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. 1 Câmara de Goiânia-GO 1. A população goiana: povoamento, movimentos migratórios, densidade e distribuição demográfica. 2. Aspectos físicos do território goiano ..................................................................................................... 1 2. História política de Goiás. 2.1. O Coronelismo na República Velha. 2.2. Dinâmica política regional: partidos e movimentos sociais. 2.3. Ditadura Militar em Goiás e a transição democrática. 2.4. A política de 1930 até os dias atuais ........................................................................................................................ 7 3. Formação social e econômica de Goiás. 3.1. As bandeiras e a exploração do ouro. 3.2. A agricultura e a pecuária nos séculos XIX e XX. 3.3. A estrada de ferro e a modernização da economia goiana. 3.4. Industrialização, infraestrutura e planejamento ....................................................................................... 13 4. A construção de Goiânia e Brasília ................................................................................................ 15 5. Patrimônio natural, histórico, cultural e religioso de Goiás. 5.1. O turismo em Goiás. .................... 24 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 1 Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br Em 2010, de acordo com dados do IBGE, a população de Goiás era composta por 6.003.788 habitantes, sendo a densidade demográfica de 17,65 (hab./km²)1. Já em 2017, a População estimada foi de 6.778.772 habitantes, numa Área de 340.106,492 (km²). A construção de Goiânia, capital de Goiás, e de Brasília, capital Federal, atraiu pessoas de diferentes partes do país, em especial de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. A expansão da fronteira agrícola e o desenvolvimento econômico registrado em Goiás também contribuíram para esse processo. No aspecto social, a população de Goiás enfrenta alguns problemas, como, por exemplo, o déficit nos serviços de saneamento ambiental: menos de 50% têm acesso à rede de esgoto. A taxa de mortalidade infantil é de 18,3 óbitos a cada mil nascidos vivos, abaixo da média nacional, que é de 22. Goiás ocupa 9° lugar no ranking nacional de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).2 O povoamento do estado de Goiás intensificou-se em decorrência de uma série de políticas públicas para a ocupação e desenvolvimento econômico da porção oeste do território brasileiro, a chamada Marcha para o Oeste. Houve a expansão da fronteira agrícola e maiores investimentos em infraestrutura no estado, além da construção da nova capital, Goiânia, e da capital Federal, Brasília. Fatos estes que desencadearam grandes fluxos migratórios para Goiás. Como resultado dessa política de incentivo à ocupação do oeste brasileiro, a população de Goiás teve um aumento significativo, principalmente após o ano de 1950. De acordo com dados do IBGE, cerca de 25% da população de Goiás é formada por imigrantes, ou seja, pessoas oriundas de outros estados. Esse fluxo migratório é resultado de algumas políticas públicas para ocupação da porção oeste do território brasileiro, fato que se intensificou a partir da década de 1950. A composição étnica da população goiana é a seguinte: Pardos: 50,9%. Brancos: 43,6%. Negros: 5,3% Indígenas: 0,2%. A expectativa de vida da população goiana é de 72 anos; A taxa de mortalidade infantil é de 18,3 óbitos a cada mil nascidos vivos. Povo Goiano3 Povos do passado e do presente se reuniram na formação do gentílico goiano. Seguindo a tendência do resto do país, na mistura de povos indígenas, africanos e europeus, mais tarde dos imigrantes e migrantes vindos de todas as partes do globo, Goiás reinventou a cada dia sua identidade. É um povo misturado, com fortes traços do sertanejo original e que contribuíram, cada qual a seu modo, na caracterização desse povo goiano. Goianos e Goianienses: A composição inicial da população de Goiás se deu por meio da convivência nem tão pacífica entre os índios que ali residiam e as levas de paulistas e portugueses que vinham em busca das riquezas minerais. Estes por sua vez, trouxeram negros africanos à tira colo para o trabalho escravista, moldando a costumeira tríade da miscigenação brasileira entre índios, negros e brancos, e todas as suas derivações. 1 IBGE. http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=go. 2 Wagner de Cerqueira e Francisco. http://alunosonline.uol.com.br/geografia/populacao-goias.html. 3 Governo do Estado de Goiás. http://www.goias.gov.br/paginas/conheca-goias/povo-goiano/. 1. A população goiana: povoamento, movimentos migratórios, densidade e distribuição demográfica. 2. Aspectos físicos do território goiano Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 2 Entretanto, a formação do caráter goiano vai além dessa visão simplista e adquiriu características especiais à medida que o espaço físico do Estado passou a ser ocupado. Até o início do século XIX, a maioria da população em Goiás era composta por negros. Os índios que habitavam o Estado ou foram dizimados pelo ímpeto colonizador ou migraram para aldeamentos oficiais. Segundo o recenseamento de 1804, o primeiro oficial, 85,9% dos goianos eram “pardos e pretos” e este perfil continuou constante até a introdução das atividades agropecuárias na agenda econômica do Estado. Havia no imaginário popular da época a ideia de sertão presente na constituição física do Estado. O termo, no entanto, remeteria a duas possibilidades distintas de significação: assim como na África, representava o vazio, isolado e atrasado, mas que por outro lado se apresentava como desafio a ser conquistado pela ocupação territorial. Essa ocupação viria acompanhada predominantemente pela domesticação do sertão segundo um modelo de trabalho familiar, cujo personagem principal, o sertanejo, assumiu para si a responsabilidade da construção do país, da ocupação das fronteiras e, por seguinte, da Marcha para o Oeste impulsionadora do desenvolvimento brasileiro. Registros da época dão conta de processos migratórios ao longo do século XIX e metade do século XX, com correntes migratórias de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Pará, resultando em uma ampla mestiçagem na caracterização do personagem sertanejo. O sertanejo, aí, habitante do vazio e isolado sertão, tinha uma vida social singela e pobre de acontecimentos. O calendário litúrgico e a chegada de tropas e boiadas traziam as únicas novidades pelas bocas de cristãose mascates. Nessa época, a significação da vida estava diretamente ligada ao campo e dele resultaram, segundo as atividades registradas nos arraias, o militar, o jagunço, o funcionário público, o comerciante e o garimpeiro. Ao longo do século XX, novas levas migratórias, dessa vez do sul e de estrangeiros começam a ser registradas no território goiano, de modo que no Censo do ano 2000, os cinco milhões de habitantes se declararam como 50,7% de brancos, 43,4% de pardos, 4,5% de negros e 0,24% de outras etnias. Goianos e muitas goianas Em termos de gênero, a população feminina sai na frente – em uma proporção de 98 homens para cada 100 mulheres. Reflexo também sentido na capital, Goiânia, com uma diferença de aproximadamente 60.287 pessoas. Indígenas: Quando os bandeirantes chegaram a Goiás, este território, que atualmente forma os Estados de Goiás e Tocantins, já era habitado por diversos grupos indígenas. Naquela época, ao verem suas terras invadidas, muitos foram os que entraram em conflito com os bandeirantes e colonos, em lutas que resultaram no massacre de milhares de indígenas, aldeamentos oficiais ou migração para outras regiões. A maioria dos grupos que viviam em Goiás pertencia ao tronco linguístico Macro-Jê, família Jê (grupos Akuen, Kayapó, Timbira e Karajá). Outros três grupos pertenciam ao tronco linguístico Tupi, família Tupi- Guarani (Avá-Canoeiro, Tapirapé e Guajajara). A ausência de documentação confiável, no entanto, dificulta precisar com exatidão a classificação linguística dos povos Goyá, Araé, Crixá e Araxá. Goyá Segundo a tradição, os Goyá foram os primeiros índios que a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva Filho encontrou ao iniciar a exploração aurífera e foram eles, também, que indicaram o lugar – Arraial do Ferreiro – no qual Bartolomeu Bueno estabeleceu seu primeiro arranchamento. Habitavam a região da Serra Dourada, próximo à Vila Boa, e quatro décadas após o início do povoamento desapareceram daquela região. Não se sabe ao certo seu destino e nem há registros sobre seu modo de vida ou sua língua. Krixá Seus limites iam da região de Crixás até a área do rio Tesouras. Como os Goyá, também desapareceram no início da colonização do Estado e não se sabe ao certo seu destino, sua cultura e sua língua. Araé Também não há muitos registros a respeito dos Araé. Possivelmente teriam habitado a região do rio das Mortes. Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 3 Araxá Habitavam o local onde se fundou a cidade de Araxá, que pertencia a Goiás e atualmente faz parte do território de Minas Gerais. Kayapó Filiados à família linguística Jê, subdividiam-se em Kayapó do Sul, ou Kayapó Meridionais, e Kayapó Setentrionais. Os Kayapó dominavam todo o sul da capitania de Goiás. Havia aldeias na região de rio Claro, na Serra dos Caiapós, em Caiapônia, no alto curso do rio Araguaia e a sudeste, próximo ao caminho de Goiás a São Paulo. Seu território estendia-se além dos limites da capitania de Goiás: a oeste, em Camapuã, no Mato Grosso do Sul; a norte, na região entre o Xingu e o Araguaia, em terras do Pará; a leste, na beira do rio São Francisco, nos distritos de Minas Gerais; e ao sul, entre os rios Paranaíba e Pardo, em São Paulo. Dedicavam-se à horticultura, à caça e à pesca, além de serem conhecidos como povo guerreiro. Fizeram ampla resistência à invasão de suas terras e foram registrados vários conflitos entre eles e os colonos. Vítimas de perseguições e massacres, foram também extintos no Estado de Goiás. Akwen Os Akwen pertencem à família Jê e subdividem-se em Akroá, Xacriabá, Xavante e Xerente: - Akroá e Xacriabá: habitavam extenso território entre a Serra Geral e o rio Tocantins, as margens do rio do Sono e terras banhadas pelo rio Manoel Alves Grande. Estabeleceram-se, também, além da Serra Geral, em solo baiano e nas ribeiras do rio São Francisco, nos distritos de Minas Gerais. Depois de vários conflitos com os colonos que se estabeleceram em suas terras, foram levados para o aldeamento oficial de São Francisco Xavier do Duro, construído em 1750. Os Akroá foram dizimados mais tarde e os Xacriabá encontram-se atualmente em Minas Gerais, sob os cuidados da Funai. - Xavante: Seu território compreendia regiões do alto e médio rio Tocantins e médio rio Araguaia. Tinham suas aldeias distribuídas nas margens do Tocantins, desde Porto Imperial até depois de Carolina, e a leste, de Porto Imperial até a Serra Geral, limites das províncias de Goiás (antes da divisão) e Maranhão. Havia também aldeias na bacia do rio Araguaia, na região do rio Tesouras, nos distritos de Crixás e Pilar, e na margem direita do rio Araguaia. Na primeira metade do século XIX entraram em conflito com as frentes agropastoris que invadiam seus territórios e, após intensas guerras, migraram para o Mato Grosso, na região do rio das Mortes, onde vivem atualmente. - Xerente: Este grupo possuía costumes e língua semelhante aos Xavantes e há pesquisadores que acreditam que os Xerentes são uma subdivisão do grupo Xavante. Os Xerentes habitavam os territórios da margem direita do rio Tocantins, ao norte, no território banhado pelo rio Manoel Alves Grande, e ao sul, nas margens dos rios do Sono e Balsas. Também viviam nas proximidades de Lageado, no rio Tocantins, e no sertão do Duro, nas proximidades dos distritos de Natividade, Porto Imperial e Serra Geral. Seus domínios alcançavam as terras do Maranhão, na região de Carolina até Pastos Bons. Como os Xavante, também entraram em intenso conflito com as frentes agropastoris do século XIX e, atualmente, os Xerente vivem no Estado de Tocantins. Karajá Os grupos indígenas Karajá, Javaé e Xambioá pertencem ao tronco linguístico Macro-Jê, família Karajá, compartilhando a mesma língua e cultura. Viviam nas margens do rio Araguaia, próximo à Ilha do Bananal. Ao longo do século XIX, entraram em conflito com as guarnições militares sediadas no presídio de Santa Maria, sendo que os Karajá de Aruanã são a única aldeia do grupo que atualmente vivem no Estado de Goiás. Timbira Eram bastante numerosos e habitavam uma vasta região entre a Caatinga do Nordeste e o Cerrado, abrangendo o sul do Maranhão e o norte de Goiás. Ao longo do século XIX, devido à expansão pecuária, entraram em conflitos com os criadores de gado que invadiam suas terras. O grupo Timbira é formado pelas etnias Krahô, Apinajé, Gavião, Canela, Afotogés, Corretis, Otogés, Porecramecrãs, Macamecrãs e Temembus. Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 4 Tapirapés Pertencem ao tronco linguístico Tupi, família Tupi-Guarani. Este grupo inicialmente habitava a oeste do rio Araguaia e eventualmente frequentavam a ilha do Bananal. Com o passar do tempo, se estabeleceram ao longo do rio Tapirapés, onde atualmente ainda vivem os remanescentes do grupo. Avá-Canoeiro Pertencentes ao tronco linguístico Tupi, os Avá-Canoeiro habitavam as margens e ilhas dos rios Maranhão e Tocantins, desde Uruaçu até a cidade de Peixe, em Tocantins. Entre meados do século XVIII e ao longo do século XIX, entraram em graves conflitos com as frentes agropastoris que invadiam suas terras. Atualmente, os Avá-Canoeiro do Araguaia vivem na Ilha do Bananal, na aldeia Canoanã, dos índios Javaés, e os Avá-Canoeiro do Tocantins vivem na Serra da Mesa, município de Minaçu. Cercado de histórias e culturas que aproveitaram das características naturais herdadas na consolidação do território, o Estado de Goiás se desenvolveu reunindo etnias e tradições diversas. Nesse ambiente dominado pelo Cerrado, apresentou a medida necessária para afirmar sua identidade reconhecida entre pequis e pamonhas, tropas e boiadas, indo até o agronegócio e a prestação de serviços4.Aliado a antíteses complementares, apresentou a centelha formadora do desenvolvimento dentro do Centro-Oeste brasileiro, de forma moderna e atual, sem, por outro lado, perder as ligações com sua história e com seu solo do sertão. Aspectos físicos5 Centralizado no coração do território brasileiro, o Estado de Goiás apresenta vasta diversidade de paisagens e nuances que o tornam único. Em seu solo estão as bases do desenvolvimento, explicado em parte pela distribuição mineral, requisito do desenvolvimento extrativista, e mais além pela caracterização do principal bioma que o compõe, o Cerrado. O clima, nesse sentido é propício ao desenvolvimento, visto pela alternância entre quente e úmido ou frio e seco, e suas águas abrigam a centelha das principais bacias hidrográficas que alimentam a agricultura e propiciam o desenvolvimento econômico de boa parte do país. Clima O clima goiano é predominantemente tropical, com a divisão marcante de duas estações bem definidas durante o ano: verão úmido, nos meses de dezembro a março, e inverno seco, predominante no período de junho a agosto. De acordo com o Sistema de Meteorologia e Hidrologia da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Simehgo/Sectec), a temperatura média varia entre 18ºC e 26ºC, com amplitude térmica significativa, variando segundo o regime dominante no Planalto Central. Estações No mês de setembro, com o início da primavera, as chuvas passam a ser mais intensas e frequentes, marcando o período de transição entre as duas estações protagonistas. As pancadas de chuva, no final da tarde ou noite, ocorrem em decorrência do aumento do calor e da umidade que se intensificam e que podem ocasionar raios, ventos fortes e queda de granizo. No verão, coincidente a alta temporada de férias no Brasil, há a ocorrência de dias mais longos e mudanças rápidas nas condições diárias do tempo, com chuvas de curta duração e forte intensidade, acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento. Há ainda o registro de veranicos com períodos de estiagem com duração de 7 a 15 dias. Há registros do índice pluviométrico oscilando entre 1.200 e 2.500 mm entre os meses de setembro a abril. No outono, assim como na primavera, há o registro de transição entre estações o que representa mudanças rápidas nas condições de tempo com redução do período chuvoso. As temperaturas tornam- se mais amenas devido à entrada de massas de ar frio, com temperaturas mínimas variando entre 12ºC e 18º C e máximas de 18º C e 28º C. A umidade relativa do ar é alta com valores alcançando até 98%. Já o inverno traz o clima tipicamente seco do Cerrado, com baixos teores de umidade, chegando a valores extremos e níveis de alerta em algumas partes do Estado. Há o registro da entrada de algumas massas de ar frio que, dependendo da sua trajetória e intensidade, provocam quedas acentuadas de temperatura, especialmente à noite, apesar dos dias serem quentes, propícios à alta temporada de férias no Rio Araguaia. 4 Informações disponíveis no site oficial do Governo do Estado de Goiás. http://www.goias.gov.br/. 5 Superintendência de Estatísticas, Pesquisa e Informações Socioeconômicas – Secretaria de Gestão e Planejamento (Sepin/Segplan). Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 5 Hidrografia Engana-se quem pensa que as características de vegetação de savana, típicas do Cerrado, são reflexos de escassez de água na região. Pelo contrário, Goiás é rico em recursos hídricos, sendo considerado um dos mais peculiares e abundantes Estados brasileiros quanto à hidrografia. Graças ao seu histórico geológico constituído durante milhões de anos, foram depositadas várias rochas sedimentares, entre elas o arenito de alta porosidade e alta permeabilidade, que permitiram a formação de grandes cursos d’água e o depósito de parte de grandes aquíferos, como o Bambuí, o Urucuia e o Guarani, este último um dos maiores do mundo, com área total de até 1,4 milhão de km². Centro das águas Nascem, em Goiás, rios formadores das três mais importantes bacias hidrográficas do país. Todos os cursos d’água no sentido Sul-Norte, por exemplo, são coletados pela Bacia Amazônica, dos quais destacam-se os rios Maranhão, Almas e Paraná que dão origem ao Rio Tocantins, mais importante afluente econômico do Rio Amazonas. No mesmo sentido, corre o Rio Araguaia, de importância ímpar na vida do goiano e que divide Goiás com os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegando em Tocantins ao encontro do outro curso que leva o nome daquele Estado, no Bico do Papagaio. A Bacia do Rio São Francisco tem entre seus representantes os rios Entreribeiro, Paracatu e Preto, os quais nascem próximos ao Distrito Federal e seguem em direção ao Nordeste do país. Enquanto que, por outro lado, corre o rio Corumbá, afluente do Paranaíba, formador da Bacia do Paraná que segue rumo ao Sul, pontilhado dentro de Goiás por hidrelétricas, o que denota seu potencial energético para o Estado. Serra da Mesa Em Goiás também está localizado o lago artificial da Usina de Serra da Mesa, no Noroeste do Estado. Considerado o quinto maior lago do Brasil (1.784 km² de área inundada), é o primeiro em volume de água (54,4 bilhões de m³) e, formado pelos rios Tocantins, Traíras e Maranhão, atrai importantes atrativos turísticos para a região, com a realização de torneios esportivos e de pesca, além da geração de energia elétrica. Relevo Goiás está situado sobre o Planalto Central Brasileiro e abriga em suas terras um mosaico de formações rochosas distintas quanto à idade e à composição. Resultado de um processo de milhões de anos da evolução de seus substratos, o solo goiano foi favorecido com a distribuição de regiões planas, o que favoreceu a ocupação do território, além da acumulação de metais básicos e de ouro, bem como gemas (esmeraldas, ametistas e diamantes, entre outros) e metais diversos, que contribuíram para a exploração mineral propulsora da colonização e do desenvolvimento dos núcleos urbanos na primeira metade do século XVIII. O processo de formação do relevo e de decomposição de rochas explica, ainda, a formação de solos de fertilidade natural baixa e média (latossolos) predominantes na maior parte do Estado, e de solos podzólicos vermelho-amarelo, terra roxa estruturada, brunizém avermelhado e latossolo roxo, que apresentam alta fertilidade e se concentram nas regiões Sul e Sudoeste do Estado, além do Mato Grosso Goiano. A distribuição de ligeiras ondulações e o relevo esculpido entre rochas salientaram ainda a caracterização do curso de rios, formadores de aquíferos importantes das bacias hidrográficas sul- americanas e que fazem do Estado um dos mais abundantes em recursos hídricos. Associados a esses processos, a vegetação rala do Cerrado também contribui para o processo de erosão e da formação de grutas, cavernas e cachoeiras, que associadas às chapadas e poucas serras presentes no Estado, configuram opções de lazer e turismo da região. Potencial Mineral do Estado de Goiás Água mineral Água termal Areia e Cascalho Argila Ametista Amianto Basalto Berilo Calcário Agrícola Calcário Dolomítico Cobre, Ouro e Prata Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 6 Diamante industrial Esmeralda Filito Fosfato Gnaisse Granito Granodiorito Granulito Manganês Mecaxisto Níquel e Cobalto Quartzito Titânio Vermiculita Xisto O Cerrado É praticamente impossível visitar Goiás e não ouvir falar nele. Considerado o segundo maior bioma brasileiro, atrás apenas da Floresta Amazônica, o Cerrado tem grande representatividade no território goiano. Apesar do elevado nível de desmatamento registrado no Estado desde a criação de Brasília e a abertura deestradas, na década de 1960, e da expansão da fronteira agrícola, décadas de 1970 e 1980, Goiás conseguiu manter reservas da mata nativa em algumas regiões, até hoje alvo de discussões entre fazendeiros e ambientalistas. No entanto, o velho argumento utilizado para sua derrubada de que os troncos retorcidos e pequenos arbustos são sinais de pobreza da biodiversidade finalmente caiu por terra. Na totalidade, incluindo as zonas de transição com outros biomas, o Cerrado abrange 2.036.448 km², o equivalente a 23,92% do território brasileiro, ou à soma das áreas de Espanha, França, Alemanha, Itália e Reino Unido (Fonte: WWF Brasil). E se considerada sua diversidade de ecossistemas, é notório o título de formação com savanas mais rica em vida a nível mundial, uma vez que sua área protege 5% de todas as espécies do planeta e três em cada dez espécies brasileiras, muitas delas só encontradas aqui. Variedade de paisagens em um só bioma Tipicamente, o Cerrado é conhecido por apresentar árvores de pequeno porte – até 20 metros –, esparsas em meio a arbustos e distribuídas sobre uma vegetação baixa, constituída em geral por gramíneas. No entanto, dependendo da formação geológica e do solo no qual o Cerrado finca suas raízes profundas, suas características podem variar bastante apresentando vasta diversidade de paisagens. São elas: Formação do Terciário ou Cachoeirinha: local onde ocorriam os campos limpos, formados por gramíneas, chamados também de chapadão. Localizava-se na região de Jataí, Mineiros e Chapadão do Céu e sua vegetação original, hoje, encontra-se totalmente substituída por campos de soja; Grupo Bauru: de solo arenoso de média fertilidade, é onde aparece o chapadão. De solo relativamente plano, também foi transformado em lavoura, em geral de cana ou pastagens, e corresponde às áreas que vão de Jataí e do canal de São Simão até o Aporé; Formação Serra Geral: aqui o Cerrado dá lugar à mata ciliar, de terra fértil, que foi transformada no decorrer do tempo em roças de subsistência. Ocorrem em geral nos valos dos rios e foram substituídas por culturas de banana ou café, além das invernadas destinadas à engorda de bois; Formação Botucatu: o Cerrado propriamente dito é encontrado neste tipo de formação, rico em frutos e animais silvestres. Apresenta baixa fertilidade e boa parte de sua área foi subjugada por criadores de gado. É encontrada às margens do Rio Verde, entre Mineiros e Serranópolis, e do Rio Paraíso, em Jataí; Formação de Irati: vegetação de solos acidentados, é em geral bem fértil, cedendo lugar a matas de peroba-rosa de onde se retira calcário para correção de solos. Pode ser encontrada em Montividiu, Perolândia e Portelândia; Formação Aquidauana: Cerrado ralo de árvores altas, solos rasos e arenosos. Era encontrada na Serra do Caiapó e adjacências antes de ser transformado em pastagens; Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 7 Formação Ponta Grossa: de solos inconstantes, apresenta Cerrado diversificado. É encontrado em Caiapônia, Doverlândia e confluências; Formação Furnas: Cerrado intercalado com matas de aroeira. De solo acidentado, é arenoso e de média fertilidade. Berço das águas No setor de geração de energia, sete em cada dez litros das águas que passam pelas turbinas da usina de Tucuruí (PA) vêm do Cerrado, bem como metade da água que alimenta Itaipu (PR). No caso da hidrelétrica de Sobradinho (BA), o montante é de quase 100%. De forma geral, nove em cada dez brasileiros consomem eletricidade produzida com águas do bioma. Vegetação/Flora A vegetação típica do Cerrado possui troncos retorcidos, de baixo porte, com cascas espessas e folhas grossas. Em geral, as raízes de suas árvores são pivotantes, ligadas ao lençol freático o que pode propiciar seu desenvolvimento para até 15 metros de profundidade. É comum, assim, ouvir dizer que o Cerrado é uma floresta invertida. Isso deve a essa característica subterrânea de boa parte do corpo das plantas, explicada pela adaptação das espécies às queimadas naturais verificadas no inverno seco de Goiás. Além disso, seus ramos exteriores apresentam um ciclo de dormência, no qual as folhas se desprendem e também resguardam a planta do fogo para depois renascerem, com chuva ou não. Em geral a florescência é registrada nos meses de maio a julho, com o aparecimento de frutos ou vagens até agosto. Diversidade Em todo o Cerrado já foram registradas em torno de 11,6 mil tipos de plantas, com mais de cinco mil espécies endêmicas da área. Destacam-se no Estado a presença do pequi (Caryocar brasiliense), do jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa), do buriti (Mauritia flexuosa), do cajueiro-do-campo (Anacardium humile) e da canela-de-ema (Vellozia flavicans). Também aparecem no rol das espécies características do bioma a cagaita (Eugenia dysenterica), a mangaba (Hancornia speciosa), o ipê-amarelo (Tabebuia ochracea) e do baruzeiro (Dipteryx alata), entre várias outras. Do final do período monárquico até 1930 o povoamento se intensifica graças à atividade agrícola e à construção de ferrovias, que contribuiu para o desenvolvimento das regiões sul, sudeste e sudoeste do estado. Novos povoados se formam a partir de 1888 e, até 1930, 12 novos municípios são constituídos e posteriormente derrubados por índios daquela região6. A Primeira República Em 1870 a população já era de 200.000 pessoas. Em 1915, pela primeira vez é tentada a colonização europeia, através do estabelecimento da colônia alemã de Uvá e Itapirapuã, o que acaba sem sucesso. A navegação fluvial, que era prospera no século anterior, ainda era expressiva nos primeiros anos da república. As comunicações com o sul melhoram à medida que se expandem os trilhos. Até o final da primeira década do século o intercâmbio se fazia através de Araguari, para onde os produtos goianos eram levados por burros. Em 1913, Goiandira é servida pela estrada de ferro, mas somente em 1930 é estendida até Bonfim hoje Silvânia. Em 1926, um século após a construção do Hospital de São Pedro de Alcântara de Vila Boa (Goiás (município)) em 1825, é instalado o segundo hospital do estado, em Anápolis, antigo Santana das Antas, um dos povoados emancipados de Pirenópolis, o Hospital Evangélico Goiano. Ao final da primeira república a renda total do Estado ainda era baixa, cerca de cinco mil contos. 6 http://www.goias.gov.br/ http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/goias/goiania.pdf 2. História política de Goiás. 2.1. O Coronelismo na República Velha. 2.2. Dinâmica política regional: partidos e movimentos sociais. 2.3. Ditadura Militar em Goiás e a transição democrática. 2.4. A política de 1930 até os dias atuais Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 8 O Coronelismo Em decorrência da agropecuária extensiva formaram-se os latifúndios, com suas implicações econômicas e sociais. No campo predominaram características semifeudais. No norte, região mais desabitada, reinou certa instabilidade, motivada pelo banditismo de jagunços e pela luta dos coronéis. Os clãs que se formaram ao longo do império dominaram a vida política. Os vícios eleitorais e coronelismo consequentes à estrutura econômico-social, somados à política dos governadores implantada por Campos Sales, deram origem às oligarquias que se sucedem até 1930 José Leopoldo de Bulhões Jardim, Sebastião Fleury Curado, Eugênio Rodrigues Jardim e Antônio Ramos Caiado. Esses clãs tinham como característica um sobreposição sobre os poderes legislativo e judiciário, onde as relações de vassalagem pelo voto caracterizam a política da época, devido ao famoso "voto de cabresto". A oposição se estruturou em função dascontradições interpartidárias, da reação no plano nacional, pelos movimentos de 1922 e 1924 e do contato com o tenentismo do sudoeste goiano. Sua liderança foi assumida por intelectuais e liberais aliados aos políticos dissidentes. Coligaram-se os movimentos aliancistas, e, com a vitória da revolução de 1930, a máquina eleitoral e administrativa cheia de falhas, que dominava o estado havia mais de trinta anos, começou a ser desarticulada. A intensificação da interiorização e a dinamização econômica caracterizaram o período posterior a 1930. O período Republicano A proclamação da República (15/11/1889) não alterou os problemas socioeconômicos enfrentados pela população goiana, em especial pelo isolamento proveniente da carência dos meios de comunicação, com a ausência de centros urbanos e de um mercado interno e com uma economia de subsistência. As elites dominantes continuaram as mesmas. As mudanças advindas foram apenas administrativas e políticas. A primeira fase da República em Goiás, até 1930, foi marcada pela disputa das elites oligárquicas goianas pelo poder político: Os Bulhões, os Fleury, e os Jardim Caiado. Até o ano de 1912, prevaleceu na política goiana a elite oligárquica dos Bulhões, liderada por José Leopoldo de Bulhões, e a partir desta data até 1930, a elite oligárquica dominante passa a ser dos Jardim Caiado, liderada por Antônio Ramos Caiado. A partir de 1891, o Estado começou a vivenciar certo desenvolvimento com a instalação do telégrafo em Goiás para a transmissão de notícias. Com a chegada da estrada de ferro em território goiano, no início do século XX, a urbanização na região sudeste começou a ser incrementada o que facilitou, também, a produção de arroz para exportação. Contudo, por falta de recursos financeiros, a estrada de ferro não se prolongou até a capital e o norte goiano, que permanecia praticamente incomunicável. O setor mais dinâmico da economia era a pecuária e predominava no estado o latifúndio. Com a revolução de 30, que colocou Getúlio Vargas na Presidência da República do Brasil, foram registradas mudanças no campo político. Destituídos os governantes, Getúlio Vargas colocou em cada estado um governo provisório composto por três membros. Em Goiás, um deles foi o Dr. Pedro Ludovico Teixeira, que, dias depois, foi nomeado interventor. Com a revolução, o governo adotou como meta trazer o desenvolvimento para o estado, resolver os problemas do transporte, da educação, da saúde e da exportação. Além disso, a revolução de 30 em Goiás deu início à construção de Goiânia. Movimentos sociais no campo7 Com a queda da ditadura getulista, trazendo ao Brasil um breve período de democracia que duraria até 1964, a emergência de ligas camponesas, de “associações”, de uniões trouxeram à cena política a luta dos trabalhadores rurais, que impuseram seu reconhecimento à sociedade, principalmente a partir do início dos anos 1950. Embora ainda localizadas e dispersas, essas lutas repercutiram fortemente nos centros de poder, fazendo da reforma agrária um importante eixo de discussão política. Em Goiás, ao longo da rodovia Belém-Brasília, desde a década de 50 já vinha ocorrendo uma colonização espontânea, com a ocupação de terras devolutas, ainda abundantes no norte do Estado. Porém, à medida que a frente pioneira ia avançando e obtendo a propriedade jurídica da terra, estes migrantes, que tinham a posse precária, tornaram-se vítimas da expansão do capital e do latifúndio. Diante do violento processo de expulsão de posseiros que se instalou no norte de Goiás, com o avanço do capital, os ocupantes expulsos tiveram poucas opções: migrar para áreas novas; trabalhar como assalariado nas fazendas; ou migrar para a cidade. Mesmo possuindo direitos sobre as terras devolutas, que foram ocupadas e trabalhadas com a finalidade de proporcionar os meios de sobrevivência à sua família, os posseiros não se preocupavam ou não tiveram condições de legalizarem suas terras. Acontece 7 Adaptado de Leonilde Sérvolo de Medeiros. Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 9 que o posseiro tem interesse apenas pela "terra de trabalho" e pouco se importa com a propriedade legal. Os posseiros, que abriram as matas com seu trabalho e que sempre tiveram suas posses respeitadas pelo vizinho, não se preocupavam em documentar as terras. Tornaram-se, portanto, vítimas fáceis dos grileiros, investidores e especuladores. Quando o governo estadual iniciou as ações discriminatórias das terras devolutas, por intermédio do Instituto do Desenvolvimento Agrário de Goiás (Idago), autarquia estadual criada em 1962, e da Procuradoria Geral do Estado, os grileiros se apressaram em falsificar títulos para se apoderarem das terras, mesmo que estivessem com posseiros. Nas regiões das chamadas “fronteiras agrícolas”, ou seja, regiões onde a floresta vinha sendo derrubada e novas áreas vinham sendo ocupadas ou transformadas em latifúndios, foram muitos os conflitos, opondo posseiros a grileiros que, com base em títulos por vezes falsificados, procuravam dar novo destino às terras, um destino que excluía a presença dos ocupantes como produtores autônomos e visava a produção através do sistema de monocultura. Essas tensões normalmente vieram na esteira da valorização das áreas e da transformação da terra em mercadoria. Alguns desses conflitos ganharam grande dimensão política no final dos anos 50, com destaque para a revolta de Formoso e Trombas. A Revolta de Trombas e Formoso ocorreu na região norte do estado de Goiás, de 1950 a 1957. A luta tinha de um lado camponeses sem terra e, do outro, grileiros. Os combates desenvolveram-se tanto no terreno da luta política institucional, quanto da luta armada propriamente dita. Ocupada nos anos 40 por migrantes vindos de diversos pontos do país, muitos atraídos pela propaganda em torno da Cango (Colônia Agrícola Nacional de Goiás), em Ceres; a partir do início dos anos 50, a área tornou-se objeto de grilagem. Os posseiros, ameaçados de despejo, resolveram resistir Já em 1957 a região estava toda organizada e sob controle dos posseiros que impediam a entrada dos jagunços, dos grileiros e da polícia na área. Finalmente conseguiram um acordo com o governo do Estado, que retirou a polícia e se comprometeu a titular as posses, sendo a associação a intermediária na indicação dos verdadeiros posseiros. Foi-lhes reconhecida uma área de dez mil quilômetros quadrados, onde, em 1961, já funcionavam três associações (Trombas e Formoso, Serra Grande e Rodovalho) e vinte e três conselhos. O controle dos posseiros sobre a região era inclusive eleitoral. Além de vereadores e até mesmo prefeitos, conseguiram eleger seu líder maior, José Porfírio, deputado estadual em 1962. Com o golpe militar, em 1964, os camponeses da região foram torturados e perseguidos. José Porfírio foi caçado e preso pelos militares e está desaparecido, desde a década de 70. O golpe militar de 1964 desmobilizou as organizações e movimentos, prendendo os principais líderes das Ligas. O governo militar promoveu, então, uma perseguição acirrada às Ligas Campesinas e suas lideranças. Criou o Estatuto da Terra, colocou o sindicalismo rural sob forte controle e promoveu o “desenvolvimento do campo” através da “modernização conservadora”, aniquilando qualquer reivindicação de reforma agrária no País. Na década de 70, com o estímulo dos incentivos fiscais e de outros favorecimentos do Estado ao capital, as áreas de fronteira agrícola sofreram novo surto de expansão do latifúndio. Isto, evidentemente, representou maior concentração fundiária e mais conflitos pela terra. O crescimento das grandes propriedades se deu mais nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde a estrutura fundiária já era concentrada. Especialmente nas áreas de influênciada Superintendência do Plano de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), na chamada Amazônia Legal, que abrange toda a região Norte e parte do Nordeste e do Centro-Oeste. A construção de Goiânia e o governo Mauro Borges A mudança da capital de Goiás já havia sido pensada em governos anteriores, mas foi viabilizada somente a partir da revolução de 30 e seus ideais de “progresso” e “desenvolvimento”. A região de Campinas foi escolhida para ser o local onde se edificaria a nova capital por apresentar melhores condições hidrográficas, topográficas, climáticas, e pela proximidade da estrada de ferro. No dia 24 de outubro de 1933 foi lançada a pedra fundamental. Dois anos depois, em 07 de novembro de 1935 foi iniciada a mudança provisória da nova capital. O nome “Goiânia”, sugerido pelo professor Alfredo de Castro, foi escolhido em um concurso promovido pelo semanário “O Social”. A transferência definitiva da nova capital, da Cidade de Goiás para Goiânia, se deu no dia 23 de março de 1937, por meio do decreto 1.816. Em 05 de julho de 1942, quando foi realizado o “batismo cultural”, Goiânia já contava com mais de 15 mil habitantes. A construção de Goiânia devolveu aos goianos a confiança em si mesmos, após um período de decadência da mineração, de isolamento e esquecimento nacional. Em vez de pensarem na grandeza do passado, começaram a pensar, a partir de então, na grandeza do futuro. A partir de 1940, Goiás passa a crescer em ritmo acelerado também em virtude do desbravamento do Mato Grosso Goiano, da campanha nacional de “Marcha para o Oeste” e da construção de Brasília. A Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 10 população do Estado se multiplicou, estimulada pela forte imigração, oriunda principalmente dos Estados do Maranhão, Bahia e Minas Gerais. A urbanização foi provocada essencialmente pelo êxodo rural. Contudo, a urbanização neste período não foi acompanhada de industrialização. A economia continuava predominantemente baseada no setor primário (agricultura e pecuária) e continuava vigente o sistema latifundiário. Com o impulso, na década de 50 foi criado o Banco do Estado e a CELG (Centrais Elétricas de Goiás S.A). O governo Mauro Borges (1960-1964) propôs como diretriz de ação um “Plano de Desenvolvimento Econômico de Goiás” abrangendo as áreas de agricultura e pecuária, transportes e comunicações, energia elétrica, educação e cultura, saúde e assistência social, levantamento de recursos naturais, turismo, etc., e criou as seguintes autarquias e paraestatais: CERNE (Consórcio de Empresas de Radiodifusão e Notícias do Estado), OSEGO (Organização de Saúde do Estado de Goiás), EFORMAGO (Escola de Formação de Operadores de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias), CAIXEGO (Caixa Econômica do Estado de Goiás), IPASGO (Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás), SUPLAN, ESEFEGO (Escola Superior de Educação Física de Goiás), CEPAIGO (Centro Penitenciário de Atividades Industriais de Goiás), IDAGO (Instituto de Desenvolvimento Agrário de Goiás), DERGO (Departamento de Estradas de Rodagem de Goiás), DETELGO, METAGO (Metais de Goiás S/A), CASEGO, IQUEGO (Indústria Química do Estado de Goiás), entre outras. Pós-Ditadura e Redemocratização Nos últimos 30 anos, o Estado de Goiás passou por profundas transformações políticas, econômicas e sociais. O fim da ditadura militar e o retorno da democracia para o cenário político foi representado pela eleição de Iris Rezende para governador, em 1982, com mais de um milhão de votos. Nesse campo, por sinal, Goiás sempre ofereceu quadros significativos para sua representação em nível federal, como pode ser observado no decorrer da “Nova República”, na qual diversos governadores acabaram eleitos senadores ou nomeados ministros de Estado. No campo econômico, projetos de dinamização econômica ganharam forma, partindo de iniciativas voltadas para o campo, como o projeto de irrigação Rio Formoso, iniciado ainda no período militar e, hoje, no território do Tocantins, até a construção de grandes estruturas logísticas, a exemplo do Porto Seco de Anápolis e a implantação da Ferrovia Norte-Sul. É válido, ainda, o registro de estímulos especiais para produção e a instalação de grandes indústrias no estado, a exemplo dos polos farmacêutico e automobilístico. As modificações econômicas, no entanto, deixaram os problemas sociais, que existiam no Estado, ainda mais acentuados, com o registro de um grande número de pessoas sem moradia digna e sem emprego. Essa situação mobilizou governantes e população a empreender ações concretas de forma a minimizar essas dificuldades, como programas de transferência de renda, profissionalização e moradia, além de programas de estímulos para que a população se mantivesse junto ao campo, evitando assim o êxodo rural. Com as mudanças políticas e a maior participação popular, vinda com o advento da redemocratização da vida política nacional, houve também uma maior exigência da sociedade em relação às práticas administrativas. O governo de Goiás passou por várias “reformas administrativas” e outras iniciativas nesse período, onde foram buscadas a racionalização, melhoria e moralização da administração pública. Nesse período, também, Goiás aumentou seu destaque quanto a produção no setor cultural, seja com a eleição da cidade de Goiás como patrimônio da humanidade ou com seus talentos artísticos sendo consagrados, como Goiandira de Couto, Siron Franco e Cora Coralina. O Césio-137 Goiás abriga em seu passado um dos episódios mais tristes da história brasileira. No ano de 1987, alguns moradores da capital saíram em busca de sucata e encontraram uma cápsula abandonada nas ruínas do Instituto Radiológico de Goiânia. Mal sabiam eles que naquele vasilhame havia restos de um pó radioativo mortal, o Césio-137. Inconsequentemente, a cápsula foi aberta por eles e manipulada, deixando milhares de vítimas e sequelas do pó azul brilhante, lacrado hoje, junto aos destroços do maior acidente radiológico do mundo, no depósito da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), em Abadia de Goiás. Separações – A Criação do Distrito Federal A construção e a inauguração de Brasília, em 1960, como capital federal, foi um dos marcos deixados na história do Brasil pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1960). Essa mudança, visando um projeto especifico, buscava ampliar a integração nacional, mas JK, no entanto, não foi o primeiro a propô-la, assim como Goiás nem sempre foi o lugar projetado para essa experiência. Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 11 Desejo de transferência (séc. XVIII e XIX) As primeiras capitais do Brasil, Salvador e Rio de Janeiro, tiveram como característica fundamental o fato de serem cidades litorâneas, explicado pelo modelo de ocupação e exploração empreendido pelos portugueses anteriormente no continente africano e asiático. À medida que a importância econômica da colônia aumentava para a manutenção do reino português, as incursões para o interior se tornavam mais frequentes. A percepção da fragilidade em ter o centro administrativo próximo ao mar, no entanto, fez que muitos intelectuais e políticos portugueses discutissem a transferência da capital da colônia – e até mesmo do império – para regiões mais interiores do território. Um dos mais importantes apoiadores desse projeto foi Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, em 1751. A transferência também era uma das bandeiras de movimentos que questionavam o domínio português, como a Inconfidência Mineira, ou de personagens que, após a independência do Brasil, desejavam o fortalecimento da unidade do país e o desenvolvimento econômico das regiões interioranas, como o Triângulo Mineiro ou o Planalto Central. Com a primeira constituiçãorepublicana (1891), a mudança ganhou maior visibilidade e mais apoiadores, tanto que em seu 3º artigo havia determinação de posse pela União de 14.400 quilômetros quadrados na região central do país pra a futura instalação do Distrito Federal. Comissão Cruls e as décadas seguintes Depois da Proclamação da República em 1889, o país se encontrava imerso em um cenário de euforia com a mudança de regime e da crença no progresso e no futuro. Para definir o lugar onde se efetivaria a determinação da futura capital, em 1892, o presidente Floriano Peixoto criou uma comissão para concretizar esses estudos, chefiada pelo cientista Luis Cruls, de quem a expedição herdou o nome. A expedição partiu de trem do Rio de Janeiro até Uberaba (estação final da Estrada de Ferro Mogiana) e dali a pé e em lombo de animais até o Planalto Central. Com pesquisadores de diversas áreas, foi feito um levantamento amplo (topográfico, climatológico, geográfico, hidrológico, zoológico etc.) da região, mapeando-se a área compreendida pelos municípios goianos de Formosa, Planaltina e Luziânia. O relatório final permitiu que fosse definida a área onde futuramente seria implantada a capital. Uma segunda missão de estudos foi empreendida nos locais onde a implantação de uma cidade seria conveniente dentro do quadrilátero definido anteriormente. A saída de Floriano Peixoto do governo em 1896 fez com que os trabalhos da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil fossem interrompidos. No entanto, mesmo não contando com a existência de Goiânia, os mapas nacionais já traziam o “quadrilátero Cruls” e o “Futuro Distrito Federal”. Apesar do enfraquecimento do ímpeto mudancista, eventos isolados deixavam claro o interesse de que essa região recebesse a capital da federação. Em 1922, nas comemorações do centenário da Independência nacional, foi lançada a pedra fundamental próximo à cidade de Planaltina. Na década de 1940, foram retomados os estudos na região pelo governo de Dutra (1945-50) e, no segundo governo de Getúlio Vargas (1950-1954), o processo se mostrou fortalecido com o levantamento de cinco sítios para a escolha do local da nova capital. Mesmo com a morte de Vargas, o projeto avançou, mas a passos lentos, até a posse de Juscelino Kubitschek. Governo JK Desde seu governo como prefeito de Belo Horizonte (também projetada e implantada em 1897), Juscelino ficou conhecido pela quantidade e o ímpeto das obras que tocava, sendo chamado à época de “prefeito-furacão”. O projeto de Brasília entrou no plano de governo do então presidente como uma possibilidade de atender a demanda da época. Mesmo não constando no plano original, ao ser questionado sobre seu interesse em cumprir a constituição durante um comício em Jataí-GO, Juscelino sentiu-se impelido a criar uma obra que garantisse a obtenção dos objetivos buscados pela sociedade brasileira na época: desenvolvimento e modernização do país. Entrando como a meta 31 – posteriormente sendo chamada de “meta síntese” – Brasília polarizou opiniões. Em Goiás existia interesse na efetivação da transferência, apesar da oposição existente em alguns jornais, assim como no Rio de Janeiro, onde ocorria uma campanha aberta contra os defensores da “Nova Cap” (nome da estatal responsável por coordenar as obras de Brasília e que, por extensão, virou uma alusão a própria cidade). Com o compromisso assumido por JK em Jataí, Brasília passou a materializar-se imediatamente, mas a cada passo político ou técnico dado, uma onda de acusações era lançada contra a iniciativa. Construída em pouco mais de 3 anos (de outubro de 1956 a abril de 1960), Brasília tornou-se símbolo do espírito da época. Goiás, por outro lado, tornou-se a base para a construção, sendo que Planaltina, Formosa, Corumbá de Goiás, Pirenópolis e, principalmente, Anápolis tiveram suas dinâmicas modificadas, econômica e socialmente. Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 12 Separações – A Criação do Tocantins Em 1988, foi aprovado pela Assembleia Nacional Constituinte o projeto de divisão territorial que criou o Estado do Tocantins. A divisão partia do desmembramento da porção norte do Estado de Goiás, desde aproximadamente o paralelo 13°, até a região do Bico do Papagaio, na divisa do Estado com o Pará e o Maranhão. No entanto, a divisão vinha sendo buscada desde o período colonial. A comarca do Norte A ocupação da porção norte da província de Goiás era feita a medida em que se descobria ouro. Para estimular o desenvolvimento dessa parte da província e melhorar a ação do governo e da justiça, foi proposta a criação de uma nova comarca, a “Comarca do Norte” ou “Comarca de São João das Duas Barras”, por Teotônio Segurado, ouvidor-geral de Goiás, em 1809. A proposta foi aceita por D. João VI e, em 1915, Teotônio Segurado se tornou ouvidor na Vila da Palma, criada para ser a sede dessa nova Comarca. Com o retorno da Família Real para Portugal, as movimentações pela independência do Brasil e a Revolução do Porto (em Portugal), Teotônio Segurado, junto com outras lideranças declaram a separação da Comarca do Norte em relação ao sul da província, criando-se a “Província do Norte”. Em 1823, é pedido o reconhecimento da divisão junto à corte no Rio de Janeiro, mas esse reconhecimento foi negado, e houve a determinação para que houvesse a “reunificação” do governo da província. O padre Luiz Gonzaga Camargo Fleury ficou encarregado de desmobilizar com os grupos autonomistas, que já estavam enfraquecidos por conflitos internos desde o afastamento de Teotônio Segurado, ainda em 1821, como representante goiano junto as cortes em Portugal. Durante o período imperial, outras propostas de divisão que contemplavam de alguma forma o norte de Goiás ainda foram discutidas, como a do Visconde de Rio Branco e Adolfo Varnhagen. O começo do século XX e a Marcha para Oeste Com a Proclamação da República, mudam-se os nomes das unidades federativas de “Província” para “Estado”, mas não houveram grandes alterações na delimitação de divisas. As principais alterações ocorreram no Sul do país (com o conflito do Contestado entre Santa Catarina e Paraná) e no Nordeste. Entretanto, esse cenário ganha nova dinâmica com o começo da II Grande Guerra (1939), quando surgem pressões para a criação de territórios fronteiriços (Ponta Porã, Iguaçu, Amapá, Rio Branco, Guaporé e Fernando de Noronha), para proteção contra possíveis ataques estrangeiros. Nesse contexto, também surge um movimento pela ocupação dos vazios internos – a Marcha para Oeste – com a abertura de linhas telegráficas, pistas de pouso e construção de cidades, a exemplo de Goiânia. Apenas na década de 1950 o movimento divisionista ressurge com maior força, a partir da mobilização personagens como o Major Lysias Rodrigues e o Juiz de Direito Feliciano Braga. É dessa época (1956) a chamada “Carta de Porto Nacional” ou “Proclamação Autonomista de Porto Nacional”, que norteou esse esforço. Mas a oposição de lideranças políticas da região e a transferência do juiz Feliciano Braga para outra comarca, fez com que o movimento enfraquece-se. Décadas de 1970 e 1980 Durante o período do regime militar, as modificações na organização territorial dos estados ficaram a cargo do Governo Central, e acabaram regidas por orientações políticas. Exemplos fortes disso foram a fusão do Estado da Guanabara, pelo Rio de Janeiro (1975), e o desmembramento do Sul do Mato Grosso (1977). Nesse contexto, o deputado federal Siqueira Campos iniciou uma campanha na Câmara onde pedia a redivisão territorial da Amazônia Legal (com ênfase no norte goiano), uma vez que mesmo com investimentos de projetos como o Polocentro e Polamazônia, o norte do estado ainda tinha fraco desempenho econômico. A campanha também foi apoiada por intelectuais, por meio do surgimentoda Comissão de Estudos do Norte Goiano (Conorte), em 1981, que promoveu debates públicos sobre o assunto em Goiânia. A discussão pela divisão foi levada do nível estadual para o nível federal, onde a proposta foi rejeitada duas vezes pelo presidente José Sarney (1985), sob a alegação do Estado ser inviável economicamente. A mobilização popular e política da região norte fizeram com que o governador eleito de Goiás, em 1986, Henrique Santillo, apoiasse a proposta de divisão, passando a ser grande articulador da questão. A efetivação dessas articulações deu-se durante a Assembleia Constituinte, que elaborou a nova Constituição Nacional, promulgada em 1988, e que contemplou a criação do Estado do Tocantins, efetivamente, a partir do dia 1º de janeiro de 1989. Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 13 Mineração no Século XVIII A necessidade de escravos para o trabalho nos canaviais e a busca de almas para a catequese, levou muitos paulistas e jesuítas a adentrarem o interior da colônia para a obtenção de mão-de-obra. Juntamente com a busca por escravos, as expedições que partiam para interior do Brasil buscavam ouro e pedras preciosas. Com a descoberta de jazidas auríferas na região das Minas Gerais e de Cuiabá, o interesse em encontrar novos locais de exploração aumentou, incentivando a formação de novas expedições. Em 1722 o bandeirante Bartolomeu Bueno, conhecido como Anhanguera, partiu em busca de novas minas, encontrando jazidas nas margens do rio Vermelho, em Goiás. O ouro encontrado em Goiás, de aluvião, era proveniente de jazidas sedimentares e se encontrava misturado ao cascalho no fundo dos rios, e às vezes nas margens, por isso era de fácil extração, não exigindo muitas técnicas e equipamentos. A descoberta das minas deu origem ao povoamento, que ocorreu de maneira bastante acentuada. A busca pelo ouro direcionou o fluxo migratório para a região, já que no litoral havia certa pressão socioeconômica no sentido de deslocar contingentes populacionais para as áreas interioranas. Os novos habitantes se estabeleceram às margens do Rio Vermelho. Com o objetivo de novas descobertas auríferas, retorna Bueno ao território goiano em 1726 e detém- se na confluência dos rios Vermelho e Bugre, onde é levantada a primeira povoação goiana, o arraial da Barra. As descobertas auríferas se sucedem, próximas à Barra: Santana, origem de Vila Boa (1727). Na região dos Pireneus e junto ao rio das Almas afloram as minas de Meia Ponte (1731), atual Pirenópolis. As incursões se aprofundam pelo território e a zona do Tocantins é explorada, vindo à descoberta as mais ricas minas de Goiás: Maranhão (1730), Água Quente (1732), Traíras (1735) e Cachoeira (1736). Anteriormente, Domingos Rodrigues do Prado descobrira minas quase tão ricas quanto as do Tocantins, em Crixás (1734). No final da década de 1730, ainda se descobrem ricos veios na região montanhosa localizada entre o Tocantins e o sertão da Bahia: São Luís (Natividade) em 1734, São Félix (1736), Pontal, Porto Real (1738), Arraias, Cavalcanti (1740) e Pilar. Entre os anos de 1740 e 1750 ainda ocorrem alguns achados de expressão: Carmo (1746), Santa Luzia, Conceição, Bonfim, Caldas novas e Cocai (1749). O único critério direcionador do fluxo populacional era a descoberta de minas auríferas, elas atraiam as populações alucinadas pela ânsia de obter enriquecimento fácil e rápido de uma forma espetacular. Com a grande quantidade de ouro que foi extraído das minas, o Arraial, por sua importância econômica para a Coroa Portuguesa, foi elevado à categoria de Vila, e em meados de 1750 foi denominado de Vila Boa de Goiás. Até o ano de 1749, Goiás não existia, o território pertencia à capitania de São Paulo, somente a partir dessa data que surgiu a capitania de Goiás. Os principais povoados e arraiais surgiram no momento da mineração, no século XVII, constituíam-se de núcleos urbanos instáveis e irregulares, o primeiro governante enviado à nova capitania foi Dom Marcos de Noronha (Conde dos Arcos). A mineração em Goiás teve o seu ápice em 1750, de 1751 a 1770 a extração e exploração do ouro foi diminuindo drasticamente, do ano de 1770 adiante a mineração entrou em decadência, o que provocou o abandono de muitos povoados goianos. No fim do século XVIII, a capitania respondia por cerca de 20% da produção de ouro da colônia, o que representa uma média anual de 500 arrobas (entre 6 e 7,5 t), exportadas do Rio de Janeiro. Agropecuária A decadência do ciclo da mineração desencadeou fluxos e refluxos de correntes migratórias e de capital em escravos. O campo começa a ser povoado e as vilas despovoadas, sugerindo uma herança do sistema mercantil colonial, em que a decadência do sistema mercantil possibilitou o surgimento de uma nova economia agropecuária, assentada em uma produção diversificada de produtos agrícolas exportáveis, fortalecendo as atividades comerciais. A expansão da pecuária em Goiás, nas três primeiras décadas do século XIX, que alcançou relativo êxito, trouxe como consequência o aumento da população. A Província de Goiás recebeu correntes migratórias oriundas, principalmente, dos Estados do Pará, Maranhão, Bahia e Minas Gerais. Novas cidades surgiram: no sudoeste goiano, Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia (Rio Bonito), Quirinópolis (Capelinha), entre outras. No norte (hoje Estado do Tocantins), além do surgimento de novas cidades, as 3. Formação social e econômica de Goiás. 3.1. As bandeiras e a exploração do ouro. 3.2. A agricultura e a pecuária nos séculos XIX e XX. 3.3. A estrada de ferro e a modernização da economia goiana. 3.4. Industrialização, infraestrutura e planejamento Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 14 que já existiam, como Imperatriz, Palma, São José do Duro, São Domingos, Carolina e Arraias, ganharam novo impulso. Durante todo século XIX, a atividade produtiva dominante foi a pecuária bovina, principalmente porque dispensava maior volume de mão de obra. O gado era criado solto, em grandes invernadas, sendo que um só vaqueiro podia tomar conta de um grande número de animais. Mesmo sabendo que a agricultura e pecuária caminharam juntas por todo o século XIX e boa parte do século XX, a pecuária esteve sempre à frente por algumas razões: era o principal e único produto possível de ser exportado na época, pois o gado andava com suas próprias pernas, ou seja, mesmo de forma muito lenta dispensava o uso de transporte. Já os produtos de origem agrícola dependiam de transporte que não existia nesse período. O gado poderia ser comercializado a qualquer momento, portanto não existiam intervalos na produção, até porque, naquele momento, não existia a preocupação dos produtores em engordar os animais para comercializá-los, seria inútil devido à distância que os animais teriam que percorrer para chegar até o mercado consumidor. A partir do início da década de 1960 que começou realmente uma transformação mais profunda na estrutura produtiva da agropecuária goiana. Nessa época, segundo estimativas do IBGE, apenas 44% de toda a extensão do território goiano estava explorada pela produção agropecuária. Na década de 1960, Goiás experimentou um período onde a produção extensiva e sem capital dava lugar à produção mecanizada, tecnológica e com farto capital. Na esfera estadual, o Governador Mauro Borges criou o Plano de Desenvolvimento Econômico de Goiás e a Reforma Administrativa para dar dinamismo ao plano. Só para fomentar a agricultura e pecuária, o plano estabelecia investimentos da ordem de 15,4% do orçamento para criação de estações experimentais, zootécnicas; postos de sementes; equipar escritórios de extensão rural; incentivar a criação de reservas e conservação de forragens; incentivar estudos sobrecriação e conservação de pastagens; instalar a Escola Agrotécnica de Goiânia; criar escolas agrícolas; instalar postos de mecanização e escritórios de irrigação; construir e equipar rede de armazéns e silos; construir fábricas de rações balanceadas; instalar fábricas de produtos de correção do solo e fazer estudos agrogeológicos do território goiano. A situação de Goiás no fim do século XIX e a construção da ferrovia8 No final do século XIX e início do século XX, Goiás estava isolado, posicionado na porção central do Brasil e desprovido de meios que possibilitassem maiores relações interestaduais. A implantação de redes de transportes, principalmente as ferrovias, foi um elemento fundante para a emergência da modernização em Goiás. Os caminhos no período em que foi proclamada a república, em 1889, eram muito sinuosos. Os longos trechos com relevo irregular eram vencidos por dois meios de transportes: pelas tropas e pelo carro de bois. As viagens até Araguari-MG, ponta de linha da Estrada de Ferro Mogiana, duravam dias, excluindo a possibilidade de transporte de mercadorias perecíveis e tornando impraticável a produção de artigos agrícolas para o mercado. Pela ausência de infraestrutura de transportes, os fretes do sertão goiano para o Rio de Janeiro às vezes tinham valores iguais àqueles cobrados da Europa ao Brasil. Apesar das dificuldades encontradas tanto no campo político e econômico e também pela localização de Goiás, os trilhos começaram a ser construídos em direção às terras goianas na primeira década do século XX. A Companhia Estrada de Ferro Goiás foi criada em março de 1906 com capital privado e apoio do governo federal. A sua construção teve início em 1909 no município de Araguari-MG, e em 1911 o primeiro trecho da Estrada de Ferro Goiás foi inaugurado. Ele ligava a estação de Araguari, onde os trilhos da Mogiana haviam alcançado desde o ano de 1896, à localidade onde viria a ser construída a Estação Engenheiro Bethout (inaugurada em 1922), às margens do rio Paranaíba, na divisa de Minas Gerais com Goiás. Nesse mesmo ano foi inaugurada, já em solo goiano, a estação de Anhanguera e em 1913 as estações de Cumari, Veríssimo, Goiandira, Engenheiro Raul Gonçalves e Ipameri. Em 1914 outras estações foram inauguradas nos trechos seguintes da ferrovia, como exemplo de Inajá, Urutaí e Roncador. A estação de Roncador foi ponta de linha até 1922, ano em que se inaugurou a estação em Pires do Rio após a conclusão da ponte Epitácio Pessoa sobre o rio Corumbá. Durante oito anos as intermediações da estação de Roncador foram muito dinamizadas pelas atividades de um porto fluvial, que perdeu sua função com a conclusão da ponte. A implantação da ferrovia proporcionou a redução dos preços dos fretes e a melhoria do sistema de transporte, dinamizando a economia do território, principalmente na área de influência da ferrovia. As 8 Adaptado de Castilho, Denis Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 15 exportações agrícolas cresciam a partir do excedente de uma agricultura de subsistência. Nesse sentido, a ferrovia ampliou as possibilidades de circulação dos excedentes e dinamizou a prática agrícola. Com a implantação dos trilhos e a ligação com a região econômica mais dinâmica do Brasil, houve um crescente movimento ocupacional da porção sul de Goiás, sobretudo na área de influência da Ferrovia. Em 1900 a população de Goiás somava 270.000 habitantes. Em 1908 houve um incremento de apenas 10 mil habitantes. Em 1910, um ano após o início da construção da ferrovia, o estado registrou 340.000 habitantes. Em 1920 houve um crescimento de 66,42 % da população, com registro de 511.818 habitantes nesse ano. Além de influenciar o crescimento populacional, a ferrovia também favoreceu a posição de sua região de influência em relação ao sudeste brasileiro, aumentando a demanda de consumo e consequentemente as exportações. Até a década de 1910, a agricultura atendia as necessidades do autoconsumo local. Com a chegada dos trilhos, houve incremento na exportação de produtos agrícolas, como fumo, arroz, feijão, farinha de mandioca, mamona, caroço de algodão, etc. Em 1916 Goiás exportou 5.967.378 quilos de arroz para São Paulo por meio da Estrada de Ferro Goiás. Em 1922 foi registrado o número de 6.338.647 quilos para o mesmo produto. No caso do café houve um crescimento nas exportações pela ferrovia entre os anos 1921 e 1924 de 376,4%, com 417.473 quilos e 1.110.910 quilos em cada ano, respectivamente. O crescimento das exportações para a atividade pecuária também foi significativo. Em 1916 foram exportadas 7.021 cabeças de bois gordos. Nos dois anos seguintes foram exportados pela estrada de ferro 16.642 “vacuns” e 85.598 cabeças de bois, respectivamente. Conforme dados da revista A Informação Goyana, a década de 1920 foi um marco no crescimento das exportações de gado, uma vez que em 1923 foram exportadas 149.545 cabeças de bois e 10.509 cabeças de vacas, registrando um aumento de 53,4%. As transformações econômicas com a construção de Goiânia e Brasília A construção de Goiânia deve ser compreendida dentro do contexto do governo Vargas, ou seja, a busca da unidade nacional, diminuindo as particularidades regionais e fortalecendo o sentimento de nação brasileira. Ainda, o desejo regional de destituir a antiga capital Goiás correspondia aos novos tempos, uma vez que essa cidade era símbolo da aristocracia rural. Além disso, permitiu condições para o avanço de novas fronteiras agrícolas em direção ao Centro-Oeste. Após os anos 1930, o estado de Goiás experimentou uma verdadeira transformação econômica com a construção da ferrovia em Goiânia e a construção de Brasília (no governo de Juscelino Kubitschek, na década de 1950), e posteriormente com a implantação de rodovias importantes, como Belém-Brasília e a BR-153. A construção de rodovias e ferrovias ligavam a região ao restante do país, integrando-a definitivamente ao mercado consumidor e fornecedor do Sul e Sudeste. Junto a isso, o governo Vargas incentivou a articulação entre o campo e a indústria, integrando ao sistema capitalista de produção. O setor agropecuário era percebido como atrasado. Para tanto, investiu- se na formação de um mercado interno, na racionalização da pecuária com investimentos na melhoria genética das raças, no financiamento agropecuarista para a modernização da produção e vinculação aos grandes frigoríficos. Esses grandes frigoríficos, estabelecidos entre os anos 1910 e 1950, principalmente na cidade de Barretos (SP), eram os grandes compradores de gado do Planalto Central, estabelecendo uma relação cada vez mais estreita entre campo e a indústria. O incentivo à nacionalização do capital da indústria frigorífica, com a isenção de impostos, por exemplo, levou à instalação de inúmeras empresas de capital nacional na região do Centro-Oeste, em especial, em Goiás. Esse fato ajudou o desenvolvimento da região. As intervenções do Estado brasileiro para o desenvolvimento do interior do país levaram à expansão das pastagens plantadas e da agricultura comercial. Ancorada na soja, essa agricultura trouxe riquezas para Goiás, transformando-se em um grande produtor nacional, ajudando a elevar o país a maior produtor mundial de soja. 4. A construção de Goiânia e Brasília Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 16 História da Construção de Brasília9 As primeiras ideias Na época do Brasil Colônia, já havia a ideia de levar a capital do país para a região central, para evitar ataques pelo mar. Mas a possibilidade só começou a ganhar força no Império. Em 1823, José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como “Patriarca da Independência”, reforçou a proposta de levar a sededas decisões brasileiras para o interior do território e sugeriu pela primeira vez o nome “Brasília“. Em 1883, o sacerdote católico italiano Dom Bosco sonhou que visitava a América do Sul e, em seu relato, publicado no livro “Memórias Biográficas de São João Bosco”, relatou o que viu: Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse, então, uma voz repetidamente: – Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível. Marco Zero e Esplanada dos Ministérios em 30/09/1958. Foto: Arquivo Público do Distrito Federal A visão acabou sendo interpretada como uma premonição do local em que deveria ser construída a nova capital do Brasil. Mas ela começou a ser viabilizada somente em 1891, quando a determinação de sua área foi incluída na primeira Constituição da República brasileira. No ano seguinte, um grupo de cientistas foi enviado para explorar o Planalto Central e demarcar a área. Chefiada por Louis Ferdinand Cruls, a expedição ficou conhecida como “Missão Cruls”. Médicos, geólogos e botânicos compunham a equipe que fez um levantamento sobre a topografia, o clima, a geologia, a flora, a fauna e os recursos materiais da região. A área ficou conhecida como Quadrilátero Cruls, a primeira versão do “quadradinho”, como todo brasiliense chama o mapa da cidade. A pedra fundamental do novo centro do poder brasileiro foi lançada em 1922, no centenário da Independência, próximo a Planaltina, atual região administrativa do DF. Em 1956, com nova demarcação da futura capital, o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, deu início de fato à realização do projeto que durou séculos. Na mesma área das coordenadas que Dom Bosco apontou e às margens do Lago Paranoá, Brasília começou a ser erguida. O conceito Para organizar a logística da obra, foi criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), que lançou no mesmo ano o “Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil” com o objetivo de selecionar projetos urbanísticos para a construção da cidade. Dentre dezenas de propostas, a vencedora, do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, foi escolhida justamente pela simplicidade: a ideia, entregue em uma folha branca e desenhada a lápis, partiu do traçado de dois eixos cruzando-se em ângulo reto, como o sinal da cruz. Uma dessas linhas, o Eixo Rodoviário, tinha o traço levemente inclinado, o que dava à cruz a forma de um avião. Ele seria a via que leva às áreas residenciais – hoje, Asa Sul e Asa Norte. A outra linha, que representava o Eixo Monumental, abrigaria os prédios públicos e o palácio do Governo Federal no lado leste; a Rodoviária e a Torre de TV no centro, e os prédios do governo local no lado oeste. Lúcio Costa não só desenhou os traços que definiram a capital do país, mas também previu como seria a alma de Brasília, como afirmou no livro “Memória descritiva do Plano Piloto”: 9 GOVERNO DE BRASÍLIA. História. Governo de Brasília. Disponível em: < http://www.brasilia.df.gov.br/index.php/2015/10/21/historia/> Apostila gerada especialmente para: Lucelina Pereira de Araujo 363.490.541-72 . 17 Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país. Com o projeto urbanístico aprovado, Juscelino escolheu Oscar Niemeyer como o arquiteto responsável pela construção dos monumentos. O carioca foi autor das principais estruturas da cidade: o Congresso Nacional, os Palácios da Alvorada e do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília. Além da dupla Oscar e Lúcio, completavam o time que fez desta cidade um museu a céu aberto figuras inspiradas como Burle Marx, com jardins e praças, e Athos Bulcão, com os painéis de azulejos que são marca registrada da capital. O nascimento Em 21 de abril de 1960, Brasília nascia para o mundo e para a sua gente. Com os projetos urbanístico de Lúcio Costa e o arquitetônico de Oscar Niemeyer, surgia uma cidade sob formas inovadoras, diferente de tudo já feito até então. A data de seu nascimento, não foi coincidência: marcava o dia da morte de Tiradentes, um dos líderes mineiros que defendeu a independência do Brasil no século XVIII. O simbolismo ajudou a fortalecer em Brasília o ideal de liberdade de um povo e a coragem de uma nação, associando a inauguração à ideia de independência e rendendo homenagem aos inconfidentes que haviam sonhado com um Brasil livre. Conforme a construção de Brasília seguia em frente, foram surgindo pequenos acampamentos ao redor do Plano Piloto para abrigar os trabalhadores que vieram para construir a nova capital. O primeiro acampamento foi chamado de Cidade Livre, que hoje é o Núcleo Bandeirante. Os demais agrupamentos mais tarde tornaram-se inicialmente as cidades satélites que agora são as 31 regiões administrativas que compõem o Distrito Federal. A consagração Não são só os monumentos que fazem visitantes e turistas se renderam à grandeza da capital. Graças ao território plano e à ausência de grandes construções verticais, o céu de Brasília acabou conhecido como um dos mais bonitos do país, que, para muitos, praticamente substitui o mar ao emoldurar as construções de traços modernos e os largos espaços verdes que completam a paisagem. Por conta desse conjunto de beleza e da importância arquitetônica, Brasília recebeu em 1987 o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco. Foi o primeiro bem cultural contemporâneo a entrar nessa lista, figurando no mesmo patamar de importância das Pirâmides do Egito, a Grande Muralha da China, a Acrópole de Atenas, o Centro Histórico de Roma e o Palácio de Versalhes. A ocupação populacional em Goiás foi lenta e diversificada. Sua intensificação ocorreu com a descoberta do ouro a partir do século XVII. Com a formação da segunda expedição para desbravar as jazidas de ouro do estado, formaram-se alguns núcleos populacionais em torno das lavras auríferas, os quais se tornaram aglomerados urbanos. Antes do descobrimento do ouro em Goiás, inexistia modalidade produtiva no território que não fosse a dos silvícolas nativos. As pastagens extensivas surgiram juntamente com as primeiras minerações. O grande distanciamento, e a decorrente dificuldade de abastecimento, fizeram com que lavoura e pecuária coexistissem com a extração metalífera, que, por sua vez, servia como amenizadora das crises10. Com o declínio da mineração, os moradores foram abandonando os núcleos urbanos em direção ao campo e ruralizaram a vida social na maior parte do território. A lavoura e pecuária forneciam a possibilidade de ter um rendimento, e por esse motivo, o aumento da população em Goiás provém da exploração agropecuária. A tendência da população foi dirigir-se para as lavouras e produção agropastoril sustentada pela qualidade das terras goianas. Esses fatores condicionaram o aumento do número de estabelecimentos rurais. Goiás, no século XIX, tem como base de organização sócio produtiva, as propriedades rurais, ou seja, as fazendas. A apropriação do espaço goiano foi realizada por uma ocupação sem maiores ordenações ou formalidades. A interiorização do povoamento se deu na posse de terras, o que possibilitou para alguns a ocupação de grandes áreas. A Lei de Terras esbarrou na realidade socioeconômica de Goiás. Sua valorização impulsionava o interesse pela regularização da propriedade fundiária. Por outro lado, esse processo era caro, e a situação irregular possibilitava a incorporação
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