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Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 1 Relação de trabalho e relação de emprego 1. Conceito de relação de trabalho 1.1. Relação de trabalho é gênero, ou seja, um conceito amplo que abrange várias formas de prestação de serviços, dentre elas, a relação de emprego e outras relações de trabalho (espécies de relações de trabalho lato sensu). 1.2. Exemplos de relação de trabalho: a Relação de emprego (presentes os elementos: pessoa física, pessoalidade, onerosidade, habitualidade e subordinação); b Outras relações de trabalho lato sensu (que não são relação de emprego): Trabalho autônomo (sem subordinação); Trabalho voluntário (sem onerosidade); Trabalho eventual (sem habitualidade); Trabalho avulso (sem habitualidade); Estágio (ato educativo supervisionado) etc. 1.3. Importância da diferenciação da relação de emprego a Essa diferenciação é imprescindível, pois, o Direito do Trabalho estuda normas jurídicas que regulam, sobretudo, a relação de emprego. b O Direito do Trabalho se ocupa, em regra, do estudo das normas do regime de trabalho “celetista”, ou seja, regulados pela Consolidação das Leis Trabalhistas e outras leis esparsas. c Logo, celebrado um contrato de trabalho numa relação de emprego, deverão ser observados os direitos trabalhistas previstos na legislação trabalhista, tais como, salário, 13º salário, férias, horas extras, depósitos do FGTS etc. Obs.: no caso do trabalhador avulso, mesmo não sendo uma relação de emprego (pois está ausente a habitualidade), o legislador estendeu a proteção da legislação trabalhista para os mesmos conforme a Constituição: CF, art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. d Por outro lado, não será objeto de estudo do Direito do Trabalho a legislação trabalhista prevista em leis próprias voltadas para regular as relações de trabalho dos servidores públicos (são chamados “estatutários”, ou seja, com estatuto próprio), ex.: Lei 8112 de 1991 que regula o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais não é objeto de estudo do Direito do Trabalho. 2. Relação de emprego 2.1. Relação de emprego é a prestação de serviços por pessoa física (ou natural) com pessoalidade, habitualidade, onerosidade e subordinação. 2.2. Como já exposto, a relação de emprego é uma das espécies de relação de trabalho. Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 2 2.3. Nessa relação, estarão presentes os sujeitos: empregado (prestador de serviço) e empregador (tomador de serviço). 2.4. Portanto, para existir a relação de emprego, deverão estar presentes cumulativamente os seguintes elementos fático-jurídicos na prestação de serviços: pessoa física, pessoalidade, habitualidade (ou não eventualidade), onerosidade e subordinação. Se na relação estiver ausente um desses elementos, será outra relação de trabalho (alguns chamam relação de trabalho lato sensu). a Obs.1: Alteridade: alguns autores incluem a alteridade como outro elemento necessário para caracterizar a relação de emprego. Nesse caso, a alteridade seria o fato do empregador assumir o risco do negócio. Porém, outros autores entendem que a alteridade não seria um elemento necessário para caracterizar a relação de emprego, por se tratar de uma obrigação decorrente do contrato. b Mnemônico: SHOPP – subordinação, habitualidade, onerosidade, pessoa física (ou natural) e pessoalidade. 2.5. Previsão: a CLT, art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. b CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. c Observar os elementos da relação de emprego no texto legal: “prestação pessoal”: pessoalidade; “Pessoa física”; “não eventual”; “sob dependência”: subordinação; “mediante salário”: com onerosidade. Obs.: “assumindo o risco da atividade econômica”: alteridade (para aqueles que entendem como elemento da relação de emprego). 2.6. Tipos de relações de emprego (ou tipos de contratos de trabalho): a Tradicionalmente, pode ser clamado de contrato de trabalho o acordo (expresso ou tácito) com objeto a prestação de serviços numa relação de emprego. CLT, art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. b A depender das características do sujeito, do modo e objeto da prestação de serviços dos contratos de trabalho, o legislador estabeleceu normas jurídicas próprias, ex.: trabalho urbano e aprendiz: CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas – Decreto-Lei 5452 de 1943; em regra, a CLT será aplicável para as demais relações de emprego naquilo que a lei especial não dispor ao contrário; trabalho rural: Lei 5889 de 73; trabalho doméstico: LC 150 de 2015; Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 3 emprego público: Lei 9.962 de 2000; trabalho temporário: Lei 6019 de 1974; outros tipos com previsões especiais, ex.: advogado – Lei 8906 de 1994 – Estatuto da Advocacia; desporto - lei 9615 de 1998 (jogador de futebol profissional); 3. Elementos da relação de emprego 3.1. Pessoa física (ou natural) a Prestação de serviço pelo ser humano. CC, art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Prestação de serviços pelo menor: a análise da capacidade do menor é objeto de estudo da validade do contrato de trabalho. Assim, o fato do prestador de serviço ser menor não descaracteriza a relação de emprego, embora, a depender do caso, tal situação poderá invalidar o contrato de trabalho. Prestação de serviços por pessoa jurídica: mesmo existindo a pessoa jurídica (ex.: uma EIRELI), mas presentes todos os elementos fático- jurídicos da relação de emprego, deverão ser observadas as normas jurídicas da legislação trabalhista. Aplica-se no caso, o Princípio da Primazia da Realidade. Obs.: EIRELI é empresa individual de responsabilidade limitada. CC, art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. 3.2. Pessoalidade a O empregado, em regra, não pode se fazer substituir na relação de emprego. A prestação de serviço é intuitu personae (em consideração à pessoa). Possui caráter de infungibilidade (o empregado é insubstituível). Exemplo: no caso de uma ausência, não pode o empregado encaminhar um amigo para substituí-lo na prestação de serviços. A pessoa física (ou natural) é certa e determinada em razão das suas qualidades pessoais (técnicas, de formação, de personalidade etc.). Obs.1: somente em casos excepcionais e com consentimento do empregador, o empregado poderá ser substituído. b Fungibilidade do empregador na relação (“despersonalização” trabalhista do empregador): o mesmo não ocorre em relação ao empregador, pois a CLT prevê a sucessão de empregador, sem alteração no contrato de trabalho: CLT, art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relaçãode emprego 4 CLT, art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. c Exclusividade: Não é elemento necessário para caracterizar a relação de emprego. Logo, o empregado poderá ter mais um contrato de trabalho, desde que haja compatibilidade de horário. Exceção quanto ao horário: para o menor, a restrição é maior conforme CLT, art. 414 - Quando o menor de 18 (dezoito) anos for empregado em mais de um estabelecimento, as horas de trabalho em cada um serão totalizadas. Porém, poderá existir cláusula contratual com obrigação de exclusividade de prestação pelo empregado, ou seja, proibindo a prestação de serviço para outro empregador. Obs.1: CLT prevê motivo para justa causa nos casos de negociação habitual por conta própria ou alheia quando constituir ato de concorrência ou for prejudicial ao serviço: art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; 3.3. Subordinação a O trabalhador se submete ao conjunto de ordens (gerais ou específicas) emitidas pelo empregador. CLT prevê motivo para justa causa nos casos de descumprimento de regras gerais (caracteriza indisciplina) ou específicas (caracteriza insubordinação): CLT, art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: h) ato de indisciplina ou de insubordinação; b Natureza jurídica – fundamento: Teoria econômica: se submete em razão da dependência da remuneração. Não aplicável: muitos trabalhadores se mantêm na relação, mesmo, não dependendo economicamente; Teoria técnica: em virtude do tomador monopolizar o conhecimento do processo produtivo. Não aplicável: muitos trabalhadores possuem mais conhecimento técnico que o empregador (como no caso de médicos, engenheiros, advogados etc.); Teoria jurídica: pelo consentimento do empregado ao celebrar o contrato de trabalho; consente em se submeter ao poder do empregador (de dirigir, de regulamentar, de fiscalizar e de disciplinar). Teoria adotada pela CLT: CLT, art. 6º, parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 5 c O local de prestação de serviços não afasta a subordinação, mas pode trazer reflexos nos direitos relativos à duração do trabalho: teletrabalho - a realização de atividade fora das dependências da empresa ou em área externa, por si só, não exclui a subordinação: CLT, art. 6º, parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio; Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. Embora exista a relação de emprego e devem ser observados direitos trabalhistas, há previsão de afastamento dos direitos relativos à duração do trabalho (limites de jornada, adicionais de horas extras, períodos de intervalos intrajornada, interjornada e descanso semanal remunerado e adicional do trabalho noturno), conforme a seguir: 3.3.c...1. Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial; III. Os empregados em regime de teletrabalho. 3.3.c...2. Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho. d Transferência para o estrangeiro sendo lá considerado como autônomo não afasta a caracterização de relação de emprego no Brasil: Lei 7064 de 1982 Dispõe sobre a situação de trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior. Art. 9º - O período de Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 6 duração da transferência será computado no tempo de serviço do empregado para todos os efeitos da legislação brasileira, ainda que a lei local de prestação do serviço considere essa prestação como resultante de um contrato autônomo e determine a liquidação dos direitos oriundos da respectiva cessação. e o grau de subordinação reduzido não afasta a relação de emprego, mas pode trazer reflexos nos direitos relativos à duração do trabalho. Para aqueles empregados que exercem “cargos de gestão” e recebem acréscimo salarial de 40% ou mais, serão afastados os direitos relativos à duração do trabalho (limites de jornada, adicionais de horas extras, períodos de intervalos intrajornada, interjornada e descanso semanal remunerado e adicional do trabalho noturno), conforme a seguir: Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial; Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). f Trabalhador autônomo: Reforma Trabalhista. Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3o desta Consolidação.” Medida Provisória 808 de 14 de novembro de 2017 - Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação. § 1º É vedada a celebração de cláusula de exclusividade no contrato previsto no caput. § 2º Não caracteriza a qualidade de empregado prevista no art. 3º o fato de o autônomo prestar serviços a apenas um tomador de serviços. § 3º O autônomo poderá prestar serviços de qualquer natureza a outros tomadores de serviços que exerçam ou não a mesma atividade econômica, sob qualquer modalidade de contrato de trabalho, inclusive como autônomo. § 4º Fica garantida ao autônomo a possibilidade de recusa de realizar atividade demandada pelo contratante, garantida a aplicação de cláusula de penalidade prevista em contrato.§ 5º Motoristas, representantes comerciais, corretores de imóveis, parceiros, e trabalhadores de outras categorias profissionais reguladas por leis específicas relacionadas a atividades compatíveis com o contrato autônomo, desde que cumpridos os requisitos do caput, não possuirão a qualidade de empregado Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 7 prevista o art. 3º. § 6º Presente a subordinação jurídica, será reconhecido o vínculo empregatício. § 7º O disposto no caput se aplica ao autônomo, ainda que exerça atividade relacionada ao negócio da empresa contratante. g Tipos de subordinação Subordinação jurídica: em razão do contrato, consente em se submeter às ordens; Subordinação estrutural: inserção do trabalhador no empreendimento; Parasubordinação: aqueles que se subordinam às diretrizes, mas não à subordinação clássica (de ordens diretas), ex.: advogado. 3.4. Onerosidade a Onerosidade estará presente pela intenção contratual de recebimento de contraprestação em razão da prestação de serviços. a O não pagamento ou redução considerável dos salários poderá caracterizar falta grave do empregador permitindo a rescisão indireta pelo empregado: CLT, art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. b Deve-se verificar o animus contrahendi (intenção para contratar). Logo, deve estar presente o animus contrahendi de interesse econômico. O intuito do empregado em obter como contrapartida benefícios financeiros. c A legislação prevê formas de pagamento em dinheiro ou em dinheiro e utilidades (bens e serviços). d Logo, pode não estar presente em casos como a seguir; ex.1: no vínculo de colaboração entre irmãs numa determinada atividade, sem qualquer interesse econômico. Ausente o animus contrahendi; ex.2: presença do affectio societatis também denominada animus contrahendi societatis é a disposição do contraente em participar de uma sociedade e obter lucros. ex.: associado de uma cooperativa; sócio de uma empresa etc. ex.3: ofício do religioso é prestar auxílio espiritual e não tem como ânimo principal a remuneração. 1.1.d..1. “A entrega de valores mensais não constitui salário, mas mera ajuda de custo para a subsistência do religioso e de sua família, de modo a possibilitar maior dedicação ao seu ofício de difusão e fortalecimento da fé que professa”1 1 RO 01139-2004-101-04-00-5 – TRT 4a Região – Relator Juiz João Alfredo B. A. De Miranda – Publicado no DORGS em 02/06/2006) PASTOR. TRABALHO VOLUNTÁRIO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DEFINIDORES DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO. Disponível em: https://trt- Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 8 ex.4.: trabalho voluntário conforme Lei 9608 de 1998 – que regula o serviço voluntário. Art. 1o Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário. 3.5. habitualidade ou não eventualidade (ou continuidade para alguns) a habitual (não eventual) é uma prestação de serviços permanente. b A prestação eventual de serviços descaracteriza a relação de emprego. Será eventual se a prestação de serviços for ocasional ou esporádica. ex.1: estará presente a habitualidade se a prestação de serviços for de 1 dia na semana durante todo o lapso contratual. ex.2: estará presente a habitualidade mesmo nos casos de jornada reduzida. A própria CLT prevê o regime de tempo parcial (de até 26 horas semanais com possibilidade de acréscimo de 6 horas semanais; ou até 30 horas semanais, sem possibilidade de acréscimos semanais): CLT, art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. ex.3: no contrato intermitente, existirá a habitualidade, embora a prestação de serviços “não é contínua”, “ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade”, nos seguintes termos: CLT, art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de 23.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/425144375/rtord-11305920145230037/inteiro-teor- 425144396?ref=juris-tabs. Direito do Trabalho – 3. Relação de trabalho e relação de emprego 9 trabalho intermitente. § 3º Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação específica. ex.4: No contrato de emprego doméstico (no âmbito da residência e sem finalidade lucrativa) é exigida a prestação de serviços na forma “contínua”, ou seja, com mais de 2 dias por semana para caracterizar relação de emprego. Assim, se prestar serviços 1 ou até 2 dias por semana no âmbito da residência sem finalidade lucrativa do tomador, será um trabalho eventual (trabalhador “diarista” sem proteção da legislação trabalhista e regulado do Código Civil). A LC 150 de 2015 – Lei que dispõe sobre contrato de trabalho doméstico: Art. 1o Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. c obs. existem teorias relativas à caracterização da habitualidade: teoria da continuidade: não adotada pela CLT; teoria da finalidade: inserção na atividade fim da empresa; teoria da fixação jurídica: fixa-se em razão no negócio jurídico; 3.6. alteridade a alteridade é a qualidade do empregador assumir o risco do negócio. b Há divergências em considerar a alteridade como elemento necessário para caracterizar a relação de emprego. Serão encontrados dois posicionamentos: 1ª corrente: alteridade é elemento necessário para caracterizar a relação de emprego; ex.: celebrada parceria com intenção de dividir lucro do negócio. 2ª corrente: alteridadeé efeito do contrato de trabalho numa relação de emprego. Portanto, presentes os elementos da relação de emprego (pessoa física, pessoalidade, onerosidade, habitualidade e onerosidade), o empregador assume o risco do negócio – a alteridade. ex.: não pode o empregador reduzir o salário do trabalhador alegando crise econômica.
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