Buscar

EDUCAÇÃO POR TECNOLOGIAS

Prévia do material em texto

1 
 
Universidade Virtual do Estado de São Paulo – UNIVESP 
Curso de Graduação em Licenciatura em Matemática 
 
 
 
 
 
Gabriela de Oliveira Ferreira 
 
 
 
 
Mídias da Educação 
 
 
 
 
 
 
 
CABREÚVA-2018 
 
2 
 
 
Gabriela de Oliveira Ferreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
O COMPUTADOR E A TECNOLOGIA ASSISTIVA COMO 
FERRAMENTAS ADEQUADAS AO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL 
ESPECIALIZADO DA ESCOLA REGULAR 
 
 
 
 
 
 
 
CABREÚVA-2018 
3 
 
 
Há uma irreversível inclinação no cenário atual da educação brasileira (e 
mundial) para o estudo e aplicação da Educação Inclusiva em todos os âmbitos 
e modalidades educacionais e em todo o sistema nacional de ensino. 
Pressupõe a Educação Inclusiva o acolhimento das diferenças humanas e a 
promoção incondicional do acesso de todos, indistintamente, à educação 
formal. E de forma mais abrangente, a Inclusão pressupõe a adequação de 
toda a sociedade no sentido de promover esse acesso em todas as suas 
dimensões, não apenas à educação, mas ainda aos serviços (públicos ou não) 
de saúde, trabalho, transporte, segurança, infraestrutura, lazer etc., com 
respeito pelas diferenças e igualdade de oportunidades a todos. 
Neste sentido, o presente texto tem como foco o Atendimento Educacional 
Especializado na escola regular, dentro da perspectiva da Educação Inclusiva. 
E neste contexto, o uso do computador pessoal com o auxílio da Tecnologia 
Assistiva, jogos, softwares educacionais, linguagem de programação, além de 
diversas outras ferramentas computacionais, torna-se bastante relevante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
O Computador na Educação Escolar 
No contexto educacional, historicamente, o computador vem surgindo como um 
importante recurso pedagógico, que deve estar em harmonia com os demais. 
Embora seu uso adequado ainda se mostre nebuloso em muitas escolas, é 
notável que se trata de uma ferramenta ímpar e versátil, de rápido acesso à 
informação (por meio da Internet e enciclopédias digitais), de fácil manipulação 
da informação (textual, sonora, visual) e de geração da informação, além de 
ser um instrumento cada vez mais presente na vida dos alunos de todas as 
idades. 
Neste sentido, pode-se apresentar quatro modalidades de uso dos 
computadores nas escolas: 
1) o ensino da informática, que apresenta o computador como um fim em si 
mesmo; 
2) o computador como recurso de ensino, por meio de tutoriais, jogos, 
simuladores e exercícios; 
3) o computador como ferramenta investigativa, servindo como instrumento de 
pesquisa, de manipulação da informação, de criação e construção do 
conhecimento e de programação lógico-computacional; 
4) o computador como instrumento pedagógico próprio, uma tecnologia 
assistiva que, em seu uso, pode abranger as três primeiras modalidades (essa 
quarta modalidade será comentada em tópico próprio). 
Interessa-nos, no entanto, o uso do computador como recurso de ensino, 
como ferramenta investigativa e como tecnologia assistiva. 
Na segunda modalidade citada, portanto, o computador é utilizado como 
um recurso de ensino semelhante à lousa, aos livros, cadernos de exercícios, 
jogos e demais recursos comuns à cultura escolar, entretanto ele surge 
5 
 
acrescido de instrumentos outros muito mais versáteis e flexíveis, com riquezas 
sonoras e visuais difíceis de serem implementadas nos recursos tradicionais. 
Neste sentido, os jogos, simuladores, exercícios e diversos softwares 
educativos funcionam como uma expansão do que já ocorre em sala de aula, 
para os quais o professor não precisa de muito treino e o aluno assume 
naturalmente o papel de aprendiz. 
Entretanto, em muitos softwares de exercício e prática, apesar de sua 
indiscutível utilidade devido à grande soma de exercícios de diferentes 
gradações, o aluno acaba assumindo uma condição passiva, respondendo 
questões e apenas verificando se acertou ou não. Há, porém, softwares que 
auxiliam o aluno a compreender o seu erro e a fazer uma nova tentativa, além 
disso alguns exibem um relatório final que auxilia o professor na avaliação 
quantitativa. 
Já os jogos, mais atrativos e prazerosos, podem apresentar um pouco mais de 
interatividade e maior liberdade ao aluno, por ser de natureza exploratória auto-
dirigida (aprende-se brincando), embora o professor precise ter cuidado para 
que a competição não se sobreponha ao aprendizado. 
Os softwares de simulação são ainda mais interessantes, pois permitem a 
experimentação virtual de situações reais, por meio de modelos dinâmicos e 
simplificados de objetos ou fenômenos do mundo palpável. São bastante úteis, 
por exemplo, quando uma exploração real possa ter algum risco, ser muito 
complicada, cara ou mesmo impossível de ser realizada. A simulação permite, 
pois, a elaboração de hipóteses por parte do aluno, que as testa de forma 
segura, comprova, rejeita, formula novas hipóteses, toma decisões etc. 
Nada impede que essas três formas características (exercícios, jogos e 
simulação – ou ainda outras) apareçam em um mesmo software, mas é notável 
que com a simulação, a modalidade de uso do computador vai saindo de 
simples recurso de ensino para ferramenta de investigação. Entretanto, jamais 
deve substituir totalmente as situações reais de experimentação. 
6 
 
De qualquer modo, sem a orientação adequada do professor durante a 
interação do aluno com o computador, a inserção da máquina no processo de 
aprendizagem pode surtir efeitos muito superficiais. Para além disso, porém, o 
uso do computador em outras modalidades, que não unicamente como recurso 
de ensino, auxilia para que não se caia na superficialidade, pois a ênfase na 
inserção dessa tecnologia na escola deve ser a construção do conhecimento 
por parte do aluno. 
Assim, como ferramenta investigativa, o computador não é apenas um 
instrumento de ensino, mas um instrumento sobre o qual ou por meio do qual o 
aluno desenvolve alguma habilidade, executa uma tarefa ou constrói um 
conhecimento novo. Neste sentido, o computador é utilizado para a elaboração 
de textos e planilhas com fins diversos; pesquisa em enciclopédias digitais ou 
na Internet; comunicação em rede; composição de imagens, vídeos e músicas; 
manipulação e processamento consciente da informação; ou resolução de 
problemas por meio de uma linguagem de programação. 
O aluno pode, por exemplo, realizar uma pesquisa na Internet em diversas 
fontes, escrever um texto síntese sobre aqueles assuntos, esboçar as 
informações ali presentes em forma gráfica, elaborar imagens que ilustrem o 
seu texto e, por fim, compor um vídeo didático. Tudo isso com relativa 
autonomia. 
Em resumo, como instrumento de ensino, o computador é como um “tutor”, já 
vem pronto para que o aluno o utilize com aquela finalidade específica 
estipulada pelo software educativo. Como ferramenta investigativa, é o aluno 
que dá ao computador uma finalidade. Isso se torna ainda mais patente, 
quando o aluno utiliza uma linguagem de programação (linguagens lógico-
matemáticas precisas e não-ambíguas) para a resolução de algum problema, 
pois então é o aluno quem está programando o que o computador deve fazer. 
Assim, o aluno elabora o seu programa, testa-o, verifica se suas idéias 
estavam corretas, formula hipóteses, encontra seus erros, aperfeiçoa seu 
pensamento. 
7 
 
Vê-se, portanto, que o uso em conjunto do computador como instrumento de 
ensino e como ferramenta investigativa tende a aprimorar bastante o processo 
de ensino-aprendizagem. 
Pode-se citar, de acordo com o ITS Brasil, [INSTITUTO DE TECNOLOGIASOCIAL, 2008], algumas das vantagens do uso desse tipo de tecnologia de 
informação e comunicação (TIC): 
o Estimulação multissensorial; 
o Progressão multidirecional; 
o Multimídia; 
o Trabalho colaborativo; 
o Troca de informação; 
o Aprendizagem ativa, exploratória e inquisitiva; 
o Pensamento crítico e tomada de decisões; 
o Ação planejada, integrativa e por iniciativa. 
Há alunos, no entanto, para os quais o computador tem se mostrado ainda 
mais como um excelente recurso pedagógico (quando utilizado 
coerentemente). São alunos que apresentam deficiências auditivas, visuais, 
físicas, intelectuais ou múltiplas; transtornos globais do desenvolvimento 
(TGD); ou superdotação. 
Esses alunos devem ser atendidos na escola regular, no Atendimento 
Educacional Especializado. 
 
 
 
 
 
 
8 
 
O Computador no Atendimento Educacional Especializado 
(AEE) 
O que é o AEE? Ao AEE cabe identificar, elaborar e organizar recursos 
pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena 
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Se 
destina aos alunos citados anteriormente, ou seja, que possuem alguma 
deficiência física, sensorial (auditiva ou visual), intelectual ou múltipla 
(associação de duas ou mais deficiências), TGD (autismo, Síndrome de 
Asperger), ou superdotação. Neste atendimento, são realizadas atividades que 
não são próprias à classe comum e são específicas para cada aluno 
individualmente, visando diagnosticar suas potencialidades e desenvolvê-las, 
com respeito ao seu ritmo de aprendizado e suas necessidades educacionais. 
Normalmente ocorre no contra-turno às atividades regulares do aluno na escola 
(mas não pode ser confundido com apoio e reforço escolar). 
Podemos citar alguns exemplos de utilização do computador no AEE: 
o Aos alunos com surdez, o computador é excelente instrumento de 
linguagem visual, trazendo uma riqueza de imagens e vídeos a serem 
trabalhados tanto em sua língua natural (Libras) quanto na língua 
portuguesa, a depender do momento; 
o Aos alunos com cegueira ou baixa-visão, o computador pode ser 
utilizado como leitor com sintetizador de voz, facilitando a leitura de 
textos digitalizados; 
o Os jogos ajudam no desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático e 
linguístico de alunos com deficiência intelectual; assim como os 
simuladores trazem uma visualização mais concreta de conceitos 
científicos, tanto para estes alunos quanto para alunos com TGD; 
o A pesquisa de informações pelo computador auxilia na obtenção de 
maior autonomia intelectual por parte de todos; 
o Aos alunos com mobilidade reduzida, a utilização de preditores e 
processadores de textos os auxilia a escrever com maior rapidez, 
substituindo em parte o lápis e o caderno; 
9 
 
o Aos alunos com superdotação, são introduzidos desafios novos por meio 
da pesquisa, da síntese de conhecimentos e da utilização da lógica de 
programação. 
Enfim, há uma infinidade de possibilidades de utilização do computador no 
AEE, dependendo apenas da iniciativa criativa do professor-pesquisador-gestor 
do processo de ensino-aprendizagem. E quando falamos em computador, não 
nos referimos unicamente aos PCs, mas também aos notebooks, netbooks, 
tablets etc. 
Além disso, existem os recursos da Tecnologia Assistiva (softwares, hardwares 
e outros dispositivos) que permitem o acesso das pessoas com deficiência ao 
computador, promovendo o seu desenvolvimento intelectual, cultural e social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
O Computador e a Tecnologia Assistiva (TA) 
Dentro das seis dimensões atualmente definidas para o conceito de 
acessibilidade – arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, 
programática e atitudinal – é do escopo deste ensaio duas delas: as dimensões 
comunicacional e instrumental. Neste contexto se insere a Tecnologia 
Assistiva. 
O conceito de Tecnologia Assistiva é bastante amplo, trata-se de: 
uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba 
produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que 
objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de 
pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua 
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. [Comitê de 
Ajudas Técnicas, Corde/SEDH/PR, 2007apud INSTITUTO DE TECNOLOGIA 
SOCIAL, 2008] 
 
A Tecnologia Assistiva no contexto da escola visa, portanto, garantir uma 
melhora na autonomia, comunicação, mobilidade, interação e aprendizagem do 
aluno com deficiência, TGD ou limitações diversas. 
O computador pode, então, ser uma TA, bem como se pode utilizar alguma TA 
para o acesso ao computador. Explicando melhor: utilizamos o computador 
como TA quando este é uma ajuda técnica para se atingir um determinado 
objetivo. E utilizamos o computador por meio da TA quando esta é que é uma 
ajuda técnica para o acesso ao computador (o objetivo). 
Dois importantes exemplos do computador como TA são relacionados abaixo: 
o O computador substituindo o lápis e o caderno, para alunos com 
mobilidade reduzida, deficiência física ou múltipla, que têm limitada a sua 
capacidade de escrever no papel; 
11 
 
o A utilização de softwares para comunicação alternativa e ampliada, que 
auxiliam na promoção da comunicação presencial e em tempo real de 
alunos com ausência ou prejuízo da fala. 
Exemplos de TA para a utilização dos computadores são os softwares 
especiais de acessibilidade, tais como: 
o Simuladores de teclado (teclados virtuais); 
o Simuladores de mouse (como headmouses e seguidores oculares); 
o Ampliadores de tela e lupas virtuais; 
o Leitores de tela; 
o Preditores de texto (softwares que fornecem uma lista de sugestões de 
palavras mais prováveis, após as primeiras letras serem digitadas) – que 
podem funcionar também como comunicação alternativa; 
o Softwares mistos (naturalmente, uma conjunção dos exemplos citados). 
Há outras formas de TA para a utilização de computadores, como adaptações 
físicas ou órteses e adaptações de hardware, mas que fogem ao escopo deste 
texto. 
No fim, o objetivo geral é contribuir para o pleno desenvolvimento de 
habilidades e potencialidades dos alunos atendidos no AEE, utilizando para 
isso o computador como instrumento de ensino, como ferramenta de 
investigação e como tecnologia assistiva. 
O interessante é que, se bem compreendido, o que foi falado até aqui sobre o 
uso do computador no AEE serve também à classe comum, serve a qualquer 
tipo de aluno. 
A discussão é longa, e a variedade de possibilidades de utilização do 
computador na escola é virtualmente infinita. 
Entretanto, voltando nossa atenção ao uso do computador como ferramenta de 
investigação, e nos detendo mais ainda na programação, ou na lógica de 
programação, veremos que mesmo o instrumento – o computador – pode ser 
dispensado, restando o vasto mundo da lógica matemática a ser explorado! 
Mas esse é um papo para uma outra oportunidade… 
12 
 
Bibliografia 
 
FILHO, Teófilo Alves Galvão; DAMASCENO, Luciana Lopes. Tecnologia 
Assistiva em ambiente computacional: Recursos para a autonomia e inclusão 
sócio-digital da pessoa com deficiência. In: INSTITUTO DE TECNOLOGIA 
SOCIAL. Tecnologia Assistivas nas Escolas – recursos básicos de 
acessibilidade sócio-digital para pessoas com deficiência. São Paulo: ITS 
Brasil, 2008. 
INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL. Tecnologia Assistivas nas Escolas 
– recursos básicos de acessibilidade sócio-digital para pessoas com 
deficiência. São Paulo: ITS Brasil, 2008. Disponível 
em:www.itsbrasil.org.br/pages/23/TecnoAssistiva.pdf.Acessado em: 14 jun 
2010. 
MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como 
fazer? 2ª ed. São Paulo: Editora Moderna, 2006. 
PORTAL NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA. Disponível 
em:www.assistiva.org.br. Acessado em 15 jun 2010. 
VALENTE, José Armando. Diferentes usos do Computador na Educação. 
Disponível em: http://usuarios.upf.br/~carolina/pos/valente.html. Acessado em: 
14 jun 2010.

Continue navegando