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SÍNTESE DE VIDA E TEORIAS DE HENRI WALLON

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não serão 
construídas categorias pela criança, e nem mesmo classificação de elementos. Isso 
só irá ocorrer quando forem possíveis os processos de reversibilidade do 
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pensamento, análise e síntese. Para Wallon, o ato precede o pensamento, portanto 
assim que a criança realiza gestos, representa uma situação. 
O conhecimento só é possível com a representação, que é realizada pela 
linguagem. A comunicação, na vida do bebê, é realizada pelo movimento e pela 
emoção e conforme as funções intelectuais amadurecem, a motricidade diminui em 
sua influência. Por meio de representações mentais e processos de simbolização, a 
linguagem aparece como um instrumento que além de construir, compacta o 
pensamento. 
Nos processos iniciais, os pares são os protagonistas, um evento só existe 
em relação ao outro, por semelhança ou diferença. Com o cotidiano e seus 
problemas, a noção de causalidade aparece e a função categorial é desenvolvida, 
dessa forma planejamentos futuros passam a ser possíveis. Assim, a inteligência se 
dá pela relação entre os aspectos orgânicos e o meio no qual o indivíduo está, um 
processo entre pólos opostos, externos e internos. A linguagem e a cultura são 
instrumentos que possibilitam a evolução do pensamento, então os adultos também 
têm o pensamento cheio de contradições e incoerências. As crianças evoluem, de 
acordo com Wallon, e a evolução é realizada por movimentos e não normas fixas de 
formas de comportamento. 
 
2.4. Pessoa 
O desenvolvimento do indivíduo, para Wallon, têm seu início na relação do 
organismo ao nascer, essencialmente nos reflexos e movimentos impulsivos do 
recém nascido. Porém, o desenvolvimento humano é algo visto em conjunto 
(GUEDES, 2007), abarcando no campo da atividade infantil, nos momentos a 
evolução psíquica e o desenvolvimento dos domínios afetivos, cognitivos e motores 
(sem privilegiar nenhum domínio em detrimento dos demais). 
A constituição da pessoa se dá de acordo com suas condições de existência; 
o indivíduo ao mesmo tempo que pertence ao âmbito funcional em busca do 
desenvolvimento de sua personalidade, é responsável pela elucidação e 
concretização da afetividade, ato motor e do conhecimento (MORAES; ONCALLA, 
2011). 
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A pessoa constitui-se na sua interação e integração com o meio, onde o 
social é sobreposto ao natural, isto é, o sujeito se ordena à partir de suas relações 
sociais, as condições de existência coletiva e a cultura que o permeia. Segundo 
Moraes e Oncalla (2011) ''o indivíduo é geneticamente social, humaniza-se e 
individualiza-se nas relações com os outros indivíduos'' (p. 215). É nesse relação 
com o todo que a rodeia que a criança percebe e se organiza como pessoa, 
crescendo estruturando seus pensamentos e seu funcionamento como indivíduo 
(MORAES; ONCALLA, 2011). 
Em decorrência, o processo do desenvolvimento do indivíduo vem de seus 
esforços para superar conflitos e crises que bate diretamente em sua vivência, seja 
ela pessoal ou social; sua constituição busca da personalidade transpassa por todo 
seu caminho (FARIA, 2015). Essa dinâmica da pessoa (da criança ao adulto) para 
com a sociedade tem um impacto determinante para seu equilíbrio psíquico, 
podendo desencadear diversos tipos de comportamentos psíquicos, onde o grupo é 
uma referência primordial à criança (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010; MORAES; 
ONCALLA, 2011). Segundo Gratiot-Alfandéry (2010) a intervenção desses 
comportamentos vindo da significação emocional pode refletir no entendimento da 
própria existência perante o social, moral e íntimo. 
 
3. ESTÁGIOS 
3.1. Impulsivo-emocional 
Esse estágio é um sistema completo, estudado nas crianças recém nascidas 
aos seis meses (nomeado de impulsividade) e dos seis aos doze meses (nomeada 
de emocional), que apresentam suas expressividades através de movimentos 
descoordenados devido às sensibilidades corporais biológicas e reações e 
expressões diante (MORAES; ONCALLA, 2011). Segundo (MAHONEY; ALMEIDA, 
2005) ''o recurso de aprendizagem nesse momento é a fusão com outros (p. 22). 
Essa fusão vista no estágio impulsivo-emocional traz aprendizagem à criança 
por meio do contato e familiaridade com o outro - pelo toque, pela sensação, pela 
participação com o ambiente e a diferenciação nas associações durante sua 
vivência (MORAES; ONCALLA, 2011). Nesse estágio, a criança não tem 
consciência entre ''o eu e o outro''. Suas manifestações são dadas à partir das 
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necessidades do cotidiano e é proporcional a sua inaptidão das ações sobre a 
realidade exterior. 
A emoção origina os impulsos coletivos, a fusão das 
consciências individuais numa alma comum e confusa. 
É nessa fusão que o indivíduo em primeiro lugar se 
compreende. (MAHONEY, 1976, p.152) 
 
3.2. Sensório-motor e projetivo 
O estágio sensório-motor ocorre entre os 12 a 18 meses, e o projetivo aos 3 
anos. O predomínio desse estágio são as relações exteriores, e isso irá influenciar 
nos fenômenos cognitivos. As características principais são os atos motores e a 
inteligência. A criança passa a explorar o mundo à sua volta e o seu próprio corpo a 
partir do segurar, agarrar, manipular, sentar, andar, etc; os pensamentos costumam 
ser voltados para os atos motores. 
Nesse estágio a linguagem também é desenvolvida, que surge a partir da 
imitação. A criança começa a imitar os gestos dos outros, e, assim, vai 
desenvolvendo a fala, e diferenciando os objetos entre si. Nesse estágio, são 
desenvolvidos dois tipos de inteligência: a prática, adquirida a partir da interação 
com os objetos, e a discursiva, alcançada a partir da imitação e da linguagem. Esse 
estágio prepara a criança não somente na área afetiva, como também na cognitiva, 
instrumentalizando-a para o próximo estágio. 
 
3.3. Personalismo 
Esse estágio dura aproximadamente dos 3 aos 6 anos de idade e destaca-se 
pela formação da personalidade da criança, ou seja, suas características pessoais e 
sua subjetividade. A criança passa a perceber que é um ser diferente dos outros 
seres, a partir das atividades opositoras (crises negativistas) em relação ao adulto, 
e, ao mesmo tempo, atividades sedutoras, que consistem na imitação; dessa forma, 
a criança também assimila o outro. Esse estágio é plenamente marcado pela 
afetividade e revelado pelo uso de palavras como: eu, meu, não, etc. 
 
3.4. Categorial 
O estágio categorial corresponde a idade de seis a onze anos, caracterizado 
pela gama de possibilidades em que a criança encontra dentro das relações com o 
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meio. O novo interesse da criança passa a ser a interação com o mundo externo, a 
realidade objetiva e com o desenvolvimento de seus próprios interesses, tendo 
como maior desafio o enfrentamento do pensamento sincrético e transitá-lo para o 
categorial. A partir desse pensamento, a criança consegue estabelecer categorias 
em relação a suas características,
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