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AULA 1 GESTÃO ESTRATÉGICA DA INOVAÇÃO Prof. Ubirajara Morgado 02 CONVERSA INICIAL A disciplina de Gestão Estratégica da Inovação abordará: A prática da inovação Onde o empreendedor busca oportunidades inovadoras? A prática do empreendimento Enfoca a organização na qual ocorre a inovação. Estratégias empreendedoras Como levar com sucesso uma inovação até o mercado? Empreendimento não é ciência nem arte. É uma prática e, assim sendo, demanda uma base de conhecimento. Estamos nos estágios iniciais de uma das mais avassaladoras transformações tecnológicas que já presenciamos. Tivemos a revolução da máquina a vapor; a revolução da bomba nuclear; e agora presenciamos a revolução biológica, ou seja, aquela que ocorre dentro de um organismo. Todas constituíram novas aplicações do conhecimento ao trabalho humano. Vivemos em uma era tecnológica baseada em conhecimentos oriundos do Vale do Silício, onde as indústrias são de alta tecnologia mas seguem o tradicional padrão em que há uma grande euforia, seguida de rápida expansão e posteriores declínio e colapso. Na maior parte desse vale, as empresas ainda são inventoras, e não inovadoras; especuladoras, e não empreendedoras (Drucker, 2001). Mas uma pergunta que não obteve resposta no mundo atual é: por que esse espírito empreendedor emerge e se limita a um determinado país ou a uma determinada cultura? Talvez as causas estejam nas mudanças de valores, percepções, atitudes e demografia. E o veículo dessa profunda mudança de atitudes, valores e, acima de tudo, comportamento é uma "tecnologia" que se chama administração. A administração existe como área de conhecimento há tanto tempo quanto outras áreas atuais, como genética e eletrônica. Houve uma explosão da administração que a transformou em uma disciplina, provocando um impacto tão grande quanto aquele causado por grandes realizações científicas. Mais ainda, ela tornou-se responsável pela transformação dos países em sociedades de organizações. Fez que com que a maioria das pessoas instruídas trabalhassem 03 como empregadas nessas organizações. Fez com que a administração se tornasse um "lugar comum". Acima de tudo, a administração têm tanto a contribuir para a empresa empreendora nova quanto para aquela já existente. O universo da administração é a nova tecnologia também para a educação, a assistência médica, o governo e a política. Enfim, inovar é preciso. Mais que isso, é fundamental para a evolução de uma sociedade! É um assunto apaixonante! CONTEXTUALIZANDO Para começar, leia o artigo “O primeiro Mcdonald’s da história”, publicado no site Libero Alimentos, disponível em <http://www.liberoalimentos.com.br/2012/10/o-primeiro-mcdonalds-da- historia.html>. TEMA 1 – INOVAÇÃO “Empreendedor”: palavra que pressupõe inovação. E inovação é a palavra que define um empreendedor; aí entra a oportunidade como o grande diferencial para um negócio ou serviço diferente. A inovação também pode ser apresentada como uma disciplina, podendo ser aplicada e, consequentemente, aprendida. Os empreendedores precisam buscar, com um ideal definido, as fontes de inovação, as mudanças e os sintomas que indicam oportunidades para que a inovação tenha êxito. Para uma inovação ser bem-sucedida é imprescindível que os empreendedores conheçam os seus princípios. O espírito empreendedor é, portanto, uma característica distinta, seja de um indivíduo, ou de uma instituição. Não é um traço de personalidade. Contudo, qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser um empreendedor e se comportar empreendedoramente. E suas bases são o conceito e a teoria, e não a intuição" (Dornelas, 2012; p. 39). 1.1 O empreendedor vê a mudança como norma e como algo sadio A transformação não vem por si mesma. O agente empreendedor deve provocá-la. Aí entra a constante e "neurótica" procura pelas oportunidades. 04 "Empreender é uma atitude arriscada principalmente porque tão poucos dos assim chamados empreendedores sabem o que estão fazendo. Falta a eles metodologia. Eles violam regras elementares e bem conhecidas" (Drucker 2001). Os empreendedores inovam. A inovação é o instrumento específico do espírito empreendedor, e cria, de fato, um recurso. A inovação não precisa ser técnica, não precisa sequer ser uma "coisa". É, portanto, um termo econômico ou social, mais que técnico. O tema inovação é recente, e não há uma teoria existente. O que sabemos, de forma incipiente, é quando, onde e como podemos buscar as oportunidades inovadoras e, possivelmente, se elas terão ou não sucesso. Temos uma base ‒ em linha gerais ‒ para praticarmos a inovação. Às vezes, um fato novo que parece espetacular em nada resulta, ou até resulta em um avanço técnico ou tecnológico. Como citamos anteriormente, o caso do McDonald's espelha aquilo de que estamos falando: a modéstia que virou uma das maiores e mais lucrativas marcas globais. Querer mais é uma das características inerentes aos empreendedores, assim como o descontentamento. Eles querem sempre criar, melhorar ou modificar algo existente. Anseiam por converter materiais em recursos ou até mesmo mesclar aqueles recursos já existentes com algo novo. 1.2 É a mudança o que sempre proporciona a oportunidade para o novo e o diferente Quando observamos na história ou mesmo à nossa volta as inovações que existem, verificamos que são bem simples. Isso nos reporta o fator importante para que a inovação apareça: disciplina; uma disciplina de diagnóstico. Mais ainda, uma análise das áreas em que ocorreram as mudanças. Especificamente, a inovação sistemática significa o monitoramento de sete fontes para uma oportunidade inovadora. As quatro primeiras fontes estão dentro de um setor industrial ou de serviços. Elas são, portanto, visíveis, principalmente para quem está dentro daquele determinado setor. Elas são, basicamente, sintomas. Porém, são também indicadores bastante confiáveis de mudanças que já ocorreram ou que podem ser provocadas com um pequeno esforço. Essas quatro fontes são, segundo Drucker (2001): 05 1. O INESPERADO, o sucesso inesperado, o fracasso inesperado, o evento externo inesperado. 2. A INCONGRUÊNCIA, entre a realidade como ela é de fato, e a realidade como se presume ser ou como "deveria ser". 3. A INOVAÇÃO BASEADA NA NECESSIDADE DO PROCESSO. 4. MUDANÇAS NA ESTRUTURA DO SETOR INDUSTRIAL OU NA ESTRUTURA DO MERCADO que apanham a todos desprevenidos. Ainda segundo Drucker (2001), o segundo grupo de fontes para a oportunidade inovadora, um conjunto de três delas, implica mudanças fora da empresa ou setor: 1. MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS (mudanças populacionais). 2. MUDANÇAS EM PERCEPÇÃO, DISPOSIÇÃO e SIGNIFICADO. 3. CONHECIMENTO NOVO, tanto científico como não científico. As linhas que delimitam essas sete áreas de fontes de oportunidades inovadoras são nebulosas, e existe uma considerável sobreposição entre elas. TEMA 2 – FONTE: O INESPERADO Agora, vamos falar sobre sucesso inesperado. Ele ocorre em uma área na qual a inovação acontece, mas que é negligenciada por seu autor (pessoa física ou jurídica). Toda administração é grandemente desafiada quando confrontada com o sucesso inesperado, que, algumas vezes, não é citado e nem sequer recebe a atenção desta mesma administração. O sucesso inesperado dá uma excelente oportunidade para o aparecimento da inovação, mas, mesmo assim, requer alguns cuidados, já quepode ser considerado um sintoma. Mas sintoma de quê? Sintoma de que é preciso se certificar de que aquele sucesso inesperado está sendo visualizado, que está chamando a atenção. Assim sendo, toda gestão deve observar o chamado sucesso inesperado e se questionar da seguinte forma: se explorado, o que ele nos trará? para onde nos levará? se acontecer, o que deveremos fazer para concretizar a oportunidade? por onde começar? O sucesso inesperado é uma oportunidade, mas faz exigências. Exige ser levado a sério. Exige professores preparados, e não quaisquer uns que estejam de reserva. Exige seriedade e apoio por parte da administração equivalente ao tamanho da oportunidade. E a oportunidade é considerável (Dornelas, 2012). 06 2.1 Fonte: o fracasso inesperado Quem não conhece o fracasso? Diferentemente do sucesso, o fracasso não pode ser relegado a segundo plano, não pode ser deixado de lado. Deve mesmo ser visto como uma nova fonte, uma nova oportunidade. Considere o fracasso como uma sequência de erros, talvez oriundos de ganância, incompetência etc. Inovação é trabalho organizado, sistemático e racional. Mas é inteiramente perceptível e conceitual. Por certo, o que o inovador vê e aprende precisa ser submetido a uma rigorosa análise lógica. Intuição só não basta; na verdade, não tem o menor valor se por intuição se subtende "o que eu sinto". A análise, por maior que seja o seu rigor, seus requisitos para mudança, experimentação, orientação e avaliação, precisa estar alicerçada numa percepção de mudança, de oportunidade das novas realidades, da incongruência entre o que a maioria das pessoas ainda está certa sobre o que é a realidade e o que realmente tornou-se uma nova realidade (Dornelas, 2012). 2.2 Fonte: evento externo inesperado Não podemos considerar que os fracassos inesperados e também o sucesso ocorram somente dentro de um ambiente organizacional. Temos os chamados ambientes externos, que não são registrados em forma de dados ou informações pelos quais a gestão se orienta. Mas, preste atenção: ambos são igualmente importantes. Uma condição para explorar o sucesso do evento inesperado externo é que ele se enquadre no conhecimento e capacitação do próprio negócio da pessoa. O evento inesperado externo pode ser, portanto, acima de tudo, uma oportunidade para aplicar a competência especializada já existente a uma nova aplicação, uma que não altere a natureza do negócio em que se está (Dornelas, 2012). As chances, as oportunidades, estão por toda parte e, frequentemente, estão ocorrendo. Assim, ela assume o papel de uma grande promessa, principalmente para as chamadas grandes empresas. Essas chances ou oportunidades exigem, além de intuição, sorte, e também que os interessados estejam em busca de inovação. Que se preparem e se organizem adequadamente para a exploração quando ela chegar. 07 TEMA 3 – FONTE: INCONGRUÊNCIAS Uma incongruência é uma discrepância, uma dissonância, entre o que é e o que "deveria" ser, ou entre o que é e o que todo mundo pressupõe que seja. Mesmo assim, uma incongruência é um sintoma de uma oportunidade para inovar. Contudo, as incongruências geralmente não se manifestam através de dados ou relatórios que os dirigentes recebem e aos quais dedicam atenção. Elas são qualitativas e não quantitativas" (Dornelas, 2012). Como vimos anteriormente, quando falamos de evento inesperado, de sucesso ou de fracasso, "incongruência" já denota mudança, e olha que legal: a mudança pode já ter acontecido ou pode vir a ocorrer. O importante na incongruência é que essa mudança seja plenamente visível para os envolvidos nos processos, e para o mercado. Ela está bem diante dos nossos olhos! De acordo Dornelas (2012), existem várias espécies de incongruências: uma incongruência entre as realidades econômicas de um setor industrial (ou de uma área governamental); uma incongruência entre a realidade de um setor (ou de uma área governamental) e os pressupostos sobre ela; uma incongruência entre os esforços de um setor (ou de uma área governamental) e os valores e as expectativas de seus clientes; uma incongruência interna dentro do ritmo ou lógica de um processo. 3.1 Fonte: necessidade de processo "A oportunidade é a fonte da inovação" tem sido o leitmotiv (traduzido do alemão para o português como "o motivo condutor") deste módulo. Um antigo adágio diz: "A necessidade é a mãe da invenção". Aqui, veremos a necessidade como fonte de inovação e como uma importante oportunidade inovadora, a qual explora incongruências, mudanças demográficas. A necessidade de processo não se inicia com um evento no meio ambiente, seja interno ou externo. Ela se inicia com o trabalho a ser feito. Está concentrada na tarefa e não concentrada na situação. Aperfeiçoa um processo que já existe, substitui uma ligação que esteja fraca, redesenha um antigo processo fornecendo o "elo" que faltava (Zimmer et al., 2015). 3.2 Fonte: estruturas da indústria e do mercado O espírito empreendedor se faz imprescindível na estrutura industrial que vivenciamos. Ele nos convida a questionar, frequentemente, a razão de nosso negócio. Logicamente, para essa demanda, receberemos diferentes respostas, 08 que servirão para nos ajudar a aprofundarmos os nossos estudos no tema inovação. 3.3 Fonte: mudanças demográficas Dentre todas as mudanças externas, as mudanças demográficas ‒ definidas como sendo mudanças na população e em sua grandeza, estrutura etária, composição, emprego, status educacional e renda ‒ são as mais evidentes. Não são ambíguas e têm as consequências mais previsíveis (Dornelas, 2012). Tudo o que é negociado (compra e venda), quem compra e em que quantidade, sofre forte influência da demografia. Na verdade, empresários, economistas e críticos sempre reconhecem a grande importância das tendências, dos movimentos e das dinâmicas populacionais, e também que já acreditaram que não precisavam dar atenção às mudanças demográficas em suas decisões do dia a dia. As mudanças populacionais ‒ em taxas de natalidade ou mortalidade, em escolaridade, na composição e na participação da mão de obra empregada ou na localização e na movimentação das pessoas ‒ eram vistas como algo que ocorria tão lentamente e por períodos de tempo tão longos que não constituíam objeto de um mínimo de preocupações práticas. As mudanças demográficas tendem a ser tão rápidas, tão abruptas e causam tanto impacto quanto aquelas provocadas pela passagem do tempo. No século XXI é absoluta insensatez desconsiderar a demografia. Por conseguinte, para aqueles que genuinamente estão dispostos a sair a campo para olhar e ouvir, as mudanças demográficas são bastante produtivas, além de uma bastante confiável oportunidade inovadora. TEMA 4 – FONTE: MUDANÇAS DE PERCEPÇÃO Quando a mudança de percepção ocorre, os fatos não mudam. Sociólogos e economistas podem explicar ou não o fenômeno perceptível; é irrelevante, pois ela permanece sendo um fato. Muitas vezes, ela não pode ser quantificada; ou, melhor dizendo, quando chegar a ser quantificada, já será demasiado tarde para servir de oportunidade para inovação. Porém, ela não é algo exótico ou intangível. É concreta: pode ser definida, testada e, acima de tudo, explorada. 09 No entanto, como explica Dornelas (2012), "não há nada mais perigoso do que ser prematuro ao explorar a mudança na percepção". Mas, precisamente por haver tanta incerteza em saber se a mudança na percepção é uma novidade passageira ou algo permanente, além de quais serão realmente suas consequências, a inovação baseada na percepção deve começarpequena e ser bem específica. 4.1 Fonte: conhecimento novo A inovação baseada no conhecimento é a "superestrela" do espírito empreendedor. Ela ganha publicidade. Ela ganha dinheiro. Ela é o que as pessoas normalmente querem dizer quando falam em inovação. Naturalmente, nem toda inovação baseada em conhecimento é importante, e esse conhecimento não é, necessariamente, científico ou técnico (Drucker, 2001). As inovações sociais baseadas em conhecimento podem ter igual ou, até mesmo, maior impacto. O conhecimento pressupõe que as inovações trazidas com essa base sejam diferentes das demais estudadas, porque possui características tais como taxa de perdas, duração, predicabilidade etc. Drucker (2001) diz que as inovações baseadas em conhecimento possuem o mais longo tempo de espera de todas as inovações. Existe primeiro, um longo espaço de tempo, entre o aparecimento do novo conhecimento e ele se tornar aplicável à tecnológica. E, depois, existe outro longo espaço de tempo antes que a nova tecnologia se transforme em produtos, processos ou serviços no mercado. Antigamente, o tempo de espera para o conhecimento se tornar tecnologia acessível e começar a ser aceito no mercado era de 25 a 30 anos. Hoje esse prazo diminuiu. A segunda característica das inovações baseadas em conhecimento ‒ e a única verdadeiramente singular ‒ é que elas quase nunca se baseiam em um só fator, mas na convergência de vários tipos de conhecimento, e nem todos eles científicos ou tecnológicos. O computador demandou a convergência de não menos de cinco conhecimentos diferentes. Uma invenção cientifica, a válvula audion; uma importante descoberta matemática, o teorema binário; uma nova lógica; o conceito de design do cartão perfurado; e os conceitos de programa e feedback (Dornelas, 2012). Por certo, existem exceções. Quem quer que venha conseguir a cura do câncer não precisará se preocupar com "receptividade". Mas tais exceções são poucas. Na maioria das inovações baseadas em conhecimento, a receptividade 010 é um jogo. E as probabilidades são desconhecidas, e deveras misteriosas. Pode haver grande receptividade e, no entanto, talvez ninguém a note. E pode não haver receptividade, ou até mesmo uma grande resistência, embora todos estejam convictos de que a sociedade está esperando ansiosamente pela inovação. As demandas sobre os inovadores baseados em conhecimento são, portanto, muito grandes. Elas também são diferentes daquelas em outras áreas da inovação. Os riscos que enfrentam são também diferentes; o tempo, por exemplo, não está ao seu lado. Mas se os riscos são maiores, também o são as recompensas potenciais. Os outros inovadores podem colher uma fortuna. O inovador baseado em conhecimento pode esperar também pela fama. TEMA 5 – A IDEIA BRILHANTE (DORNELAS, 2012) Sempre vêm à tona, por meio da mídia, as grandes invenções e, consequentemente, os grandes inventores que tiveram uma ideia realmente brilhante. Elas estão por toda a parte: caneta esferográfica, zíper etc. Mesmo assim, elas contêm um grande risco e não são as mais inovadoras. Segundo Dornelas (2012), as razões, tanto para a imprevisibilidade como para a alta taxa de fracassos, são bastante óbvias. As ideias brilhantes são vagas e ilusórias. Tudo que se pode fazer pelo inovador que busca ideias brilhantes é dizer a ele o que fazer no caso de sua inovação, contra todas as probabilidades, dar certo. E, no entanto, uma economia empreendedora não pode altivamente rejeitar a inovação baseada em uma ideia brilhante. Ela deve ser apoiada e recompensada. Ela representa qualidades que a sociedade necessita: iniciativa, ambição e engenho. Difícil mesmo é promover o que não se compreende! Importante é não perder a motivação para continuar a inovar. 5.1 Princípios da inovação (segundo Dornelas, 2012) Quais são os princípios da inovação? Faça: A inovação deliberada e sistemática começa com a análise das oportunidades. Todas as fontes de oportunidades inovadoras devem ser sistematicamente analisadas e sistematicamente estudadas. 011 A inovação é tanto conceitual quanto perceptual. O segundo imperativo de inovação é, portanto, sair para olhar, perguntar e escutar. Os inovadores bem-sucedidos usam tanto o lado direito quanto o lado esquerdo de seus cérebros. Eles deitam os olhos em números e em pessoas. Eles elaboram analiticamente o que a inovação precisa ser para satisfazer a uma oportunidade. E, aí, saem a campo e olham para os clientes, para os usuários, para saber quais são suas expectativas, seus valores, suas necessidades Uma inovação, para ser eficaz, precisa ser simples. E tem que ser concentrada. Ela deve fazer somente uma coisa, já que, caso contrário, ela confunde. Se não for simples, não funciona. Na verdade, o maior elogio que uma inovação pode receber é haver quem diga "Isto é óbvio. Por que não pensei nisso?" As inovações eficazes começam pequenas. Não são grandiosas. Procuram fazer uma coisa específica. É melhor que as inovações comecem pequenas, exigindo inicialmente pouco dinheiro, pouca gente e somente um mercado pequeno e limitado. De outro modo, não há tempo suficiente para fazer todos os ajustamentos e mudanças que são quase sempre necessários para a inovação ter êxito. Uma inovação bem-sucedida visa à liderança. Se não visar, dificilmente ela será suficientemente inovadora e, portanto, dificilmente terá condições de se estabelecer. Todas as estratégias que visam à inovação devem conseguir a liderança dentro de um dado meio. Senão, elas simplesmente criarão uma oportunidade para a concorrência. Não faça! Não tente ser engenhoso demais! As inovações precisam ser manipuladas por seres humanos normais. Algo demasiadamente engenhoso, seja em design ou execução, quase certamente falhará. Não diversifique; não se disperse, não tente fazer coisas demais, logo de início. Concentre-se! Inovações que desgarram do núcleo provavelmente serão difusas, permanecendo ideias e não se 012 transformando em inovação. Uma inovação precisa de um esforço unificado que a mantenha. Não tente inovar para o futuro. Inove para o presente! Finalmente, três condições para o sucesso de uma inovação: 1. Inovação é trabalho. A inovação torna-se um trabalho árduo, concentrado e deliberado, demandando muito em diligência, em persistência e em comportamento. Se esses itens estão em falta, nenhuma magnitude de talento, engenho ou conhecimento será de proveito. 2. Para alcançarem êxito, os inovadores precisam valer-se de seus pontos fortes. Precisam estar temperamentalmente afinados com a oportunidade inovadora. Ela deve ser importante e fazer sentido para eles. 3. A inovação é um efeito na economia e na sociedade, uma mudança no comportamento de clientes, de professores, de fazendeiros etc., das pessoas em geral, ou ela é uma mudança em um processo (na maneira como as pessoas trabalham e produzem algo). Portanto, a inovação precisa estar junto ao mercado, concentrada no mercado, guiada pelo mercado. 5.2 A prática do empreendimento Exercer o empreendedorismo é fugir da prática, do costumeiro. Sair do habitual significa uma administração sistemática, organizada e deliberada. Significa também que o empreendedor seja determinado quanto ao seu próprio papel e seus compromissos. NA PRÁTICA Ao frequentar uma rede de lojas do McDonald's, analise a história dessa rede e as oportunidades que existiram e que foram aproveitadas para que ela chegasse aos nossos dias. Quantos e quais princípios de inovação foram utilizados?013 FINALIZANDO No início, enfatizamos que teríamos alguns tópicos a serem visitados e analisados. Aprendemos o conceito, a prática da inovação e as estratégias da inovação. Assim sendo, estaremos mais fortalecidos para os demais módulos. Leitura obrigatória Não deixe de ler o livro de Trott (2015), Gestão da inovação e desenvolvimento de novos produtos! 014 REFERÊNCIAS DORNELAS, J. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. São Paulo: Campus, 2012. DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor: entrepreneurship. Prática e princípios. São Paulo: Thomson, 2003. FOSTER, R. Inovação: a vantagem do atacante. Por que empresas líderes de mercado perdem posições e como o contra-ataque pode ser a melhor defesa. São Paulo: Best Seller, 1986. KALTENECKER, E. Definição, motivadores, graus e dimensões da inovação: alguns conceitos. Disponível em: <https://estrategiaparatodos.wordpress.com/2013/06/25/definicao-motivadores- graus-e-dimensoes-da-inovacao-conceitos-introdutorios/>. Acesso em: 31 out. 2017. KANTER, R. et al. Inovação: pensamento inovador na 3M, DuPont, GE, Pfizer e Rubbermaid. Acesso instantâneo às estratégias de ponta da atualidade. São Paulo: Negócio Editora, 1998. TROTT, P. Gestão da inovação e desenvolvimento de novos produtos. São Paulo: Thomson, 2015. ZIMMER, P. et al. Barreiras para a inovação: um estudo preliminar em indústrias de Santa Catarina. Simpósio Internacional de Gestão de Projetos, Inovação e Sustentabilidade, 4., 2015, São Paulo. Anais... São Paulo, 2015. p. 5.
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