não serão construídas categorias pela criança, e nem mesmo classificação de elementos. Isso só irá ocorrer quando forem possíveis os processos de reversibilidade do 5 pensamento, análise e síntese. Para Wallon, o ato precede o pensamento, portanto assim que a criança realiza gestos, representa uma situação. O conhecimento só é possível com a representação, que é realizada pela linguagem. A comunicação, na vida do bebê, é realizada pelo movimento e pela emoção e conforme as funções intelectuais amadurecem, a motricidade diminui em sua influência. Por meio de representações mentais e processos de simbolização, a linguagem aparece como um instrumento que além de construir, compacta o pensamento. Nos processos iniciais, os pares são os protagonistas, um evento só existe em relação ao outro, por semelhança ou diferença. Com o cotidiano e seus problemas, a noção de causalidade aparece e a função categorial é desenvolvida, dessa forma planejamentos futuros passam a ser possíveis. Assim, a inteligência se dá pela relação entre os aspectos orgânicos e o meio no qual o indivíduo está, um processo entre pólos opostos, externos e internos. A linguagem e a cultura são instrumentos que possibilitam a evolução do pensamento, então os adultos também têm o pensamento cheio de contradições e incoerências. As crianças evoluem, de acordo com Wallon, e a evolução é realizada por movimentos e não normas fixas de formas de comportamento. 2.4. Pessoa O desenvolvimento do indivíduo, para Wallon, têm seu início na relação do organismo ao nascer, essencialmente nos reflexos e movimentos impulsivos do recém nascido. Porém, o desenvolvimento humano é algo visto em conjunto (GUEDES, 2007), abarcando no campo da atividade infantil, nos momentos a evolução psíquica e o desenvolvimento dos domínios afetivos, cognitivos e motores (sem privilegiar nenhum domínio em detrimento dos demais). A constituição da pessoa se dá de acordo com suas condições de existência; o indivíduo ao mesmo tempo que pertence ao âmbito funcional em busca do desenvolvimento de sua personalidade, é responsável pela elucidação e concretização da afetividade, ato motor e do conhecimento (MORAES; ONCALLA, 2011). 6 A pessoa constitui-se na sua interação e integração com o meio, onde o social é sobreposto ao natural, isto é, o sujeito se ordena à partir de suas relações sociais, as condições de existência coletiva e a cultura que o permeia. Segundo Moraes e Oncalla (2011) ''o indivíduo é geneticamente social, humaniza-se e individualiza-se nas relações com os outros indivíduos'' (p. 215). É nesse relação com o todo que a rodeia que a criança percebe e se organiza como pessoa, crescendo estruturando seus pensamentos e seu funcionamento como indivíduo (MORAES; ONCALLA, 2011). Em decorrência, o processo do desenvolvimento do indivíduo vem de seus esforços para superar conflitos e crises que bate diretamente em sua vivência, seja ela pessoal ou social; sua constituição busca da personalidade transpassa por todo seu caminho (FARIA, 2015). Essa dinâmica da pessoa (da criança ao adulto) para com a sociedade tem um impacto determinante para seu equilíbrio psíquico, podendo desencadear diversos tipos de comportamentos psíquicos, onde o grupo é uma referência primordial à criança (GRATIOT-ALFANDÉRY, 2010; MORAES; ONCALLA, 2011). Segundo Gratiot-Alfandéry (2010) a intervenção desses comportamentos vindo da significação emocional pode refletir no entendimento da própria existência perante o social, moral e íntimo. 3. ESTÁGIOS 3.1. Impulsivo-emocional Esse estágio é um sistema completo, estudado nas crianças recém nascidas aos seis meses (nomeado de impulsividade) e dos seis aos doze meses (nomeada de emocional), que apresentam suas expressividades através de movimentos descoordenados devido às sensibilidades corporais biológicas e reações e expressões diante (MORAES; ONCALLA, 2011). Segundo (MAHONEY; ALMEIDA, 2005) ''o recurso de aprendizagem nesse momento é a fusão com outros (p. 22). Essa fusão vista no estágio impulsivo-emocional traz aprendizagem à criança por meio do contato e familiaridade com o outro - pelo toque, pela sensação, pela participação com o ambiente e a diferenciação nas associações durante sua vivência (MORAES; ONCALLA, 2011). Nesse estágio, a criança não tem consciência entre ''o eu e o outro''. Suas manifestações são dadas à partir das 7 necessidades do cotidiano e é proporcional a sua inaptidão das ações sobre a realidade exterior. A emoção origina os impulsos coletivos, a fusão das consciências individuais numa alma comum e confusa. É nessa fusão que o indivíduo em primeiro lugar se compreende. (MAHONEY, 1976, p.152) 3.2. Sensório-motor e projetivo O estágio sensório-motor ocorre entre os 12 a 18 meses, e o projetivo aos 3 anos. O predomínio desse estágio são as relações exteriores, e isso irá influenciar nos fenômenos cognitivos. As características principais são os atos motores e a inteligência. A criança passa a explorar o mundo à sua volta e o seu próprio corpo a partir do segurar, agarrar, manipular, sentar, andar, etc; os pensamentos costumam ser voltados para os atos motores. Nesse estágio a linguagem também é desenvolvida, que surge a partir da imitação. A criança começa a imitar os gestos dos outros, e, assim, vai desenvolvendo a fala, e diferenciando os objetos entre si. Nesse estágio, são desenvolvidos dois tipos de inteligência: a prática, adquirida a partir da interação com os objetos, e a discursiva, alcançada a partir da imitação e da linguagem. Esse estágio prepara a criança não somente na área afetiva, como também na cognitiva, instrumentalizando-a para o próximo estágio. 3.3. Personalismo Esse estágio dura aproximadamente dos 3 aos 6 anos de idade e destaca-se pela formação da personalidade da criança, ou seja, suas características pessoais e sua subjetividade. A criança passa a perceber que é um ser diferente dos outros seres, a partir das atividades opositoras (crises negativistas) em relação ao adulto, e, ao mesmo tempo, atividades sedutoras, que consistem na imitação; dessa forma, a criança também assimila o outro. Esse estágio é plenamente marcado pela afetividade e revelado pelo uso de palavras como: eu, meu, não, etc. 3.4. Categorial O estágio categorial corresponde a idade de seis a onze anos, caracterizado pela gama de possibilidades em que a criança encontra dentro das relações com o 8 meio. O novo interesse da criança passa a ser a interação com o mundo externo, a realidade objetiva e com o desenvolvimento de seus próprios interesses, tendo como maior desafio o enfrentamento do pensamento sincrético e transitá-lo para o categorial. A partir desse pensamento, a criança consegue estabelecer categorias em relação a suas características,