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Aspectos Semiológicos do Discurso

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Semiótica -  designação de origem anglo-saxã, proposta pelo filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce  (1839 - 1914).
Para Peirce, um signo é algo que, de algum modo, representa alguma coisa para alguém, dirige-se a alguém, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou um signo melhor desenvolvido.
Estes signos não são o próprio lápis, mas dependem da natureza do signo. Um signo ou representamen é tudo aquilo que, sob certo aspecto ou medida, está para alguém em lugar de algo. Ao dirigir-se a alguém, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo mais desenvolvido. Chamo esse signo que ele cria o interpretante do primeiro signo. O signo está no lugar de algo, seu objeto. Está no lugar desse objeto, porém não em todos os seus aspectos, mas apenas com referência a uma espécie de ideia (PEIRCE, 2. 228 apud NÖTH, 1998, p. 65).
Uma pessoa ao ver uma placa de “É proibido fumar” (representamen) visualiza o cigarro (objeto) e rejeita o hábito de fumar ou sente vontade de fumar (interpretante). Percebe-se que cada signo pode criar um interpretante, logo a semiose pode resultar em interpretantes sucessivos, pois pensar leva a situações diversas de acordo com experiências diferentes. É o que chamamos “vários olhares” ou “várias interpretações” para um mesmo representamen.
Platão: tratou de aspetos da teoria dos signos; definiu signo verbal e significação.
John Locke: na sua época, foi a principal figura da história da semiótica: para ele, os signos eram grandes instrumentos de conhecimento e se dividiam em  ideias (signos que contemplam as coisas na mente de quem as observa) e palavras (signos das ideias do emissor). As palavras seriam signos de signos ou metassignos.
Ferdinand de Saussure: modificou o pensamento linguístico e semiótico do século XX, provocando uma revisão generalizada da metodologia das ciências humanas. Foi o primeiro teorizador racional dos fenômenos linguísticos. Com Saussure, começou-se a estudar a língua como um sistema, com dicotomias cujos termos opostos referem-se à ciência da linguagem. A relação significante/ significado deu início ao estudo das significações a que se chama Semiologia.
Peirce: cientista-lógico-filósofo. A Semiótica, como é estudada hoje, nasceu na sua quase totalidade dos estudos de Peirce. Em seus escritos, Peirce diz que toda ideia é um signo e que a vida é feita de uma série de ideias, logo o homem é um signo. Para ele, não há vida sem signo. Os conhecimentos resultam das ideias que constituem o mundo e elas não são finitas, isto é, uma ideia pode ser revista e reformulada, o homem é um ser cognitivo, construtor de conhecimentos e estes permeiam o mundo, modificando os olhares e as significações. As teorias peirceanas têm influenciado profundamente as correntes contemporâneas da filosofia da ciência. 
Semiologia  -  vertente neolatina da cultura europeia, proposta pelo linguista suíço Ferdinand de Saussure   (1857  -  1913).
Nesse caso,  Saussure tratou a semiologia como a ciência geral dos signos que estuda todos os fenômenos de significação. Tem por objeto os sistemas de signos das imagens, gestos,vestuários, ritos, além dos verbais.
Para Saussure, o signo linguístico une não uma coisa a uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica, que é a representação material da própria palavra, registrada em nossa mente.
Significante: imagem acústica
Significado: serve para escrever
A língua surge como uma parte da linguagem, isto é, um sistema de sinais usados para exprimir ideias, enquanto a linguagem em sentido amplo é multiforme, abrangendo vários domínios: físicos, psíquicos, individuais e sociais.
Leitura: um conceito polissêmico.  A linguagem verbal e a linguagem não verbal: distinções e articulações
A linguagem se refere tanto ao verbal quanto ao não verbal e que a leitura vai além das palavras.
“O texto é um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas.” (BEAUGRAND, 1997)
O texto pode ser reconhecido como um tecido estruturado, uma entidade de comunicação e um artefato sócio histórico. É uma reconstrução do mundo.
O conteúdo é aquilo que se diz ou descreve ou designa no mundo, mas o sentido é um efeito produzido pelo fato de se dizer de uma ou outra forma esse conteúdo. O sentido é um efeito do funcionamento da língua quando os falantes estão situados em contextos sócio-históricos e produzem textos em condições específicas. O contexto diverso dos interlocutores provocou um ruído na comunicação. O conteúdo da questão presente na fala do motorista ganhou sentido diferente na interpretação do falante local. O conceito polissêmico, isto é, as possibilidades significativas diferentes, presentes numa mesma palavra da língua, leva-nos a perceber a linguagem como uma atividade interacional que, segundo as intenções dos participantes, realiza-se através de um conjunto de operações verbais.
Como vamos interpretar os signos?
O signo em relação ao objeto tem um caráter vicário (que substitui outra coisa), ele age como uma espécie de procurador do objeto. O signo na sua relação com o objeto é apenas um signo, pois nunca é completamente adequado ao objeto, não se confunde com ele e nem prescinde dele.  
Tudo que existe prevê leituras interpretativas, divagações, sensações. Ocupa um lugar no mundo, no tempo, é referência para uma série de direções. Cada direção, é um referente, logo é um signo, essa propriedade de existir, que dá o poder de ter função como signo, é sinsigno, singular. Todas as coisas que estão em rotação no mundo possuem significados latentes, dependem do seu olhar interpretante.
A abstração, isto é, o que se aproxima de uma lei, pois nos afasta do que primeiro lhe deu origem, é simbólico, está sujeito a convenções. Assim aconteceu com as palavras, com as convenções sociais, com as leis de trânsito ou do direito.
Efeitos de significado de um signo podem ser energéticos (ação física ou mental) ou lógicos (regra interpretativa internalizada). Análise de textos.
“ O sonho acabou” 
Sonho do bebê
Sonho de comer
Os elementos da comunicação: as funções da linguagem  e a interpretação discursiva
A Teoria da Comunicação é uma área que constrói seu objeto ressaltando o aspecto comunicativo de qualquer relação social, buscando estruturar ações recíprocas diversas.
Embora não haja consenso entre a relevância da presença da semiótica entre as teorias da comunicação, cabe lembrar que, percebendo a multidimensionalidade das práticas comunicacionais e a sociologia da cultura, não se poderia deixar de incorporar a semiótica aos estudos da teoria da comunicação. A hibridização simbólica cresce nos centros urbanos e nos ambientes do ciberespaço. A globalização aí está para aproximar os meios e as redes planetárias de comunicação. Há o crescimento dos signos e das mídias.
Partindo da conceituação de Koch (1997), a linguagem é um lugar de interação e possibilita aos participantes de uma sociedade estabelecer vínculos nos mais diferentes espaços.
É hora de pensar a comunicação como faculdade integradora, ou melhor, como a capacidade de interligar ações ou disciplinas. Devemos percebê-la como consciência inter, multi e transdisciplinar, como aflorou após os anos 80. Essa vinculação, como diz Sodré (2002, p. 223), entre o eu e o outro, seria pressupor “a inserção do sujeito desde a dimensão imaginária (imagens latentes e manifestas) até a liberação frente às orientações práticas da conduta, isto é, os valores”. Recomenda-se a leitura de Árvores de Saúde: uma conversa com Pierre Lévy.
Comunicação é um processo que realiza atos sêmicos. O que é isto?
É o trabalho da significação, é quando pretendemos saber o que se passa no espírito dos outros seres. Para isso, é preciso “colaboração”, “partilhamento”. Socialmente, tentamos influenciar o outro recorrendo a meios convencionais, são as pistas de quem tem a intenção de ser compreendido.
A intenção está presente em qualquer ato comunicativo e, consequentemente, épreciso conhecer as ferramentas para a realização de análises dos signos presentes nesses atos. Com a expansão dos signos no mundo, a necessidade de ler, dialogar com eles mais profundamente tem sido objeto de estudos semióticos que coincidem com o processo expansivo das tecnologias das linguagens.
Se não ficarmos presos à visão de que a comunicação não se reduz à transmissão de mensagens, mas como nos advertiu Pierre Lévy, é partilhar sentido e que os signos são os materiais de que as mensagens são feitas, devemos pensar, por exemplo que:
Um signo inclui relações de referência.
Temos que nos mover numa faixa de códigos que sejam comuns aos participantes do processo comunicacional.
Se eu não tiver referências, como irei ler a mensagem proposta pelos signos verbais e não verbais aí presentes?
A integração entre diversas instituições sociais acontece a partir do fluxo de informações gerado e distribuído pelos meios de comunicação. Quando se está diante de uma informação, ela é enquadrada nos esquemas prévios de percepção - é o conhecimento.
Linguagem: “produto evolutivo de uma faculdade sociobiológica de representação simbólica, desenvolve-se em condições de sociabilização e constitui uma forma de ação e interação social que possibilita a prática de atividades linguageiras.”  (RONCARATI, 2010, p. 47).
Língua: Forma assumida pela faculdade da linguagem para operar na atividade comunicativa, existe na prática discursiva dos interlocutores; é uma atividade social, histórica e cognitiva em que o aspecto formal se integra ao funcional. (RONCARATI, 2010, p. 48).
Certos fenômenos sistemáticos do domínio da língua como sequências conectivas, anáforas, elipses e repetições que são constituintes do discurso regidos por princípios de textualização locais ou globais.
Texto:Manifestação que envolve aspectos verbais e não verbais no seu processamento, correspondendo à unidade máxima de funcionamento e sentido da língua e constituindo o único objeto empírico (que se apoia exclusivamente na experiência e na observação, e não em uma teoria) ou material linguístico observável (analítico). É um sistema de construção do conhecimento ou um lugar de interação e manifestação da experiência humana. É um evento discursivo situado em um dado contexto histórico-social, que atualiza propostas de sentidos possíveis, explícitos e implícitos (RONCARATI, 2010, p. 49).
Sentido: construção sociointeracional. É o efeito de relações do texto e do leitor, fruto de uma atividade inferencial e colaborativa. As condições contextuais determinam o acesso ao sentido.
Inferência: atividade cognitiva (ato ou processo de conhecer. Inclui a atenção, a percepção, a memória, o raciocínio, o juízo, a imaginação, o pensamento e o discurso.) situada no discurso, é uma leitura de entrelinhas e de implícitos, um cálculo interpretativo e uma projeção de natureza lexical, sócio contextual, experiencial e pragmática (fatores contextuais que determinam os usos linguísticos nas situações de comunicação).
Gera hipóteses integradoras de sentidos pela reunião de informações do código, do contexto (intervenção das unidades verbais que fixam a significação das outras formas linguísticas presentes em um mesmo texto. O contexto é, portanto, um dos principais processos de solução das eventuais ambiguidades ou da heterogeneidade de sentido dos enunciados.), das intenções do autor/falante e de conhecimentos enciclopédicos (de mundo) e vivenciais alocados na memória.
Segundo Martino (2010, p. 44):
A relação do indivíduo com suas representações estão ligadas ao grau de certeza e mesmo à afetividade relacionadas com suas crenças. A “crença” é ligada por laços afetivos a uma tendência de considerar certas suas proposições e julgamentos de valor. E crença não está ligada à religião. A rigor, qualquer proposição pode assumir um caráter de crença quando deixa de ser vista como uma ideia e passa a ter o caráter de “verdade”.
Signos: são uma produção material e existem na esfera dos pensamentos de uma sociedade. O resultado materializado da integração entre os signos e as condições de sua produção específica é o discurso. O discurso existe como um elemento político e social e é resultado da trama - o texto, o tecido - dos signos.
Discurso: é o conjunto de coisas ditas, pensadas e faladas - toda produção textual vinculada a um determinado tempo e espaço. Os discursos estão numa contínua relação de diálogo uns com os outros. Eles se integram numa relação dialógica, numa interação constante. A troca entre signos e discursos proporciona a aquisição de conhecimentos, levando as pessoas a terem acesso a diversas formas culturais. Convivemos com a pluralidade, com os múltiplos e nossos discursos têm o sussurro de outros textos - é a intertextualidade.
Funções da Linguagem
Função Referencial
A mensagem está apoiada em informações definidas, claras, transparentes, sem ambiguidade. Esta função tem por objetivo informar o receptor, transmitindo dados e conhecimentos exatos, marca-se pelo uso da 3ª pessoa do discurso e da denotação. Para ver um exemplo acesse a biblioteca e leia o texto As seis funções da linguagem.
Função Emotiva
Esta função centra-se no emissor que deixa transparecer suas intenções marcando suas mensagens com verbos e pronomes na 1ª pessoa, com interjeições, com adjetivos e com sinais de pontuação (exclamação, reticências) que aponta seu ponto de vista ou estado de espírito.  É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Primeira pessoa do singular (eu), Emoções, Interjeições; Exclamações; Blog; Autobiografia; Cartas de amor. Para ver um exemplo acesse a biblioteca e leia o texto As seis funções da linguagem.
Função Apelativa
Representa um esforço de tentar convencer o receptor através de uma ordem, exortação, chamamento, saudação ou súplica. Para ver um exemplo acesse a biblioteca e leia o texto As seis funções da linguagem.
Função Fática
Quando a mensagem centrar-se no contato, no suporte físico, no canal. O objetivo desta função é testar o canal, interromper ou reafirmar a comunicação, não no sentido de informar, mas de assegurar a transmissão da mensagem. No nosso cotidiano, certos tiques linguísticos, como “entende?; Tá?; Certo?; Com certeza!” São elementos conectores que reforçam a mensagem, embora não transmitam informação. Para ver um exemplo acesse a biblioteca e leia o texto As seis funções da linguagem.
Função Poética
É a função que se centra na própria mensagem. O significante é trabalhado na sonoridade, no ritmo, na disposição gráfica das palavras na página em branco, na utilização das figuras de linguagem. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas propagandas. Subjetividade, figuras de linguagem, brincadeiras com o código, poesia, letras de música. Para ver um exemplo acesse a biblioteca e leia o texto As seis funções da linguagem.
Função Metalinguística 
A língua fala da própria linguagem. 
“-O que quer dizer cativar?
-Cativar significa criar laços.”
Para ver um exemplo acesse a biblioteca e leia o texto As seis funções da linguagem.
Significação é um conceito que está presente com frequência em textos de comunicação.
Semiótica pode ser entendida como uma ciência da significação.
O conceito de informação vai ser relacionado com um dos tipos de signos, a saber, o símbolo.
Do ponto de vista de Peirce, é um processo triádico, composto de um primeiro elemento, o signo, que dentro de certas capacidades e limites, representa algo que está fora dele, o seu objeto.
O signo terá o poder de mediador entre o objeto e uma mente interpretadora na qual ele produzirá um efeito. Mensagens são signos, cadeias de signos ou complexos de signos. Não há comunicação sem mensagem e se mensagens são signos, está aí a relação entre Comunicação e Semiótica
O Sentido Social da Linguagem: Análise dos Discursos Sociais
SegundoBreton (1999, p. 23), “A palavra é o que especifica o humano. Ela se desenrola com base em três registros essenciais, que a constituem: a expressão, a informação, a convicção.” O homem usa a palavra a fim de convencer, o que é uma atividade complexa, multiforme. Com isso, coloca em seu discurso a prática do verossímil e isso desemboca na literatura e aparece nos gêneros populares como o romance policial, o folhetim sentimental, o western, etc., buscando a adesão do leitor ao texto.
O homem dá sentido ao que o rodeia através da palavra e dela parte o sentido ideológico do discurso e da palavra democrática surgida na Grécia antiga como franqueamento do espaço discursivo. Ao longo dos séculos, no entanto, o lugar central conferido à palavra para convencer passa a ser o elemento fundamental da ruptura democrática.
Para Jean-Pierre Vernant (1987, p. 45), após a revolução dos espíritos que ocorre entre os séculos VIII e VII a.C., a palavra assume uma nova vocação, não sendo mais “ritual, fórmula justa, mas o debate contraditório, a discussão, a argumentação” em um universo do conhecimento formado. É o momento da decisão, da palavra como vínculo social.
O texto, segundo Bakhtin (2000, p. 329) “representa uma realidade imediata (do pensamento e da emoção)” e o discurso do homem, no tempo e no espaço, expõe ideias, anseios, temores, expectativas do grupo social.
No campo das ciências humanas, o pensamento, enquanto pensamento, nasce no pensamento do outro que manifesta sua vontade, sua presença, sua expressão, seus signos, por trás dos quais estão as revelações divinas ou humanas (leis dos poderosos, mandamentos dos antepassados, ditados anônimos) (BAKHTIN, 2000, p. 329-330).
Qualquer texto traz implícito o sistema de signos (a língua) e, por isso, pode ser decifrado. Existe uma lógica comum a todos os sistemas de signos, daí observa-se uma interdependência entre o texto (objeto de análise e reflexão) e o contexto em que se insere. Reflete o pensamento do sujeito que o reproduz.
Construímos na consciência uma espécie de "arquivo" onde depositamos tudo o que é ouvido e entendido. Guardamos ideias, significados, palavras e com essa "base de dados" nos expressamos verbalmente pela fala.
Tudo que existe e preveem leituras interpretativas, divagações, sensações ocupa um lugar no mundo, no tempo, é referência para uma série de direções. Cada direção é um referente, logo, é um signo. Essa propriedade de existir, que dá o poder de ter função como signo, é signo singular. Todas as coisas que estão em rotação no mundo possuem significados latentes, dependem do seu olhar interpretante.
A abstração, isto é, o que se aproxima de uma lei, pois nos afasta do que primeiro lhe deu origem, é simbólica, está sujeita a convenções.
Assim aconteceu com as palavras, com as convenções sociais, com as leis de trânsito ou do direito.
 
A linguagem verbal se apresenta em forma de associação de palavras que tem por base a extensão, indicando que a relação entre elas está no plano da memória. Ao selecionar uma palavra como núcleo significativo, em um texto publicitário, o autor a coloca em uma constelação semântica, em busca do “algo mais” do significado. Aí entra a figura do interpretante que, ao ler em um texto publicitário uma palavra, deve associá-la a situações fora daquele contexto.
“Não há mensagem sem signos e não há comunicação sem mensagem”  (SANTAELLA, 2001, p. 59). Os efeitos que a linguagem publicitária exercem sobre o leitor, ao produzir mensagens que criam efeitos emocionais, sensoriais e simbólicos, exigem um “olhar semiótico”, isto é, a identificação da significação ou representação, da referência e da interpretação das mensagens.
A mensagem cria e exibe um mundo perfeito, ideal. Usa recursos estilísticos e argumentativos do cotidiano da linguagem a fim de informar e seduzir ao mesmo tempo. Está calcada na utilização racional dos instrumentos da linguagem para mudar (ou até conservar) a opinião do público-alvo. 
 
A sutileza na publicidade está em seduzir, persuadir usando uma linguagem figurada. As verdadeiras intenções serão interpretadas e não vêm sob forma de imposição e sim de sugestão, mesmo quando são usados verbos no imperativo (função apelativa da linguagem).
A mensagem busca relacionar o prazer com a realidade, indicando o que deve ser usado ou escolhido a partir do ícone do objeto, visando a uma sociedade de consumo, criando um ambiente cultural com valores organizados de acordo com o público-alvo a que se dirige. Criando um “novo tempo”.
Conceito de Fiorin (2008, p. 22) que trata de dois planos do discurso: o do conteúdo e o da expressão, pois a textualização depende da junção desses dois planos. O autor diz que “Se alguém ouve ou lê um texto com função utilitária (informar, convencer, explicar, documentar), não se importa com o plano de expressão. Ao contrário, atravessa-o e vai diretamente ao plano do conteúdo, para entender a informação”.
A função do texto é apenas informar, explicar determinada situação de interesse de determinado público-leitor. O plano da expressão predomina em textos de função estética em que o autor recria o conteúdo na expressão. "O escritor procura não apenas dizer o mundo, mas recriá-lo nas palavras, de tal sorte que importa não apenas o que diz, mas o modo como se diz." (FIORIN, 2008, p. 22).
O lugar da enunciação 
 
A enunciação corresponde ao momento de atualização da língua numa situação de discurso, dependente da atividade conjunta do locutor e do interlocutor (ou ouvinte).  É constitutivo do sentido do enunciado o fato de ele ter sido, em um momento preciso, objeto de enunciação. Na enunciação existem referências à volta do locutor e do interlocutor.
O enunciado apresenta marcas de uma enunciação individual, num momento e espaço precisos, e é o resultado da produção individual. O enunciado é usado por um determinado falante, num momento concreto, e pode ser constituído por uma sequência de frases, uma frase ou apenas uma palavra. 
A partir do sujeito da enunciação, que está no centro da referencia linguística, efetua-se a identificação/localização de objetos e entidades no espaço e no tempo. A enunciação concreta é a realização exterior da atividade mental orientada por uma orientação social mais ampla, uma mais imediata e, também, a interação com interlocutores concretos.
Coerência e Discurso: Textos Temáticos e Figurativos
Em um texto figurativo predominam termos concretos em que se cria um efeito de realidade, caracterizando uma imagem de mundo. Faz-se a análise de relações humanas e acontecimentos. O tema pode não estar explícito, dependendo da interpretação do leitor que exercerá aí sua visão de mundo. O leitor, diante de um texto, deve procurar o significado amplo da leitura, demonstrando sua competência leitora.
O texto Circuito Fechado, de Ricardo Ramos, trabalha com elementos concretos, criando a coerência pela descrição do cotidiano. Este é um texto que chamamos de figurativo.
Leia o texto Urubus e Sabiás, de Rubem Alves. Pode-se observar que, embora o texto traga seres do mundo natural e, portanto, concretos, é usada uma linguagem figurada, metafórica, pois o tema está implícito, dependendo de uma leitura mais profunda. O autor faz uma referência subliminar ao fim dos vestibulares, atribuindo julgamentos de juízo aos seres aí relatados. Nos textos figurativos predomina a narração.
Os textos temáticos trabalham o abstrato de modo que os termos usados pertencem à categoria do que é manifesto, isto é, que têm existência dependente dos seres. Nesse caso, temos substantivos, adjetivos e verbos que representam situações perceptíveis em reações de seres do mundo natural como educação, qualidade, êxito. São os textos temáticos.
Um texto temático é predominantemente dissertativo, mas isso não significa que não haja figuras que aparecerão de forma genérica. Esse tipo de texto pretende mostrar fatos ao leitor sem a preocupação de convencê-lo. É um texto dinâmico com relações temporais de antese depois e predominância de palavras abstratas, que indicam algo presente no mundo natural, mas com foco em conceitos. Por ter uma função interpretativa, o texto temático explica o mundo, os temas ficam na superfície textual.
Tematização e Figurativização: São níveis textuais que trabalham com o sentido. Em cada um deles há um tratamento temático diferente, pois no primeiro o tema está explícito e, no segundo, implícito.
Segundo Santaella (2001, p. 322), “só há ação onde existe conflito, isto é, esforço e resistência entre duas coisas: ação gera reação e dessa interação germina o acontecimento, o fato, a experiência.” 
A narração pode ser: espacial, sucessiva e causal.
Dissertação: A dissertação dos textos escritos é temática por estar ligada a conceituações, a formulações quase sempre abstratas. Nesse tipo de discurso há uma realidade que precisa de uma exposição intelectiva, racional e que depende de conhecimento para ser explicitada.
O raciocínio tem caráter crítico e busca argumentos que confirmem a lógica da ideia apresentada. Na dissertação, trabalhamos com as premissas e as inferências. A linguagem da dissertação pressupõe formulações conceituais e o raciocínio dedutivo é o caminho mais usado para os argumentos.
Os editoriais em revistas e jornais partem de fatos e fazem comentários, buscando a adesão do leitor para o assunto tratado. Levantam questões polêmicas, trabalham argumentos racionais que vão se relacionando de modo a levar ao convencimento.
 
Podemos pensar também em aproximar e comparar textos de épocas diferentes que têm uma linha de raciocínio divergente sobre determinado assunto.

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