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Recife 2016 Disciplina: Bromatologia Profa.: Gilcelia Lino gilceliajanaina@gmail.com Bioquímica pós-colheita 2 Perda de alimentos Fatores relacionados: • Perda de peso por transpiração • Redução da aceitação do produto pelo consumidor; • Perda de qualidade, pela ação de agentes externos como pragas, doenças, danos mecânicos pela embalagem ou manuseio incorreto, etc. • Perdas econômicas. Perda de alimentos pós-colheita: índices chegam a atingir valores maiores que 30%. Medidas de controle: A elaboração e aplicação de planejamento estratégico para reduzir os danos e as perdas de alimentos em geral inclui: • Uso de embalagens apropriadas • Carregamento e transporte correto do produto Perda de alimentos Remoção de um fruto da planta: • Privação do seu suprimento normal de água, minerais e moléculas orgânicas, incluindo hormônios. • Ocorre a continuação de alguns processos metabólicos, como a fotossíntese e transpiração. • Os tecidos vegetais podem transformar/transportar muitos dos constituintes já existentes na célula. Deteriorização pós colheita alterações fisiológicas • Escurecimento • Formação de odores desagradáveis • Perda da textura original • Contaminação microbiana Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Respiração • Vária de acordo com o vegetal; • Responsável por alterações associadas ao amadurecimento (cor, textura, hidrólise de amido, sabor e síntese de novas substâncias); • Produtos climatérico e não-climatéricos Produtos Climatéricos São produtos que na etapa final do desenvolvimento, apresentam acentuado aumento na taxa respiratória até atingirem um ponto máximo (pico climatérico), a partir do qual começam a decrescer. •Modificam rapidamente a cor quando amadurecem; •Aumento da taxa de respiração; •Degradação da clorofila e aparecimento de pigmentos (carotenóides e antocianinas); •Exemplos: maçã, banana, goiaba, jaca, kiwi, manga, mamão, pêra, caqui, pêssego, melancia, maracujá, tomate, abacate, damasco, tomate… Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Produtos não-climatéricos São produtos que apresentam contínuo decréscimo na taxa de respiração após a colheita, independentemente do estágio de desenvolvimento em que foram colhidos. •Transformações bioquímicas relacionadas com a maturação são mais lentas; •Taxa de respiração constante; •Colheita deve ser feita no estágio ótimo de amadurecimento, só amadurecem quando ligados à planta; •Exemplos: cereja, uva, laranja, limão, abacaxi, pepino, berinjela, alface, repolho, couve-flor, aspargo. Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita 8 Estágios de desenvolvimento relacionados com a intensidade respiratória para produtos climatéricos e não-climatéricos 1 2 3 4 5 colheita pico climatérico c o lh e it a (1) Formação do fruto ou divisão celular (2) Crescimento celular (3) Maturação (4) Amadurecimento ou climatério (5) Senescência ou envelhecimento A – respiração de frutos não-climatéricos B – respiração de frutos climatéricos A B Fatores que influenciam na intensidade respiratória Temperatura • Fator ambiental mais importante na conservação de hortaliças e frutas; • A cada aumento de 10oC na temperatura ambiente, ocorre um aumento de duas a três vezes na velocidade de respiração (lei de Vant Hoff); • Respeito aos limites mínimos de temperatura para cada espécie (danos causados pelo frio). Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Fatores que influenciam na intensidade respiratória Composição atmosférica O2 abaixo de 8% diminuição da taxa de respiração • Se a diminuição for acentuada respiração anaeróbica (formação de sabor e odor desagradáveis, rompimento e escurecimento dos tecidos); CO2 diminuição da taxa de respiração • Níveis acima de 10% respiração anaeróbica (formação de acetaldeído e etanol) Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Fatores que influenciam na intensidade respiratória Etileno (hormônio da maturação) • Efeitos desejáveis (banana e abacate) e indesejáveis (brócolis, couve, cenoura..); • Frutos não-climatéricos – produção de etileno reduzida • Frutos climatéricos – produção aumento durante o amadurecimento Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita 12 Banana, manga, ameixa, tomate Abacaxi, alcachofra, couve-flor, brócolis, tâmara, laranja, cebola, espinafre, beterraba, aspargo, aipo, limão Damasco, nectarina, pera, pêssego Maçã, abacate, 13 14 OBS: Deverá ser evitado que frutas que libertem quantidades mais elevadas de etileno estejam em contato prolongado com aquelas que sejam mais sensíveis. Os brócolis, as couves, a couve-flor e a alface, por exemplo, são bastante sensíveis ao etileno, devendo manter-se afastados do tomate durante o armazenamento. Etileno 15 Inibição do hormônio etileno A inibição da ligação do etileno ao seu receptor pode reduzir a produção e a ação do mesmo e, com isso, retardar o amadurecimento. Agentes inibidores do etileno: • Íons prata (Ag+) aplicados na forma de nitrato de prata (AgNO3) • CO2: concentrações entre 5 e 10% • 1- metilciclopropeno (MCP) 16 Transpiração • Perda de água através de cutículas, estômatos, lenticelas e pela região de inserção do pedúnculo. • Promove a antecipação da maturação, da senescência e perda de peso. • Efeitos indesejáveis - vegetais enrugados e opacos, textura mole, flácida e murcha. Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Fatores que afetam a transpiração Propriedades do produto • Dimensões, forma e área (quanto maior a superfície exposta, maior a intensidade da transpiração) • Relação área/volume (diretamente proporcional a perda de água) • Estruturas anatômicas (estômatos – responsáveis por 50% da perda de água livre, após a colheita ficam abertos, causando aumento da transpiração) • Grau de maturação (provoca oscilação na transpiração, causando perda de peso) Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Fatores que afetam a transpiração Temperatura • Diminuição da temperatura provoca diminuição da transpiração. • Aumento da temperatura intensifica a perda de peso do produto. • Pra controlar melhor a transpiração, o ideal é resfriar o mais rápido possível as frutas e hortaliças. Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Fatores que afetam a transpiração Umidade relativa • Ar seco: perda rápida de umidade, murchamento e enrugamento; • Ar próximo a saturação: favorece o desenvolvimento de microrganismos e o enraizamento de hortaliças (alho e cebola) • na umidade relative do ar - a diferença entre a pressão de vapor da água no interior do alimento e o ambiente - reduzindo a taxa de transpiração Transformações metabólicas de frutas e hortaliças na pós colheita Alterações na composição de frutas e hortaliças na pós-colheita Coloração • Degradação da clorofila • Exposição da coloração dos carotenóides {Licopeno (tomate, goiaba, melancia); b-caroteno (manga, mamão, cenoura)} • Antocianina (acai, framboesa, uva, cerja, morango) • Antoxantina (flores, folhas e raízes)22 • Manuseio • Temperatura de armazenamento Fatores que influenciam a coloração 23 Alterações na composição de frutas e hortaliças na pós-colheita Firmeza • Indica a tolerância dos frutos ao transporte e manuseio durante as fases de colheita a comercialização • Elementos bioquímicos que contribuem para a firmeza do produto: conteúdo de lipídio, composição e espessura da parede celular, espessura da casca, seu tamanho e formato e conteúdo de água nas células vegetais. • Fatores abióticos que contribuem para a firmeza do produto: umidade do solo de plantio da cultura, disponibilidade nutricional do solo, temperatura e umidade relativa do ambiente. • Fatores genéticos 24 Alterações na composição de frutas e hortaliças na pós-colheita Acidez titulável • O nível dos ácidos orgânicos decai durante o amadurecimento devido à utilização desses compostos no processo respiratório. Ácido ascórbico • O declínio da atividade fotossintética, induzido pela redução da disponibilidade da intensidade da luz, provoca a diminuição dos níveis de ácido ascórbico. Alterações na composição de frutas e hortaliças na pós-colheita Sólidos solúveis • Sólidos solúveis: açúcares e sais dissolvidos no meio aquoso (ºBrix). • A concentração de sólidos solúveis aumenta com o amadurecimento. Perda de massa • Perda de água “enrugamento” do tecido dos frutos. Perdas na aparência (murchamento), na textura (amolecimento) e na qualidade nutricional. 26 Mau odor • Peroxidação enzimática de ácidos graxos insaturados, catalisada por lipoxidases produção de aldeídos e cetonas. Escurecimento enzimático e químico • Enzimas polifenoloxidases • Decomposição da clorofila: clorofiloxidase, clorofilases e hidrolases ácidas com atividade lipolítica • pH ácido: clorofilas feofitinas Alterações na composição de frutas e hortaliças na pós-colheita 27 Perda da textura • Ação de proteases e enzimas pectinolíticas dos compostos da parede celular para o interior do produto Injúrias físicas • Rompimento no tecido atividades fisiológicas, reações bioquímicas e/ou infecções por patógenos, resultando na deterioração do produto. • Tecidos fatiados (maior superfície de exposição) maiores taxas de respiração e maiores alterações fisiológicas, bioquímicas e microbiológicas que o tecido inteiro. Alterações na composição de frutas e hortaliças na pós-colheita 28 Sabor • Amadurecimento: sabor doce originado pelo acúmulo de sacarose (fotossíntese ou hidrólise de carboidratos de reserva) Obs.: Frutos não-climatéricos: Incapazes de sintetizar grandes quantidades de açúcares após a colheita, a não ser em proporções muito pequenas, como é o caso da laranja. Alterações na composição de frutas e hortaliças na pós-colheita Ponto de Colheita Índices de maturação • Cor: análise visual ou comparação com tabelas de cores ou objetiva com colorímetros. • Desenvolvimento da fruta ou hortaliças: avaliação de peso ou diâmetro. • Firmeza da polpa: substâncias pécticas da parede celular, medidas com penetrômetro. • Teor de sólidos solúveis (SS): indicativo da quantidade de açúcares presentes nas frutas, medido com refratômetro, escala em °Brix. Ponto de Colheita Índices de maturação • Acidez titulável (AT): teor de ácidos presentes nas frutas, avaliada por titulometria. • Relação SS/AT (ratio): indicativo de sabor e grau de maturação da fruta. • Dias após a floração: constante para uma mesma cultivar. • Concentração de etileno: avaliada no fruto por cromatografia a gás. Penetrômetro Refratômetro Conservação Temperatura Características mais importante de conservação na atualidade. Distúrbios causados pela temperatura Temperatura letal – congelamento: murchamento, translucidez e escurecimento dos tecidos. Temperatura muito baixa – escurecimento, pequenas depressões na casca, maturação anormal e aumento da incidência de microrganismos. 32 Conservação Atmosfera controlada Monitoramento de teores de gases oxigênio e carbônico no interior de câmaras, fechadas hermeticamente, de modo a manter suas concentrações dentro do limite aceitável. Redução de O2 e adição de CO2: - Condições de armazenamento (13-14oC) sob atmosfera controlada - O2: 3-4% - CO2: 5-8% preservação por 3 a 4 semanas em boas condições de distribuição para venda e consumo Conservação Atmosfera modificada Embalagens com atmosfera modificada: uso de filmes de polietileno ou cloreto de polivinila, que se caracteriza por apresentar boa barreira ao vapor d’água e permeabilidade relativa a O2 e CO2. • Decréscimo da concentração de O2 • Diminuição da velocidade de respiração e da produção de etileno • Atraso no amadurecimento • Redução ou inibição do crescimento de microorganismos patogênicos em vários tipos de alimentos. 35 Uso de biofilmes Uso de coberturas e filmes comestíveis: fina camada depositada no alimento que age como barreira a elementos externos (fatores como umidade, óleo e gases) e, consequentemente, protegem o alimento, aumentando a sua vida de prateleira Tipos de biopolímeros utilizados: glúten, gelatina, isolado protéico de soja, caseína, proteína do soro do leite, celulose, alginato, pectina, carragena, quitosana, etc Conservação 36 Uso de biofilmes • Devem ser compatíveis sensorial e funcionalmente com os alimentos • Poucas aplicações industriais foram desenvolvidas • Os filmes e coberturas comestíveis devem apresentar: boa qualidade sensorial alta eficiência à barreira mecânica estabilidade bioquímica, físico-química e microbiana livre de toxicidade e seguro para a saúde obtenção por tecnologia de processamento simples não poluente e de baixo custo Conservação Conservação Distúrbios causados pelas concentrações inadequadas de oxigênio e gás carbônico • Baixas da [] de oxigênio – fermentação – destruição das células e ataque dos microrganismos. • Aumento da [] de gás carbônico – altera metabolismo – inibição de algumas enzimas, alterações no amadurecimento e inibição da perda de cor verde nos frutos maduros. 37 38 Referência Oetterer, Marília. Fundamentos de ciência e tecnologia de alimentos. Manole, 2006.
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