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1 Universidade Salvador – UNIFACS Cursos de Engenharia – Cálculo IV Profa: Ilka Rebouças Freire Integrais Múltiplas Texto 04 : A Integral Tripla A integral simples de uma função f(x) foi definida numa região fechada do eixo OX, um intervalo [a,b]. A integral dupla de uma função f(x,y) foi definida numa região fechada R do plano xy. Nosso objetivo agora é definir o significado da integral tripla da função f(x,y,z) numa região sólida fechada Q do sistema de coordenadas XYZ. Dada uma função de três variáveis f(x,y,z) podemos definir a integral tripla para essa função com um processo análogo ao que foi feito para integral dupla. A integral tripla aparece em muitas aplicações da engenharia. Por exemplo, a massa de um sólido Q pode ser calculada através da integral Q dV)z,y,x(m onde (x,y,z) é a densidade em um ponto (x,y,z). Suponhamos que f(x,y,z) é uma função contínua em uma região Q em forma de um paralelepípedo Q = { (x,y,z) R3; a x b; c y d; e z f }. Dividindo-se Q em sub- regiões Q1, Q2,...Qn, através de planos paralelos aos planos coordenados, obtemos uma partição de Q. Se xi, yi e zi são as dimensões de Qi, então Vi é o seu volume. Considerando a soma i iiii V)z,y,x(f , onde (xi, yi, zi ) é um ponto arbitrário de Qi, definimos a integral tripla de f sobre Q como o limite da soma, se existir, ou seja, n 0i iiii nQ V)z,y,x(fdV)z,y,x(f lim Pode-se mostrar que a integral acima pode ser obtida através de três integrações simples b a d c f eQ dzdydx)z,y,x(fdV)z,y,x(f 2 Observações: 1. Assim como na integral dupla, a ordem de integração pode ser trocada e a integral iterada acima pode ser obtida por qualquer uma das outras cinco integrais iteradas resultantes da alteração da ordem de integração. O número de possíveis ordens de integração corresponde a 3! = 6 2. Valem as mesmas propriedades da integral dupla Exemplo: Calcule Q xyzdxdydz , sendo Q = {(x,y,z)R3; 0 x 1; 0 y 2; 1 z 0}. Solução: Q xyzdxdydz = 2 1 ] 2 z [zdzdz] 4 zy [dydz 2 yz dydz] 2 yzx [xyzdxdydz 01 20 1 0 1 2 0 20 1 2 0 1 0 0 1 2 0 20 1 2 0 1 0 Se Q é uma região mais geral (não muito “complicada”) que um paralelepípedo, onde f(x,y,z) é contínua, o processo é análogo ao que foi feito para integral dupla. Consideramos a região Q envolvida por um paralelepípedo. Vamos analisar as três primeiras integrações: 1) Integrando 1o em relação a z: Suponhamos, por exemplo, que Q = {(x,y,z)R3; (x,y) R ; z1(x,y) z z2(x,y)}. onde R é uma região do tipo das analisadas na integral dupla, isto é, R é do tipo Rx ( tipo I ) ou Ry ( tipo II ) e corresponde à projeção do sólido Q sobre o plano XY 3 Neste caso, R )y,x(2z )y,x(1zQ dA ] dz)z,y,x(f[ dV)z,y,x(f Observações: No caso da integral acima, primeiro integra-se em relação a z e depois na região R , que pode ser primeiro em x e depois em y ou vice-versa. A depender da situação, pode ser mais conveniente integrar primeiro em relação a y e depois numa região R no plano xz. ou integrar primeiro em relação a x e depois numa região R no plano yz. 2) Integrando 1o em relação a y: Neste caso temos que Q = {(x,y,z)R3; (x,z) R ; y1(x,z) y y2(x,z)}. onde R é a projeção da superfície Q sobre o plano xz R Q x y z z2(x,y) z1(x,y) 4 R )z,x(2y )z,x(1yQ dA ] dy)z,y,x(f[ dV)z,y,x(f e R é uma região dos tipos I ou II no plano xz 3) Integrando 1o em relação a x: Neste caso temos que Q = {(x,y,z)R3; (y,z) R ; x1(y,z) x x2(y,z)}. onde R é a projeção da superfície Q sobre o plano yz R )z,y(2x )z,y(1xQ dA ] dx)z,y,x(f[ dV)z,y,x(f e R é uma região dos tipos I ou II no plano yz Q x y z y2(x,z) R y1(x,z) 5 Exemplos: 1) Expresse Q dV)z,y,x(f como uma integral iterada sendo Q a região do espaço no 1o octante limitada pelo plano x + 4y + 2z – 4 = 0 Assim, Q dV)z,y,x(f = R 4/)z2x4( 0 dydA)z,y,x(f . A região R pode ser interpretada de duas maneiras. Podemos em R integrar primeiro em relação a x e depois em relação a z: 2 0 z24 0 4/)z2x44( 0R 4/)z2x4( 0 dydxdz)z,y,x(f dydA)z,y,x(f Ou podemos em R integrar primeiro em relação a z e depois em relação a x: 4 0 2/)x4( 0 4/)z2x44( 0R 4/)z2x4( 0 dydzdx)z,y,x(f dydA)z,y,x(f Solução: Neste caso o grau de dificuldade é equivalente integrando-se primeiro em relação a qualquer uma das variáveis. Vamos escolher integrar primeiro em relação a y. Assim, projetando o sólido no plano XZ, obtemos que R é a região no plano XZ limitada pelos eixos OX e OZ e a reta z = (4 – x)/2. Explicitando y na equação do plano temos que y = (4 – x –2z)/4 1 2 4 x y z R 6 2) Expresse Q dV)z,y,x(f como uma integral iterada sendo Q a região do espaço no 1º octante, limitado pela superfície cilíndrica z = 1 y2; pelos planos coordenados e pelo plano x = 2. A) 1ª integração em relação a z B) 1ª integração em relação a y C) 1ª integração em relação a x Solução: A) Integrando primeiro em relação a z , a variação de z será 2y1z0 . A projeção de Q no plano xy corresponde ao retângulo 1y0 e 2x0 ;R)y,x(R 2 . O valor y = 1 é obtido com a interseção da parábola z = 1 y2 no eixo OY. A integral fica portanto dxdydz)z,y,x(f dydxdz)z,y,x(f dV)z,y,x(f 1 0 2 0 2y1 0 2 0 1 0 2y1 0Q B) Integrando primeiro em relação a y, a variação de y será do plano XZ ( y = 0) até a superfície cilíndrica 2y1z . Escrevendo y em função de z obtemos z1y . Logo, z1y0 . A projeção de Q no plano xz corresponde ao retângulo 1z0 e 2x0 ;R)y,x(R 2 . O valor z = 1 é obtido com a interseção da parábola z = 1 y2 no eixo OZ. A integral fica portanto dxdzdy)z,y,x(f dzdxdy)z,y,x(f dV)z,y,x(f 1 0 2 0 z11 0 2 0 1 0 z11 0Q C) Integrando primeiro em relação a x , a variação de x será do plano YZ ( x = 0) até o plano x = 2, logo, 2x0 . A projeção de Q no plano YZ corresponde à região limitada pela parábola z = 1 y2 para 0z 0y , ou seja, 1y0 e y1z0 ;R)z,y(R 22 A integral fica dzdxdy)z,y,x(f dydxdz)z,y,x(f dA ]dx)z,y,x(f[dV)z,y,x(f 1 0 z1 0 2 0 1 0 2y1 0 2 0R 2 0Q y x z 7 Podemos calcular o volume de um sólido expressando o volume como uma integral tripla. Se f(x,y,z) =1 em toda região Q, então integral Q dV representa o volume do sólidoQ Exemplo: Use integral tripla para encontrar o volume da região limitada pelos gráficos das equações 0z 0y 4zy 4xz 2 O volume é dado pela expressão Q dV Neste caso é mais conveniente integrar primeiro em relação a x ou em relação a y. Integrar primeiro em relação a z seria mais trabalhoso pois teríamos que dividir o sólido em mais de uma região i) Integrando 1º em relação a x Projetando o sólido no plano YZ temos a região R que é limitada pelos eixos OZ e OY e pela reta y + z = 4 Podemos também, usando a simetria, variar x do plano YZ (x = 0 ) até a superfície z + x2 = 4 ( z4x ) e multiplicar por 2. Logo, V = dy])z4( 3 2 [2dzdyz4 2dzdy]x[ 2dxdzdy 2 y4 0 4 0 4 0 2/3 y4 0 4 0 y4 0 z4 0 4 0 y4 0 z4 0 = 5 128 ]y 3 16 y 15 4 [2dy) 3 16 y 3 2 (2 40 2/5 4 0 2/3 Observação: Em R poderíamos integrar 1º em y depois em z. 8 ii) Integrando 1º em relação a y Projetando o sólido no plano XZ temos que R corresponde à região limitada pela parábola z = 4 x2 e o eixo OX V = dx) 2 )x4( )x4(4(2dx)] 2 z z4[(2dzdx)z4( 2dzdx]y[ dydA 2 0 22 2 2x4 0 2 0 2 0 22x4 0 2 2 2x4 0 z4 0 R z-4 0 = 5 128 10 x x82dx) 2 x 8(2 2 0 52 0 4 Observação: Em R poderíamos integrar 1º em x depois em y. Integral Tripla em Coordenadas Cilíndricas As coordenadas cilíndricas de um ponto P no espaço, em coordenadas cartesianas (x,y,z) são determinadas pelas relações zz rseny cosrx ( I ) Os valores r e correspondem às coordenadas polares da projeção de P sobre o plano XY. Exemplo: Use coordenadas cilíndricas para calcular a integral Q 22 dV)yx( , sendo Q a região delimitada pelo parabolóide z = x2 + y2, pelo cilindro x2 + y2 = 1 e pelo plano XY. P y x z r 9 Solução: a região Q é limitada inferiormente pelo círculo x2 + y2 = 1 e superiormente pelo parabolóide z = x2 + y2 . Projetando Q sobre o plano XY obtemos que R é a região limitada pelo círculo x2 + y2 = 1. Integrando primeiro em relação a z temos que z varia de z = 0 a z = x2 + y2 . z = x2 + y2 em coordenadas cilíndricas tem equação z = r2. A integral fica ´R 2r 0 2dzr , onde R´= 20 1r0 . Logo, ´R 2r 0 2dzr = rdrd]zr[rdrd dzr 2r 0 2 0 1 0 2 2 0 1 0 2r 0 2 = 3 ] 6 [ 6 d d] 6 r [drdr 20 2 0 2 0 1 0 62 0 1 0 5 Observação: A depender da 1ª integração escolhida para a integral tripla podemos ter também 1ª integração em x: rsenz cosry xx 1ª Integração em y: rsenz yy cosrx Referências Bibliográficas: 1. Cálculo um Novo Horizonte – Howard Anton vol 2 2. Cálculo com Geometria Analítica – Swokowski vol 2 3. Cálculo B – Diva Fleming 4. Cálculo – James Stewart vol 2
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