excelente Muito boa Boa Regular Limite de aceitação Rejeição sanitária Acumulação de intermediários do ATP, do glicogênio e creatina livre Aumento de aminoácidos livres e peptídeos Aumento da amônia e aminas voláteis Aumento de ácidos voláteis, carbonilos cetoácidos Aparição de aminas não voláteis e poliamidas Percepção sensorial de compostos de enxofre Fonte: GONÇALVES (2011) Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Frescor bioquímico: captura e fim do rigor mortis – não da para evitar Frescor biológico: mudanças de qualidade no pós rigor mortis – reduzida Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Grau do rigor mortis Antes do início do rigor: Dt=Do então IR= 0% Quando atinge o máximo: Dt=0 então IR=100% Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Método de determinação do valor K O valor K é um indicador de frescor do pescado, se baseia na determinação dos compostos resultantes da degradação do ATP (ADP, AMP, IMP, inosina, hipoxantina) K = __inosina + hipoxantana___________ x 100 Nucleotídeos (ATP+ADP+AMP+IMP) K < 5% - pescado fresco (récem-abatido) 5% ≤ K ≥ 20% (pode ser consumido fresco) 20% ≤ K ≥ 60% (dever ser consumido cozido) 60% ≤ K ≥ 80% (indicam sinais de putrefação) •monofosfato de inosina – IMP; Aminohidrolase – AMP; Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Determinação do índice de qualidade IQ= ppm histamina + ppm putrefacina + ppm cadaverina 1 + ppm espermidina + espermina Baseia-se no conhecimento de que as concentrações de histamina, putrefacina e cadaverina AUMENTAM à medida que a decomposição avança, enquanto que espermidina e espermina DIMINUEM. Valor aceitável: até 10mg/100g Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Análises físico-químicas – Determinação de pH Alimento de baixa acidez < 4,5 O pH é alterado quando se processaa decomposição hidrolítica, oxidativa ou fermentativa do músculo Quanto mais elevado o pH maior a atividade microbiana pH normal 5,8 a 6,2 Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Análises físico-químicas – Reação de Éber para gás sulfídrico Utilizada para avaliar o frescor do pescado, a decomposição bacteriana libera enxofre, que em meio ácido se transforma em gás sulfidrico (H2S). Negativo (RIISPOA) Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Análises físico-químicas – Nitrogênio das bases voláteis totais ( N-BVT) Quando refrigerado pode ser deteriorado por enzimas e bactérias que causam a formação de vários compostos nitrogenados como a dimetilamina (DTA), trimetilamina (TMA), amônia, putrescina, cadaverina, e espermidina. Indicativo do grau de conservação EXCETO raia e siri 30 mg de nitrogênio por 100g de carne Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Análises físico-químicas – Histamina Pode causar toxinfecções (inflamação da face e pescoço) > 100 ppm É formada por ação bacteriana, pela ação da enzima histidina descarboxilase sobre o aminoácido histidina Ocorre principalmente em peixes da família Scombridae (atum, bonito e cavala) Métodos de Avaliação do frescor e qualidade do pescado Análises físico-químicas – Contaminantes inorgânicos Metais pesados: arsênio, cádmo, cromo, cobre, mercúrio e chumbo Nível máximo tolerado de Mércurio: 0,50 mg/kg para peixes e produtos da pesca Aspectos sensoriais do pescado Aspectos sensoriais do pescado Percepção sensorial é o Método mais antigo e confiável para avaliar o frescor do pescado Empregado no dia a dia na indústria de pescado Pode ser influenciada por fatores externos Devem ser comporadas com as FQ e microbiológicas Sensorial do peixe fresco Deterioração do pescado A deterioração do pescado causa alterações sensoriais de odor, textura, aparência, cor durante o armazenamento É Influenciada por fatores como: Habitat (água doce ou salgada) Condições climáticas do habitat (frias, temperadas e tropicais) O ODOR é um dos parâmetros mais percebidos na perda de frescor. Deterioração do pescado Alterações de textura Formação de muco Detecção de odores e sabores desagradáveis Alteração da aparência de pele e olhos Coloração anormal Indicativo de deterioração Peixes armazenados a baixas temperaturas (0-5oC) predominam bactérias psicotróficas Gram negativas Shewanella putrefaciens, photobacterium phosphoreum, Aeromonas spp., e Pseudomonas spp. Organismos predominante específicos (ODE) que é determinado pelo habitat do pescado Peixes marinhos armazenados em em gelo tem ODE Shewanella putrefaciens enquanto peixes de água doce Pseudomonas spp. Habitat Shewanella putrefaciens é sensível ao pH baixo Ela peduz o Óxido de trimetilamina (OTMA) a trimetilamina (TMA) responsável pelo odor do peixe Produz sulfeto de hidrogênio a partir de aminoácido cisteína composto responsável pelo odor de vegetal estragado do pescado armazenado em gelo As Pseudomonas produzem dimetilmercaptano e dimetilsulfeto a partir de metionina compostos responsáveis pelo odor de fruta estragada. Habitat Peixes de regiões frias tem como principal Organismo Deteriorante Específico (ODE) as bactérias Shewanella putrefaciens . De regiões tropicais as Pseudomonas spp. Peixes de regiões tropicais armazenados em gelo possuem maior vida de prateleira quando comparados com os peixes de águas frias devido a presença de flora MESOFÍLICA OU MESOTRÓFICA. Peixes habitat frio possuem flora PSICRÓFILA E PSICROTRÓFICA. Condições climáticas do habitat O monofosfato de inosina (IMP) é a substância responsável pelo odor agradável de peixes, observados nos primeiros dias de armazenamento em gelo. É degradado em dois dias por hipoxantina resultante da ação de micro-organismos. A hipoxantina é responsável pelo sabor amargo do peixe cozido. Tipo de pescado - Peixes Alterações autolíticas pela ação de enzimas endógenas. Tipo de pescado - Peixes Proteólise Lipólise Amolecimento Calpaínas e catepsinas Oxidação lipídica Odor de ranço Autólise Mais intenso em animais que estavam se alimentando no momento da captura Alterações profundas nos tecidos as quais modificam a consistência da carne criam meio favorável aos micro- organismos Microbiologia do pescado Microbiologia do pescado Resfriar após a captura (congelar ou gelo) Gelo produzido com água potável e conservado Boa higiene do barco Higiene no manuseio Evitar expor a temperatura ambiente Controle tempo x temperatura Microbiologia do pescado Pseudomonas Micrococcus Flavobacterium Acinetobacter Vibrio Aeromonas Photobacterium Escherichia Superfície:103 –105 UFC/g Guelras: 103 – 106 UFC/g Intestinos: 102 – 109 UFC/g Microbiologia do pescado A microbiota do pescado é tanto mais rica em espécies quanto mais poluída forem as águas Em alto mar menor quantidade de UFC que em águas costeiras e sedimento do fundo (106 UFC/mL) A natureza poiquiloterma do pescado permite as bactérias crescerem num vasto intervalo de temperatura. Fatores microbiológicos Pescados vivos (defesas naturais) bactérias não penetram nos tecidos Morte Redução de defesas Invasão bacteriana Bactérias : intestino, limo superficial(resistência devido a escamas ou pele), guelras Após a morte glicogênio ácido lático(pH) dificulta o desenvolvimento microbiano Término do rigor mortis bactérias atacam com maior velocidade Nitrogênio necessário para o desenvolvimento e reprodução microbiana Pescado marinho e estuário Presença de Pseudomonas é mais pronunciado em pescado marinho independente da Temperatura Em pescado fluvial presença mais frequente da família Aeromonadaceae A presença da família Enterobacteriaceae, principalmente de coliformes e mais frequente no pescado fluvial A temperatura das águas e de armazenamento do pescado parece ser mais significativa em termos de microbiota dominante do que a sua origem marinha ou fluvial Fatores que influenciam na microbiota do pescado -Pelo seu método de captura -Temperatura da água -Espécie de pescado (ostras e moluscos filtradores) - Cuidados higienicos e controle de tempo e temperatura Bactérias contaminantes do pescado Micro-organismos deteriorantes Micro-organismos indicadores de higiene Micro-organismos indicadores de contaminação fecal Micro-organismos indicadores de manipulação inadequada Micro-organismos capazes de causar doenças veiculadas ao pescado Micro-organismos capazes de liberar histamina (Morganella morganii, Klesbiciella pneumoniae e Hafnia alvei) Toxinas biológicas Bactérias isoladas em indústrias de pescado brasileira Objetos de estudo Bactérias Caranguejos Vibrio spp e Salmonella Ind. Processamento camarões Coliformes termotolerantes Camarão e na indústria de pesca Salmonella e Shigella Ostras Vibrio parahaemolyticus e V. cholerae Moluscos, peixes, camarões, lulas, filés de peixe Listeria monocytogenes Peixes no estuário do Rio Bacanga (MA) Aeromonas Carne de siri Coliformes termotolerantes e S. aureus Fonte: GONÇALVES (2011) Controle na qualidade do pescado Plano de APPCC desde o barco até a comercialização Limites microbiológicos segundo a RDC no 12/2001, da ANVISA: Micro-organismo Limite Produto Salmonella spp. Ausência em 25g Staphylococcus coagulase positiva 5 x 102 a 103 de acordo com o produto de pesca Coliformes termotolerantes 2 x 10 a 103 de acordo com o produto de pesca Vibrio parahaemolyticus 103 marinho ou estuário para pescado cru
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