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Técnica Dietética Profª Ana Maria Gonçalves, Msc. Nutricionista Aula 5 CARNES I. Definição. • É todo músculo estriado que recobre o esqueleto e órgão dos animais. Carne compreende tecido muscular adiposo e conjuntivo, de cor e consistência característica. • Incluímos na designação carne toda parte comível de animal comível, seja doméstico ou selvagem: ave, mamífero, peixe, molusco, crustáceo entre outros. PROTEÍNAS • CONCEITO: As proteínas, do grego protídeos (primordial importância). São polímeros de alto peso molecular, constituídos de aminoácidos ligados entre si.Pertencem a classe dos peptídeos (formados por aminoácidos ligados entre si através de ligações peptídicas) – Emil Fisher. II Valor nutricional. • Água – 70% - 75%. • Proteínas- 20 % (aproximadamente 20g de 100g) Solúvel – Bioalbumina Hemoglobulina – coloração vermelha (sangue) Mioalbumina – coloração vermelha (músculos) Seroalbumina Seroglobulina Insolúvel – miosina miosteína oseína • Escleroproteína – Colágeno Elastina • Glicídio – X Glicogênio – Vivo armazenamento no fígado Abate – glicogênio – converte-se – ácido lático • Lipídio - 5% - 10% (aproximadamente 5g – 10g de 100g) Quanto maior a quantidade de lipídio mais macia e mais calórica. Micronutrientes. • Minerais – Cobre Ferro Fósforo Sódio Potássio Enxofre • Vitaminas – Complexo B. Vitamina C (diminuição na cocção). • Substancias extrativas – sabor característico. • Nitrogenada – purinas/ creatinina (paladar). • Não nitrogenadas – ácido lático. III. Estrutura da Carne. • A carne magra é constituída por fibras microscópicas que se reúnem em feixes ligados entre si por tecido conectivo, que pode ser interfascicular e perifascicular. Sendo estes : Tecido muscular, tecido conjuntivo e tecido adiposo. • Encontra-se também no interior da carne tecido vascular e fibras nervosas que, junto com o “grão” (constituído pelo grupamento de fibras mais ou menos desenvolvidas que, seccionadas em corte transversal, dão a impressão de grão), determina a consistência da carne. O exercício muscular torna as fibras rijas; portanto, os músculos das asas de aves e as patas dianteiras de bois são menos macios, enquanto o lombo (filé mignon) é o corte mais tenro. ( actina e miosina) IV. Componentes Químicos de cada tecido. 1. Tecido muscular. • Está constituído de fibras musculares que contêm pigmentos, sais inorgânicos, substâncias extrativas, glicogênio, proteínas ( actina e miosina – temperaturas alta coagulam) etc. • Existe dois pigmentos responsáveis pela coloração da carne: a mioglobulina dos músculos e a hemoglobulina do sangue. Ambos comportam-se de maneira parecida sob ação do oxigênio e do calor. Em presença do oxigênio a hemoglobulina forma a oxiemoglobina, de cor vermelha-brilhante. Quando aquecida a mais de 64°C decompõe-se a hemoglobulina dando hematina, substancia de cor marrom. Portanto a mudança de cor da carne, quando submetida ao calor, de vermelho para pardo e marrom, indica cocção. 2. Tecido Conjuntivo. • Representa nos tecidos animais o mesmo que a celulose nos tecidos vegetais, isto é, função se sustentação. Os tendões são de cor esbranquiçada e consistência rija - colágeno; os ligamentos maior elasticidade são amarelados – elastina. • O colágeno e a elastina são insolúveis na água fria; submetidos ao calor seco dessecam-se e endurecem. Submetido por tempo prolongado á cocção por calor úmido, o tecido tendinoso aumenta de volume, amolece, e hidrolisa-se o colágeno, transformando-se em gelatina. 3. Tecido Adiposo. • Constituído fundamentalmente de gorduras (75 a 90%), cuja cor e consistência variam de um animal para outro segundo seja a localização em tecido subcutâneo ou acolchoando vísceras (sebo). • Os lipídios encontrados nos tecidos adiposo fundem-se, com maior ou menor facilidade, quando atingi ao redor de 50°C, muito antes de coagular-se a proteína. A gordura liquefaz-se, produzindo o “goteio”. • Quanto mais altas a temperatura a que é submetida a carne, maior a perda de gordura que passa para o molho (meio de cocção). • As carnes que possuem gordura intrafascicular “marmoreio” são mais macias, pois a gordura impede que o tecido muscular se resseque durante os processos de cocção, por exemplo, a carne de porco. V. Qualidade da Carne. • Todas as carnes têm um teor semelhante de purinas; divergem sim no teor de gordura (colesterol) e na natureza das fibras magras e tenras – carnes de frango, rã, pombo, pescadinha, vitela, coelho etc. são de fácil digestão, principalmente quando se originam de animais novos. As víceras têm maior concentração de purinas e colesterol. • A palavra maturar é sinônimo de amadurecer. A carne fresca é embalada a vácuo e logo armazenada em uma câmara frigorífica à temperatura constante de -1 a 0 graus Cº, por um período de 20 a 30 dias aproximadamente. • O estado de maturação influi sobre a consistência da carne. • O glicogênio encontrado nos músculos continua desdobrando-se mesmo depois de abatido o animal, pois nem todos tecidos morrem ao mesmo tempo. O processo de maturação vai prosseguindo, devendo as carnes ser mantidas em ambientes higiênicos e adequados por algumas horas. Carne Maturada Isso faz com que algumas enzimas da própria carne agirem "quebrando" as fibras. Durante o processo de maturação da carne, ocorre a transformação do glicogênio em ácido láctico, tornando-a mais macia e suculenta. Note que não há nenhum aditivo químico em todo o processo. Após a morte do animal, ocorrem algumas mudanças bioquímicas e biofísicas como, alterações na homeostase, na circulação sanguínea, no aporte de oxigênio e na temperatura do músculo. Como conseqüência dessas alterações, ocorre um declínio do pH, do ATP muscular e um aumento na dureza do músculo. Esse fenômeno, conhecido como rigor mortis, ocorre devido à formação de ligações permanentes entre os filamentos de actina e miosina. Durante o acondicionamento da carne sob temperaturas de refrigeração, processo conhecido como maturação, a rigidez causada pelo rigor mortis começa a diminuir. • A carne pode ser adquirida fresca ou depois de ter sido congelada. Durante a congelação se produz uma precipitação e desidratação das proteínas, que perdem o turgor e capacidade de embebição, verdadeira desnaturação das proteínas. • Um processo muito comum de amaciamento da carne é colocar de véspera, em vinha d’alhos, que constitui o pré-preparo de amaciamento em temperos diversos adicionados ao vinagre ou ao vinho. VI. Tipos de carnes. • Vermelha - * [ ] bases purínicas =(s) em todos os tipos. • Branca - Tecido conjuntivo. Tecido adiposo. • Principais Características da Carne Vermelha – • A cor normal é vermelho-vivo; • odor, próprio. • Quando arroxeadas, acinzentadas e esverdeadas, descongeladas ou não, com odor forte e desagradável, não devem ser usadas na alimentação. Assar, Grelhar Cozinhar Assar, Grelhar, Estufar CARNE BOVINA APLICAÇÕES CARNE BOVINA Quarto Dianteiro. • Pescoço: é um dos cortes com mais gordura; • Acém: corte do lombo do boi, considerada dura e gordurosa; • Peito: constituído de músculos e fibras duras; • Braço, Pá ou Patela: corte formado por músculos, com muitos nervos e gorduras; • Músculo: corte formado por músculos, de consistência mais rija; • Cupim: corte bastante gorduroso; • Tutano: é uma substância rosada, mole e gordurosa que se encontra dentro dos ossos longos. Quarto Traseiro. • Fraldinha: corte pequeno, de fibras longas, é a parede da carne que forra o abdome; • Ponta da agulha: é a parte constituída pelas ultimas costelas, com músculos duros e fibras grossas e compridas;• Filé Mignon: corte macio localizado ao longo do dorso do animal. Ponta do Contrafilé. • Contrafilé ou filé do lombo: Carne macia, de forma redonda, fica ao longo da parte externa da coluna vertebral; • Capa de filé: tem textura desigual e muitos nervos; • Alcatra: forma alongada e fibras semelhantes ao coxão mole; • Patinho: parte menos macia que alcatra, indicada para assados e cozidos; • Coxão mole ou Chã de dentro: músculo do interior da perna, arredondado, com fibras curtas e consistência macia; • Coxão duro ou Chã de fora: músculo grande, um pouco fibroso; • Lagarto: parte da coxa do boi, fibras longas; • Aba de filé: corte menos macio que o filé mignon; • Maminha de alcatra: corte macio; • Picanha: macia, usada em churrasco; • Filé de costela : em geral, é utilizada no preparo de ensopados. VIII. Pré-preparo. 1. Limpar. 2. Retirar excessos. 3. Cortar – seccionar a carne. 4. Amaciar – vinha d’alho – condimentos (ácido – facilitar hidrólise). 5. Temperar. IX Cocção da Carne a) Objetivo: é destruir germes patogênicos, coagular as proteínas, abrandar o tecido conjuntivo e desenvolver um sabor agradável para torná-la apetecível. b) Fatores que influem no tempo de cocção: • Calor seco ou úmido – Seco: redução, Úmido = + gelatinização. • Temperatura de cocção • Tamanho do corte • Temperatura da carne no inicio da cocção • Composição • Grau de maturação • Grau de cocção desejado Grau de Cocção: • 65-70°C – ao ponto (perda de 16,8% por “goteio” e evaporação). • 70-80°C – bem passada (perda de 18,6%). • 80-90ºC – muito bem passada (perda de 22,3%). X. Carnes desidratadas. • As carnes desidratadas ocupam apenas 1/10 do espaço das carnes frescas e contém quatro vezes concentração de proteínas, porem é de difícil digestão e não e aceita com a mesma facilidade, exceto em algumas regiões do nordeste brasileiro. Como exemplo carne seca de gado, bacalhau e pirarucu. Tais alimentos necessitam permanecer em remolho para reidratar-se, o que perdem parte de suas substancias. Industrialização de Carne Seca e Charque • A salga e a desidratação, seguida ou não da defumação, foram e ainda são as formas mais primitivas de conservação da carne. • Difundida como uma variável do charque, a carne seca ficou oficialmente conhecida como "carne bovina salgada curada seca". • O processo tecnológico básico é o mesmo do charque, a diferença está na adição de nitrito do sódio ou de potássio à salmoura e no teor de umidade, que é significa- tivamente maior. Industrialização de Carne Seca e Charque • A carne bovina salgada dessecada (charque) é o resultado da salga forte de manta de carne desossada, seguida de sua exposição ao sol até atingir o ponto de dessecação que permita a conservação do produto em condições ambientais (normalmente por até 90 dias), permitindo sua comercialização em mercados distantes da sua fonte de produção. • É um processo, que além de inibir o crescimento de bactérias, preserva o produto de ações prejudiciais induzidas pelo excesso de umidade; reduz custos de embalagem armazenagem e transporte (já que não necessita ser mantido sob refrigeração); proporciona conveniência e ganho de tempo ao consumidor; etc. Carne Seca, Carne de Sol e Charque. Qual a Diferença? • A diferença reside basicamente na técnica de preparo. • Todas são feitas com carne bovina. Carne de sol: depois de cortada, é ligeiramente salgada e deixada em locais cobertos e bem ventilados. • Exige um clima muito seco, o preparo da carne de sol só é possível nas regiões semi-áridas do Nordeste. • A secagem é rápida, formando uma espécie de casca protetora que conserva a parte de dentro da carne úmida e macia. • Dos três tipos de carne desidratada, é a que cozinha com maior rapidez. Carne Seca, Carne de Sol e Charque. Qual a Diferença? Carne seca: também conhecida como carne-de-vento, carne-do-sertão, carne-do-Ceará, carne-do-Sul, ou jabá. • É esfregada com mais sal e empilhada em lugares secos. • As "mantas" de carne são constantemente mudadas de posição, para facilitar a evaporação. • Em seguida elas são estendidas em varais, ao sol, até completar a desidratação. Charque: é preparado de modo similar ao da carne seca. • O diferencial está na maior quantidade de sal e de exposição ao sol ao qual o charque é submetido, o que lhe garante uma maior durabilidade. Industrialização de Carne Seca e Charque Fluxo de Fabricação do Charque Pilha de volta Ressalga Lavagem Secagem Tombagem Embalagem Recebimento e estocagem Câmara fria Desossa Manteação Salga úmida Salga seca Industrialização de Carne Seca e Charque Fluxo de Fabricação da Carne Seca Embalagem Matéria-prima Manteação Salga Escorrimento da Salmoura Lavagem Secagem XI. Vísceras ou Miúdos. • Órgãos internos dos animais de cor vermelha-escuro, utilizados na alimentação humana. São eles: • Fígado • Coração • Rins • Língua • Dobradinha • Miolos Desvantagens: Deterioração rápida. Vantagens: Alto valor nutritivo = proteínas carne. • Vitaminas e minerais em alto percentual. • Valor econômico mais baixo. 1) Fígado. • Valor nutritivo – Proteína = carne Lipídios - 6x carne menor % Vitaminas A e complexo B Maior percentual de ferro • Normalmente e considerado miúdo = ave e víscera = boi/ porco ou vitela (mais macio). 2) Língua – Vitela, boi e porco. • Valor nutritivo – proteína = carne % fósforo Maior % cálcio Ferro Vitaminas do complexo B Maior % lipídio 3) Dobradinha. • Estomago do boi (bucho/ tripa). • È lisa na parte externa e internamente tem a aparência de favos de mel. • Coloração branca acinzentada e odor característico. 4) Coração – Boi/ porco/ vitela. • Valor nutritivo – proteína = carne • Maior % sais minerais – Cálcio, ferro e fósforo. • Maior % lipídios • Coloração vermelha escura com manchas esbranquiçadas, baixos custos mais não e muito apreciado. 4)Rabo – Rabada. • É o prolongamento externo da coluna vertebral do boi, formado por vários ossos cobertos de carne e bastante gordura. Têm o peso aproximadamente 2Kg, coloração rosada/acinzentada e odor característico. Cortes de Carnes Carne de Traseiro (1ª) Carne de Dianteiro (2ª) Filé Mignon Filé Mignon • Muito Macia; • Sem sabor acentuado; • Ideal para fritar (todas variantes) • “Strogonoff” • Perde água facilmente (fritar rápido!) • Tem cordão do filé mignon Principais Cortes do Filet Mignon: Contra Filet Contra Filet • Menos macia que Filet Mignon; • Tem camada de gordura; • Ideal para fritar; • Pode churrasquear (não ideal); • Preferir sempre peças gordas (gordura branca). Noix (Entrecôte) Noix (Entrecôte) • Bife Ancho Argentino; • É um corte novo no Brasil; • Muito macio e saboroso; • Pouca gordura externa; • Ideal para grelha (churrasco); • Bom para fritar (grosso) • Perde água com facilidade. Alcatra Completa Miolo Alcatra Miolo Alcatra • Muito macia, saborosa; • Ideal para fritar; • Grandes bifes sem gordura (milanesa); • Se possuir capa de gordura, ótima para churrasco; • Ideal para espetinho (cubos); • Pode substituir Filet mignon em “strogonof” Maminha Maminha • Média maciez; • Ideal para assar inteira em forno; • Churrasquear se a proteger com papel de alumínio ou celofane; Picanha Picanha • Média maciez; • Uma boa picanha: máximo 1,5 kg; • Sempre escolher gorda com gordura branca; • Sem gordura: Animal velho ou doente; • Melhor carne para churrasco ou chapa; • Sabor inconfundível; • Servir “ao ponto” (bem passada pode ficardura); • Somente com sal (valoriza o sabor). Coxão Mole Coxão Mole • Macio, sem sabor acentuado; • Ideal para bifes (milanesa); • Grandes bifes sem gordura, • Horrível para churrasquear ( sem gordura, sem gosto); • Pode fazer carne moída. Coxão Duro Coxão Duro • Pouca maciez; • Muito saboroso; • É gordo, produz grandes bifes; • Ideal para carne de panela e bife enrolado; • Uma “sola” se fritar ! • Nunca churrasquear ! Capa de filet Capa de filet • Pouca maciez; • Ideal para carne de panela em cubos; • Muito saborosa; • Bom preço; • Pode-se churrasquear envolto em celofane ou alumínio. Lagarto Lagarto • Pouco macio; • Ideal para panela; • Recheado e fatiado, servido frio; • É a peça utilizada para “carpaccio”; • Nunca churrasquear ou fritar. Patinho Patinho • Média maciez; • Ideal para bifes magros (milanesa); • Pode moer (carne moída de 1ª); • Grandes bifes com nervuras pequenas; • Nunca assar ou churrasquear. Músculo Traseiro Músculo Traseiro • Como outros “músculos”, ideal para panela; • Caldo gelatinoso, rico; • Bom para carne moída; • Pobre em água, rico em nutrientes! Fraldinha Fraldinha • Fibras longas com média maciez, • Bom para churrasco em grandes pedaços; • Pode ser feito em panela; • Sabor acentuado e característico. Peixinho Peixinho • Carne com média maciez; • Ideal para picadinhos e panela; • Ótima para moer; • Nenhuma gordura; • Nunca churrasco; • Nunca fritar. Pescoço Pescoço • É carne de primeira! A primeira que entra para o abate!!! • Pouca maciez; • Rica em nutrientes; • Ideal para panela (carne louca) • Retirando a gordura, boa para moer. Acém Acém • Carne com pouca maciez • Muito utilizada para carne moída; • Pode ser utilizada para panela (carne louca); • Também utilizada em picadinhos; • Pouca gordura. Ponta de Peito Ponta de Peito • É uma parte desossada da costela; • Muito saborosa por sua proximidade aos ossos; • Ideal para churrasco (assar lentamente envolto no celofane); • Pode ser utilizada para assar em forno ou panela! • Bom preço. Cupim • Carne com pouca maciez, entremeada de gordura; • É utilizada para churrasquear (lentamente, envolta em celofane); • Pode ser cozida na pressão e após isso, assada no forno; • Sabor característico e acentuado OBRIGADO
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