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DA PERICLITA��O DA VIDA E DA SA�DE.doc

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UNIPAM – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS
FADIPA – FACULDADE DE DIREITO DE PATOS DE MINAS
ATIVIDADE 1 – DIREITO PENAL III
NOME: 		JHENYPHER AMANDA PACHECO					DATA: 20/03/15 
PERÍODO: 5º TURMA: A 	 PROFESSOR: Ulisses Simões 		VALOR: 10,0 PONTOS - NOTA: __________
- Permitida a consulta, citadas as referências;
- Trabalho individual;
- Atente-se em responder corretamente a todo o conteúdo das questões. Respostas incompletas e incorretas terão o valor dos pontos descontados.
- As respostas deverão ser digitadas neste mesmo arquivo, que deverá ser salvo com o nome do aluno e enviado no Portal Acadêmico dentro do prazo legal;
- Atividades enviadas fora do prazo legal, copiadas da Internet, e iguais entre alunos receberão nota 0 (ZERO).
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	O Capítulo III do Título I "Dos Crimes Contra a Pessoa" previsto na Parte Especial do Código Penal versa sobre a "Periclitação da Vida e da Saúde".
Cite quais são todos os crimes previstos neste Capítulo e as suas principais características, destacando principalmente as diferenças entre um e outro.
Todos esses itens serão avaliados pela correção.
	Observar as alterações feitas pela Lei nº 12.653, de 2012.
CÓDIGO PENAL
PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
São denominados “crimes de perigo”, buscando proibir ou impor comportamentos com probabilidade de causar danos aos bens protegidos penalmente.
O crime de perigo (probabilidade) é um degrau antecedente ao crime de dano (efetiva lesão);visando a proteção ao bem jurídico, independentemente do risco, deve-se configurar infração penal (probabilidade concreta de dano ao bem jurídico).
Logo, segundo o ponto de vista garantista, é necessário reinterpretar os tipos penais de perigo presentes no Código Penal partindo do pressuposto que, na medida do possível, houve uma infração de perigo concreto e não abstrato.
Do momento da avaliação do perigo :
Via de regra, quando o crime é de perigo abstrato, concluir-se-á pelo perigo ex ante (só verificação comportamental proibido ou imposto no tipo penal); sua consumação se dá no momento da ação ou omissão presumidamente perigosa.
A exceção é dada nos crimes de perigo concreto, com base no Princípio da Lesividade, sendo a análise ex post (efetivamente houve o risco de lesão ao bem jurídico); sua consumação dar-se-á mediante comprovação da conduta que trouxe, efetivamente, perigo de dano a um bem juridicamente protegido.
Portanto, a regra, quanto à natureza subsidiaria da infração penal de perigo ao crime de dano, é que se agaste a punição de perigo sempre que o dano efetivamente vier a ocorrer.
1) PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO- ARTIGO 130,CP
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
Conforme expresso no artigo 44 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal, “ a doença venérea é uma lesão corporal e de consequências gravíssimas [...] mas a falta de prova não é razão para deixar-se de incriminar um fato gravemente atentatório de um relevante bem jurídico [...] ” , onde a generalidade da lei precisa ser esclarecida pela medicina(somente aquelas que o Ministério da Saúde catalogar como tal).
O elemento EXPOR, presente no artigo 130 do CP, explicita a infração penal de perigo, bastando apenas que a vítima seja exposta ao perigo de contágio (relação sexual ou ato libidinoso) que agente sabia ou deveria saber para que se caracterize esta infração, onde é exigido o contato pessoal, e outros meios que não os tipicamente sexuais NÃO caracteriza delito.
O delito de perigo pode ser praticado por qualquer pessoa e tem como sujeito passível, também, qualquer pessoa, visto que o tipo penal utilizou do elemento “alguém” evitando qualquer tipo de restrição.
Tem-se como objeto material o sujeito passivo e o bem juridicamente protegido a vida e a saúde, mesmo estes bens sendo lesivamente tentado.
Quanto ao elemento subjetivo do delito, há duas correntes divergentes: a 1ª, que admite a punição tanto por culpa quanto por dolo como expresso no artigo 44 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal; e a 2ª, que só admite a punição por dolo, já que a culpa não veio expressamente taxada no tipo penal. Visto que o CP frisou que o perigo deverá ser concreto, não se permite responsabilidade penal a não ser a título de dolo.
A ação penal é de INICIATIVA PÚBLICA CONDICIONADA à representação do ofendido, sendo a única exceção dentro deste capítulo, já que os demais delitos são de iniciativa incondicionada.
A disponibilidade (consentimento) dos bens saúde e vida só será possível se a natureza da perturbação orgânica for leve, afastando, assim, a ocorrência do delito. Se a natureza for grave ou produzir lesão corporal grave, o consentimento não poderá ser aceito, incorrendo, neste caso, na infração penal de perigo de contágio venéreo.
A transmissão do HIV não é considerada infração penal por perigo de contágio venéreo, visto que há um enfoque sob o dolo do agente além de poder transmitir por outros meio que não a relação sexual ou ato libidinoso. Se houver o contágio do HVI poderá responder por homicídio (tentado ou consumado) ou por lesão corporal grave.
Quando houver morte e a intenção do sujeito ativo era somente de transmitir-lhe a doença, este responderá por lesão corporal seguida de morte, visto que o dolo era de dano e a morte lhe será imputada a título de culpa (como regra do artigo 19, CP).
2) PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE-ARTIGO 131,CP
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
A conduta do agente tem por finalidade a transmissão da moléstia grave visando um dano, porém é expresso pela lei penal que basta a exteriorização do comportamento, independentemente da efetiva produção do resultado dano.
Este delito se diferencia do delito do art. 130 quanto à configuração da infração que se dá de forma livre, onde atos de qualquer natureza (diretos ou indiretos) se configuram crime, admitido no delito plurissubsistente, e no delito do art. 130 só se configura por ato de natureza sexual.
O objeto material é a pessoa contra a qual o perigo de contágio de moléstia grave é dirigido. Já o bem juridicamente protegido, diferentemente do perigo venéreo, é a integridade corporal e a saúde da vítima. A prática pressupõe um comportamento comissivo, porém o garantidor poderá gozar de status omissivo e ser responsabilizado como sujeito ativo.
O sujeito ativo só poderá ser a pessoa contaminada pela moléstia grave, sendo possível a prática contra qualquer pessoa (elemento alguém). Logo, será próprio quanto ao sujeito ativo e comum quanto ao sujeito passivo. 
Quanto ao elemento subjetivo, deverá ser eminentemente por dolo direito, não cabendo o dolo eventual pois a conduta é finalisticamente direcionada à transmitir a moléstia grave e nem por título de culpa, porém a configuração da infração penal independe da produção de efeito.
Distingue-se do perigo de contágio venéreo quanto à ação penal, onde esta é condicionada a representação e a moléstia grave é de INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA.
Da mesma forma que se pune por lesão seguido de morte no delito do artigo anterior, também pune-se desta maneira a moléstia grave, conforme o artigo 19 do CP.
A transmissão do HIV é considerada uma moléstia grave,e se o agente buscar transmitir propositadamente pela via sexual ou outra admitida deverá responder por tentativa ou homicídio consumado.3) PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM-ARTIGO 132,CP
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
A premissa legal de tal tema se encontra exposto no artigo 46 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal, onde as explicações são que se trata de um crime de caráter eminentemente subsidiário, basta apenas a consciência e vontade de expor a vítima a grave perigo. Cuida-se de um crime de perigo concreto, sendo que o comportamento provado deverá ter, efetivamente, trago perigo ao bem jurídico. Jamais poderá ter dolo de dano, porque senão desclassificaria a infração penal, não pretendendo a produção de qualquer resultado lesivo, e sim ser tão somente criar a situação de perigo. A tentativa será aceita se possível fracionar o iter criminis (os atos de execução foram interrompidos antes de expor os bens jurídicos protegidos).
Há neste caso uma subsidiariedade (expressa ou tácita), onde a infração de perigo só ocorrerá se não houver um resultado mais grave (dano).
Para se caracterizar como perigo para a vida e a saúde de outrem (comissivo ou omissivo desde que garantidor), a conduta do sujeito deverá insurgir de uma vítima certa, numa situação de risco real, onde haverá uma experiência muito próxima ao dano.
O objeto material é a pessoa contra a qual recai a conduta praticada pelo sujeito ativo, sendo aquele com possibilidade de ser mais de um. Os bens juridicamente protegidos são a vida, a saúde e a integridade corporal, se igualando tanto ao art. 130 quanto ao art. 131 do CP.
Diferentemente do art. 131, tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo será considerado como comum, havendo a possibilidade de ser qualquer pessoa propícia a praticar e receber o delito de perigo a vida ou a saúde de outrem.
Esta infração penal necessariamente deverá ser praticada mediante dolo (eventual ou direto), sob pena de ser considerado possível indiferente penal se não houver efetivamente um resultado lesivo partindo do seu comportamento.
A ação penal desta infração é de INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA, inicializando-se pelo menos no juizado especial criminal (pois não ultrapassa 2 anos de pena) .
Quando evidenciado o perigo de grupos de pessoas ou mais que uma, pelo menos, via de regra, aplica-se o concurso formal ou ideal de crimes, presente no artigo 70 do CP.
Igualmente à disponibilidade do artigo 130, somente será possível se a infração for leve, se o consentimento gerar perigo grave ou gravíssimo, não há possibilidade de exclusão da ilicitude.
Considerará um perigo a saúde ou a vida de outrem nos casos de disparo de arma de fogo, somente se não enquadrar no artigo 15 da Lei nº 10826/03, nas hipóteses de : disparo efetuado em local não habitado, não for em via pública ou em direção a tal ou quando o dolo não for de dano (ferir ou matar).
4) ABANDONO DE INCAPAZ-ARTIGO 133,CP
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Por esta infração está no rol dos delitos de perigo, necessariamente a sua finalidade não poderá ser de causar morte ou lesão corporal (dano) e sim um dolo de perigo. Deve-se considerar que o próprio ato de abandonar o incapaz que efetivamente trouxe perigo, e não que o abandono por si só se configura como infração.
Destaca-se este artigo os seguintes elementos: o ato de abandono (deixar à própria sorte, desamparar) ; a pessoa sob cuidado, guarda, vigilância ou autoridade do agente (assistência, zelo pela segurança pessoal e alheia, vinculo de poder) e o incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandoo (temporário ou absoluto).
Este delito visa proteger a vida, a saúde e a incolumidade física daquele que se encontra sob cuidado, guarda, vigilância ou autoridade de outrem. Já o objeto material é aquele que sofre com o abandono.
O sujeito ativo (específico) somente poderá ser aquele que, por acordo contratual ou legal, está obrigado a cuidar/guardar/vigiar da vítima sob sua autoridade (garantidores), e o sujeito passivo é aquele que se encontra sob esta guarda.
Como já dito anteriormente, o fato isolado de abandono não se caracteriza crime de abandono de incapaz, faz-se necessário a efetiva situação de perigo concreto para a vítima (consumação), mas isso não significa que não haverá a possibilidade de punição por tentativa (inexistência de perigo), sendo possível a prática tanto omissiva como comissiva.
O elemento subjetivo exigido no tipo penal é o dolo, não sedo necessário um dolo de abandono definitivo, basta ser um abandono por tempo suficiente de se colocar em perigo o incapaz, não se admitindo responsabilidade criminal culposa.
Assim, como no artigo 130, o resultado diferente do perigo pelo abandono do incapaz lhe será imputado a título de culpa (lesão corporal ou morte).
A ação penal, na modalidade simples ou qualificada, é de INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA, igualmente aos artigos 131 e 132 do CP.
Quando a se tratar de lesão corporal leve advinda do abandono, não se tratará neste artigo, havendo, então, concurso formal de crimes entre o abandono e a lesão leve. Quando se tratar da majorante “união estável”, entender-se-á a palavra cônjuge à luz dos artigos 1723 e 1724 do CC (“companheiro”).
5) EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO-ARTIGO 134,CP
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Mesmo sendo uma modalidade de abandono a incapaz, o legislador preferiu diferenciar o tratamento a este tipo de abandono, punindo aquele que expor ou abandonar recém-nascido visando ocultar desonra própria menos grave do que o artigo anterior, se fazendo necessário demonstrar um perigo concreto advindo deste abandono.
Há que se destacar no texto legislativo os seguintes elementos: a situação de exposição ou abandono (sendo de idêntica interpretação o abandono e a exposição); a condição de recém-nascido (acabou de nascer, neonato, com poucos dias de vida) e o especial fim de agir com que atua o agente de ocultar a própria desonra (honoris causa, para não macular a honra).
Esta infração penal busca resguardar a vida e a saúde do recém-nascido, sendo este o objeto material e o sujeito passivo; já o sujeito ativo é aquele que pratica a exposição ou abandono (garantidor).
Há a possibilidade de tentativa deste delito uma vez que este ato não tenha um resultado de perigo concreto, há a interrupção antes de se consumar o real perigo ao recém-nascido.
Assim, como no artigo 133, o elemento subjetivo necessariamente deverá ser o dolo, não se admitindo punição por culpa; sendo possível um delito praticado de modo comissivo ou omissivo.
A ação penal, neste caso, tanto na modalidade simples como na qualificada, será de INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA.6) OMISSÃO DE SOCORRO-ARTIGO 135 E 135-A,CP 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:  
 Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.  
Parágrafo único.  A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.  
O delito de omissão de socorro caracteriza-se pelos seguintes elementos: deixar de prestar, sem risco pessoal, ou não pedir (mediata ou imediatamente). Por ter a pena entre 1 a 6 meses ou multa é considerado como infração de menor potencial ofensivo, iniciado pelo menos no juizado especial criminal, assim como no artigo 132 do CP.
Tem como objetivo a proteção da vida e da saúde da pessoa humana, sendo também uma tutela mediatamente a solidariedade humana visto que todos os indivíduos devem auxiliar-se para regular a vida em sociedade. Porém, se houver manifestamente morte instantânea não haverá crime de omissão de socorro pois inexiste o bem jurídico tutelado pela lei penal.
O objeto material e o sujeito passivo são aqueles somente taxados no rol do artigo 135 do CP passíveis de serem vítimas do crime de omissão de socorro: criança abandonada (inferior a 12 anos), criança extraviada (inferior a 12 anos que está perdida), pessoa inválida ou em desamparo (pessoa que não pode por conta própria praticar atos cotidianos, sendo característica inerente à pessoa, imprescindível que se encontre incapacitada de por si só se livrar da situação de perigo), pessoa ferida e ao desamparo (lesão corporal não necessariamente grave, acidentada ou provocada por 3º, imprescindível que se encontre incapacitada de por si só se livrar da situação de perigo) e a pessoa em grave e iminente perigo (perigo sério, fundado, mal relevante em curto espaço de tempo, independentemente de invalidez ou ferimento). Já o sujeito ativo, por ser um crime comum, poderá ser qualquer pessoa, mesmo sem ter o dever de prestar assistência, porém se houver vinculação jurídica entre os sujeitos do delito poderá ser considerado abandono de incapaz ou abandono material conforme o caso concreto.
Quanto a resistência da vítima, somente não subsistirá se esta impossibilitar a prestação de socorro, visto ser bens (saúde e vida) indisponíveis e irrenunciáveis.
Quanto ao perigo da criança abandonada, criança extraviada, pessoa inválida e pessoa ferida em desamparo, o crime será de perigo abstrato ou presumido, não cabendo prova em contrário. Por sua vez, na hipótese de pessoa em grave e iminente perigo, será o crime de perigo concreto, sendo necessária a comprovação de situação perigosa imposta pela lei, como também a relação de causalidade entre a situação e a omissão.
Com a peculiar condição de pessoas idosas (igual ou superior a 60 anos), afasta-se a aplicação do artigo 135 do CP e rege-os pelo artigo 97 do Estatuto do Idoso ( Lei nº 10471/03), em face do Princípio da Especialidade.
O tipo penal não admite a forma culposa, mas há a possibilidade do direto ou eventual. Por se tratar de um crime omissivo próprio ou puro, não é cabível a tentativa, ou presta assistência e não é crime ou deixa de fazê-lo e incorre neste delito de maneira consumada.
Assim como nos demais crimes do Capítulo III, há possibilidade de punição preterdolosa.
O CTB traz no seu artigo 34 o tipo penal que prevê a omissão de socorro como crime de trânsito, sendo necessariamente aplicado ao condutor que unicamente agindo sem culpa, se envolve em um acidente e não socorre mediata ou imediatamente a vítima. Diferencia-se do artigo 153 do CP pelo Princípio da Especialidade.
6.1) CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL- ARTIGO 135,CP
Art. 135-A.  Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:  (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Parágrafo único.  A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
Este condicionamento SEMPRE se caracterizará como crime de omissão de socorro, pois o atendimento médico-hospitalar será condicionado, por EXIGÊNCIA do sujeito ativo, ao fornecimento de garantia ou ao preenchimento prévio de formulários administrativos, quando seria possível fazer este atendimento sem risco pessoal. É necessária uma única conduta para se caracterizar o delito, visto serem condutas alternativas.
Os bens jurídicos protegidos são saúde e vida, visto estar alocado no Capítulo III, Título I da Parte Especial do Código Penal.
Como objeto material observa-se o cheque-caução/cheque garantia, a nota promissória ou qualquer outra garantia ou formulários administrativos.
Há uma grande diferente entre atendimento emergencial e atendimento de urgência. Naquele, há um risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis ao paciente, e neste, são resultantes de acidentes pessoais ou de complicações no processo gestacional. Em observância ao Princípio da Reserva Legal ou da Estrita Legalidade, não há que se falar em crime quando o condicionamento for imposto mediante atendimento de urgência, mas este comportamento terá relevância pois se encontra consubstanciado no artigo 135 do CP (omissão de socorro).
Como sujeito ativo poderá ser qualquer funcionário ou administrador do estabelecimento de saúde PRIVADA que realize atendimento médico-hospitalar emergencial, e também o médio PRIVADO que exige do paciente garantia ou preenchimento prévio de formulário administrativo, sendo perfeitamente possível o concurso de pessoas (coautoria e participação).
Assim, como no artigo 135, não se admite a modalidade culposa, somente por dolo eventual ou direto, com a possibilidade das figuras agravadas preterdolosas.
É possível, aqui, a tentativa se, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitir o fracionamento do iter criminis.
Tanto no artigo 135 quanto no 135-A a ação penal será de INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA.
No caso do idoso, basta a negativa de acolhimento ou permanência do idoso em abrigo, diante da recusa de dar a procuração à entidade de atendimento para administrar seus interesses, incorrendo no artigo 103 da Lei n° 10471/03.
7) MAUS TRATOS-ARTIGO 136,CP
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
Considerado crime próprio, só poderá ser cometido por quem tenha autoridade, guarda ou exerça vigilância sobre a vítima (guarda=vigilância, a autoridade é o vínculo de podersobre outrem, tanto no direito público quanto no direito privado), sendo que deve agir com fins de educação, ensino, tratamento ou custódia (motivação).
Os crimes de maus tratos podem ser de privação à alimentação (indispensáveis e necessárias à manutenção e preservação da saúde e da vida), de privação de cuidados indispensáveis (relativos a vestuário, acomodação, higiene, assistência médica e odontológica), de sujeição a trabalhos excessivos e inadequados (aquele está para o tempo e este está para a qualidade) e de abuso nos meios de correção ou disciplina (atua com animus corrigendi ou disciplinandi, porém abuso no direito de correção/disciplina, sob visão do Princípio da Adequação Social).
Busca-se a proteção à vida e à saúde, sendo considerado como sujeito passivo e objeto material aquele, que sob guarda/autoridade/vigilância lhe é dirigida uma conduta perigosa, e como sujeito ativo aquele que exerce a subordinação/sujeição de maneira abusada.
A tentativa será admitida se for possível visualizar o fracionamento do iter criminis, ou seja, a consumação só não foi possível por circunstâncias alheias à vontade do sujeito ativo.
Há neste delito a possibilidade de punir somente por dolo (direito ou indireto), ou seja, se houver um dolo de dano (passível a punição por culpa se o crime se tornar em preterdoloso). Só não há punição por culpa pois não há determinação expressão quanto a esse sentido.
De INICIATIVA PÚBLICA INCONDICIONADA, tanto na modalidade simples quanto na qualificada, será a ação penal.
Na Lei nº 10741/03, punir-se-á os maus tratos contra idosos, sendo as penas cominadas a este delito as mesmo do artigo 136 do CP. Resolve-se este aparente conflito de normas por meio do Princípio da Especialidade, ou seja, aplica-se a lei do idoso para pessoas que sofrerem maus tratos (igual ou superior a 60 anos).
Diferencia-se o crime de maus tratos ao crime de tortura previsto na Lei nº 9455/97 no que se refere à finalidade, sendo aquele de fins educacionais/tratamento/custódia e este de fins de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Haverá, aqui, a possibilidade de alegar erro de proibição indireto (erro que recai sobre os limites de uma causa de justificação), que neste caso seria de exercício regular de um direito. Se este erro for inevitável, isenta o agente da pena, se evitável, poderá ser diminuída, conforme expresso no artigo 21 do CP.
REFERÊNCIAS
_ BRASIL. Decreto Lei nº 2.848, de 07 de Dezembro de 1940. CÓDIGO PENAL. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 10/03/15.
_ GRECO, Rogério. Curso de direito penal, vol.3-parte especial. Rio de Janeiro: Editora Impetus, 7ª.ed., 2010.
_ MASSON, Cleber – Direito Penal Esquematizado: parte especial – vol.2 / Cleber Masson – 6ª.ed.rev. e atual – Rio de Janeiro : Forense; São Paulo : Método, 2014.
_ NUCCI, Guilherme de Souza – Código Penal Comentado, 12ª.ed.rev., atual e ampl. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2012.
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