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Pescado → peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, répteis, equinodermos e outros animais usados na alimentação humana CLASSIFICAÇÃO DO PESCADO ▪ Peixes: existem cerca de 28 mil espécies (60% marinhos e 40% de água doce) o Teleósteos → peixe ósseo o Cartilaginosos (elasmobrânquios) → peixes cartilaginosos como tubarão e arraia ▪ Classificação de acordo com sua posição trófica: o Pelágios: ▪ Formam cardumes ▪ Importância industrial → grandes quantidades ▪ Migração → alimento e desova ▪ Ex.: grandes predadores (atum) e presas (sardinha) o Demersais: ▪ Espécies de águas mais profundas ▪ Não tem hábito migratório ▪ Ex.: corvina o Bentônicos: ▪ Permanecem junto ao junto do mar ▪ Ex.: linguados e arraias ▪ Crustáceos: o Extremidades articuladas, carapaça dura o Pertencente ao filo dos artrópodes ▪ Moluscos: o Animais de corpo mole o Cefalópodes: tentáculos ligados a cabeça o Bivalves: concha rígida e cm duas peças fechadas (animais filtradores) ▪ Répteis: o Vertebrados o Corpo coberto com pele seca, escamas ou escudos o Quelônios ▪ Anfíbios: o Vivem parcialmente na água doce e na terra o Pele úmida e glandular, sem escamas o Rãs ▪ Equinodermos: o Animais marinhos de movimentação lenta, possuem enxoesqueleto formado por placas calcárias o Ex: ouriço CONSUMO ▪ Alimento saudável e cada vez mais procurado pela população ▪ Oferta de produtos diferenciados → variedade ▪ Importância economia e nutricional ▪ Composição química do pescado: o Fonte de água, proteínas, ômega 6 e ômega 3 ▪ Benefícios do consumo de peixe: o Proteína de alto valor biológico o Gordura insaturada → ácidos gordos polinssaturados o Vitaminas o Minerais o Diminuição do risco de doenças cardiovasculares o Regula os níveis de açúcar no sangue (glicemia) o Protege contra doenças neurodegenerativas o Protege contra determinados tipos de cancro o Melhora os procedimentos inflamatórios o Fortalece a função cognitiva ▪ É recomendada a ingestão do peixe no mínimo 2x na semana e de preferência que seja peixes gordos ▪ Natureza do pescado: o Fresco: apenas com ação do gelo o Resfriado: -0,5 a -2ºC o Congelado: -25ºC PROCESSAMENTO ▪ Segundo o RIISPOA, os estabelecimentos de pescados e derivados são classificados em: BARCO-FÁBRICA Embarcação de pesca destinada à captura ou à recepção, lavagem, manipulação ao condicionamento, rotulagem, armazenagem e à expedição de pescados e produtos de pescados, dotada de instalações de frio industrial, podendo realizar a industrialização de produtos comestíveis e o recebimento, a manipulação, a industrialização, o acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de produtos não comestíveis. ABATEDOURO FRIGORÍFICO DE PESCADO Estabelecimento destinado ao abate de pescado, recepção, lavagem, manipulação, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição dos produtos oriundos do abate, podendo realizar recebimento, manipulação, industrialização, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição de produtos não comestíveis. UNIDADE DE BENEFICIAMENTO DE PESCADO E PRODUTOS DE PESCADO Estabelecimento destinado à lavagem do pescado recebido da produção primária, à manipulação, ao acondicionamento, rotulagem, armazenagem e à expedição de pescado e de produtos de pescado, podendo realizar recebimento, manipulação, industrialização, acondicionamento, rotulagem, armazenagem e expedição de produtos não comestíveis. ESTAÇÃO DEPURADORA DE MOLUSCOS BIVALVES Estabelecimento destinado à recepção, depuração, ao acondicionamento, rotulagem e armazenagem e à expedição de moluscos bivalves DESEMBARQUE E AVALIAÇÃO DOS ANIMAIS ▪ Verificar se os peixes estão com baixo grau de estresse após o transporte; ▪ Canaleta ou cano → descarregamento com o volume total de água no transporte o Os peixes não são retirados de seu meio ▪ Tanque de recepção/depuração ▪ Avaliar os indicadores relevantes para o bem- estar o Quantidade de perca de escama, padrão de cardume e mortalidade o Monitoramento contínuo para identificar problemas pelo transporte → ferimentos DEPURAÇÃO ▪ Elimina os sabores e odores desagradáveis do peixe o Mofo e barro ▪ Realizada em tanques que recebem fluxo contínuo de água limpa ▪ Tempo: horas a dias → intensidade inicial do off-flavor ▪ Períodos prolongados → perdas de peso ▪ Alimentação: ingredientes, água de cultivo, algas ▪ Absorção → brânquias, pele e intestino ▪ Estocado em tecidos ricos em lipídios INSENSIBILIZAÇÃO ▪ Ocorre através do abate INSENSIBILIZAÇÃO POR PERCUSSÃO NÃO PERFURANTE ▪ Método usado no abate de bovinos ▪ Tempo máximo 15 segundos entre o abate e a retirada do peixe da água ▪ Método mais utilizado para peixes de maior porte como carpa, tambaqui e atum, mas também pode ser usado para peixes de menor porte como tilápia do Nilo com risco de erro e não sensibilização ▪ Sinais de insensibilização percussiva eficaz: o Perda do movimento do opérculo (trocas gasosas) o Perda do movimento dos olhos o Abaulamento no anel muscular próximo a nadadeira peitoral ▪ Obs.: Não há perfuração, somente contusão cerebral ▪ Fatores para a insensibilização/abate por percussão não perfurante ser considerado humanitário: 1. Equipe treinada e competente 2. Equipamentos adequados para insensibilização eficaz 3. Ajuste correto dos equipamentos 4. Manutenção e limpeza regular dos equipamentos 5. Posição e força correta do golpe 6. Reconhecimento de insensibilização efetiva 7. Existência de equipamentos manuais para insensibilização imediata em caso de falha INSENSIBILIZAÇÃO POR PERCUSSÃO PERFURANTE ▪ Vantagens: o Perda imediata da consciência sendo adequado para peixes de médio a grande porte ▪ Desvantagens: o A aplicação imprecisa pode causar ferimentos o Difícil aplicação em peixes agitados o Só é praticável para o abate de um número limitado ▪ Desafio: manutenção e treinamento de funcionários e equipamentos INSENSIBILIZAÇÃO ELÉTRICA ▪ Inconsciência imediata menos de 1s após a aplicação ▪ Sinais: o Perda de movimento opercular o Perda de movimento dos olhos o Perda de posição normal do peixe o Pequenas contrações musculares ▪ Indicadores de insensibilização bem-sucedida Reflexo Consciente Inconsciente Rolar os olhos Permanecem na posição vertical enquanto o peixe é girado Acompanham o movimento da cabeça quando o peixe é girado Respiração Movimento regular do opérculo Nenhum movimento ou movimento aleatório Natação Peixes constantemente nadando Nenhum movimento ou tentativa de nadar Equilíbrio O peixe se endireita quando é girado Permanecem de cabeça para baixo Beliscão Os peixes se afastam desse estímulo Não se afastam Corrente elétrica Se afastam do estímulo Não vão nadar para longe do estímulo MÉTODOS DE ABATE NÃO RECOMENDADOS PELA OIE E HSA: ▪ Hipotermia: água e gelo (é utilizado em cerca de 80% dos casos na rotina em estabelecimentos) ▪ Asfixia ▪ Sangria: corte braquial sem insensibilização prévia ▪ Narcose por dióxido de carbono: muito estressante ▪ Evisceração e filetagem sem insensibilização de abate prévio SANGRIA ▪ Abate ▪ Morte por hipovolemia ▪ Remoção da maior quantidade de sangue da carcaça ▪ Sangue: aparência desagradável, meio de multiplicação de microrganismos deteriorantes e/ou patogênicos ▪ Realizar imediatamente após a insensibilização ▪ Cortar as brânquias manualmente ou por cortadores automáticos de guelras ▪ Decapitação: remover a cabeça do peixe rapidamente com uma lâmina manual ou uma lâmina rotativa automatizada OPERAÇÕES ▪ Recepção o Estes postos (píer e frigorífico) devemseguir as normas higiênico-sanitárias para manipulação de alimentos o Limpeza e organização são fundamentais a segurança dos alimentos ▪ Lavagem: ▪ diminuir a contaminação do pescado por bactérias ▪ a lavagem eficaz depende da pressão e proporção água: pescado ▪ Tanque, água corrente, cilindros giratórios ▪ 5ppm de cloro: promove a retirada do muco dos peixes e diminui a carga microbiana (procedimento realizado somente na recepção, pois é muito forte para a indústria e os funcionários podem passar mal) ▪ Processamento o Classificação/caracterização ▪ Evisceração: o Reduzir/retardar autólise e crescimento microbiano o Manual (peixes menores em mesas de evisceração) ou automática ▪ Descabeçamento: ▪ Reduzir o peso da matéria-prima aproveitável ▪ Mínima perda de tecido muscular ▪ Filetagem o Depende da espécie e tamanho o Manual (baixo rendimento) ou mecânica (alto custo) ▪ Processamento ▪ Contaminação cruzada: pescado cru x pescado pronto ▪ Embalagem ▪ Armazenamento/estocagem ▪ Expedição ▪ Temperatura de armazenamento e estocagem ▪ Glaseamento: película de gelo ao redor do peixe ou do camarão o Barreira que retarda o ressecamento e oxidação o Imersão ou spray o Limite de até 12% do peso líquido declarado QUALIDADE DO PESCADO ▪ Deterioração (proteases/lipases) o Enzimas autolíticas do próprio pescado ▪ Barriga dilacerada: o Pesca extrativista o Enzimas autolíticas o Bactérias: geralmente são secundárias à degradação enzimática que acelera a proliferação ▪ Oxidação de lipídeos: rancificação ALTERAÇÕES POST MORTEM ▪ Abate ▪ Rigor mortis ▪ Deterioração após a rigidez ▪ Amolecimento: protease quebrando lipídeos ▪ Enzimas extrínsecas: provenientes das bactérias ▪ Alterações: o Degradação dos compostos nitrogenados o Principal responsável pela perda do frescor o Degradação de componentes nitrogenados não-proteicos -> sinal de putrefação o Início: autólise o Decomposição final: bacteriana o OTMA: oxido de trimetilamina (peixes de água salgada usam para auxiliar a osmorregulação) o Aminoácidos livres ▪ Obs.: a quantificação de trimetilamina ▪ Redução de substrato ▪ Peixes cartilaginosos (elasmobrânquios: muita amônia ▪ Realizar rápida evisceração ALTERAÇÕES OXIDATIVAS: ▪ Oxidação + lipólise = degradação lipídica o Lipases microbianas e/ou endógenas o Importante para o pescado rápido o O resfriamento rápido minimiza essas ações ▪ Liberação de muco: o Reação do organismo ao ambiente adverso o Odor desagradável o Composto por mucina, um substrato para o desenvolvimento de bactérias PUTREFAÇÃO ▪ Odor desagradável + alterações autolíticas, microbianas e oxidativas ▪ Amolecimento do tecido ▪ Desenvolvimento de microrganismos ▪ Deposição de compostos, tais como: aminas biogênicas, H2S, indol, amônia, TMA, etc DETERIORAÇÃO ▪ Causa da rápida decomposição do pescado em comparação com a carne bovina Pescado Bovino Menor quantidade de tecido conjuntivo Maior quantidade de glicogênio Maior quantidade de água – até 80% Menor valor de ph (5,4-5,8) Degradação de ATP mais rápida Maior proteção muscular (pele) Maior quantidade de catepsinas Menor quantidade de substâncias extrativas nitrogenadas Maior quantidade de ácidos graxos insaturados - ▪ Alguns fatores influenciam na proliferação de microrganismos como: o Temperatura de ambiente e de estocagem o Método de captura/despesca o Manejo à bordo ▪ Controles oficiais do pescado e dos seus produtos: 1. Análises sensoriais 2. Indicadores de frescor 3. Controle de histamina nas espécies formadoras 4. Controle de biotoxinas ou de outras toxinas perigosas para a saúde humana 5. Controle de parasitas ▪ OBS.: nenhum processo tecnológico é capaz de reverter a perda da qualidade inicial do pescado (Art. 210 do RIISPOA/ 2017), logo, os atributos de frescor do pescado devem ser avaliados antes do consumo direto ou elaboração de produtos ANÁLISES SENSORIAIS ART 209 PEIXES ▪ Superfície do corpo limpa, com relativo brilho metálico e reflexos multicores próprios da espécie, sem qualquer pigmentação estranha ▪ Olhos claros, vivos, brilhates, luzentes, convexos, transparentes, ocupando toda a cavidade orbitária ▪ Brânquias ou guelras róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes com odor natural próprio e suave ▪ Abdômen com forma normal, firme, não deixando impressão duradoura à pressão dos dedos ▪ Escamas brilhantes, bem aderentes à pele e nadadeiras apresentando certa resistência aos movimentos provocados ▪ Carne firme, consistência elástica da cor própria da espécie ▪ Vísceras íntegras, perfeitamente diferenciadas, peritônio aderente à parede da cavidade celomática e livre de parasitoses ▪ Ânus fechado e limpo ▪ Odor próprio e característico da espécie CRUSTÁCEOS ▪ Aspecto geral brilhante e úmido ▪ Corpo em curvatura natural e rígido ▪ Artículos firmes e resistentes ▪ Carapaça bem aderente ao corpo ▪ Coloração própria da espécie, livre de pigmentação estranha ▪ Olhos vivos e proeminentes ▪ Odor próprio e suave ▪ Lagostas, siris e caranguejos estarem vivos e vigorosos MELANOSE ▪ Escurecimento em crustáceos ▪ Processo em que o camarão e lagosta aparece com um escurecimento progressivo devido à formação de melanina ▪ Oxidação de tirosina presente no fígado do camarão (localizado no cefalotórax) por enzimas na presença de O2 ▪ Se inicia no cefalotórax com produção de um exsudato preto seguido do aparecimento de pontos pretos na carapaça ▪ Enegrecimento total ou escurecimento da cabeça e manchas parciais no resto do corpo ▪ Camarão e lagosta -> comum a adição de Bissulfito de sódio a bordo dos barcos/despesca o Evita o escurecimento enzimático o A imersão é mais eficaz do que jogar o bissulfito em um recipiente e misturar os crustáceos, pois nem todos absorvem a substância o O resíduo dióxido de enxofre SO2 não é prejudicial à saúde desde que esteja na faixa de 40 a 100 ppm/kg segundo a OMS o Teste para detecção – Teste de sulfito (método colorimétrico) TESTES FÍSICOS ▪ Ph – utilizado em decorrência da rapidez e da facilidade de medição o Ph da carne de peixe -> 7,00 o Ph da carne de crustáceos ->7,85 o Ph da carne de moluscos -> 6,85 o OBS.: estes valores não incluem as espécies das famílias gadidae e merluccidae cujo valor deve ser no máximo 7,20 TESTES QUÍMICOS ▪ BVT – Bases voláteis totais ▪ O RIISPOA estabelece o limite de 30mg de nitrogênio/ 100g de pescados frescos ▪ Famílias Salmonidae, Gadidae e Merluccidae devem ter no máximo 35 mg de N/100g de tecido muscular ▪ Elasmobrânquios devem ter no máximo 40 mg de N/100g de tecido muscular CONTROLE DE HISTAMINA ▪ Aminas biogênicas como indicadores de qualidade ▪ T° acima de 4,4°C -> alto risco ▪ Termoestável ▪ Não altera cor e odor ▪ Espécies com alto teor de histidina ▪ Limite máximo de histaminas: 100mg/kg de tecido muscular para as 9 famílias: o Carangidae o Gempylidae o Istiophoridae: marlim o Scombridae: atum, bonito, cavala e serra o Scombresocidae: agulha o Engraulidae: o Clupeidae: sardinha o Coryohaenidae: dourado o Pomatomidae: anchova ▪ Formação da histamina .... ver no áudio ▪ Intoxicação por histamina: o Coceira o Vermelhidão da pele o Dor de cabeça o Náuseas o Vômitos o Edema de glote o Morte BIOTOXINAS MARINHAS ▪ Toxicidade inata: tetraodontoxina ▪ Toxicidade adquirida o Ante-mortem: ▪ Toxinas ciguatéricas ▪ Toxinas paralisantes (PSP) ▪ Toxinas diarréicas (DSP) ▪ Outras o Post-mortem: ▪ Escombrotoxinas (histamina) ▪ São substâncias toxinas produzidas por dinoflagelados ▪ Problema de saúde pública quando aumentaa população -> acúmulo de biotoxinas nos animais aquáticos (moluscos bivalves, equinodermos) ▪ São de origem não-proteica e estáveis ▪ Não são destruídas por calor (ex.: defumação, seco, cozido) e nem por salga ▪ Monitoração das áreas de pesca para presença de biotoxinas e parasitos o Normalmente feita pelo governo e laboratórios especializados ▪ A gravidade depende da toxina ▪ São termoestáveis
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