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Direito Civil

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Direito Civil
Prof. Pablo Stolze (contato@pablostolze.com.br/ @profpablostolze/ www.pablostolze.com.brHYPERLINK "http://www.pablostolze.com.br/")HYPERLINK "http://www.pablostolze.com.br/" 
Aula: 1											Data: 31/01/2012
Personalidade Jurídica
Conceito: A personalidade jurídica é a aptidão para se titularizar direitos e contrair obrigações na órbita jurídica, vale dizer, é o atributo do sujeito de direito.
Pessoa Física ou Natural
O doutrinador Teixeira de Freitas chamava Pessoa Física ou Natural de Ente de Existência Visível.
Em que momento a pessoa física ou natural adquire personalidade jurídica?
Resposta: Aparentemente, a resposta é dada pela primeira parte do art. 2º do Código Civil, pelo qual a personalidade da pessoa física seria adquirida a partir do NASCIMENTO COM VIDA, ou seja, a partir do funcionamento do aparelho cardio-respiratório. Entretanto, a segunda parte do mesmo dispositivo reconhece a proteção dos DIREIROS DO NASCITURO desde a concepção, o que nos faz indagar: Teria também o nascituro personalidade jurídica? Trata-se de uma das mais acesas polêmicas da doutrina civilista brasileira, saber se o nascituro pode ou não ser considerado pessoa.
“Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”
O Nascituro
	Inicialmente, vale lembrar, seguindo a doutrina de Limongi França, que o nascituro é o ente concebido, mas ainda não nascido, em outras palavras, é o ente de vida intraulterina.
Obs.: Vale advertir que o nascituro não se confunde com o concepturo e com o natimorto.
	Concepturo também chamado de prole-eventual é aquele que nem concebido ainda foi. Já o natimorto é aquele nascido morto, que deverá ser registrado em Livro Próprio do Cartório de Pessoas Naturais (ver Enunciado nº 1 da Primeira Jornada de Direito Civil que ressalta que o natimorto tem direito a nome, imagem e “sepultura”).
	O intrigante tema atinente à personalidade ou não do nascituro tenta ser solucionado à luz de 3 teorias explicativas fundamentais:
	1ª) Teoria Natalista (defendida por Sílvio Rodrigues, Vicente Ráo, Sílvio Venosa)
	2ª) Teoria da Personalidade Condicional (defendida por Serpa Lopes)
	3ª) Teoria Concepcionista (adotada por Teixeira de Freitas, Ciumara Chinelato)
	A primeira teoria (Natalista), tradicional em nosso direito, sustenta que a personalidade jurídica só seria adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que o nascituro não seria considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direito. É a teoria mais clássica, mais conservadora.
Obs.: Mesmo que se siga a teoria natalista, não razoável, na perspectiva do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, que, além do nascimento com vida se exija forma humana ou tempo mínimo de sobrevida de 24 horas, como exigia o art. 30 do Código Civil Espanhol antes da Lei nº 20 de 21 de julho de 2011.
	Para a segunda teoria (Personalidade Condicional), que fica a meio caminho entre a natalista e a concepcionista, o nascituro seria dotado de personalidade apenas para direitos existenciais (como o direito à vida, o direito à proteção prenatal contra o aborto), mas apenas consolidaria a personalidade para a aquisição de direitos econômicos ou materiais, sob a condição de nasce com vida. Aceita por grande parte da jurisprudência.
Obs.: Esta segunda teoria não é incisiva para afirmar ser o nascituro uma pessoa, com personalidade plena, inclusive para efeitos patrimoniais (aproxima-se da classificação apresentada pela Professora Maria Helena Diniz, segundo a qual o nascituro teria uma personalidade formal, mas somente adquiriria direitos materiais sob a condição de nascer com vida).
	Finalmente, a Teoria Concepcionista, mais completa, afirma que o nascituro é dotado de personalidade jurídica, desde a concepção, inclusive para efeitos patrimoniais. Percebemos que, aos poucos, a Teoria Concepcionista vai ganhando mais espaço nos tribunais, inclusive na própria legislação brasileira, a exemplo da Lei de Alimentos Gravídicos (Lei nº 11.804/2008) e recentes decisões do STJ que admitiram o dano moral ao nascituro (Resp. 399.028/SP) e até mesmo pagamento de DPVAT (Danos Pessoas por Acidentes com Veículos Automotores Terrestres) pela morte do nascituro (noticiário de 15/05/2011).
Quais das 3 teorias afinal teria sido adotada pelo Código Civil Brasileiro?
Resposta: Segundo Clóvis Bevilaqua, em seus comentários ao Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, Editoria Rio, 1975, em posição ainda atual, o Código Civil aparentemente pretendeu adotar a Teoria Natalista (“por parecer mais prática”), embora em diversos momentos sofre influência Concepcionista, (por exemplo, quando reconhece ao nascituro o direito à vida, a alimentos, à doação). O julgamento da ADI 3510-0, referente à Lei de Biossegurança não pacificou a controvérsia, pois não teve o objetivo de discutir especificamente qual a teoria adotada.
O nascituro pode adquirir alguma obrigação?
Resposta: Sim, por exemplo, se receber por doação uma fazenda, receberá também os ônus tributários desta.
	No caso de um rapaz pagar os alimentos gravídicos e, posteriormente, descobrir que este não é seu filho biológico, poderá entrar com uma ação regressiva em face do verdadeiro pai.
	O prazo prescricional para o nascituro demandar uma eventual ação por danos morais ou patrimoniais começará a correr quando este completar 16 anos (art. 197 e 198 do CC).
“Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º (Absolutamente Incapazes);
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.”
Capacidade
Conceito: Desdobra-se na capacidade de direito e na capacidade de fato ou de exercício. A capacidade de direito é uma capacidade geral, genérica, que qualquer pessoa tem. Segundo Orlando Gomes, a capacidade de direito é noção que se confunde com o próprio conceito de personalidade. A capacidade de fato ou de exercício nem toda pessoa tem, porque essa capacidade traduz uma aptidão para pessoalmente praticar atos na vida civil (por exemplo: tal capacidade o recém nascido não tem, a pessoa sem nenhum discernimento também não).
	A Capacidade Civil Plena é a junção da capacidade de direito e de fato ou de exercício.
Obs.: Vale lembrar que o conceito de Capacidade não se confunde com a denominada Legitimidade, a qual, lembrando Calmon de Passos, consiste na pertinência subjetiva para a prática de determinados atos jurídicos (discernimento). Vale dizer, mesmo sendo capaz, a pessoa pode está impedida de praticar determinado ato jurídico por falta de legitimidade (art. 1.521, IV do CC).
	A Incapacidade Civil é a ausência da capacidade de fato.
	A incapacidade civil pode ser Absoluta (art. 3º do CC) e a Relativa (art. 4º do CC).
	São Absolutamente Incapazes:
“Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos; (chamados de menores impúberes)
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.”
E o nascituro?
Resposta: É preferível chamá-lo pela nomenclatura “Nascituro”.
Obs.: No que tange ao inciso II do art. 3º, vale lembrar que o reconhecimento da incapacidade absoluta (ou até mesmo relativa) pela enfermidade ou deficiência mental opera-se por meio do Procedimento de Interdição, regulado a partir do art. 1.177 do CC. Proferida, publicada e registrada a sentença de interdição, qualquer ato que o incapaz pratique sem o seu curador, mesmo em períodode lucidez, é inválido.
O ato praticado pela pessoa incapaz que ainda não foi interditada tem validade jurídica?
Resposta: Orlando Gomes, seguindo doutrina Italiana, na mesma esteira da redação original do art. 503 do Código Civil da França, antes da Lei de 05 de março de 2007, observa que o ato praticado pelo incapaz ainda não interditado poderá ser invalidado se concorrerem 3 requisitos:
	1º) a incapacidade de entendimento;
	2º) o prejuízo ao incapaz e;
	3º) a má-fé da outra parte (esta má-fé, por óbvio, pode ser circunstancialmente aferida, por exemplo, o carro custava R$ 80.000,00 e a outra parte pagou R$ 10.000).
	São exemplos atinentes ao inciso III, a pessoa que se encontra no estado de coma ou se encontre em estado de intoxicação transitória eventual involuntária.
Obs.: A Teoria da “Actio Libera in Causa” desenvolvida pelo Direito Penal (ver o Texto de Claus Roxin no www.cienciaspenales.net), também se aplica ao Direito Civil segundo observa Alvino Lima na obra “Da Culpa ao Risco”, pois é justo que se responsabilize a pessoa que voluntariamente se coloca em estado de incapacidade.
	O Código Velho trazia o ausente (já não é mais considerado absolutamente incapaz) e o surdo-mudo que não tivesse a habilidade especial para manifestar sua vontade (Libras) no rol dos absolutamente incapazes, este implícito percebido através da interpretação do inciso III.
	São Relativamente Incapazes:
“Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; (chamados menores púberes)
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.”
Obs.: Se a embriaguez e a toxicomania é patológica ou a deficiência mental for total, a incapacidade é absoluta. Prodigalidade é um transtorno; o pródigo é aquele que gasta compulsivamente, se conduzido a uma situação de miséria. O pródigo pode ser interditado à luz do art. 1.782 do CC e para praticar atos que envolvam patrimônio deverá ser assistido por curador. O curador, neste caso, deverá ter que ser ouvido até quando o pródigo for casar para decidir o regime de bens a ser aplicado.
“Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.”
Obs.: A Teoria do Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo, desenvolvida pelo Professor Luiz Edson Fachin, afirma que, à luz do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, todo indivíduo deve ter preservado pela lei civil um mínimo de patrimônio para que tenha vida digna.
	A interdição do pródigo reflete um interesse social, tendo em vista que se este dilapidar todo seu patrimônio demandará em face de seus parentes ou contra o Estado para requer prestação alimentícia, ajuda financeira. Tem ainda o objetivo de proteger o bem da família.
Obs.: O art. 8º da Lei 6.001/73 (Estatuto do Índio) regula a capacidade do índio. Segundo tal estatuto, o índio que não tem contato com a civilidade, em regra, é absolutamente incapaz.
	O que é “Restitutio in Integrum”?
Resposta: Segundo a doutrina de Clóvis Bevilaqua, o benefício de restituição ou “restitutio in integrum” consistia num benefício conferido aos menores ou incapazes em geral pleitear de volta o que pagou, caso alegassem prejuízo ainda que o ato praticado fosse formalmente perfeito.
	Vale lembrar que o art. 8º do Código Civil de 1916, por segurança jurídica, expressamente o proibia, proibição esta que a doutrina entende ainda em vigor à luz do Código Novo.
Ver no material de apoio os comentários ao art. 119 do CC.
	Quais são os principais efeitos da Redução da Maioridade Civil?
Resposta: Inicialmente, é importante frisar, no âmbito do Direito de Família, que o próprio STJ já consolidou o entendimento (REsp. 442.502/SP; REsp 739.004/DF) no sentido de que o alcance da maioridade civil não implica cancelamento automático da pensão alimentícia, que exige a Garantia do Contraditório (Súmula 358 do STJ).
STJ Súmula nº 358: Cancelamento de Pensão Alimentícia de Filho - Maioridade - Contraditório
“O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.”
Ver no material de apoio diversas decisões do STJ atinentes à participação do Ministério Público em processos que envolvam pagamento de pensão alimentícia.
	Vale acrescentar ainda, no âmbito do Direito Previdenciário, que benefícios pagos pela Lei Previdenciária deveram observar o seu limite etário, e não o do Código Civil (Nota SAJ 42/2003 e Enunciado nº 03 da I JDC - Jornada de Direito Civil).
Atenção! Alguns benefícios previdenciários são pagos até o beneficiário completar 21 anos.
Emancipação
	Segundo Washington de Barros Monteiro, a maioridade civil é atingida no primeiro instante do dia em que se comemora o aniversário.
	Por meio da emancipação, instituto também presente em outros sistemas no mundo (a exemplo do art. 133 do Código de Portugal), antecipam-se os efeitos da plena capacidade civil, e, segundo o nosso Direito, a emancipação poderá ser:
	a) Voluntária (art. 5º, parágrafo único, I, 1ª parte do CC): a emancipação voluntária é aquela concedida pelos pais, ou por um deles na falta do outro, mediante Instrumento Público em cartório, independentemente da homologação do juiz, e desde que o menor tenha, pelo menos, 16 anos completos. Atenção! O emancipado não precisa autorizar os pais para emancipação. A emancipação voluntária é um ato de vontade dos pais.
Obs¹.: O fato de um dos pais ter a guarda não dará a este o livre arbítrio de emancipar o filho sozinho, pois esta não retira do outro o poder familiar.
Obs².: Lembra-nos Sílvio Venosa em artigo entitulado “A Responsabilidade dos Pais pelos Filhos Menores” que, no caso da emancipação voluntária, na linha de entendimento do próprio STF (RTJ 62/108), a responsabilidade dos pais pelo ilícito causado pelo menor emancipado persiste até que alcance 18 anos, para que a vítima não corra o risco de ficar irressarcida.
	b) Judicial (art. 5º, parágrafo único, I, 2ª parte do CC): a emancipação judicial, segundo o Código Civil, é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha, pelo menos, 16 anos completos. Aplica-se aos menores sob tutela. Neste caso, o tutor ou o menor poderá fazer o pedido, porém quem irá emancipar é o juiz. Se o menor a requerer, o juiz nomeará um advogado para ser seu curador e formular formalmente o pedido.
	c) Legal (art. 5º, parágrafo único, II a V do CC): as formas de emancipação legal, como a própria expressão sugere, derivam diretamente da lei e são as seguintes:
		1ª. casamento (a capacidade para o casamento é atingida, em regra, aos 16 anos);
Já vimos que o casamento emancipa, mas em caso de divórcio, o ato emancipatório é prejudicado?
Resposta: O divórcio, por projetar efeitos para o futuro, não retorna a situação de incapacidade. Diferente é a hipótese de o casamento ser invalidado, caso em que, ressalvada a hipótese de putatividade, a sentença opera efeitos retroativos, restituindo o estado anterior de coisas, ou seja, as partes, se menores de idade, retornam a situação de incapacidade e passam a ser solteiras novamente (Zeno Veloso, Tartuce, Simão).
		2ª. o exercício de emprego público efetivo (analogicamente, o exercício de um cargo público efetivo também emancipa);
		3ª. a colação de grau em curso de ensino superior;
		4ª. também ocorrerá a emancipação legal pelo estabelecimento civil ou comercial (empresarial), ou pela existência de relação de emprego (menor empregado), desde que, em função deles, o menor com 16 anos tenha economia própria;
Atenção! O estabelecimento civil, geralmente, caracteriza-sepela prestação de um serviço (exemplo: o menor de 18 anos que compra uma sala para dar aulas de violão). O estabelecimento comercial, geralmente, caracteriza-se pela prática da atividade comercial (exemplo: o menor de 18 anos que tem um box na feira). Se o menor de 18 anos que obteve a emancipação na hipótese do inciso V, ainda que, perca o estabelecimento civil ou comercial ou o emprego, não voltará a situação de incapaz.
Obs.: Não é obrigatório que haja uma sentença declarando a emancipação legal. Esta poderá ser uma questão incidental em um processo e a sentença será Declaratória.
“Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.”
	O que se entende por “economia própria”?
Resposta: Como se sabe, o moderno Direito Civil adotou um sistema normativo aberto, permeado de Cláusulas Gerais e conceitos abertos ou indeterminados. À luz do Princípio da Operabilidade (um dos vetores normativos do Novo Código Civil, segundo Miguel Reale – ver referência de texto no material de apoio), “economia própria” é um conceito vago ou fluídico, assim como a expressão “justa causa”, a ser preenchido pelo juiz, segundo as circunstâncias do caso concreto.
Princípio da Operabilidade significa que para melhor se operar o Código Civil foram adotados conceitos abertos ou indeterminados, a serem preenchidos pelo juiz.
Obs.: Os 2 outros Princípios regentes do Código Civil, segundo o filósofo Miguel Reale, são: o Princípio da Socialidade (o Código prestigia a função social) e o Princípio da Eticidade (o Código prestigia a boa-fé como valor fundamental).
	A diferença entre Conceito Aberto e Cláusula Geral deverá ser vista na grade de Teoria Geral do Contrato (Prof.ª Judith Martins-Costa).
Questões Especiais envolvendo o menor emancipado
	O Professor Paulo Sumariva no artigo “A Lei de Falências e a Imputabilidade Penal” sustenta que o menor emancipado poderá falir e, caso configurado Crime Falimentar, responder por ato infracional, segundo o ECA.
	O Professor Luiz Flávio Gomes, por sua vez, sustenta a possibilidade de Prisão Civil (não tem natureza de prisão criminal), já que é apenas meio coercitivo de pagamento.
Atenção! A emancipação não antecipa a capacidade penal, apenas a capacidade civil.
	Por que o menor emancipado não pode dirigir?
Resposta: Finalmente, é com lembrar que a emancipação não autoriza a condução de veículos, na medida em que o art. 140, I do Código Brasileiro de Trânsito exige que o condutor seja “penalmente imputável”.
“Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automotor e elétrico será apurada por meio de exames que deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do Estado ou do Distrito Federal, do domicílio ou residência do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio órgão, devendo o condutor preencher os seguintes requisitos:
I - ser penalmente imputável;
II - saber ler e escrever;
III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
Parágrafo único. As informações do candidato à habilitação serão cadastradas no RENACH.”
Extinção da Pessoa Física ou Natural
	Como se sabe, nos termos do art. 6º do CC, a extinção da Pessoa Física ou Natural opera-se por meio da morte. O marco utilizado hoje pela medicina para a fixação da morte é a morte encefálica, dado o seu caráter de irreversibilidade (ver Resolução 1.826 de 2007 do Conselho Federal de Medicina).
“Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.”
	Vale acrescentar ainda que, nos termos da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73), arts. 77 e ss., o óbito deve ser declarado por um profissional da medicina, e, em sua falta, excepcionalmente, por 2 testemunhas.
Morte Presumida
	O Código Civil Brasileiro reconhece 2 situações básicas de morte presumida:
		1ª. em caso de ausência, quando aberta a sucessão definitiva dos bens do ausente;
Obs.: A ausência ocorre quando a pessoa desaparece do seu domicílio sem deixar notícia ou representante que administre os seus bens. Trata-se de um procedimento regulado a partir do art. 22 do CC e detalhadamente explicado no texto complementar no material de apoio 01 (ver art. 22 e ss. do CC). Há uma fase no Procedimento da Ausência na qual o ausente é considerado morto por presunção.
“Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.”
		2ª. a morte presumida também poderá se dar, fora da situação de ausência, nas hipóteses do art. 7º do CC;
“Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.”
Atenção! O Procedimento da Ausência não se aplica nas hipóteses previstas no art. 7º do CC. O procedimento adotado é o chamado Procedimento de Justificação. Neste caso, existem indícios concretos da morte. 
	Finalmente, vale lembrar que o STF editou a Súmula nº 331 afirmando ser legítima a incidência do Imposto de Transmissão “Causa Mortis” (ITCM) no Inventário Por Morte Presumida.
Súmula nº 331 do STF: “É legítima a incidência do imposto de transmissão "causa mortis" no inventário por morte presumida.”
	O que é comoriência?
Resposta: A comoriência consiste na situação em que 2 ou mais pessoas falecem na mesma ocasião, sem que se possa identificar a ordem cronológica dos óbitos, caso em que consideram-se simultaneamente mortas (art. 8º do CC). Traduz uma presunção de morte simultânea.
“Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.”
Atenção! Em geral, a comoriência se aplica no mesmo lugar. Entretanto, o Código Civil não diz nada a respeito, ou seja, em tese, é possível mortes em locais diferentes, no mesmo instante.
	Na prática, a presunção de morte simultânea significa que serão abertas cadeias sucessórias autônomas e distintas, de maneira que um comoriente nada transmite ao outro (ver AI 598.569.952 TJ/RS – Rel. Maria Berenice Dias).
	O que é premoriência?
Resposta: Premoriência não se confunde com comoriência, pois nada tem haver com morte simultânea. Trata-se de expressão que caracteriza a situação de “pré-morte”, com implicações no âmbito sucessório.
Ex.: Os filhos de João são premorientes em relação a ele, ou seja, os filhos de João morreram antes dele.
Pessoa Jurídica
	Nos dias de hoje, adotamos a expressão “Pessoa Jurídica”, muito embora, no Direito Comparado, outras terminologias já foram usadas como: “Pessoas Morais”, “Abstratas”; “Místicas”, e, até mesmo, “Ente de Existência Ideal” (Teixeira de Freitas).
Atenção! Típico de pergunta de prova oral.
	Como decorrência do fato associativo, os seres humanos, gregários por excelência, segundo a doutrinado sociólogo Machado Neto, têm a tendência inata ao agrupamento, pois, perceberam que em grupos atingiriam com mais eficiência os seus propósitos, especialmente econômicos. Assim, observa Orlando Gomes que a categoria da Pessoa Jurídica surgiu da necessidade de personificação desses grupos, para que atuassem com autonomia.
	Portanto, um primeiro e básico conceito de pessoa jurídica é do sentido de ser aquele grupo humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade própria, para a realização de fins comuns.
Obs.: Naturalmente, dada a complexidade das relações sociais contemporâneas, especiais tipos de pessoa jurídica têm natureza própria, a exemplo das fundações e da EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada).
Atenção! O fato de uma entidade ter CNPJ não significa que obrigatoriamente é uma pessoa jurídica (ex.: o condomínio, empresário individual). A Receita Federal que é um ente administrativo não tem a competência de dar nomenclatura de pessoa jurídica. O Código Civil é que dispõe quem é pessoa jurídica.
Teorias Explicativas da Pessoa Jurídica
	Natureza Jurídica da Pessoa Jurídica
	Existem 2 correntes básicas:
	1. Corrente Afirmativista: aceita a categoria da pessoa jurídica. Tal corrente prevaleceu em nosso Sistema. Dentro dessa corrente foram criadas várias teorias (ver na doutrina). Estudaremos as 3 teorias mais importantes:
		1ª. Teoria da Ficção: desenvolvida a partir do pensamento de Windscheid e defendida por Savigny. Para esta teoria, a pessoa jurídica teria uma existência meramente ideal ou abstrata, sendo uma criação da pura técnica do Direito. O defeito dessa teoria é que, por ser abstrata demais, “encarcerava” a pessoa jurídica dentro do campo do Direito. Nesta teoria, a pessoa jurídica, em tese, no campo social.
		2ª. Teoria da Realidade Objetiva (também conhecida como Teoria Sociológica ou Organicista): defendida por Clóvis Beviláqua (elaborou o Código Civil de 1916). Para esta teoria, a pessoa jurídica seria, simplesmente, um organismo social vivo, a ser explicado pela sociologia, e não pela técnica do Direito. Reconhece à pessoa jurídica a função social, porém não reconhece a personificação desta no campo jurídico.
		3ª. Teoria da Realidade Técnica: defendida por Saleilles (em 1901, desenvolveu a categoria do Contrato de Adesão) e Ferrara. Para esta 3ª teoria, mais equilibrada, a pessoa jurídica seria personificada pela técnica abstrata do Direito, a par de também ter dimensão social, integrando relações de variada ordem. Indiscutivelmente, a melhor teoria a ser aplicada.
	2. Corrente Negativista: a corrente negativista como o nome estar a dizer, negava a categoria da pessoa jurídica, a sua existência (Planiol, Brinz, Bekker). Alguns defendiam que a pessoa jurídica é um grupo de pessoas físicas reunidas; outros que era um patrimônio coletivo. Tal corrente não foi aceita no Direito.
Adquisição da personalidade pela Pessoa Jurídica
	Em que momento a pessoa jurídica adquire a personalidade?
Resposta: Nos precisos termos do art. 45 do Código Civil Brasileiro, começa a existência legal das pessoas jurídicas de Direito Privado com a inscrição do Ato Constitutivo no respectivo Registro, precedida, quando necessário, de autorização especial do Poder Executivo. Vale dizer, nos termos da própria lei brasileira, o registro do Ato Constitutivo (Contrato Social ou Estatuto) é constitutivo da sua personalidade.
“Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro”
Atenção! O registro da pessoa jurídica é um ato constituto de sua personalidade. Diferentemente do registro de nascimento que é um ato declaratório de que a pessoa física nasceu com vida.
	O Ato Constitutivo de uma pessoa jurídica é o Contrato Social ou o Estatuto.
	Em geral, o Ato Constitutivo da pessoa jurídica deverá ser registrado na Junta Comercial ou no C.R.P.J. (Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas).
Obs.: Lembramos Caio Mário em sua obra “Instituições de Direito Civil” que o registro da pessoa jurídica, por ser constitutivo, tem efeitos “ex nunc”. Portanto, conforme deverá ser visto na grade de Direito Empresarial, entes sem registro são considerados despersonificados, o que implica responsabilidade pessoal dos seus sócios ou administradores, nos termos dos arts. 986 e ss. do CC.
Atenção! Existem determinadas pessoas jurídicas que precisam também de uma aprovação especial para se constituírem: bancos e seguradoras. Os bancos para se constituírem é necessária uma autorização específica do Banco Central. As companhias de seguros (seguradoras) precisam de uma autorização específica da SUSEPI (Superintendência de Seguros Privados).
	O que são “grupos despersonificados” com capacidade processual?
Resposta: Determinadas entidades, a exemplo do espólio, da massa falida, da herança jacente (ver art. 12 do CPC), do condomínio, embora tecnicamente pessoas jurídicas não sejam, têm capacidade processual. A Professora Maria Helena Diniz diz que estes são “entes anômalos”. 
	A título ilustrativo, projeto de lei do parlamentar José Santana de Vasconcelos de 2009 pretendeu expressamente modificar o Código Civil e a L.R.P. (Lei de Registros Públicos) para considerar o condomínio como pessoa jurídica.
Espécies de Pessoas Jurídicas de Direito Privado
	O Código Civil Brasileiro, em rol não exaustivo, elenca as pessoas jurídicas de Direito Privado em seu art. 44, e são as seguintes:
1) as associações;
2) as sociedades;
3) as fundações;
4) as organizações religiosas;
5) os partidos políticos;
6) a EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (acrescentada pela Lei 12.441/2011).
Atenção! Em sua redação original, o art. 44 considerava pessoa jurídica de Direito Privado: as associações, as sociedades e as fundações. O legislador expressamente reconheceu as categorias das “organizações religiosas e partidos políticos” anteriores ao diploma legal, em incisos autônomos, mesmo tendo natureza associativa, com o objetivo de excluí-los e blindá-los do prazo de adaptação ao Novo Código Civil nos termos do art. 2.031 (ver, na apostila 02, o tópico 9).
Obs.: Os empresários individuais e as pessoas jurídicas anteriores que não se adaptaram ao Novo Código Civil podem sofrer sanções de variada ordem:
impossibilidade de obtenção de linha crédito e financiamento;
impossibilidade de participar de licitação e,;
principalmente, passarão a atuar como sociedades irregulares,
em que como se sabe, a responsabilidade passa a ser pessoal dos seus próprios sócios ou administradores.
Pergunta de Concurso: Pessoa Jurídica pode sofrer dano moral?
Resposta: A posição que prevalece no Sistema Jurídico Brasileiro, consolidada em diversos julgados (REsp. 752.672/RS, AGRG no REsp. 865.658/RJ) e na própria Súmula 227 do STJ é no sentido de que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, nos termos inclusive do próprio art. 52 do CC, a despeito de certa desistência doutrinária (Enunciado 286 da IV JDC - Jornada de Direito Civil).
Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”
Análise das Pessoas Jurídicas previstas no Código Civil
	Associações
Conceito: as associações, nos termos do art. 53 do CC, são pessoas jurídicas de Direito Privado formadas pela união de indivíduos que buscam finalidade ideal ou não econômica. Não pode ter finalidade lucrativa.
Atenção! Uma associação pode gerar receita para se manter, porém esta será investida na própria associação. Não poderá haver partilha de dividendos, entretanto seus empregados poderão receber salários.
	O Ato Constitutivo de uma associaçãoé o seu Estatuto, cujo os requisitos encontram-se no art. 54, devendo o seu registro ser feito no C.R.P.J. (Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas).
	Em geral, o estatuto de uma associação prever: uma diretoria, uma presidência, um conselho fiscal, um conselho administrativo, dentre outros órgãos. O órgão máximo de uma associação é a Assembleia Geral cuja competência esta prevista no art. 59 do CC.
Obs.: Em regra, dissolvida a associação, a teor do art. 61, o seu patrimônio será atribuído a entidades de fins não econômicos designadas no estatuto, ou, omisso este a uma instituição municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes.
	Em uma associação, pode haver categorias diferentes de associados, mas, dentro de uma mesma categoria não é possível discriminação de direitos entre eles (art. 55 do CC)
	O Código Civil Brasileiro prever no art. 57, a exclusão ou expulsão do associado, desde que, por óbvio, garantido o Contraditório.
Obs.: Prevalece ainda no Brasil, a tese segundo a qual o art. 57, por cuidar de associações, não deve ser aplicado para expulsão de condômino anti-social para o qual é prevista sanção específica no parágrafo único do art. 1.337 do CC. Nesse sentido inclusive, já decidiu o TJ/SP no julgamento da Apelação Civil 668.403.4/6 com o fundamento que isto ensejaria numa desapropriação privada.
Atenção! Parcela da doutrina, todavia, invocando o Princípio da Função Social e a Teoria do Abuso de Direito, começa a ganhar força defendendo a exclusão do condômino, por meio de ação judicial própria (ver Enunciado 508 da V JDC – Jornada de Direito Civil).
	Fundações (de Direito Privado)
Conceito: as fundações, diferentemente das sociedades e das associações, não são formadas pela união de indivíduos, mas sim, pelo destacamento de um patrimônio, que se personifica, para a realização de finalidade ideal ou não lucrativa.
	O particular (pessoa física ou jurídica) destaca bens de seu patrimônio, afetando-os para a constituição da fundação (vide art. 62 do CC).
“Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.”
	Requisitos para a constituição de uma Fundação:
	1º. a afetação de bens livres e desembaraçados do instituidor;
	2º. a instituição deverá ser feita por Escrita Pública ou Testamento;
Atenção! A lei é omissa e não diz se o testamento é obrigatoriamente público. Neste caso, o testamento poderá ser particular ou público.
	3º. a elaboração do Estatuto da Fundação;
	A Fundação não tem Contrato Social, e sim, Estatuto. A Fundação poderá ser temporária, ou seja, o estatuto poderá prever seu prazo de existência. O Estatuto da Fundação poderá ser elaborado diretamente pelo seu próprio instituidor, ou, fiduciariamente (em confiança) a elaboração poderá ficar a cargo de um terceiro, que, não o fazendo permitirá que subsidiariamente o MP o faça (art. 65 do CC).
“Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.”
	4º. a aprovação do Estatuto da Fundação (1.202 do CC);
	Em regra, caberá ao Ministério Público aprovar o Estatuto que ele não elaborou. Caso o Ministério Público elabore o Estatuto, o art. 1.202 do CC estabelece que deverá o mesmo ser aprovado pelo juiz.
“Art. 1.202. Incumbirá ao órgão do Ministério Público elaborar o estatuto e submetê-lo à aprovação do juiz:
I - quando o instituidor não o fizer nem nomear quem o faça;
II - quando a pessoa encarregada não cumprir o encargo no prazo assinado pelo instituidor ou, não havendo prazo, dentro em 6 (seis) meses.”
	5º. o registro do Estatuto no C.R.P.J. (Cartório de Registros de Pessoas Jurídicas).
	Atribuição Fiscalizatória do Ministério Público:
(vide a obra “O Ministério Público e as Fundações de Direito Privado” - Lincoln de Castro)
	O art. 66 do CC traz norma expressa regulando a matéria.
“Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. (Vide ADIN nº 2.794-8 – julgada procedente, a atribuição ao Ministério Público do Distrito Federal)
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público.”
	Ex¹.: Se a Fundação funciona apenas em João Pessoa, o Ministério Público da Paraíba fiscalizará.
	Ex².: Se uma fundação funcionar em mais de um Estado, serão os Ministérios Públicos dos respectivos Estados que irão fiscalizar.
	Ex³.: Se a fundação funcionar no Distrito Federal ou nos Territórios, será o Ministério Público Federal que fiscalizará. Foi proposta e julgada procedente a ADI 2.794-8 alegando que a competência seria do Ministério Público do Distrito Federal.
Obs.: Como vimos, em regra, a função fiscalizatória caberá ao Ministério Público do Estado ou do Distrito Federal (ADI 2.794-8). Todavia, por óbvio, em havendo justificativa legal própria, poderá a Procuradoria da República (MPF) também atuar exercendo fiscalização (Enunciado 147 da III JDC – Jornada de Direito Civil).
	Ver no art. 69, o destino do patrimônio da Fundação que se extingue:
“Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.”
	O Estatuto de uma Fundação pode ser modificado?
Resposta: Nos termos dos arts. 67 e 68 do CC, admite-se a alteração do Estatuto da Fundação.
“Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.”
	Sociedades: $$$
Conceito: A sociedade, pessoa jurídica de Direito Privado, dotada de personalidade jurídica própria, é instituída por meio de Contrato Social, com a finalidade de exercer atividade econômica e partilhar lucros (art. 981 do CC).
“Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.”
	O art. 982 do CC prever 2 tipos de sociedades: Simples e Empresária.
“Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.”
Atenção! O nome correto é “Sociedade Empresária” e, não, Sociedade Empresarial, porque empresarial é a atividade.
	É lícita a sociedade formada entrecônjuges?
Resposta: O art. 977 do CC admite a sociedade formada entre cônjuges, desde que não sejam casados nos regimes de comunhão universal ou separação obrigatória de bens. Neste caso, o legislador imaginou que poderia haver fraude.
“Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.”
	Tem prevalecido a ideia, à luz da Garantia Constitucional do Ato Jurídico Perfeito, que a proibição do art. 977 do CC não atingiria sociedades anteriores, conforme inclusive se pronunciou o D.N.R.C. (Departamento Nacional do Registro de Comércio) por meio do Parecer 125/2003.
	Como diferenciar a Sociedade Simples da Empresária?
Resposta: O Código Civil Brasileiro, no parágrafo único do art. 982 estabelece que, independentemente do objeto, toda Sociedade Anônima é Sociedade Empresária e toda Cooperativa é Sociedade Simples (ver acima).
	A sociedade, para ser considera Empresária, deverá observar 2 requisitos cumulativos:
1º. requisito material: deve exercer atividade tipicamente empresarial (art. 966 do CC).
2º. requisito formal: deve ser registrada na Junta Comercial (Registro Público de Empresa).
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
	A Sociedade Empresária reúne um requisito material (exercício de atividade empresarial) e um requisito formal (registro na Junta Comercial), sujeitando-se a Legislação Falimentar. Além disso, a Sociedade Empresária é marcada pela impessoalidade, na medida em que a atividade do sócio não é indispensável ao exercício da atividade da empresa. Vale dizer, os sócios atuam, basicamente, como articuladores de fatores de produção (capital, mão-de-obra, tecnologia e matéria-prima).
	Diferentemente, a Sociedade Simples que, como regra é registra no C.R.P.J., é aquela em que a atividade do sócio confunde-se com a atividade da própria sociedade, a exemplo da Sociedade formada por advogados (registrada na OAB) ou médicos.
Obs.: A despeito de haver ainda acesa polêmica, por conta das Cooperativas terem sido consideradas Sociedades Simples, a doutrina de Direito Empresarial, em regra, sustenta que o seu registro deve continuar a ser feito na Junta Comercial, por conta da Norma Especial (ver também Enunciado 69 da I Jornada de Direito Civil). Mas a matéria ainda não é pacificada. A minoria da doutrina, a exemplo da prof. Julieta Lunz defende que o registro deve ser feito no C.R.P.J.
O que é uma EIRELI?
	Trata-se de tema a ser visto na grade de Direito Empresarial.
	Trata-se de um novo tipo de pessoa jurídica criada pela Lei 12.441/2011.
Conceito: A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada é, segundo o Prof. Frederico Garcia, uma pessoa jurídica unipessoal que prever a limitação da responsabilidade do seu titular ao capital integralizado que não poderá ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no país.
Obs.: Tramita uma ADI nº 4.637 que pretende o reconhecimento da inconstitucionalidade do mínimo de 100 salários-mínimos para a constituição da EIRELI.
	Em regra, a EIRELI é registrada na Junta Comercial.
Atenção! Somente é possível um pessoa física figurar na EIRELI uma única vez.
Obs.: O D.N.R.C. (Departamento Nacional do Registro de Comércio) por meio da Instrução Normativa nº 117 de 2011 proibiu que pessoa jurídica pudesse constituir EIRELI.
Direito da Personalidade
Parte I
	1. Personalidade e Direitos da Personalidade
	Desde o Código Civil de 1916 estabeleceu-se que toda pessoa jurídica têm aptidão para ser sujeito de direito. Para o Direito, Pessoa é, apenas e tão somente, que tem personalidade. As Relações Jurídicas só poderiam ser titularizadas por quem tinha personalidade.
	Na década de 70, essa conceituação foi severamente criticada por Pontes de Miranda que entendia que, se ter personalidade jurídica, é ser sujeito de direito; porém o conceito de personalidade jurídica estaria empobrecido. Demonstrou que se, ter personalidade jurídica, é ser sujeito de direitos, isso seria pouco.
	Todos entes despersonalizados podem ser sujeitos de direitos, tendo em vista que estes podem assumir obrigações e adquirir direitos.
	O art. 1º do Código Civil, enxergando a pertinência da crítica de Pontes de Miranda, estabelece uma nova regra para a matéria. Dispondo que pessoa é quem goza de personalidade jurídica, devendo ter uma proteção fundamental/básica/elementar denominada de Direitos da Personalidade.
	A Repersonalização é o movimento de valorização da pessoa.
Atenção! Os Direitos da Personalidade constituem a proteção necessária para que a pessoa possa exercer sua personalidade com dignidade nas relações privadas. É um momento de constitucionalização do Direito Civil, interpretando-o conforme a Constituição Federal.
	Os Direitos Fundamentais (arts. 5º, 6º e 7º da CF) são construídos sob outra lógica. Enquanto os Direitos da Personalidade efetivam a dignidade nas relações privadas, os Direitos Fundamentais efetivam a dignidade nas relações públicas.
	O problema é que o Direito da Personalidade também se apresenta como Direito Fundamental e vice-versa, embora senão conceitos autônomos. Exemplo: privacidade e imagem (arts. 5º, V, X e XII da CF). Entretanto, o Devido Processo Legal (art. 5º, LV da CF) é Direito Fundamental, mas não é Direito da Personalidade.
	O primeiro caso é o julgado do STF, RE 201.819/RJ. Neste caso, o STF reconheceu a Eficácia Horizontal ou Aplicação Direta dos Direitos Fundamentais nas relações privadas. Estabelecendo que toda relação privada conta também com a incidência vinculante dos Direitos Fundamentais.
Atenção! A Eficácia Diagonal diz respeito às relações entre empregado e empregador.
	Vide os art. 1.336, §2º e art. 1.337 do CC
“Art. 1.336. São deveres do condômino: (...)
§ 2º O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembleia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa.
Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos que se apurem.”
	Tais dispositivos devem ser analisados e, ainda, deve ser observado o Contraditório por conta dos Direitos Fundamentais.
	Apesar de construídos diante de uma perspectiva pública, os Direitos Fundamentais vinculam as Relações Privadas, não se confundindo com os Direitos da Personalidade.
	Paralelo ao conceito de Personalidade está o conceito de Capacidade. Capacidade é a aptidão para ser sujeito de direito, ou seja, a possibilidade de titularizar relações.
Atenção! Personalidade Jurídica diz respeito às relações existenciais. Capacidade Jurídica diz respeito às relações patrimoniais.
	Segundo o art. 1º do CC, quem tem personalidade também terá capacidade, porém a recíproca não é verdadeira. Quem titulariza relações existenciais também titulariza relações patrimoniais. Porém quem titulariza apenas relações patrimoniais não titulariza relações existenciais.
“Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”
	O ente despersonalizado não poderásofrer danos morais, porque estes dizem respeito às relações existenciais. Porém, poderão sofrer danos materiais, pois estes dizem respeito às relações patrimoniais. Exemplo: a sociedade de fato nunca sofrerá dano moral (existencial).
	O conceito de personalidade é um conceito uno e indivisível (ninguém pode ser meia pessoa).
	A capacidade pode sofrer degradações, tendo em vista que pode-se ter capacidade de direito mas não ter capacidade de fato. A capacidade não é indivisível. Exemplo: os incapazes.
	2. Cláusula Geral de Proteção da Personalidade
	Se os direitos da personalidade correspondem à proteção fundamental da pessoa nas relações privadas. O rol deses direitos só pode ser exemplificativo. Direito da Personalidade é tudo aquilo que é necessário para se ter dignidade nas relações privadas.
	Para reconhecer o caráter exemplificativo dos Direitos da Personalidade, o Direito Brasileiro se perfilha no Direito Português e Italiano e estabelece uma Cláusula Geral de Proteção da Personalidade ou Direito Geral da Personalidade que é a Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, da CF).
	A ideia da Dignidade Humana é oponível ao Estado e ao particular, no mesmo caminho dos direitos Fundamentais. A Dignidade Humana possui uma Dupla Eficácia (positiva e negativa). A Eficácia Positiva é que a Dignidade Humana impõe tarefas para a sua efetivação. Exemplo: ações afirmativas para a proteção de pessoas com deficiência. A Eficácia Negativa é que a Dignidade Humana restringe o exercício de determinados direitos se violarem a dignidade de terceiros. Exemplo: a limitação à discricionariedade administrativa.
	Não se pode conceituar a Dignidade Humana, porém pode-se determinar seu conteúdo mínimo.
	Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, a Igualdade não se conceitua, porém pode-se estabelecer o seu Conteúdo Mínimo que é o núcleo básico/intangível.
Conteúdo Mínimo do Princípio da Dignidade Humana (José Afonso da Silva e Aluísio Barroso)
1. Integridade Física e Psíquica (Ex.: Lei 11.346/06 que estabelece o direito à alimentação adequada)
2. Liberdade e Igualdade (Ex.: STF – ADI 4277 do DF. O STF reconheceu a natureza familiar da relação homoafetiva com o fundamento de que isso seria aplicar o Princípio da Dignidade Humana).
3. Direito ao Mínimo Existencial ou Direito ao Patrimônio Mínimo (Ex¹: Súmula 364 do STJ. Estabelece o direito da “pessoa sozinha” também chamada de “single” pelo Princípio da Dignidade e pelo Princípio do Patrimônio Mínimo. Ex².: art. 649, II do CPC – os bens móveis somente serão necessários para se manter um padrão médio de vida digna. O conceito de padrão médio é exclusivo dos bens móveis.)
Atenção! Segundo o STJ, o conceito de padrão médio não se aplica aos bens imóveis, ou seja, se o devedor morar em um imóvel extremamente valioso, este não poderá ser hipotecado ou penhorado.
Súmula 364 do STJ: “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.”
“Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: (…)
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;”
	3. Momento Aquisitivo
	A concepção é o momento aquisitivo do Direito da Personalidade.
	Concepção é o momento da Nidação (fecundação).
	A partir da concepção serão exercidos os Direitos da Personalidade em sua plenitude, porém os Direitos Patrimoniais serão exercidos apenas com o nascimento com vida.
	O natimorto tem Direito da Personalidade–nome, imagem e sepultura. (Enunciado nº 1 da I JDC).
“A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.”
Atenção! O embrião congelado de laboratório não tem Direito da Personalidade.
	O art. 5º da Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) estabelece que o embrião congelado será guardado pelo médico pelo prazo de 3 anos. Findo este prazo, ou o casal realiza uma fecundação, ou o médico o descartará, encaminhando o embrião para pesquisas com células-tronco.
	Vide STF – ADI 3510/DF reconhece a constitucionalidade deste dispositivo, negando o Direito da Personalidade ao embrião congelado de laboratório.
Atenção! O art. 1.798 do CC reconhece direito sucessório ao embrião laboratorial (herança e legado). Apesar do embrião laboratorial de não ter Direito da Personalidade.
	4. Momento Extintivo
	Se o Direito da Personalidade é adquirido com a concepção, eles se extinguem com a morte. Se a morte extingue a personalidade, extingue também os Direitos da Personalidade. A Lei 9.434/97 estabelece que o momento da morte é fixado pela regra da morte encefálica. O Direito Brasileiro utiliza o critério da morte encefálica como momento extintivo dos Direitos da Personalidade.
Questões Controvertidas a respeito do término dos Direitos da Personalidade
	1ª. Sucessão Processual (art. 43 do CPC): ocorre quando o titular da personalidade sofreu o dano ainda vivo, propôs a ação e faleceu no curso do procedimento. Neste caso, os herdeiros do falecido devem se habilitar no processo para sucedê-lo. O que se extinguiu foi o direito de dar continuidade ao processo.
“Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265.”
	2ª. Transmissão do Direito à Reparação do Dano (art. 943 do CC): se o titular sofreu o dano ainda vivo e veio a falecer sem promover a ação, os herdeiros podem fazê-lo em seu lugar.
“Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.”
	Neste caso, o Direito da Personalidade não foi transmitido, extinguiu-se com o titular. O que se transmitiu foi Direito Patrimonial de se requer a indenização.
Obs¹.: Sob o ponto de vista processual, a legitimidade para requer essa ação é do espólio. Porque os interesses patrimoniais de uma pessoa morta são defendidos por seu espólio. A legitimidade é do espólio (art. 12 do CPC).
“Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: (...)
V - o espólio, pelo inventariante;”
Obs².: O direito de requer a indenização em nome do falecido (art. 943) pressupõe a inocorrência de prescrição. Em regra, o prazo é de 3 anos. O direito de requer a indenização é transmitido com a prescrição em curso. A morte do titular não suspende, nem interrompe o prazo prescricional.
Atenção! No caso de herdeiros absolutamente incapazes, o prazo prescricional será suspenso. Se herdeiros relativamente incapazes, o prazo prescricional corre normalmente.
Obs³.: Não confundir a 2ª situação com a situação do art. 948 do CC que diz respeito a indenização por morte de parente. Na indenização por morte de parente, a vítima terá direito a indenização por danos materiais, por lucro cessante e por dano moral. É direito próprio do parente que ficou vivo.
“Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.”
	3ª. Lesados Indiretos (art. 12, parágrafo único do CC): se o dano ocorre depois da morte do titular atinge, diretamente, ao morto e, por isso, não produz nenhum efeito jurídico. Ex.: uso indevido da imagem do morto. Todavia, atinge também, indiretamente, os familiares vivos da pessoa morta, caracterizados como lesados indiretos. Assim sendo, os lesados indiretos podem reclamar indenização pelo dano causado. Ex.: um rapaz heterossexual morreu vitima do vírus HIV e um jornal divulgou que este era homossexual. Os pais do jovem propuseram ação indenizatória em face do veículo de comunicação.
“Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos,sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.”
Atenção! Trata-se de legitimidade ordinária, autônoma para o processo. Pois não houve transmissão do Direito da Personalidade, tendo em vista que os lesados indiretos estão pleiteando Direito Próprio.
Obs.: Cada pessoa viva traz consigo dentre os seus Direitos da Personalidade, o direito de defender a personalidade dos parentes que faleceram.
	Lesados Indiretos:
	1. Descendentes
	2. Ascendentes
	3. Colaterais até o 4º grau
	4. Cônjuge sobrevivente (companheiro sobrevivente ou parceiro homoafetivo sobrevivente)
	Esse rol não se submete a ordem de vocação sucessória, ou seja, a legitimidade de cada um deles é disjuntiva. Trata-se de um rol exemplificativo. Exemplo: o enteado, a namorada ou a noiva. Vide RE 477.554 AGR.
Obs.: Quando se tratar do Direito de Imagem, os colaterais estão excluídos do rol dos Lesados Indiretos (art. 20, parágrafo único do CC). Vide Enunciado nº 5 da JDC.
“Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.”
	Vide STJ, REsp 86.109 - caso da filha de Lampião e Maria Bonita. Neste caso, uma empresa utilizou a imagem de Lampião e Maria Bonita em um de seus produtos. A filha do casal ajuizou uma ação requerendo que fosse proibida a veiculação desse produto com a tal imagem.
Atenção! Se fosse um irmão ou um primo, estes não seriam legitimados. Se fossem os pais, sim.
	Vide REsp. 521.697/RJ – caso de Garrincha. Após a morte do jogador, um jornalista escreveu uma biografia do Garrincha descrevendo que este era inesquecível nos granados e nos vestiários por ter um órgão genital avantajado. Os filhos de Garrincha ajuizaram uma ação contra o jornalista alegando que o jogador jamais se manifestou a respeito da segunda observação.
Atenção! Neste caso, os colaterais também seriam legitimados.
Dica! Ver o art. 212 do CP (protege a personalidade do morto) e o art.623 do CPP (legitima os familiares a ajuizar Revisão Criminal).
	5. Fontes dos Direitos da Personalidade
	Diz respeito a origem, nascedouro. Portanto fonte é “de onde vem”, “de onde emanam” os Direitos da Personalidade.
	Formaram-se 2 correntes:
	1ª. Corrente Jusnaturalista (majoritária): Maria Helena Diniz e Pablo Stolze. Para os autores dessa corrente, a fonte do Direito da Personalidade é uma fonte natural. Teria uma fonte quase divina. Seriam antecedentes ao Sistema Jurídico. O reconhecimento do Direito da Personalidade sofreu influência do cristianismo e a dignidade do homem.
Exemplo: Tribunal de Nuremberg que julgou os oficiais nazistas alemães pelas atrocidades praticadas em nome do Direito Natural à Vida.
	2ª Corrente (minoritária): Pontes de Miranda. Sustenta que os Direitos da Personalidade não são naturais, mas sim positivados. Pois, decorrem de uma disposição do Sistema Jurídico.
Exemplo: No Brasil Império, o negro era tratado como “coisa”.
	6. Direitos da Personalidade e Liberdades Públicas
	Direitos da Personalidade e Liberdades Públicas não se confundem.
	Direitos da Personalidade correspondem a tudo aquilo que é necessário para ter dignidade na relação privada. Por vezes, a efetivação desse direito exige um comportamento positivo ou negativo do Estado. Esta atuação estatal são as Liberdades Públicas.
	As Liberdades Públicas correspondem a estas obrigações positivas ou negativas impostas ao Estado para concretizar os Direitos da Personalidade.
Exemplo: O Direito de Locomoção (de ir e vir) é um Direito da Personalidade. Porém, por vezes, esse direito para ser concretizado reclama uma Liberdade Pública, o Habeas Corpus.
	7. Direitos da Personalidade e Pessoa Jurídica
	Se o fundamento do Direito da Personalidade é a Dignidade da Pessoa Humana, a Pessoa Jurídica não dispõe desse direito. Vide Enunciado 286 da JDC e art. 52 do CC.
“286 – Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.”
“Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.”
	Quer dizer que pessoas jurídicas não têm Direito da Personalidade, porém devem ter a mesma proteção com base no Atributo de Elasticidade dos Direitos da Personalidade. O termo “no que couber” significa dizer naquilo que a falta da estrutura bio-psicológica permite exercer. Exemplo: a pessoa jurídica terá direito à imagem, ao nome.
Atenção! No REsp. 433.954, o STF reconheceu a proteção da pessoa jurídica por protesto indevido de duplicata.
	Segundo a Súmula 227 do STJ, a pessoa jurídica poderá sofrer dano moral, no que couber.
Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”
Direito da Personalidade
Parte II
	1. Conflito entre os Direitos da Personalidade e a Liberdade de Comunicação Social
	A Liberdade de Comunicação Social divide-se em 2 grupos:
		1º. Liberdade de Imprensa
		2º. Liberdade de Expressão
	No Estado Democrático de Direito nenhum direito é absoluto, nem o direito à vida.
	Os Direitos da Personalidade não são absolutos, pois podem estar, eventualmente, em rota de colisão com outros direitos. Ex.: os direitos da personalidade em conflito com a liberdade de comunicação social.
	A depender do caso concreto, os direitos da personalidade poderão se sobrepor à liberdade de comunicação social e vice-versa. Aplica-se-á uma técnica de solução de conflitos chamada de Ponderação de Interesses.
	Não é possível chamar Ponderação de Interesses de proporcionalidade sempre. A proporcionalidade poderá se apresentar como Princípio Interpretativo ou como Técnica de Solução de Conflitos.
Como Princípio Interpretativo, a proporcionalidade será chamada de Razoabilidade.
Como Técnica de Solução de Conflitos, a proporcionalidade será tida Ponderação de Interesses.
	Nem todo uso de proporcionalidade é Ponderação, pois aquela também dá vazão à razoabilidade.
	Entretanto, todo uso de Ponderação é proporcionalidade.
	Ex¹.: Quando o STF decidindo que a proibição da entrada de animais em condomínio prevista no Estatuto não se aplica a peixes. Estará usando a Proporcionalidade na modalidade Razoabilidade.
	Ex².: Quando o STF não admite o uso de provas ilícitas. Estará usando da Proporcionalidade na modalidade Ponderação de Interesses.
	A Liberdade de Imprensa não é absoluta, tendo em vista que esta poderá entrar em conflito com direitos da personalidade. As notícias veiculadas pela imprensa poderão ensejar indenização por danos.
Súmula 221 do STJ: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.”
	A Responsabilidade é Subjetiva, ou seja, depende de culpa ou dolo.
Súmula 281 do STJ: “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.”
Atenção! A indenização não está tabelada, pois o STF declarou a não recepção da Lei de Imprensa que trazia esse tabelamento.
	Todo o exposto, aplica-se também à Liberdade de Expressão que encontra limitações.
	O Sistema Jurídico Brasileiro não admite o “Hate Speech” (a absoluta liberdade de expressão). O “Hate Speech” admite manifestações de racismo, ódio, preconceito, intolerância. Vide HC 82.424/RS.
	ALiberdade de Crítica e de Sátira usada comumente por programas humorísticos é permitida. O limite da liberdade de expressão é a preservação da personalidade alheia.
	2. Características dos Direitos da Personalidade
		Os Direitos da Personalidade são indisponíveis, pois são:
intransmissíveis e;
irrenunciáveis.
“Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.”
Atenção! Os Direitos da Personalidade são relativamente indisponíveis, tendo em vista que admitem restrição voluntária, nos casos previstos em lei.
Ex.: cessão de imagem; doação de órgãos; doação de sangue; esportes violentos.
	A vontade da parte chama-se Autonomia Privada (Enunciado 139 da III JDC).
“139 – Art. 11: Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes.”
Limites ao ato de disposição voluntária dos Direitos da Personalidade (Enunciado 4 da I JDC):
	1º. Não pode ser permanente (precisa ter um limite temporal);
	A Lei 9.610/98 estabelece o prazo de 5 anos de cessão de imagem, renováveis.
“4 – Art.11: o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral.”
Atenção! Quando se tratar de órgãos dúplices ou regeneráveis, o ato de disposição voluntária poderá ser permanecente.
	2º. Não pode ser genérico (deve ser interpretado relativamente);
Ex.: No caso do BBB, os ”brothers” cederam a Globo apenas o direito de imagem e de privacidade. Devendo a emissora pagar por qualquer lesão à honra destes.
	3º. Não poderá violar a dignidade do titular (mesmo que o titular queira);
	Ninguém poderá dispor de sua personalidade.
Ex.: arremesso de anão.
2.1. Outras características dos Direitos da Personalidade:
	1ª. São absolutos;
	Não está no sentido de não relativos.
	Está no sentido de oponíveis “erga omnes”.
	2ª. São Inatos; (posição majoritária – Maria Helena Diniz e Pablo Stolze).
	Pontes de Miranda não concorda (posição minoritária).
	Significa que são decorrentes a condição humana.
	3ª. São vitalícios;
	Significa que se extinguem com a morte.
Atenção! Perpétuos significa que se transmitem após a morte.
	4ª. São extrapatrimoniais;
	Significa que não têm preço.
	Entretanto, a violação a um direito da personalidade poderá ensejar em uma indenização patrimonial, a indenização por danos morais.
	5ª. São impenhoráveis;
	A ausência de conteúdo econômico impede a penhora.
Atenção! A indenização decorrente da violação de um direito da personalidade poderá ser penhora, pois esta tem valor econômico.
	6ª. São imprescritíveis;
	Significa que não há prazo para o exercício dos direitos da personalidade.
	A indenização decorrente da violação de um direito da personalidade é prescritível.
Atenção! O STJ, no REsp. 816.209/RJ, estabeleceu uma exceção. A indenização decorrente de tortura não prescreve. O STJ criou essa exceção para permitir que parentes dos que sofreram tortura na época de ditadura militar pudessem pleitear indenização. Fato curioso é que os descendentes de escravos negros quiseram pleitear referidas indenizações.
	3. Tutela Jurídica dos Direitos da Personalidade
	Durante a vigência do Código Civil de 1916, a proteção jurídica se submetida ao binômio:
	lesão → sanção (perdas e danos)
	Todavia, por vezes, o titular pleiteava, além da indenização, a proteção de seu direito.
	Diante o exposto, Código Civil 2002 constatou que o esquema protetivo lesão → sanção era insuficiente para proteger os Direitos da Personalidade.
Ex.: a pessoa que teve o nome negativado, além da indenização, requer a retirada de seu nome do cadastro de inadimplentes.
	O Código Civil prever uma proteção preventiva e/ou compensatória (art. 12 do CC).
“Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.”
	marcado de amarelo: tutela preventiva
	marcado de verde: tutela compensatória
	A proteção preventiva do direito da personalidade se dar através da tutela específica (art. 461 do CPC – Jurisdição Individual e art. 84 do CDC – Jurisdição Coletiva).
“Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.”
“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa.
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.”
	A tutela indenizatória se dar através de Indenização por Danos Morais.
	4. Tutela Preventiva de Direitos da Personalidade
	É a solução adequada para cada caso concreto (tutela específica). É a solução concreta para um determinado litígio. Submete-se a um rol exemplificativo (art. 461, §5º do CPC).
	A título de tutela específica, o juiz pode adotar qualquer providência para a obtenção do resultado pratico equivalente. Dentro da tutela específica hospedam-se diversos tipos de tutela (ex.: tutela inibitória, sub-rogatória, remoção do ilícito, etc.).
	O juiz poderá conceder, ampliar, diminuir, substituir e revogar de ofício atos até que seencontre a tutela específica. Vide Enunciado 140 do III JDC. Ex.: O caso da atriz Carolina Dieckmann x Programa Pânico na TV.
“140 – Art. 12: A primeira parte do art. 12 do Código Civil refere-se às técnicas de tutela específica, aplicáveis de ofício, enunciadas no art. 461 do Código de Processo Civil, devendo ser interpretada com resultado extensivo.”
Obs¹.: A título de tutela específica é possível Mandado de Distanciamento (ou Mandado de Restrição do Direito de Locomoção). O juiz poderá fixar um limite de distância entre as partes a depender do caso concreto. Vide o art. 22 da Lei Maria da Penha. Ex.: Ação de Separação de Corpos.
Atenção! Não poderá haver abuso no exercício do direito.
”Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei 10.826/203;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei 10.826/2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
§ §3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§5º e 6º do CPC.”
Obs².: A título de tutela específica é possível até mesmo decretar a prisão. Posição de Fredie Didier e Marinoni. Trata-se de uma Prisão Civil para Cumprimento de Obrigação. Somente poderá ser decretada excepcionalmente e em 2 hipóteses:
1ª. ineficácia das outras tutelas específicas e;
2ª. o bem jurídico protegido seja mais importante que a liberdade.
	A prescrição da pretensão da reparação de danos é de 3 anos (art. 206 do CC).
	O prazo começará a influir da data da lesão (art. 189 do CC).
	O STF construiu a Tese da “Actio Nata” (ex.: Súmula 278 do STJ). Tal tese diz que os prazos começam a correr da data do conhecimento da lesão e não da data da lesão.
Súmula 278 do STJ: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.”
	5. Tutela Compensatória dos Direitos da Personalidade
	É a indenização por danos morais.
	O conceito de dano moral é a violação a Direito da Personalidade.
	O dano moral deixou de ser aborrecimento, dor, dissabor, vergonha, ou seja, deixou de ser um sentimento negativo. Atualmente, compreende numa violação a Direito da Personalidade. Outrora, o dano moral estava preso a uma visão negativa/subjetiva.
	A prova do dano moral é objetiva (“In Re Ipsa”- incita na própria coisa). Significa que basta provar a violação de um direito da personalidade.
Ex.: se 2 pessoas tiveram seus nomes negativados, a primeira ficou triste e sem dormir; a segunda não se abalou. Porém, ambas têm direito à indenização por danos morais.
Atenção! A repercussão negativa causada pelo dano moral irá quantificar o valor da indenização.
	O termo “dano moral” significa a violação da Dignidade da Pessoa Humana.
	É possível cumular dano moral com dano material (Súmula 37 do STJ).
Súmula 37 do STJ: “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”
	Vide arts. 948 e 949 do CC:
“Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.” (indenização por lesões corporais)
	É possível cumular dano moral com dano moral representado pelo dano estético. Não poderá haver “bis in idem”.
Súmula 387 do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”
	No Brasil, o problema é que o dano moral é o gênero e a espécie.
Ex.: lesão à honra: indenização por dano moral; violação à imagem: dano à imagem; violação à integridade física: dano estético.
	Em Portugal, o dano moral, na modalidade gênero, é chamado dano extrapatrimonial.
	A cada bem jurídico violado corresponderá uma indenização.
Ex.: se for violada a honra e a imagem serão devidas 2 indenizações.
Atenção! A Súmula 385 do STJ se põe em rota de colisão com o próprio entendimento dessa Corte. 
Súmula 385 do STJ: “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.”
	Vide Súmula 388 do STJ:
Súmula 388 do STJ: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.”
	Legitimidade para ficção do Dano Moral:
	A Tutela Compensatória não poderá ser decretada de ofício, dependerá de expresso requerimento da parte interessada.
	O Ministério Público poderá requer de ofício a tutela compensatória, nos casos previstos em lei (art. 127 da CF - interesses individuais, sociais e indisponíveis). Vide art. 68 do CPP.
“Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento.
§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º.
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta

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