AULA 5 GLOBALIZAÇÃO E COMPORTAMENTO ALIMENTAR Historia e antropologia da nutrição

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GLOBALIZAÇÃO E COMPORTAMENTO ALIMENTAR
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Prof Maria Cecília Santos
 É um conjunto de transformações, um fenômeno que criou pontos em comum, seja na vertente econômica, social, cultural e política, tornando o mundo interligado ou seja, uma aldeia global.
INFLUÊNCIA DA GLOBALIZAÇÃO NO HÁBITO ALIMENTAR E NA SAÚDE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
 
 Alimento é um dos requerimentos básicos para a existência de um povo, e a aquisição desta comida desempenha um papel importante na formação de qualquer cultura.
 
    O fenômeno da globalização e industrialização atua como fator determinante na modificação dos hábitos alimentares, gerando transformações no estilo de vida de, praticamente, toda a população mundial. 
 A alimentação de hoje é profundamente diferente dos nossos antepassados, que viviam em contato com a natureza, alimentando-se de tudo que ela lhes oferecia: animais abatidos, frutas, gramíneas,folhas, raízes etc.          
 A globalização atinge a indústria de alimentos, o setor agropecuário, a distribuição de alimentos em redes de mercados e em cadeias de lanchonetes e restaurantes. 
Tem-se percebido a tendência dos brasileiros adotarem novos hábitos, criados pela indústria alimentar e marcados pelo consumo excessivo de produtos artificiais.       
 
 Na sociedade urbana as facilidades de transporte, o trabalho mecanizado e o sedentarismo, alteraram a qualidade de vida da população brasileira. 
Problemas de saúde passaram a ser relacionados com a falta ou excesso de alguns nutrientes.
 Com essa preocupação em relação à saúde da população brasileira em decorrência do novo estilo alimentar, faz-se necessário que se implante medidas a fim de conscientizar a população para o problema.  
FORMAÇÃO DA CULTURA ALIMENTAR NO BRASIL
        
 O principal alimento do nativo brasileiro era, sem dúvida, a mandioca.
 Os índios viviam exclusivamente da caça, pesca e das raízes colhidas. Os indígenas brasileiros conheciam o fogo, que usavam para assar e conservar as carnes e os peixes. Eles não usavam sal e o condimento essencial de suas comidas eram as pimentas. Não conheciam frituras e gostavam muito de bebidas feitas de raízes e frutas. 
 A herança alimentar dos africanos são as comidas misturadas na mesma panela. Saiu-se do hábito de assar, para cozinhar os ingredientes.  
        
 As maiores contribuições portuguesas para os hábitos alimentares brasileiros estão na área do paladar: eles valorizavam e estimularam o uso do sal e do açúcar na alimentação. 
INFLUÊNCIAS DE OUTRAS ETNIAS NA ALIMENTAÇÃO BRASILEIRA
 A partir do século XIX, a imigração maciça de outros grupos étnicos ao Brasil começou a influir nos hábitos alimentares de certas áreas e regiões.  
 Assim, na região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná), onde o consumo de carne verde e de churrasco já era habitual, verificou-se uma grande influência de hábitos alimentares europeus, especialmente de alemães e poloneses. Eles introduziram, na alimentação local, maior uso de carne de porco e de embutidos. 
 Da mesma maneira, a imigração italiana para o estado de São Paulo, na segunda metade do século XIX, difundiu o uso de massas, sopas, polenta e de mais queijos na alimentação.  
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A URBANIZAÇÃO
 A revolução industrial atinge a história da alimentação em vários aspectos, mas antes de tudo pelo desenvolvimento das indústrias alimentares, pois os alimentos eram fabricados artesanalmente e passaram a ser produzidos por poderosas fábricas.            
Os produtos passam a ser fabricados incorporando enormes quantidades de açúcar, sal e gordura. Além disso, os aditivos químicos tornaram-se cada vez mais comum.           
       
 Nas últimas décadas, a rápida urbanização da população brasileira e a sua concentração nas grandes metrópoles vêm revolucionando a alimentação do brasileiro. 
O mercado de trabalho nas grandes cidades trouxe como conseqüência o aumento da distância entre o local de moradia e do trabalho. Isso tornou o hábito de fazer as refeições fora de casa, uma necessidade crescente.        
 A comida fora de casa, as marmitas, os sanduíches, as comidas rápidas passam a dominar a alimentação do brasileiro. 
Uma grande contribuição do enfoque antropológico nos estudos sobre consumo alimentar foi o de ressaltar a importância da família.
A GLOBALIZAÇÃO E A ALIMENTAÇÃO CONTEMPORÂNEA
 Num mundo cada vez mais integrado pela informação e pela economia, é quase impossível que a cultura também não sofra os efeitos desta situação.          
 Diante das transformações imprimidas pela urbanização e pela globalização, a alimentação passou e continua passando por mudanças que afetam a qualidade dos alimentos produzidos e industrializados.          
     
Desta forma, a pós-modernização embalada pela globalização, tem imposto novas formas de consumo alimentar, tem afetado o nosso paladar e os aportes nutritivos, trazendo novos padrões alimentares, novos costumes, hábitos e práticas alimentares.          
 Começam a desaparecer os rituais  que acompanham o ato de alimentar-se. A relação de afeto que, antes, permeava a refeição nas trocas familiares e entre amigos, hoje, cede lugar à alimentação cujo parceiro é o aparelho de televisão. 
As refeições feitas em conjunto, em casa, com horário determinado e um cardápio planejado estão se tornando cada vez mais raro.
ALIMENTAÇÃO DOS BRASILEIROS
 No Brasil, em função do fast food, um novo padrão está se delineando, com prejuízos dos produtos da dieta tradicional.         
 As mudanças ocorreram não apenas nos países desenvolvidos mas, em países em desenvolvimento, no Brasil, onde a população tem reduzido o consumo de cereais e tubérculos , substituído carboidratos por lipídios, e proteínas vegetais por proteínas animais. 
ALIMENTAÇÃO X SAÚDE
 As mudanças de padrão alimentar no país têm sido, de modo geral, favoráveis do ponto de vista dos problemas associados a subnutrição (aumento da participação de alimentos de origem animal na alimentação) e desfavoráveis no que se refere à doenças carenciais como anemia e hipovitaminose  A, a obesidade e às demais DCNT (aumento da participação na alimentação de gorduras em geral, gorduras de origem animal e açúcar e diminuição com relação a cereais, leguminosas, frutas, verduras e legumes). Associadas ao sedentarismo, podemos explicar o excesso de peso e da obesidade entre a população.  
CONCLUSÃO
 Os brasileiros estão consumindo mais produtos industrializados; percebe-se que a população está consumido menos frutas, verduras e hortaliças;  adotaram novo estilo de vida  e, com isso, aumentaram as doenças relacionadas a alimentação inadequada.
A população brasileira tem maior facilidade de aderir a novos hábitos e costumes alimentares e que os produtos industrializados têm espaço no cotidiano desta população.
 Infelizmente, o consumo de  alimentos  essenciais à manutenção da saúde estão sendo esquecidos pela maioria. É preciso a conscientização da população da importância de hábitos alimentares saudáveis para uma qualidade de vida melhor.
Os produtos passam a ser fabricados incorporando enormes quantidades de açúcar, sal e gordura. Além disso, os aditivos químicos tornaram-se cada vez mais comum.
O SURGIMENTO DO MCDONALD E A COZINHA PROCESSADA
 O nível de desenvolvimento trouxe a criação de um poderoso mercado consumidor.
 Diante de um quadro de acentuado desenvolvimento capitalista, e diante de uma nova sociedade do trabalho, se sobressai uma nova concepção de tempo, ligado não apenas à produção, mas também ao lazer e prazer.
Surge o Sistema Fast Food ou cozinha compartimentada, que impõe a sua dominação alimentar em termos econômico, social, político e cultural, embalada por uma grande explosão de consumo.
 
 
Novos modos de vida trazidos “pela urbanização, pela industrialização dos anos 1950-1960, pelaprofissionalização das mulheres, pela elevação do nível de vida e de educação, pela generalização do uso do carro, pelo acesso mais amplo da população ao lazer, férias e viagens”, fazem com que alimentação deixe o ambiente doméstico, a casa, o lar e passe a ser uma atividade cotidiana e de lazer. 
O Fast Food constitui uma forma de distribuição de produtos cozinhados industrialmente e de serviços de restaurantes rápidos, organizados de maneira taylorista cujo produto básico é o hambúrguer, nascido nos EUA, introduzindo o preparo das refeições em cadeia.
 Desta forma, as fórmulas rápidas de comer representada pelo hambúrguer, a batata frita e a coca cola, aliados à outros produtos como a pizza, passam a constituir um conjunto alimentar de consumo em massa, impondo um novo sabor e causando uma verdadeira ruptura no comer tradicional, trazendo no seu bojo mudanças nos hábitos e práticas alimentares.
 
Desta forma, a pós-modernização embalada pela globalização, tem imposto novas formas de consumo alimentar, tem afetado o nosso paladar e os aportes nutritivos, trazendo novos padrões alimentares, novos costumes, hábitos e práticas alimentares.
INFLUÊNCIA DA GLOBALIZAÇÃO NA AUTO IMAGEM
Prof. Maria Cecília santos
 O uso de redes sociais e sua influência são um fenômeno relativamente recente e alvo de estudos de várias áreas do conhecimento para compreender os efeitos à sua exposição em diferentes populações.
 Essas novas mídias reforçam o narcisismo e os padrões de beleza vigentes e alguns estudos avaliaram seu impacto sobre a imagem corporal.
 A Imagem Corporal é, portanto, influenciada por diversos fatores, e três deles têm maior importância: os pais, os amigos e a mídia.
 Estudos demonstram que meninas com sobrepeso e obesidade sofrem mais a pressão de se encaixarem em modelos e padrões de beleza que apenas uma pequena parcela da população conseguirá de verdade atingir de forma saudável.
 O distúrbio da imagem corporal é um sintoma presente no Transtorno Alimentar e é caracterizado por uma autoavaliação, distorcida, dos indivíduos que sofrem de tal transtorno. Além disso, é influenciado pela experiência com seu peso e forma corporal.
 O que influencia a satisfação das autoimagens corporais é a relação que as mulheres estabelecem consigo mesmas durante sua vida, com os outros e com o mundo. 
 O corpo pode ser considerado como um objeto, pois representa um discurso que traz consigo marcas de uma cultura. 
 No corpo estão registradas as características que definem cada indivíduo, demonstrando sua ontogenia cultural. 
 Ele representa um dos canais de materialização do pensamento, do perceber e do sentir. 
 É o responsável por conectar o ser com o mundo habitado, real ou construído. 
 Não é mero suporte ou veículo da roupa, mas um dos seus constituintes. 
 A serviço do próprio corpo, a mulher se escraviza diariamente na busca pela perfeição do corpo, sofrendo prescrições dos discursos jornalístico e publicitário que a cerca.
 As mulheres buscam experimentar o prazer de seu corpo. Querem transformá-lo pela maquiagem, pela ginástica ou pela cirurgia estética. Estas condutas são frequentemente interpretadas pelos homens como manobras de sedução, mas são a elas mesmas que buscam seduzir. O corpo torna-se, como cita Santaella (2004), um nó de múltiplos investimentos e inquietações.
 De um lado, a mídia; de outro, a indústria da beleza. São aspectos estruturantes da prática do culto ao corpo. Vaz (1999) informa que a indústria que mais cresceu nos últimos trinta anos foi a farmacêutica, vendendo juventude, bem-estar e beleza. 
 Em nossa sociedade, há uma desconsideração da subjetividade e uma supervalorização da imagem, um culto narcísico ao corpo, que é vendido como objeto de consumo, onde, mais importante do que sentir, pensar, criar, é ter medidas perfeitas, considerando-se o padrão de magreza como ideal.
 A mídia está diretamente relacionada aos veículos de comunicação e está presente em vários espaços, entre eles televisão, rádio, internet...
 As pessoas necessitam ser desejados, queridos e aceitos, e manter um corpo bonito, esbelto e esguio, representa a expressão maior do erotismo/desejo, já que vivem em busca da aceitação social.
  “Intervir para promover o desenvolvimento é criar um contexto de vida significativo para essas pessoas, em que os mais variados processos psicossociais estão presentes”.
 Assim, os programas de intervenção devem enfatizar as competências, orientando-os para os fatores que lhes permitam a construção de um desenvolvimento positivo (Lerner & Galambos, 1998). 
 Este programa não se limita a diminuir os comportamentos de risco, mas antes a promover formas de desenvolvimento saudáveis (Freire, 2006b; Lerner & Galambos, 1998), para que essas pessoas adquiram as competências necessárias para enfrentar os diversos desafios com que se deparam.