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Prévia do material em texto

Imputabilidade penal 
Conceito
Em princípio, todos são responsáveis pelos seus atos e por suas condutas, 
devendo receber a devida sanção penal quando praticam atos tidos como 
criminosos. A exceção se dá com os inimputáveis, isto é, aqueles que não 
podem responder por suas ações ou omissões, pois lhes falta a capacidade 
de discernimento para entender o caráter ilícito do fato ou porque ainda não 
atingiram a plena capacidade para suportar os encargos de uma ação penal 
e uma futura condenação.
É a responsabilidade do agente de responder pelo crime cometido. A isso 
se chama de imputabilidade, embora alguns prefiram distinguir os termos. 
Assim, os imputáveis respondem pelas consequências de suas condutas, 
enquanto os inimputáveis, em regra, não responderão, de acordo com sua 
incapacidade penal.
A imputabilidade penal faz parte da culpabilidade, que é um dos pressu-
postos para a imposição da pena. Isto é, somente será imposta a pena se se 
constatarem as condições para que o agente responda por sua conduta.
Logo, se conclui que imputar é atribuir a responsabilidade de um fato a 
alguém que tenha condições de discernimento do seu ato.
Inimputabilidade
A inimputabilidade penal decorre de alguns fatores específicos da culpa-
bilidade, sendo prescrita nos artigos 26 ao 28 do Código Penal.
Pelo artigo 26 do Código Penal1 já dá para perceber que o legislador tratou 
de maneira diversa aquele que não tem qualquer tipo de entendimento sobre 
o caráter ilícito de sua conduta e aquele que possui o entendimento, embora 
compreenda de maneira incompleta.
1 Art. 26. É isento de pena 
o agente que, por doença 
mental ou desenvolvimen-
to mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, 
inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-
-se de acordo com esse 
entendimento.
Redução da pena:
Parágrafo Único. A pena 
pode ser reduzida de um 
a dois terços, se o agente, 
em virtude de perturbação 
de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental 
incompleto ou retarda-
do não era inteiramente 
capaz de entender o ca-
ráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo 
com esse entendimento.
95
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Imputabilidade penal
Disso se conclui que temos três formas de aferir a capacidade do agente:
Total � : quando o agente era, à época do delito, totalmente capaz de 
entender o caráter criminoso do que realizou, responderá por sua con-
duta. É imputável.
Parcial � : quando o agente era, à época do delito, parcialmente capaz 
de entender o caráter criminoso do fato e/ou parcialmente capaz de 
determinar-se de acordo com esse entendimento, responderá como 
semi-imputável.
Nula � : quando o agente era, à época do delito, totalmente incapaz de 
entender o caráter criminoso do fato e/ou totalmente incapaz de de-
terminar-se de acordo com esse entendimento, será irresponsável. É 
inimputável.
Métodos, critérios ou sistemas 
de inimputabilidade
Pode-se dizer que há três métodos, critérios ou sistemas destinados a aferir 
a inimputabilidade do agente, quanto ao seu desenvolvimento mental.
O primeiro é o biológico ou etiológico no sentido de que basta a existência 
da doença mental ou anomalia psíquica para se tornar inimputável, retiran-
do-se o segundo elemento da inimputabilidade, que é a autodeterminação 
(libertas consilii). Tal critério é totalmente falho.
O segundo critério é o psicológico, no sentido de que se verificam as con-
dições pessoais do agente, afastando-se qualquer indagação a respeito da 
existência de doença mental ou de distúrbio psíquico patológico (libertas 
judicii). Tal critério também é totalmente desprezível e afastável.
O terceiro, que é o aceito pelo Código Penal, é o biopsicológico ou bio- 
psicológico normativo ou misto, sendo aquele que necessita indagar se, ao 
tempo da ação ou omissão, o agente não possuía condições de entender sua 
conduta porque estava privado do sentido biológico ou etiológico (libertas 
consilii) e, também, porque não detinha o elemento psicológico (libertas ju-
dicii) para compreender o sentido de sua atitude.
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Imputabilidade penal
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Elementos que compõem a inimputabilidade
A lei fala em doença mental, que é uma expressão vaga e imprecisa, 
abrangendo todo o tipo de alterações mórbidas da saúde do agente, sendo 
que essas doenças podem ser orgânicas (paralisia progressiva, sífilis cerebral, 
tumores cerebrais etc.), tóxicas (psicose alcoólica, psicose proveniente da in-
gestão de drogas, lícitas ou ilícitas) e funcionais (psicose senil etc.). No entan-
to, em todos os casos dependerá sempre de comprovação pericial, nos 
termos do artigo 149 do CPP2, como psicoses funcionais, psicoses maníaco-
depressivas, epilepsia, sífilis cerebral, arteriosclerose cerebral, psicose alcoó-
lica, paralisia progressiva etc.
De outro lado, a lei fala em desenvolvimento mental incompleto, no qual 
devem ser considerados aqueles que não conseguiram atingir a maturidade 
penal, especialmente os menores de 18 (dezoito) anos, que são objeto de 
dispositivo penal próprio (CP, art. 27). Porém, os silvícolas, não adaptados ao 
meio social urbano, ou seja, à civilização, também entram nessa categoria, 
assim como os surdos-mudos que não receberam educação ou instrução su-
ficiente, chegando a interferir na libertas judicii.
A lei complementa-se com o desenvolvimento mental retardado, que são 
aqueles que possuem um estado mental oligofrênico, como a debilidade 
mental, imbecilidade e idiotia, incapazes de entender o caráter ilícito do fato. 
Aproxima-se esse conceito do conceito de doente mental. Os efeitos de um 
e de outro são idênticos.
Momento da aferição da imputabilidade
A inimputabilidade penal deverá ser aferida no momento em que o agente 
pratica a conduta (ação ou omissão), eis que a lei penal diz, “era, ao tempo 
da ação ou da omissão”. São os peritos judiciais que dirão se o agente tinha, 
naquele momento, condições de verificar a faculdade de entender (libertas 
judicii) e, se tinha essa primeira faculdade, se possuía, também, a faculdade 
de autodeterminar-se (libertas consilli).
Poderá ocorrer situação em que o agente se coloque, propositadamen-
te, em situação em que não deseje responder pela ação ou omissão, mas 
2 Dispõe o Código de 
Processo Penal do exame 
de insanidade mental do 
acusado, nos artigos 149 
ao 154.
Art. 149. Quando houver 
dúvida sobre a integrida-
de mental do acusado, o 
juiz ordenará, de ofício ou 
a requerimento do Minis-
tério Público, do defensor, 
do curador, do ascenden-
te, descendente, irmão ou 
cônjuge do acusado, seja 
esta submetido a exame 
médico-legal.
§1.º O exame poderá ser 
ordenado ainda na fase 
do inquérito, mediante 
representação da auto-
ridade policial ao juiz 
competente.
§2.º O juiz nomeará cura-
dor ao acusado, quando 
determinar o exame, 
ficando suspenso o pro-
cesso, se já iniciada a ação 
penal, salvo quanto às 
diligências que possam 
ser prejudicadas pelo 
adiamento.
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Imputabilidade penal
sua conduta seja premeditada ou desejada, advindo o resultado. O exemplo 
clássico é do vigia que, à noite, cônscio da ação planejada por larápios para a 
subtração da empresa, embriaga-se para dormir profundamente, deixando 
de acionar o alarme quando o prédio é invadido. Assim, de nada valerá a 
argumentação da actiones liberae in causa, sive ad libertatem relatae (ações 
livres em sua causa), respondendo o vigia pelo delito.
Se o agente vier a adquirir a doença mental ou alguma patologia mencio-
nada durante o curso do processo criminal o juizdeverá suspender o anda-
mento do processo, até que o acusado se restabeleça, tudo conforme o 
artigo 152 do Código de Processo Penal.3
Consequências da inimputabilidade penal
Se o fato criminoso foi produzido por uma pessoa que não tem condi-
ções de entender o caráter ilícito de sua conduta, a consequência natural é a 
absolvição do agente, eis que falece um dos elementos que compõem a es-
trutura do tipo penal, qual seja, falta a culpabilidade. Mas, quando o fato for 
punível com reclusão, o juiz determinará sua internação (CP, art. 97, caput, 1.ª 
parte). Se o crime for punido com detenção, poderá o agente ser submetido 
a tratamento ambulatorial.
Da culpabilidade diminuída
Quando se trata de semi-imputabilidade, nos termos do parágrafo único 
do artigo 26 do CP, não há a total inimputabilidade penal, o agente, nesse 
caso, possui uma perturbação de sua saúde mental ou possui desenvolvi-
mento mental incompleto ou retardado. Mantém o agente um pouco do 
seu discernimento e a capacidade de entender o caráter ilícito do fato, pois 
também mantém uma parte da sua capacidade intelectiva. Não é o caso de 
absolvição. Será o caso de condenação, com a possibilidade de ter sua pena 
reduzida de um a dois terços.
Ademais, o semi-imputável não está obrigado à internação, eis que 
poderá ser submetido a tratamento ambulatorial, conforme está disposto 
no artigo 98 do Código Penal.
3 Art. 152. Se se verificar 
que a doença mental 
sobreveio à infração, o 
processo continuará sus-
penso até que o acusado 
se restabeleça, observado 
o §2.º do art. 149.
§1.º O juiz poderá, nesse 
caso, ordenar a interna-
ção do acusado em ma-
nicômio judiciário ou em 
outro estabelecimento 
adequado.
§2.º O processo retomará 
o seu curso, desde que 
se restabeleça o acusado, 
ficando-lhe assegurada a 
faculdade de reinquirir as 
testemunhas que houve-
rem prestado depoimento 
sem a sua presença.
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Imputabilidade penal
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Menores de dezoito anos
Ao contrário de inúmeros países que tratam da maioridade penal, o Brasil 
elevou ao plano constitucional o limite de responsabilidade penal ao estabe-
lecer, no artigo 228 da Constituição Federal, a inimputabilidade penal4.
Tal preceito já existia no artigo 23 do Código Penal de 1940 e manteve-se a 
mesma disposição na Parte Geral com a reforma do Código Penal de 19845.
Alguns países consagram outras idades para a responsabilidade penal, 
verbi gratia, Grécia, Malásia (17 anos), Filipinas, Israel (16 anos), Índia, Hon-
duras, Síria, Iraque (15 anos). Porém, a grande maioria prefere os 18 anos, 
como Argentina, Holanda, França, Alemanha, Dinamarca, Finlândia, México, 
Uruguai e Noruega. A Inglaterra não mais utiliza o critério de idade fixa, po-
dendo aplicar penas severas àqueles que cometeram crimes graves.
Diferença entre maioridade civil e penal
Há necessidade de se diferenciar a maioridade civil da maioridade penal, 
eis que, nem todo maior civil tem maioridade penal, embora todo maior 
penal tem, no mínimo, a relativa maioridade.
É importante observar que alguém pode contrair matrimônio com idades 
inferiores a 18 (dezoito) anos: 17, 16, 15, 14 ou 13, ou até menos do que isso, 
dependendo da realidade local de cada ponto do Brasil. Porém, não é o fato 
da pessoa ter adquirido a maioridade civil, pelo casamento, por exemplo, 
que a torna apta a suportar os percalços de uma persecução criminal. Mesmo 
casado, o menor com 16 (dezesseis) anos, por exemplo, continuará sendo 
inimputável para a legislação penal e constitucional.
Curiosamente, o jovem entre 16 e 18 anos pode eleger o presidente da 
República; poderá até ajuizar ação popular contra ele, contra o governador, 
contra o prefeito etc. Basta apresentar prova de que é cidadão, ou seja, elei-
tor, com todos os seus direitos políticos em dia. Porém, não poderá ser res-
ponsabilizado criminalmente. O jovem nessa mesma idade pode comerciar, 
porém, não pode sofrer condenação criminal, caso tenha sua falência de-
cretada, posto que não tem maturidade suficiente para entender o caráter 
ilícito de sua conduta.
4 Art. 228. São penalmente 
inimputáveis os menores 
de dezoito anos, sujeitos 
às normas da legislação 
especial.
5 Art. 27. Os menores de 
dezoito anos são penal-
mente inimputáveis, fi-
cando sujeitos às normas 
estabelecidas na legisla-
ção especial.
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Imputabilidade penal
Diante disso, tem ele capacidade para ser eleitor, para se casar, para exer-
cer o comércio etc., porém, não poderá responder pelos seus atos crimino-
sos. Ficará sujeito ao estatuído pela Lei Federal 8.069/90 (Estatuto da Criança 
e do Adolescente – ECA).
Contagem da idade penal
O jovem poderá ser sujeito à prática da conduta exatamente a partir do 
primeiro minuto do dia em que completar os 18 (dezoito) anos de idade, 
independentemente do horário em que o mesmo tenha nascido. Essa idade 
segue a regra do artigo 10 do Código Penal, não do Código Civil. Exemplo: 
supondo que o menor tenha nascido no dia 10 de maio de 1980, às 23h00, 
no dia 10 de maio de 1998, às 10h00, no pátio da escola, esfaqueia um desa-
feto, matando-o. Responderá ele pela sua conduta, independentemente de 
ter completado, efetivamente, os 18 anos. Outro exemplo: um menor nasci-
do em 10 de maio de 1981, à 00h10, no dia 09 de maio de 1999, às 23h58, 
quando estava próximo de completar os 18 anos, esfaqueia um desafeto, o 
qual é socorrido, sendo levado ao hospital, onde é operado, porém, vem a 
falecer no dia 12 de maio de 1999, quando o agente já tinha completado os 
18 anos. Nesse caso, resolver-se-á pela regra do artigo 4.º do Código Penal, 
valendo o momento da conduta. Nesse “momento” o agente era considera-
do inimputável e, portanto, não responderá pela sua conduta.
Emoção e paixão e a embriaguez
Pela regra do artigo 28 do Código Penal6 não há a exclusão do crime, seja 
pela emoção, seja pela paixão e, muito menos, pela embriaguez, seja ela vo-
luntária ou culposa.
Emoção e paixão
A emoção é o estado afetivo atual, forte, produzido de maneira repentina 
e violenta, perturbando o estado de espírito do agente, desestabilizando o 
equilíbrio psíquico da pessoa humana. Na emoção há uma fase aguda e de 
curta duração, um rompante do espírito. Exemplos de emoção são a alegria, 
a vergonha, a raiva, o medo, a surpresa, a coragem etc.
A paixão é o estado afetivo mais profundo e duradouro, que perdura por 
um tempo maior como se se tratasse de uma força interior estável, guar-
6 Art. 28. Não excluem a 
imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez:
II - a embriaguez, voluntá-
ria ou culposa, pelo álcool 
ou substância de efeitos 
análogos.
§1.º É isento de pena o 
agente que, por embria-
guez completa, prove-
niente de caso fortuito ou 
força maior, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, 
inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-
-se de acordo com esse 
entendimento.
§2.º A pena pode ser redu-
zida de um a dois terços, 
se o agente, por embria-
guez, proveniente de caso 
fortuito ou força maior, 
não possuía, ao tempo da 
ação ou omissão, a plena 
capacidade de entender o 
caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo 
com esse entendimento.
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Imputabilidade penal
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dada e constantemente lembrada, que muitas vezes leva o agente à práti-
ca da conduta criminosa. Na paixão há uma exacerbação crônica e estável. 
São exemplos clássicos de paixões o amor e o ódio, duas faces do mesmo 
indivíduo, caracterizadores muitas vezes dos crimes mais nefandos. Aquele 
mesmo indivíduo que ama fervorosamentesua mulher a mata violentamen-
te, produzindo-lhe os mais graves e retumbantes golpes. A cupidez, a am-
bição, o patriotismo, a piedade e a inveja são facetas da mesma história de 
paixão.
Seja uma emoção passageira e momentânea, seja uma paixão duradoura 
e profunda, tanto num caso como no outro não haverá a exclusão da impu-
tabilidade penal.
Divisão das paixões
Os positivistas dividem as paixões de forma a demonstrar o grau de cada 
uma, embora todas sejam penalmente irrelevantes.
São paixões sociais o amor, a piedade, o patriotismo etc. São paixões an-
tissociais o ódio, a inveja, a ambição, a raiva etc.
Frise-se, somente haverá possibilidade de alguém ser declarado inimpu-
tável na hipótese do agente sofrer de um estado patológico, quando então 
enquadrar-se-á nas hipóteses do artigo 26 do Código Penal. Jamais se exclui-
rá a condenação sobre o argumento vil e tosco de uma paixão ou emoção.
Redução da pena no caso de emoção
De outro lado, a nossa legislação não deixou de contemplar situações em 
que a emoção se torne motivo de redução de pena, como se vê nos artigos 
121, §1.º e 129, §4.º do Código Penal, desde que, aliado à emoção, esta tenha 
sido violenta, ou seja, intransponível, insubstituível. Além disso, é necessário, 
ainda, que tenha existido injusta provocação da vítima. Sem que esse binô-
mio se encontre presente, não se poderá falar em violenta emoção.
Embriaguez
Dispõe a lei penal, claramente, que não se excluirá a imputabilidade 
penal quando o agente tiver cometido o crime valendo-se de embriaguez, 
voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. Porém, 
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Imputabilidade penal
poderá haver isenção ou redução, quando se tratar das hipóteses previstas 
nos §§ 1.º e 2.º do mesmo artigo 28 do Código Penal.
Como se sabe, a embriaguez é a intoxicação aguda e transitória provoca-
da pelo álcool ou substâncias de efeitos análogos que privam o agente de 
sua capacidade de entender o caráter ilícito de sua conduta. A embriaguez 
decorre de três situações diversas, que a lei prevê, dando a cada uma defini-
ção própria e sua correspondente qualificação.
A primeira forma de embriaguez é a voluntária ou culposa. O agente, por 
livre e espontânea vontade, embriaga-se, não necessariamente para come-
ter crime, mas pratica o delito depois de ingerir bebidas alcoólicas. O agente 
que desejava apenas beber, e se excedeu, ou quis beber somente para em-
briagar-se e, depois, pratica uma conduta criminosa, responderá pela condu-
ta, posto que o agente se colocou sponte sua na condição de ébrio.
A segunda forma de embriaguez é a preordenada, para o fim de cometer 
crimes. Aquele agente que não tem a coragem necessária de praticar uma 
conduta encoraja-se na bebida, vindo a praticar o crime. Nesse caso, sua con-
duta é penalmente relevante e não haverá qualquer beneplácito.
A terceira forma de embriaguez é a embriaguez acidental ou fortuita, onde 
o agente não quer embriagar-se ou não fica embriagado porque deseja. 
A embriaguez decorre do caso fortuito ou do motivo de força maior. Não 
podem responder pela conduta aqueles que deixam de agir num caso for-
tuito, ou por motivo de força maior.
Por caso fortuito entenda-se como aquilo que não é previsível, quando 
não seja ele inevitável, aquilo que se aproxima sem ser esperado, algo que 
não se pode presumir. Tudo que seja estranho à vontade do homem e que 
este não pode impedir, tendo, como exemplo, o fato da pessoa ser extrema-
mente sensível aos efeitos do álcool e acaba por ingerir um determinado 
líquido que contém álcool, sem o saber.
Já o motivo de força maior é aquele em que o agente não tem condições 
de se desvencilhar para a realização de uma ação ou omissão. Um exemplo 
clássico é a coação física irresistível. Se a coação for resistível, servirá apenas 
como forma de diminuição da pena, nos termos do artigo 65, III, “c” do Código 
Penal.
Ambas são circunstâncias que tornam a ação ou omissão atípicas perante 
o direito. São os chamados casus, que interferem diretamente na formação 
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Imputabilidade penal
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da culpabilidade do autor do delito. Porém, não basta que o agente alegue 
que embriagou-se, para tentar excluir a imputabilidade. É obrigatório e de-
corre da nossa lei que o agente fique num estado de embriaguez completa.
Tratando-se de embriaguez fortuita incompleta, na qual o agente, ao 
tempo do crime, tem plena capacidade de entendimento e autodetermi-
nação, há imputabilidade pela existência ainda dessa possibilidade de en-
tender e querer. Como o agente continua com a capacidade de entender e 
querer, porém, diminuída, pode o juiz operar uma redução da pena de um a 
dois terços (CP, art. 28, §2.º).
A Lei das Contravenções Penais pune, no artigo 62, o fato de apresentar-
-se alguém, publicamente, em estado de embriaguez, de modo que cause 
escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia. Se, porém, 
houver crime e contravenção, estará esta absorvida pelo crime.
Questões para debates
1. Discrimine as formas de imputabilidade penal.
2. Qual é a solução para o caso de reconhecimento de semi-imputabilidade 
penal?
3. Distinga a emoção da paixão.
4. Em que condições não se reconhece a punibilidade pela embriaguez?
5. Distinga a diferença da embriaguez que se dá por força maior e caso for-
tuito.
Atividades de aplicação
1. (Cespe) Acerca do direito penal, julgue o item subsequente.
 Nos termos do Código Penal, é inimputável aquele que, por doença men-
tal ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de se determinar de acordo com esse entendimento.
2. (Cespe) Tarso, embriagado, colidiu o veículo que dirigia, vindo a lesionar 
gravemente uma pessoa. Nessa situação hipotética, a respeito da impu-
tabilidade penal de Tarso, assinale a opção correta.
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Imputabilidade penal
a) Pela teoria da actio libera in causa, Tarso não poderá responder pelo 
crime, pois não era capaz de se autodeterminar no momento da ação 
criminosa.
b) A responsabilidade de Tarso depende de a embriaguez ser voluntária 
ou culposa.
c) Caso a embriaguez de Tarso tenha sido preordenada, ele responderá 
pelo crime, mas de forma atenuada.
d) Caso seja comprovado que Tarso sofre da doença do alcoolismo, sua 
pena será apenas o tratamento médico.
e) Se Tarso estava completamente embriagado por ter sido obrigado a 
ingerir uma garrafa inteira de uísque por um desafeto seu, que lhe 
apontava uma arma e intencionava humilhá-lo, então, nesse caso, Tar-
so será isento de pena.
3. (Cespe) Quanto à culpabilidade e à imputabilidade penal, julgue o 
próximo item.
 Considere a seguinte situação hipotética. Em uma festividade de calou-
ros de determinada faculdade, João foi obrigado, por vários veteranos, 
mediante coação física, a ingerir grande quantidade de bebida alcoólica, 
ficando completamente embriagado, uma vez que não tinha costume de 
tomar bebida com álcool. Nesse estado, João praticou lesões corporais e 
atentado violento ao pudor contra uma colega que também estava na 
festa. Nessa situação, trata-se de embriaguez acidental decorrente de for-
ça maior, devendo ser excluída a imputabilidade de João, que fica isento 
de pena pelos delitos que praticou.
Dica de estudo
Observar que a imputabilidade penal é diferente da maioridade civil. 
Lembrar que a inimputabilidade pode ser completa ou incompleta. No pri-
meiro caso, é caso de absolvição do agente, com aplicação de medida de 
segurança, enquanto que no segundo haveráa aplicação de pena, reduzida, 
podendo ser cumulada com outra medida qualquer.
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Imputabilidade penal
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Referências
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal – Parte Geral. 10. ed. Rio de 
Janeiro: Editora Forense, 1986.
GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. Volume 1, Tomo I. 4. ed. São Paulo: 
Ed. Max Limonad, 1958.
HUNGRIA, Nélson. Comentários ao Código Penal. Volume 1, Tomo I. Rio de Ja-
neiro: Forense, 1953.
JESUS, Damasio Evangelista de. Direito Penal. Volume I, Parte Geral. 31. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2010.
MAGALHÃES NORONHA, Edgard de. Direito Penal. Volume I. 2. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1963.
MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal. Campinas: Bookseller, 
1997.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 24. ed. São Paulo: Atlas, 
2008.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume I, Parte Geral, arts. 
1.º a 120. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Derecho Penal – Parte General. Buenos 
Aires: Ediar, 1977.
Gabarito – Questões para debates
1. A imputabilidade penal é a capacidade que cada agente tem de respon-
der pela sua conduta penalmente considerada como crime ou contraven-
ção penal. Ela começa aos 18 anos quando se tratar de pessoa física.
2. Quando houver o reconhecimento de semi-imputabilidade penal o juiz 
deverá condenar o agente, mas com redução de pena, determinando a 
aplicação de alguma medida de segurança, quando se tratar de crime 
apenado com reclusão, ou se o fato for punido com detenção apenas 
submetê-lo a tratamento ambulatorial.
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Imputabilidade penal
3. A emoção é menos intensa que a paixão. Na emoção há um estado afeti-
vo atual, forte, produzido de maneira repentina e violenta, perturbando 
o estado de espírito do agente, desestabilizando o equilíbrio psíquico da 
pessoa humana. Na emoção há uma fase aguda e de curta duração, um 
rompante do espírito. Exemplos de emoção, a alegria, a vergonha, a raiva, 
o medo, a surpresa, a coragem etc. Já na paixão há um estado afetivo mais 
profundo e duradouro, que perdura por um tempo maior como se se tra-
tasse de uma força interior estável, guardada e constantemente lembra-
da, que muitas vezes leva o agente à prática da conduta criminosa. Na 
paixão há uma exacerbação crônica e estável. São exemplos clássicos de 
paixões o amor e o ódio, a cupidez, a ambição, o patriotismo, a piedade, a 
inveja etc.
4. Não se reconhece a punibilidade pela embriaguez quando se tratar de 
embriaguez acidental, ou fortuita, ou seja, quando o agente não quer em-
briagar-se ou nem fica embriagado porque deseja, decorrendo de caso 
fortuito ou de motivo de força maior.
5. A embriaguez que se dá por caso fortuito é quando não é ela previsível, 
quando não seja inevitável, ou seja, não era esperado, algo que não se 
pode presumir. Exemplo é o fato da pessoa ser extremamente sensível 
aos efeitos do álcool e acaba por ingerir um determinado líquido que 
contém álcool, sem o saber. Ocorre o motivo de força maior quando o 
agente não tem condições de se desvencilhar para a realização de uma 
ação ou omissão. Um exemplo é a coação física irresistível, onde o agente 
é obrigado a ingerir bebida alcoólica com um revólver apontado para si.
Gabarito – Atividades de aplicação
1. Certo
2. E
3. Certo
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