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1 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho APOSTILA DA DISCIPLINA METABOLISMO E NUTRIÇÃO Myrian A. Faber & Helyde Marinho 2 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Ementa Conceito e histórico da nutrição. Necessidades e recomendações nutricionais. Etapas do processo de nutrição. Carboidratos. Fibras alimentares. Proteínas. Minerais. Lipídeos. Energia e balanço energético. Cálculos metabólicos. Vitaminas. Água e eletrólitos. Biodisponibilidade de nutrientes. Objetivo Geral: • Oportunizar aquisição de conhecimentos essenciais a respeito da Nutrição, as etapas envolvidas no processo da alimentação, suas interações e a biodisponibilidade durante o metabolismo, correlacionando com as disciplinas básicas como anatomia, biologia celular e molecular, bioquímica e fisiologia. Objetivos Específicos: Aplicar conhecimentos sobre composição, propriedades e transformações dos alimentos e seu aproveitamento pelo organismo humano; Intervir juntamente com um nutricionista para a melhoria do hábito alimentar e estado nutricional dos escolares; Correlacionar conhecimentos específicos para prevenir desgaste de cartilagens e ossos; Prevenir desajuste de vitaminas e minerais comumente existentes quando uma pessoa passa a exercitar-se 3 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho BIBLIOGRAFIA BÁSICA COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. Barueri: Manole, 2005. HIRSCHBRUCH, Marcia Daskal. Nutrição esportiva: uma visão prática - 3ª edição revista e ampliada. Manole, 2014 MARINHO, H. A. “Carotenoides e valor de pró-vitamina A em frutos da Região Amazônica: Pajurá, Piquiá, Tucumã e Umari”. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 17, Belém, 2002, p. 1-6. NABHOLZ, Thais Verdi. Nutrição Esportiva - Aspectos Relacionados À Suplementação Nutricional. Saraiva, 2012 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 4 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho DUNFORD, Marie Fundamentos de Nutrição no Esporte e no Exercício. Saraiva, 2012. Ministério da Saúde. GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA (e-book gratuito), 2014 KATCH, Frank I; KATCH, Victor L; MCARDLE, William D. Nutrição Para o Esporte e o Exercício - 3ª Ed. 2012 Instituto Cristina Martins. ALIMENTAÇÃO DE PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO E ATLETAS (produto para download),2012. Fontes: http://www.sonutricao.com.br/conteudo/macronutrientes/ http://cyberdiet.terra.com.br/os-macronutrientes-quem-sao-eles-2-1-1- 221.html http://www.saudetotal.com.br/artigos/nutrologia/macronutrientes.asp http://www.manualmerck.net/?id=159&cn=1932 http://gsm.utmck.edu/surgery/documents/FluidsElectrolytesandAcid- BaseBalance.pdf http://etheses.nottingham.ac.uk/150/1/Physiological_aspects_of_fluid_a nd_electrolyte_balance.pdf http://www.bbraun.com/documents/Knowledge/Basic_Concepts_of_Fluid _and_Electrolyte_Therapy.pdf 5 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho SUMÁRIO 1. CONCEITO E HISTÓRICO DA NUTRIÇÃO......................................................6 1.1 Anabolismo...............................................................................................6 1.2 Catabolismo..............................................................................................6 1.3 Conceito de Nutrição.................................................................................7 1.4.Conceito de Nutrientes..............................................................................7 1.5 Conceito de alimento................................................................................7 2. GRUPO DE NUTRIENTES.............................................................................8 2.1 Nutrientes Plásticos....................................................................................8 2.2 Nutrientes Energéticos...............................................................................8 2.3 Nutrientes Reguladores............................................................................8 2.3.1 Carboidratos ou Hidratos de Carbono..................................................9 2.3.2 Classificação dos Carboidratos...........................................................9 2.3.2.1 Monossacarídeos..........................................................................10 2.3.3 Divisão dos Monossacarídeos.........................................................10 2.3.3.1 Dissacarídeos..............................................................................10 2.3.3.2 Polissacarídeos.............................................................................13 2.3.4 Funções dos carboidratos no organismo............................................14 2.3.4.1 Cetoacidose diabética....................................................................16 2.3.4.2 Acidose láctica..............................................................................16 3. METAIS E SAIS MINERAIS IMPORTANTES..................................................18 4. NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS.................................35 5. OS MACRONUTRIENTES .........................................................................40 5.1 Ácidos graxos saturados..................................................................41 5.2 Ácidos graxos monoinsaturados.....................................................41 5.3 Ácidos graxos poli-insaturados........................................................41 5.4 Aminoácidos naturais....................................................................42 5.5 Aminoácidos essenciais.................................................................42 5.6 Carboidratos...............................................................................44 5.7 Proteínas....................................................................................44 5.8 Fibras alimentares .........................................................................47 6 LIPÍDEOS OU GORDURAS........................................................................54 7 ENERGIA E BALANÇO ENERGÉTICO........................................................56 8 CÁLCULOS METABÓLICOS..........................................................................63 9 ÁGUA E ELETRÓLITOS.............................................................................68 10 VITAMINAS............................................................................................77 11. BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES.................................................85 6 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 1. CONCEITOS DE METABOLISMO, NUTRIÇÃO, NUTRIENTES E ALIMENTOS. Nos seres vivos o combustível mais utilizado é a glicose, substância altamente energética cuja quebra no interior das células libera a energia armazenada nas ligações químicas e produz resíduos, entre eles gás carbônico e água. A energia liberada é utilizada na execução de atividades metabólicas: síntese de diversas substâncias, eliminação de resíduos tóxicos produzidos pelas células, geração de atividade elétrica nas células nervosas, circulação do sangue etc. Ao conjunto de reações químicas e de transformações de energia, incluindo a síntese(anabolismo) e a degradação de moléculas (catabolismo), denomina-se metabolismo. Essas reações químicas que ocorrem dentro do organismo e tem a função de mudar ou produzir moléculas. 1.1 Anabolismo No estado de síntese (anabolismo) ocorre a formação dos compostos e no estado de catabolismo ocorre a quebra dos compostos. Toda vez que o metabolismo servir para a construção de novas moléculas que tenha uma finalidade biológica, falamos em anabolismo. Por exemplo: a realização de exercícios que conduzem a um aumento da massa muscular de uma pessoa envolve a síntese de proteínas nas células musculares. Por outro lado, a decomposição de substâncias, que ocorre, por exemplo, no processo de respiração celular, com a liberação de energia para a realização das atividades celulares, constituí uma modalidade de metabolismo conhecida como catabolismo. 1.2 Catabolismo Durante o catabolismo, que ocorre nos processos energéticos, por exemplo, a energia liberada em decorrência da utilização dos 7 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho combustíveis biológicos poderá ser canalizada para as reações de síntese de outras substâncias, que ocorre no anabolismo. No caso de dietas para perda de peso considera-se que a pessoa sofre o processo de catabolismo, tornando algumas partículas do organismo degradadas, gerando assim, a diminuição do peso. 1.3 Conceito de Nutrição: é o estudo dos nutrientes ou alimentos necessários para o desenvolvimento e crescimento normais do indivíduo. É o estudo dos nutrientes presentes nos alimentos e no corpo e também o estudo dos comportamentos humanos relacionados à alimentação. 1.4 Conceito de Nutrientes: componentes dos alimentos que são indispensáveis ao funcionamento do corpo. Eles fornecem energia (alimentos energéticos), servem como material de construção, a manter e reparar partes do corpo e sustentam o crescimento. 1.5 Conceito de alimento: qualquer substancia que o corpo é capaz de ingerir e assimilar e o que manterá vivo e em crescimento. Existem variedades de alimentos no mundo assim como o seu preparo, mas é indispensável que sejam ingeridos os nutrientes essências diariamente. São Nutrientes: água, carboidratos, gordura, proteína, vitaminas e minerais. Fonte: v-sae-anda-comendo.gif <mundodastribos.com> 8 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 2. GRUPOS DOS NUTRIENTES 2.4 Nutrientes Plásticos: são os que constroem as células. Nesse grupo estão as Proteínas. Também tem a função nutrição energética 2.5 Nutrientes Energéticos: são os que fornecem a maior parte da energia para o corpo. Nesse grupo estão os Carboidratos (açucares) e as Gorduras (lipídios). 2.6 Nutrientes Reguladores: são os que promovem a harmonia orgânica, Exemplo: controlam a queima de gorduras, a produção de proteínas e a formação dos ossos. Nesse grupo estão os Sais Minerais. Fonte: www.afh.bio.br/digest/img/Digest23.jpg 2.2.1 Nutrientes Energéticos: Carboidratos ou Hidratos de Carbono. Definição: Carboidratos são biomoléculas (compostos químicos sintetizados pelos seres vivos) em maior número na natureza. São compostos orgânicos, ou seja, têm estrutura de Carbono e Hidrogênio, podendo ainda possuir oxigênio, nitrogênio. Função: A função principal dos Carboidratos é a produção de energia, mas também são elementos estruturais e de proteção na 9 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho parede celular das bactérias, fungos e vegetais, dos tecidos conjuntivos e do envoltório celular dos animais. Tipos de alimentos que possuem Carboidratos: Batata, pão, arroz, farinha, massas, cereais em geral. 1) Classificação dos Carboidratos Em uma versão simplificada pode-se classificar os carboidratos, ou glicídios, em três categorias principais: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. 10 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 2.2.3 Monossacarídeos: são assim denominados por possuírem reduzido número de átomos de carbono em sua molécula. São os verdadeiros açucares solúveis em água e, de modo geral, de sabor adocicado. Os principais monossacarídeos encontrados em sua forma livre nos alimentos são a glicose (dextrose) e a frutose. A glicose é o principal produto formado pela hidrólise (quebra) dos carboidratos mais complexos na digestão e a forma de açúcar normalmente encontrada na corrente sanguínea. É oxidada nas células como fonte de energia e armazenada no fígado e nos músculos em forma de glicogênio. É o que alimenta e mantém vivo o sistema nervoso central. Este monossacarídeo é abundante em frutas, milho doce, xarope de milho, mel e certas raízes. A frutose, dos monossacarídeos é o mais doce dos açúcares. Este importante monossacarídeo (levulose, açúcar da fruta) é encontrado junto com a glicose e a sacarose no mel e frutas. Os refrigerantes são adoçados com frutose (xarope de milho) ao invés de sacarose. A galactose é outro monossacarídeo; produzido a partir da lactose (açúcar do leite) pela hidrólise no processo digestivo. 2.2.4 Divisão dos Monossacarídeos: Os de menor número de átomos de carbono são as trioses (contêm três átomos de carbono). Os biologicamente mais conhecidos são os formados por cinco átomos de carbonos (chamados de pentoses) e os formados por seis átomos de carbono (hexoses). O Quadro a seguir apresenta as hexoses e pentoses mais conhecidas, seus papéis biológicos e as fontes de obtenção. 11 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Os Oligossacarídeos são açucares, formados pela união de dois a seis monossacarídeos, geralmente hexoses. Os oligossacarídeos mais importantes são os dissacarídeos. 2. Dissacarídeos: são açúcares compostos de duas moléculas de monossacarídeos e uma delas sempre será a glicose. Sacarose - glicose e frutose; Maltose - glicose e glicose; Lactose - glicose e galactose. A sacarose é o açúcar de uso comum, açúcar de mesa. Principalmente encontrada na cana-de-açúcar, melaço, xarope e açúcar de bordo, açúcar de beterraba, xarope de milho, presente entre frutas, vegetais e mel. As enzimas digestivas a hidrolisam convertendo-a em partes iguais de glicose e frutose. A maltose (açúcar do malte) não é encontrada facilmente em sua forma livre na natureza, é criada durante a digestão por enzimas que quebram grandes moléculas de amido em fragmentos de dissacarídeos, que podem então ser quebrados em duas moléculas de glicose para uma fácil absorção. Isto ocorre na natureza quando a semente de um grão de cereal brota e suas enzimas convertem o amido do grão em maltose. A lactose (açúcar do leite) é o principal açúcar encontrado no leite. Não existe em vegetais e está limitada quase exclusivamente às glândulas mamárias de animais lactentes. É menos solúvel que os 12 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho outros dissacarídeos e é apenas um sexto tão doce quanto à glicose. Pela hidrólise, produz glicose e frutose. Este açúcar é de importância clínica em pessoas com ausência de enzima digestiva suficiente (lactase) para uma hidrólise eficiente e em crianças pequenas nascidas sem a enzima do fígado que converte galactose em glicose.13 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 3) Polissacarídeos Como o próprio nome sugere (poli é um termo derivado do grego e quer dizer muitos), os polissacarídeos são compostos macromoleculares (moléculas gigantes), formadas pela união de muitos (centenas) monossacarídeos. Os três polissacarídeos mais conhecidos dos seres vivos são amido, glicogênio e celulose. Ao contrário da glicose, os polissacarídeos dela derivados não possuem sabor doce, nem são solúveis em água. O Quadro a seguir apresenta exemplos de Polissacarídeos que comumente consumimos em nossa alimentação. 14 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 2.2.4 Funções dos carboidratos no organismo Os carboidratos no organismo constituem a principal fonte de energia do corpo. Deve ser suprido regularmente e em intervalos frequentes, para satisfazer as necessidades energéticas do organismo. Num homem adulto, 300g de carboidrato são armazenados no fígado e músculos na forma de glicogênio e 10g estão em forma de açúcar circulante. Esta quantidade total de glicose é suficiente apenas para meio dia de atividade moderada, por isso os carboidratos devem ser ingeridos a intervalos regulares e de maneira moderada. Cada 1 grama de carboidratos fornece 4 Kcal, independente da fonte (monossacarídeos, dissacarídeos, ou polissacarídeos). 15 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Os carboidratos regulam o metabolismo proteico, poupando proteínas. Uma quantidade suficiente de carboidratos impede que as proteínas sejam utilizadas para a produção de energia, mantendo-se em sua função de construção de tecidos. Os carboidratos são necessários para o funcionamento normal do sistema nervoso central. O cérebro não armazena glicose e dessa maneira necessita de um suprimento de glicose sanguínea. A ausência pode causar danos irreversíveis para o cérebro. A celulose e outros carboidratos indigeríveis auxiliam na eliminação do bolo fecal. Estimulam os movimentos peristálticos do trato gastrointestinal e absorvem água para dar massa ao conteúdo intestinal. Apresentam função estrutural nas membranas plasmáticas das células. A quantidade de carboidratos da dieta determina como as gorduras serão utilizadas para suprir uma fonte de energia imediata. Exemplifica-se assim: caso não haja glicose disponível para ser utilizada como fonte de energia celular (jejum ou dietas restritivas), os lipídios serão oxidados, formando uma quantidade excessiva de cetonas que poderão causar uma acidose metabólica1, podendo levar ao coma e a morte. Dentre os vários tipos de acidose metabólica, apresenta-se a seguir duas das principais. 1 A acidose metabólica é uma acidez excessiva do sangue e fluidos corporais. Essa acidez pode reduzir o pH do sangue, tornando a respiração mais profunda e rápida, uma vez que o corpo está tentando liberar o excesso de ácido no sangue. Além disso, os rins também podem se sobrecarregar, uma vez que precisam excretar uma quantidade maior de ácido na urina. 16 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 2.2.4.1 Cetoacidose diabética Ocorre quando os níveis de glicose no sangue do paciente diabético encontram-se muito altos. A insulina2 é responsável por fazer com que a glicose que está na corrente sanguínea entre nas células do nosso corpo e gere energia. Na falta de insulina, duas situações simultâneas ocorrem: o nível de açúcar no sangue vai aumentando e as células sofrem com a falta de energia. Para impedir que as células parem de trabalhar, o organismo lança mão dos estoques de gordura para gerar energia. Nesse formam-se as cetonas. Níveis elevados de corpo cetônicos podem envenenar o corpo, leva-lo ao coma e à morte. 2.2.4.2 Acidose láctica Se e quando as células do corpo não possuírem oxigênio suficiente para uso; há a produção do ácido lático. Este ácido pode acumular-se no sangue, causando a acidose láctica. Essa formação pode acontecer com os atletas que se exercitam intensamente. Gota, hipertensão, insuficiência cardíaca e infecção generalizada também pode causar esse acúmulo. Contudo, mesmo uma overdose de ácido acetilsalicílico3 pode provocar acidose metabólica. Os carboidratos podem ser simples ou complexos: Os carboidratos simples (ruins) têm estrutura química molecular de tamanho reduzido. Fazem parte deste grupo os monossacarídeos (glicose, frutose e galactose), os dissacarídeos (sacarose, lactose e maltose) e os oligossacarídeos (rafinose, estraquiose, frutooligossacarídeo etc). Os carboidratos simples são digeridos e absorvidos rapidamente, produzindo um aumento súbito da taxa de glicose no sangue (glicemia). Exemplos 2 É o hormônio responsável pela redução da glicemia. Ele promove o ingresso de glicose nas células. É fundamental no consumo de carboidratos, na síntese de proteínas e no armazenamento de lipídios. 3 É um anti-inflamatório não esteroide utilizado como anti- inflamatório, antipirético, analgésico e também como antiplaquetário. 17 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho de alimentos que são fontes de carboidratos simples: frutas, mel, xarope de milho, leite e derivados, açúcares e vegetais. Os carboidratos complexos (bons) possuem estrutura química maior, mais complexa, como os polissacarídeos (amido, celulose). Devido ao tamanho de sua molécula, são digeridos e absorvidos lentamente, ocasionando aumento pequeno e gradual da glicemia. Exemplos de alimentos fontes de carboidratos deste grupo: arroz, pão, batata, massa e fibras. Os polissacarídeos possuem muitas unidades de açúcar, chegando a 3.000 unidades ou mais. 18 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 3 METAIS E SAIS MINERAIS IMPORTANTES Os minerais são nutrientes com função plástica e reguladora do organismo. Eles são tão importantes quanto às vitaminas e, sem eles, o nosso organismo não realiza, de forma eficaz, as funções metabólicas. Dos 28 minerais existentes, apenas 14 são essenciais e podem ser divididos em dois grupos, de acordo com a sua necessidade diária: Os 14 metais importantes para o ser humano são conhecidos popularmente como sais minerais e estão presentes nos alimentos. Uma má alimentação, seja por falta de acesso aos alimentos, por desconhecimento ou por uma preferência dietética, precisa de suplementação. Médicos e nutricionistas explicitam a importância dos metais para o bom funcionamento do organismo: 1) Iodo Metal do grupo 7 e número atômico 53, cuja função fisiológica é a de garantir o funcionamento da tireoide, a glândula vital do corpo humano. A deficiência leva ao hipotireoidismo. Mas o uso excessivo também é prejudicial especialmente para grávidas, pois o feto pode apresentar retardo mental. Em contato com a pele, prejudica o funcionamento da tireoide. O iodo é encontrado em quantidades variáveis nos alimentos e na água de beber. Os frutos do mar e peixes de água salgada são ricos em iodo. Em locais onde não há mar, a ingestão de iodo dá-se por meio do sal iodado. Contudo, há que se ter critério quanto à ingestão. De acordo com a Organização Mundialda Saúde (OMS) as orientações referem a que adultos consumam menos sal e incluam uma quantidade mínima de potássio em suas dietas diárias, na tentativa de reduzir o risco de doenças cardíacas e derrames cerebrais. 19 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 2) Sódio Elemento químico de número atômico 11, do grupo 1, tem um papel fundamental no metabolismo celular como, por exemplo, na transmissão do impulso nervoso. Participa também nos processos de contrações musculares e na absorção de nutrientes pelas células. A carência - extremamente rara - causa anorexia, náuseas, depressão, tonturas, dores de cabeça, dificuldade de memorização, fraqueza muscular e perda de peso. O excesso é bem mais prejudicial. Uma maior incidência da hipertensão na atualidade é atribuída ao consumo exagerado de sal na alimentação, em especial no mercado de fast food e alimentos industrializados. Os adultos deveriam consumir menos de 2 gramas de sódio – ou menos de 5 gramas de sal – e pelo menos 3,51 gramas de potássio por dia", disse a agência em comunicado. Isso equivale a menos de uma colher de chá rasa de sal ou cinco pacotinhos daqueles servidos em restaurantes, já que cada um contém 1 grama. Hipertensos precisam de orientação médica para colocá-lo no cardápio. 20 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 3) Magnésio De número atômico 12, este metal pertence ao grupo 2. Pesquisas revelam que o mineral apresenta um papel importante na performance em esportes de resistência. Ele está presente principalmente nos músculos e ossos, para ajudar na contração muscular e metabolismo energético. Sem ele, o corpo não seria capaz de produzir energia, os músculos ficariam se contraindo por todo o sempre e o colesterol sanguíneo não poderia ser controlado. Este mineral ainda mantém e regula a atividade das enzimas, mantém a saúde dos ossos, participa do metabolismo dos carboidratos, ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue, regula a pressão arterial, relaxa os músculos, controla os nervos, auxilia o sistema imunológico e contribui com a produção de proteínas. Também combate o estresse e os sintomas da tensão pré-menstrual. Na alimentação, esse mineral é encontrado na banana, cereais integrais, semente de girassol, maçã, lentilha, tofu, limão, mel e atum. A deficiência é rara, mas é preciso prestar atenção em distúrbios que aumentam o risco de deficiência de magnésio, como a doença celíaca e a de Crohn, má absorção alimentar e alcoolismo crônico. A falta de Magnésio na alimentação pode provocar: Alterações do sistema nervoso, como depressão, tremores e insônia; Insuficiência cardíaca; Osteoporose; Pressão alta; Diabetes mellitus; Tensão pré menstrual - TPM; Insônia; Cãibras; Falta de apetite; Sonolência; Falta de memória. 21 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho As sementes de abóbora (jerimum) são excelentes fontes de magnésio. Praticantes de atividades físicas e esportistas necessitam de mais energia, portanto consomem as reservas de magnésio mais rapidamente. Um maior consumo de magnésio nesses casos é muito útil, não apenas para evitar os sintomas negativos da deficiência, mas também para aproveitar todos os benefícios relacionados ao ganho de massa muscular e energia. Um adulto saudável necessita de uma quantidade entre 310 mg a 420 mg de magnésio por dia para manter uma vida saudável e um bom funcionamento cerebral. Segundo alguns pesquisadores, muitos países, incluindo os desenvolvidos, têm maior deficiência de magnésio hoje do que há 10 anos. Esta deficiência, em parte, se deve ao aumento dos alimentos processados, particularmente dos carboidratos. A deficiência também pode ser causada por outros fatores, como o excesso de álcool, cafeína, o consumo de açúcar, bem como pelo processo de envelhecimento inevitável. 4) Manganês O metal é do grupo 7 e tem número atômico 25. O Manganês está envolvido na formação de tecido conjuntivo e ósseo, crescimento e reprodução e metabolismo e é um componente de muitas enzimas que desempenham papéis importantes em proteínas, o colesterol e o metabolismo de hidratos de carbono. A concentração de manganês no organismo humano tende a ser alta em tecidos ricos em mitocôndrias4. 4 São organelas citoplasmáticas com formas variáveis: ovoides, esféricas ou de bastonetes, responsáveis pelo processo de respiração celular. 22 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho A distribuição do manganês é grande nos tecidos e líquidos do organismo, notadamente onde a atividade dos mitocôndrios (centro respiratório das células) é maior. Com efeito, o papel metabólico do manganês é considerável, pois ele ativa numerosas enzimas implicadas na síntese do tecido conjuntivo, na regulação da glucose, na proteção das células contra os radicais livres e nas atividades neuro-hormonais. No rol dos benefícios imputados ao manganês podemos citar ação hipoglicemiante, ação sobre o metabolismo das gorduras, ação protetora das células hepáticas, um papel na biossíntese das proteínas e dos mucopolissacarídeos das cartilagens, assim como uma implicação no metabolismo dos neurotransmissores. O manganês é aparentemente absorvido em toda a extensão do intestino delgado, sendo mais absorvido em mulheres que em homens. A excreção ocorre principalmente nas fezes após secreção no intestino através da bile. Quando está em falta no organismo, esse elemento pode provocar baixo crescimento, anormalidades do esqueleto, disfunções reprodutivas, menor tolerância à glicose e alteração no metabolismo dos carboidratos e das gorduras. Também é um excelente antioxidante, presente em cereais integrais, nozes, leguminosas, abacaxi e chás. Homens com mais de 19 anos devem ingerir 2,3mg do mineral diariamente. Já mulheres precisam consumir 1,6mg por dia. Uma colher de sopa de gérmen de trigo contém 2mg. O corpo adulto pode conter no máximo 20 mg de Manganês concentrado em nossos rins, pâncreas, fígado e, mais importante em nossos ossos. 23 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 5) Zinco O zinco é um mineral presente em mais de 200 enzimas diferentes, o que demonstra sua importância para o bom funcionamento do metabolismo. Dentre as funções dependentes deste nutriente, destacam- se as relacionadas ao metabolismo dos ácidos nucléicos, à divisão celular e ao crescimento. O principal papel do zinco no organismo acontece no sistema imunológico. O zinco é importante tanto para a síntese de células imunológicas como em sua ação de defesa contra vírus, bactérias e fungos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS,) a população brasileira tem um consumo moderado de zinco, mas não o ideal, ficando abaixo de países como Uruguai, Chile e Venezuela. De acordo com o U.S. Department of Agriculture, várias porções de alimentos devem ser combinadas para que a cota diária do mineral seja atendida. Para ilustrar esta recomendação, podemos dizer que uma porção de carne bovina (4 mg de zinco), duas de arroz integral (2 mg), e duas de leite (2 mg) por dia fornecem no total 8 mg de zinco, o que representa o consumo indicado para adolescentes e adultos. Consumir durante o dia umaporção de pão integral (1,6 mg), farelo de aveia (2,9 mg) duas porções de arroz integral(2,0 mg), feijão (1,15mg) uma de carne de frango (1,5mg) já é o suficiente para um adulto atingir as quantidades recomendadas desse mineral. Um bife grande de carne bovina supre as necessidades diárias de um adulto. A Ingestão Diária Recomendada (IDR) segundo a mais recente indicação é de consumo de 11mg diárias. 24 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Um dos sinais de deficiência de zinco é o aumento de resfriados. As principais fontes desse importante metal são alimentos ricos em proteínas, como carnes, frango e peixe. O Zinco atua no controle cerebral, nos músculos, ajuda na respiração dos tecidos, participa no metabolismo das proteínas e carboidratos. Sua falta provoca a diminuição dos hormônios masculinos e favorece o diabetes. Os atletas perdem zinco pelo suor, eles podem se tornar deficientes desse mineral mais rapidamente. É necessário ter em consideração que existem componentes que dificultam a absorção de zinco, como os fitatos dos cereais integrais, a fibra vegetal ou os oxalatos de algumas verduras, por isso, se a alimentação se baseia numa ingestão de muitos alimentos deste tipo, poderão existir alguns problemas relacionados com sintomas carenciais de zinco. 6) Cromo Previne e trata o diabetes. Está relacionado ao metabolismo da glicose, pois age aumentando os efeitos da insulina, ou seja, melhorando a captação da glicose pelas células. A sua falta provoca a resistência à ação da insulina, um agravante para o surgimento de diabetes. O mineral está disponível nos cereais integrais, carnes, feijão e no brócolis. Na tabela periódica, recebe o número 24. A dosagem ideal diária está contida em dois bifes médios de carne bovina. A Ingestão Diária Recomendada (IDR) segundo a mais recente indicação é de consumo de 35 μg 7) Selênio É um elemento essencial para a maioria das formas de vida. O selênio é absorvido nas seções superior do intestino delgado e excretado 25 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho principalmente pela urina. O selênio ajuda na formação dos hormônios da tireoide, proteger o organismo de metais pesados e manter os vasos sanguíneos saudáveis, melhorando a circulação sanguínea. A dose diária recomendada é de 55 a 70 μg para mulheres e até 200 μg para homens. Boas fontes de selênio são de origem animal e de proteína vegetal. Particularmente rico em selênio são: carnes e peixes, grãos, frutas, legumes e cogumelos. A castanha da Amazônia é a principal fonte dessa substância, presente também nos ovos, arroz integral, peixes e carne de frango. Entre as funções desempenhadas pelo selênio, destaca-se a participação na síntese de hormônios tireoidianos, a ação antioxidante, combatendo o envelhecimento das células. Outros benefícios do selênio, relacionados principalmente com a sua grande capacidade antioxidante que protege o corpo, podem ser: Melhorar a resistência do sistema imunológico; Diminuir o risco de doenças cardiovasculares; Desintoxicar o organismo de metais pesados; Melhorar o metabolismo da tireoide; Ajudar a melhorar a fertilidade masculina. A Ingestão Diária Recomendada (IDR) é de consumo de 55 μg; equivalente a uma castanha da Amazônia ao dia para a manutenção da dose ideal de selênio. 8) Flúor Conhecido por sua eficiência no combate às cáries, o flúor é um elemento químico, pertencente ao grupo 7 e de número atômico 9. Depois de ser absorvido pelo estômago e pelo intestino delgado, esse mineral começa a desempenhar sua principal função: a formação de ossos e dentes. Apesar de seu papel indiscutível na prevenção dentária, a concentração de flúor no esmalte é menor do que nos ossos. Além da pasta dental enriquecida, 26 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho outra boa fonte é a sardinha enlatada. Os chás são importantes fontes de flúor também. Veja a lista de alguns alimentos que contêm flúor: • Os alimentos processados que foram preparados ou reconstituídos com água fluoretada; • Sopas e ensopados feitos com peixe e ossos de carne bovina também fornecem flúor; • Frutos do mar e fígado bovino são ricos em flúor; • Cozinhar os alimentos em panelas com Teflon (um polímero que contém flúor) aumenta o conteúdo de flúor. A ingestão de 1,5L de água fluoretada supre a necessidade diária para quem tem carência e a ingestão adequada do mineral é de 4 μg; diárias. 9) Cálcio É o mais abundante no organismo. Constitui cerca de 1,5% a 2% do peso do corpo humano - 99% está nos ossos e dentes e o 1% restante está no sangue e células. Não é um sal mineral, como alardeiam os rótulos de suplementos alimentares e vitamínicos. É um metal do grupo 2 da tabela periódica (metais alcalino-terrosos). É o mineral mais abundante no organismo. Ele atua em equilíbrio com o fósforo e é fundamental para a manutenção do tecido ósseo. Participa da regulação da pressão arterial, coagulação sanguínea, contração muscular, secreção hormonal, transmissão nervosa e, junto com o fósforo, formam a estrutura de várias enzimas. É um mineral bem distribuído entre alimentos de origem animal e vegetal, no entanto, o cálcio de fontes vegetais sofre a ação de substâncias como o oxalato e o fitato que, reduzem sua absorção, sendo o cálcio de fontes animais mais prontamente disponível. Para que haja a absorção do cálcio, é primordial que haja também a presença da vitamina D. 27 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho A forma ativa da vitamina D encontrada no corpo (vitamina D3) é o Calcitrol ou 1,25-dihidroxicholecalciferol. O calcitriol aumenta a absorção de cálcio pela via intestinal, inibindo a excreção deste mineral pelos rins (urina). A vitamina D é necessária para a manutenção do tecido ósseo, ela também influencia consideravelmente no sistema imunológico, auxilia no tratamento de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide e a esclerose múltipla, e no processo de diferenciação celular, a falta deste nutriente favorece 17 tipos de câncer. A vitamina D pode ser sintetizada pelo organismo, ou seja, na realidade ela é um hormônio, não uma vitamina. É um hormônio esteroide lipossolúvel essencial para o corpo humano e sua ausência pode proporcionar uma série de complicações. Afinal, ela controla 270 genes, inclusive células do sistema cardiovascular. A principal fonte de produção da vitamina se dá por meio da exposição solar, pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese desta substância. Para evitar a carência da substância é importante tomar de 15 a 20 minutos de sol ao dia. Braços e pernas devem estar expostos, pois a quantidade de vitamina D que será absorvida é proporcional a quantidade de pele que está exposta. Alguns alimentos, especialmente peixes gordos, são fontes de vitamina D, mas é o sol o responsável por 80 a 90% da vitamina que o corpo recebe. Ela também pode ser produzida em laboratório e ser administrada na forma de suplemento, quando há a deficiência e para a prevenção e tratamento de uma série de doenças. O cálcio previne raquitismo, osteoporose, unhas fracas e queda de cabelo; reduz o colesterol; melhora a hipertensão arterial e é usado no tratamento contra a obesidade. O excesso provoca a calcificação excessiva dos ossos e tecidos moles, o surgimentode cálculos nos rins e interfere na absorção de ferro pelo organismo. A dose de cálcio recomendada para crianças e adolescentes dos 9 aos 18 anos é de 1.300mg/dia; já os adultos de 19 a 50 anos devem consumir diariamente 28 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 1.000mg do mineral, o equivalente ao consumo diário de um prato de repolho, brócolis e couve manteiga. Pessoas com mais de 50 anos precisam somar 1.200mg diárias. Alimentos que possuem vitamina D. Alimento Quantidade de vitamina D Porcentagem do valor diário de vitamina D Atum (100 gramas) 227 unidades 2,27% Sardinha (100g) 193 unidades 1,93% Ovo (uma unidade) 43,5 unidades 0,43% Queijo cheddar (50g) 12 unidades 0,12% Carne bovina (100g) 15 unidades 0,15% Fonte: Tabela do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Localização de receptores de Calcitrol Conteúdo de Vitamina D em alimentos 29 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Recomendações de ingestão para vitamina D em Ais e em valores máximos tolerados de ingestão 10) Fósforo No corpo humano, 85% da quantidade total de fósforo estão nos ossos, mas esse metal também é necessário para o bom desempenho das células. Combinado ao cálcio, ele forma o maior componente dos ossos e dentes. Nos alimentos, está disponível nas carnes vermelhas, tâmara, salsa, brócolis, miúdos, gema de ovo, espinafre e no brasileiríssimo caldo de cana. Um copo de leite supre a necessidade diária de fósforo. Assim como o cálcio, é vital para a construção de ossos e dentes fortes. Compõe a estrutura das células e é importante em muitas reações bioquímicas, como no metabolismo energético. As quantidades de fósforo 30 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho e cálcio precisam estar em equilíbrio entre si para que exerçam suas funções. Carência: não ocorre em situações normais já que é encontrado na maioria dos alimentos, mas, em casos isolados, sua carência pode causar fraturas e atrofia muscular. Excesso: interfere na absorção do cálcio, aumenta a porosidade dos ossos. Fontes: leites e derivados, cereais integrais, leguminosas, carnes. 11) Potássio A banana é um dos alimentos mais ricos desse mineral/metal repondo os índices de potássio eliminado pelo esforço físico. O potássio é um nutriente vital e representa uma importante função no corpo, associado com o sódio, atua no balanço hídrico do organismo, transporta corrente elétrica, atua na transmissão de impulsos nervosos, mantém a frequência cardíaca e pressão arterial, ambas normais. Reduzindo os níveis de sódio e ajudando a manter o equilíbrio. Além da banana, ele está disponível nas folhas verde-escuras, água de coco, cenoura, leite, carne, sementes de girassol, tomate e batatas. O total médio de potássio recomendado a um adulto pode ser conseguido com a ingestão de uma batata média cozida, quatro colheres de sopa de feijão e três bananas, divididas entre as refeições diárias. Carência: reduz a atividade muscular, inclusive do miocárdio. Excesso: afeta o sistema nervoso. É considerada uma condição perigosa, que gera, ainda, uma série de desconfortos físicos, como o cansaço extremo, ou fraqueza constante. Em casos realmente graves pode resultar em paralisia, ou em dificuldade em mover os membros do corpo. Fontes: frutas, verduras, leite e derivados. 12) Molibidênio 31 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Pouco conhecido e está presente em pequena quantidade no organismo e é rapidamente absorvido no estômago e intestino delgado. O molibdênio está distribuído por todos os tecidos do organismo, mas é no fígado que está mais concentrado. A concentração nos ossos e nos rins vem logo a seguir em termos de importância. Faz parte da constituição do esmalte dentário é capaz de prevenir a cárie dentária, favorece a retenção de flúor no organismo. Suas principais fontes são ervilha, feijão, lentilha, Carnes, principalmente fígado e rins, grãos em geral, verduras, legumes, leite. É importante para a estabilização do ácido úrico no organismo. Três colheres de sopa de feijão preto contêm a quantidade ideal a ser consumida por dia. A Importância do molibdênio para a saúde: Na prevenção e controle da cárie dentária No tratamento da impotência sexual Útil na prevenção e profilaxia de alguns tipos de anemia Importante na oxidação de gordura Importante a formação da xantina-oxidase, através da qual se forma o ácido úrico, que é um excelente antioxidante quando em níveis normais no sangue Auxilia no metabolismo de carboidratos e gorduras Age como desintoxicante e antioxidante no organismo O excesso de molibdênio no organismo está associado à: Hipercolesterolemia gota hipoparatireoidismo hipertensão baixa relação entre estrógeno e progesterona quando há deficiência conjunta de cobre perda de elasticidade de tendões níveis elevados de ácido úrico É rara a deficiência deste mineral no corpo, já que é facilmente encontrado nos alimentos, as fontes mais ricas são: leguminosos como o feijão, lentilhas e ervilhas, vegetais de folha verde-escura, vísceras, grãos de cereais. 32 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho A deficiência de molibdênio pode acarretar em males como: Taquicardia, náusea, vômitos, falta de ar e até mesmo o coma. 13) Cobre A deficiência de cobre é rara, mas traz complicações sérias: anemia crônica, baixa pigmentação, deficiência no crescimento e queda no sistema imunológico, deixando o organismo propenso a infecções. Na quantidade certa, melhora o metabolismo da glândula tireóide. O metal pertence ao grupo 11, com número atômico 29. Em uma reação química, uma das ações desse mineral consiste em dar elétrons com maior facilidade. Ou seja: é um ótimo antioxidante (substância que combate os radicais livres, responsáveis pela formação das placas de gordura nas artérias). Para garantir uma boa nutrição, basta consumir fígado, frutos do mar, nozes, grãos integrais, ervilha e ameixa. A dose diária, de 900µg, equivale, por exemplo, a quatro colheres de sopa de feijão roxo. 14) Ferro Essencial para o combate de anemias e desnutrição infantil. Tão vital que o Ministério da Saúde incluiu o mineral no preparo das farinhas industrializadas. O ferro está envolvido em tarefas como o transporte de oxigênio para todas as células e, na condução de elétrons para a produção de energia e síntese de DNA. Além de ser um antioxidante. Na alimentação, as carnes vermelhas destacam-se por conter ferro heme, um tipo melhor absorvido pelo organismo. Outros alimentos ricos em ferro: espinafre, aspargo, alho porro, salsa, batatas, lentilhas, cenouras e cerejas, mas as quantidades ingeridas são geralmente insuficientes. 33 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Na alimentação a percentagem de absorção varia de acordo com a natureza da dieta e com os mecanismos de regulação da mucosa intestinal, que refletem as necessidades fisiológicas do metal. Sua biodisponibilidade encontra-se entre 1 e 25%. As carnes vermelhas destacam-se por conter ferro heme, um tipo melhor absorvido pelo organismo. A presença de vitaminaC aumenta a absorção, reduzindo o ferro férrico para ferroso, que é a forma mais solúvel, facilitando o aproveitamento do ferro heme e não-heme. A presença de fibras diminui a absorção de Fe. As gorduras são pobres em ferro. Como no caso do cromo, o açúcar, à medida que é refinado, perde ferro (6,7 mg para 100 g de melaço, 2,6 mg para 100 g de açúcar bruto, mais nada no açúcar refinado). É, pois aconselhada a absorção de ferro em medicamento, sem esquecer que certas anemias por falta de ferro podem ter sua causa na carência de cobre, que será necessário ser reajustado para melhorar as cifras de hemoglobina. Para homens e mulheres, de 19 a 50 anos, o consumo diário de ferro deve ser de 12mg, em média. Um adulto saudável tem de 40 a 160 microgramas de ferro no sangue, que é o nível recomendado. Índices acima disso sinalizam problema. As necessidades de Fe variam com a idade, sexo, estado fisiológico e reservas corporais. Para quem é vegetariano, uma boa dica é o consumo de produtos ricos em vitamina C durante as refeições. Três colheres de sopa de feijão e um bife médio de carne bovina contém a quantidade diária ideal. 34 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Carência: quantidade reduzida de oxigênio para os tecidos, anemia, fadiga. Quando as demandas fisiológicas não são atendidas pela ingestão, o Fe é mobilizado dos estoques até que sejam esgotados, nesse caso a síntese de hemoglobina é reduzida comprometendo o transporte de oxigênio para os tecidos, resultando na anemia, fadiga. Excesso: é tóxico em grandes quantidades; provoca distúrbios gastrintestinais. Fontes: carnes, miúdos, gema de ovos, leguminosas e cereais integrais. 35 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 4 NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Os elementos importantes do corpo humano estão apresentados na Tabela 1, dentre os quais estão os macrominerais, cuja necessidade diária é maior que 100 mg. Suas funções principais correspondem à estrutura e formação dos ossos, regulação dos fluídos corporais e secreções digestivas. Ex: cálcio, fósforo, magnésio, cloreto, sódio, potássio e enxofre. São fundamentais à vida da maioria dos seres vivos. Tabela 1 - Elementos importantes para o corpo humano Elemento Símbolo % de átomos % de massa Hidrogênio H 6,3 9,5 Oxigênio O 25,5 65,0 Carbono C 9,5 18,5 Nitrogênio N 1,4 3,3 Cálcio Ca 0,31 1,5 Fósforo P 0,22 1,0 Potássio K 0,06 0,35 Enxofre S 0,05 0,25 Cloro Cl 0,03 0,20 Sódio Na 0,03 0,15 Microminerais 0,01 0,25 O cálcio é o elemento que está presente em maior quantidade no corpo humano (1,0 a 1,5 kg). Ele se encontra concentrado em ossos e 36 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho dentes. A Tabela 2 mostra a função e onde podem ser encontrados os macrominerais. MACROMINERAIS Tabela 2 - Os macrominerais e suas funções Elemento Função Alguns alimentos Necessidade diária Cálcio Estrutura de ossos e dentes, regula nervos, músculos e coagulação sanguínea Leite e derivados, vegetais de folhas verdes, frutas cítricas, feijões 800 mg Fósforo Estrutura de ossos e dentes, transferência de energia Carne bovina, aves, peixes, ovos, cerais integrais 800 mg Sódio Equilíbrio hídrico Carne bovina, peixes, aves, ovos, leite, alimentos industrializados 1 g Cloro Equilíbrio hídrico, digestão de alimentos no estômago Os mesmos que contém sódio 1 g Potássio Balanço e volume de fluídos orgânicos Sucos de tomate, frutas cítricas, bananas 1 g Magnésio Atividade enzimática Vegetais de folhas verdes 320 a 400mg p/homens; 320mg para mulheres Enxofre Atua na formação de vitaminas, proteínas, coagulação sanguínea e no combate a parasitas Verduras, frutas, carne, leite, alho 700 mg Os Microminerais ou Oligoelementos ou elementos traço: são aqueles que possuem necessidade inferior a 100 mg por dia, Ferro (Fe), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Iodo (I), Manganês (Mn), Flúor (F), Molibidênio (Mb), Cobalto (Co), Selênio (Se), Cromo (Cr), Níquel (Ni), Vanádio (Vn) e Silício (Si). As funções destes minerais estão relacionadas às reações bioquímicas, ao sistema imunológico e ação antioxidante. O ferro, por exemplo, é necessário para transporte e utilização do oxigênio no corpo. O iodo é requerido para a adequada função da glândula tireoide. E o flúor 37 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho ajuda a construir ossos e dentes fortes. Os outros microminerais parecem ser necessários para a atividade de enzimas através do corpo. A seguir pode-se observar nos Quadros 1,-2 os Microminerais, sua função nos seres humanos e as fontes. No Quadro 3 apresenta-se uma síntese dos Minerais, suas funções bioquímicas e principais fontes MICROMINERAIS Quadro 1: os Microminerais, sua função nos seres humanos 38 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Quadro 2: Classificação dos Microminerais, sua função nos seres humanos e as fontes desses. 39 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Quadro 3. Minerais, suas funções bioquímicas e principais fontes. 40 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 5 OS MACRONUTRIENTES Os macronutrientes são componentes presentes na alimentação de fundamental importância para o organismo. Este grupo compreende os carboidratos, proteínas e lipídeos (ou gorduras) e são responsáveis por fornecer 90% do peso seco da dieta e 100% de sua energia. Por serem estruturas grandes, necessitam ser quebradas em partes menores para que sejam absorvidas pelo organismo. Sua digestão ocorre no intestino, dissociando-se nas suas unidades básicas: açúcares dos carboidratos, ácidos graxos e glicerol das gorduras e aminoácidos das proteínas. Os ácidos graxos são ácidos produzidos quando as gorduras são quebradas. São pouco solúveis em água (quanto maior a cadeia carbônica, menor a solubilidade), e podem ser usados como energia pelas células. São classificados em monoinsaturados, poli-insaturados, ou saturados. Os ácidos graxos são encontrados em óleos vegetais e gorduras animais, e são considerados "gorduras boas", por isso devem estar incluso na dieta alimentar, uma vez que o corpo precisa deles para diversos fins. Principalmente os ácidos graxos poli-insaturados (ácidos graxos essenciais) que confere ao organismo uma série de benefícios. Um ácido graxo essencial é um ácido graxo poli-insaturado que é sintetizado por plantas, mas não pelo corpo humano e, portanto, deve ser incluso na alimentação. Os ácidos graxos essenciais para a alimentação humana são o ácido linolênico (ômega-3) que está presente em grande quantidade nos peixes (especialmente o salmão) e óleos de peixe; e o ácido linoleico (ômega-6), presente nos óleos vegetais (soja, milho, girassol). Há outro ácido graxo conhecido como Omega-9, mas este tipo pode ser facilmente produzido pelo organismo, enquanto os outros dois tipos não são possíveis. Uma alimentação humana corretamente balanceada deve conter ácidos graxos essenciais que são necessários paramanter os níveis saudáveis 41 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho de lipídios no sangue. Eles também são necessários para uma coagulação sanguínea adequada e para regular a pressão arterial. Outra função importante é o controle de inflamações nos casos de infecção ou lesão. Os ácidos graxos essenciais também podem ajudar o sistema imunológico a reagir adequadamente. 5.7 Ácidos graxos saturados Estes ácidos são geralmente sólidos à temperatura ambiente. As gorduras contendo ácidos graxos saturados são chamadas de gorduras saturadas. Exemplos de alimentos ricos em gorduras saturadas incluem banha, bacon, toucinho, manteiga, leite integral, creme de leite, ovos, carne vermelha, chocolate e gorduras sólidas. O excesso de ingestão de gordura saturada pode aumentar os níveis de colesterol no sangue e aumentar o risco de desenvolver doença arterial coronariana. 5.8 Ácidos graxos monoinsaturados Os ácidos graxos monoinsaturados são encontrados no abacate, nozes, azeite de oliva e nos óleos de canola e de amendoim. Pesquisas relatam que o consumo de gorduras monoinsaturadas é benéfico na redução do colesterol LDL; também conhecido como "mau" colesterol, como também diminui o risco de se desenvolver doenças cardíacas. 5.9 Ácidos graxos poli-insaturados Os ácidos graxos poli-insaturados podem ser encontrados em óleo de girassol, óleo de milho, óleo de soja, óleos de peixe e também em oleaginosas como a amêndoa e a castanha. A Glicerina ou glicerol é um composto fundamental dentro do sistema metabólico de diversos micro-organismos. Os aminoácidos se unem através de ligações peptídicas (a união estabelecida entre dois aminoácidos adjacentes numa molécula), formando as proteínas. Para que as células possam produzir suas proteínas, elas precisam de aminoácidos, obtidos a partir da alimentação ou fabricados pelo próprio organismo. 42 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 5.4 Aminoácidos naturais Também chamados de aminoácidos não essenciais, são produzidos pelo próprio organismo. O organismo animal é capaz de produzir apenas 12 dos 20 aminoácidos existentes na natureza, devendo os demais serem retirados da alimentação. Já os vegetais são capazes de produzir os 20 aminoácidos. 5.5 Aminoácidos essenciais São os aminoácidos que os animais não conseguem produzir, mas são obrigatórios na fabricação das proteínas, portanto devem ser retirados dos alimentos. Naturais Essenciais Glicina Histidina Fenilalanina Alanina Asparagina Valina Serina Glutamina Triptofano Cisteína Prolina Treonina Tirosina Lisina Ácido Aspártico Leucina Ácido Glutâmico Isoleucina Arginina Metionina Com relação às funções desses amino ácidos no organismo, abaixo são apresentadas algumas dessas, de forma resumida: 1) ÁCIDO ASPÁRTICO: Auxilia o organismo na eliminação da amônia, assim como na proteção do sistema nervoso central. 2) ÁCIDO GLUTÂMICO: Trata-se do principal combustível cerebral. Considera-se esse amino ácido como o grande responsável pelo bom funcionamento do cérebro. 3) ALANINA: É utilizado como fonte precursora do ácido pantatênico. 43 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 4) ARGININA: Auxilia no funcionamento normal da glândula pituitária. É também empregado na desintoxicação geral do organismo. Forma o colágeno em uma grande proporção. 5) BCAA: Trata-se de um complexo que envolve três aminoácidos, são eles a leucina, a isoleucina e valina. São essenciais para a produção da massa corporal, sendo constantemente utilizado como suprimento para atletas de alta performance. 6) CISTEÍNA: Representa uma importante fonte de enxofre para o organismo. Auxilia na desintoxicação do organismo e atua no sistema imunológico. Está também envolvido no crescimento dos cabelos, unhas e na regeneração cutânea. 7) FENILALANINA: Atua na tireoide e no funcionamento dos vasos sanguíneos. Apresenta importante efeito antidepressivo, assim como no humor e na atenção. 8) GLICINA: É o aminoácido mais simples, estruturalmente. Atua no funcionamento do sistema nervoso e nos tecidos musculares. 9) ISOLEUCINA: É importante para o funcionamento do sistema imunológico. 10) LEUCINA: Está diretamente envolvido no ganho e na perda de peso. 11) LISINA: Está envolvido no sistema imunológico do organismo; é importante para a produção de células brancas. 12) METIONINA: Auxilia na manutenção do fígado e dos rins, assim como no controle do colesterol. Também está envolvido na coloração cutânea. 13) TREONINA: Atua na prevenção de diversas disfunções intestinais. 14) TRIPTOFANO: Cerebralmente, é utilizado na produção da serotonina, em coparticipação de vitaminas do complexo B. O destino do aminoácido em cada tecido varia de acordo com as necessidades do momento daquele tecido, havendo um equilíbrio dinâmico das proteínas tissulares com os aminoácidos ingeridos pela dieta e pelos aminoácidos circulantes. A imagem a seguir apresenta as principais funções dos aminoácidos 44 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Os lipídeos fornecem maior energia para o organismo, quando comparado com os carboidratos e proteínas, sendo que 1g de lipídeo possui aproximadamente 9 kcal, enquanto que a mesma quantidade de carboidratos e proteínas apresentam cerca de 4 kcal. 5.6 Carboidratos Os carboidratos são considerados as principais fontes alimentares para obtenção de energia. Além disso, é responsável também por desempenhar diversas funções metabólicas no organismo. São classificados em: Monossacarídeos: compreende a glicose, frutose e galactose; Dissacarídeos: dos quais fazem parte a sacarose, maltose e lactose; Polissacarídeos: dentre estes são encontrados o amido, a dextrina, o glicogênio e a celulose. As principais fontes de carboidratos são os pães, as massas, os grãos, vegetais, melado e açúcares. São responsáveis por propiciarem energia para o cérebro, medula óssea, nervos periféricos e eritrócitos (glóbulos vermelhos). Deste modo, a baixa ingestão desses macronutrientes resulta em problemas para o sistema nervoso central e outros. 5.7 PROTEÍNAS As proteínas possuem função estrutural no organismo e são fabricadas a partir de somente 20 aminoácidos distintos. Este macronutriente é 45 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho composto por grupos de 100 ou mais aminoácidos, que podem repetir entre si. São responsáveis por formar os hormônios, as enzimas, os anticorpos e os componentes estruturais das células. Além disso, também atuam na restauração de proteínas corpóreas, constroem novos tecidos, contribuem com vários fluídos corpóreos (leite materno, esperma e muco), além de representarem uma fonte de energia. Este macronutriente é classificado como: 5.7.1 Proteínas de alto valor biológico: apresentam em sua composição aminoácidos essenciais em proporções adequadas, como é o caso da carne vermelha, peixe e ovos. 5.7.2 Proteínas de baixo valor biológico: em sua composição, não estão presentes, em proporções adequadas, aminoácidos essenciais. Neste grupo, estão inclusos os cereais integrais e as leguminosas. 5.7.3 Proteínas de referências: neste grupo, estão incluídos os alimentos que apresentam os aminoácidosessenciais em quantidades elevadas, como é o caso do ovo, leite humano e leite de vaca. A figura abaixo apresenta a participação do fígado no metabolismo proteico. 46 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Metabolismo proteico em mamíferos Fonte: Cozzolino, 2005, p.120 47 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 5.8 Fibras alimentares As fibras alimentares são a parte não digerível do alimento vegetal, a qual resiste à digestão e à absorção intestinal, com fermentação completa ou parcial no intestino grosso. Elas passam quase intactas pelo sistema digestivo e são eliminadas pelas fezes. Embora sem valor nutritivo, nem energético (não têm calorias), elas são imprescindíveis à dieta. Como não são digeridas, vão para o intestino, onde atuam como “vassouras”, que carregam os resíduos alimentares e a gordura excedente na alimentação pelo intestino. Por conseguinte, durante o processo digestivo, as fibras alimentares não sofrem qualquer tipo de modificação, muito embora exerçam uma série de efeitos fisiológicos positivos à saúde. Também proporcionam sensação de saciedade, ajudando na perda de peso, além de garantir pele bonita e saudável. 5.8.1 Fibras alimentares solúveis As fibras podem ser classificadas quanto a sua solubilidade em água em fibras solúveis e insolúveis. As solúveis são encontradas em frutas, vegetais, nos farelos de aveia e nos legumes. A principal fibra solúvel é a pectina, encontrada em frutas (laranja, maçãs), vegetais (cenoura), nos 48 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho farelos de aveia e nas leguminosas. Esse tipo de fibra é classificado como solúvel por reter água formando uma estrutura em forma de gel. Este tipo de fibra auxilia na redução do nível de colesterol, prevenindo o aparecimento de doenças cardiovasculares e contribui ainda para uma diminuição na glicose sanguínea devido a uma diminuição na assimilação dessa substância. Esse tipo de fibra são as Pectinas, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses. Pectina: são fibras estruturais encontradas em frutas e legumes. Nas frutas cítricas, principalmente a casca é rica em pectina, maçã, batata, limão, laranjas, legumes e vegetais. Características: Forma matriz da parede celular em conjunto com a hemicelulose, tem alta capacidade hidrofílica, retarda o esvaziamento gástrico, aumenta a excreção de ácidos biliares, proporciona substrato fermentável para as bactérias do cólon, reduz a concentração plasmática de colesterol e solúvel em água. Gomas: Farelo de aveia, farinha de aveia, farelo de cevada. Características: Têm alta capacidade hidrofílica, retardam o esvaziamento gástrico, proporcionam substrato fermentável para as bactérias do cólon, reduzem a concentração plasmática de colesterol, melhoram a tolerância à glicose e solúveis em água. Mucilagens: Sementes e algas (agar-agar). Características: Capacidade gelificante (formam um gel e arrastam gorduras, poluentes e metais pesados contidos nos alimentos), retarda o tempo de esvaziamento gástrico (dificultando picos glicêmicos), proporcionam substrato fermentável para bactérias do cólon, reduz o colesterol, melhora à tolerância a glicose e fixam os ácidos biliares. Lignina: Grão integral, ervilha, aspargos. 49 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Características: Não é carboidrato, resistente à ação de enzimas e bactérias, fixa os ácidos biliares e insolúveis em meio ácido. A fração solúvel das fibras traz benefícios à saúde, porque apresentam efeito metabólico no trato gastrintestinal, retardam o esvaziamento gástrico e o tempo do trânsito intestinal, diminuem a absorção de glicose e colesterol. Protege contra o câncer colorretal. As dietas ricas em fibras solúveis ajudam no combate à obesidade, já que induzem a uma menor ingestão de alimentos e calorias. 5.8.2 Fibras alimentares insolúveis Este tipo de fibra é encontrado em todos os alimentos vegetais, na forma de celulose e de algumas hemiceluloses, por fazerem parte da estrutura das células vegetais. A maior fonte de fibras insolúveis são os grãos de cereais como milho, soja, grão de bico e nas frutas consumidas com a casca como a maçã, pera e ameixa. Celulose: Frutas com cascas, farinha de trigo, farelos, sementes. Características: Retém água nas fezes, aumenta o volume e o peso das fezes, favorece o peristaltismo dos cólons, diminui o tempo de trânsito colônico, aumenta o número de evacuações e insolúvel em meio alcalino e solúvel em ácido. Hemicelulose: Grãos de cereais, farelo de trigo, soja e centeio. Características: Aumenta o volume e o peso das fezes, favorece o peristaltismo dos cólons, diminui o tempo de trânsito colônico, aumenta o número de evacuações, e a maior parte é solúvel em água. As fibras alimentares insolúveis constituem uma parte muito pequena da dieta (1g/dia) e ocorre principalmente em frutos com casca comestível e sementes. Não se dissolvem na água, aumentam o bolo fecal, aceleram o período de trânsito intestinal pela absorção de água. 50 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho As fibras insolúveis melhoram a constipação intestinal, obstipação intestinal ou prisão de ventre são termos empregados para a mesma condição; anulando o risco de aparecimento de hemorroidas e diverticulites (inflamação da parede do intestino), ajudam na prevenção de algumas doenças como a constipação e o câncer colorretal. O erro alimentar é condição muito frequente, para a constipação intestinal destacando-se ingestão insuficiente de líquido e/ou de fibras, além de longo período interprandial, quando da abolição de uma das três principais refeições diárias, geralmente desjejum ou almoço. Em relação aos alimentos se deve verificar e enfatizar para a ingestão de hortaliças, legumes, leguminosas, cereais e frutas. A principal função desse tipo de fibra é velocidade do trânsito fecal. Ela atua acelerando o movimento do bolo fecal através do intestino. Com isso, também diminui a exposição do cólon a agentes que provocam câncer, fazendo com que dietas ricas em fibras insolúveis atuem prevenindo o aparecimento de câncer nesse local. Para que as fibras realmente possam desempenhar seu papel no organismo, é necessária a ingestão de bastante líquidos. Especialistas aconselham a ingestão de pelo menos 1,5 litros de água diariamente. As recomendações nutricionais sugerem que a ingestão deve consistir em quantidades iguais de fibras solúveis e insolúveis, num total de 20 a 30g de fibras diárias, no máximo 35g ou 10 a 13g de fibras para cada 1000 Kcal ingeridas. O excesso de fibras interfere com a absorção de zinco e cálcio, especialmente em crianças e idosos. As fibras estão presentes em todos os alimentos vegetais, sua maior fonte são os grãos de cereais; como milho, soja, grão de bico e nas frutas consumidas com a casca e os frutos amazônicos apresentam importantes componentes funcionais e valores nutricionais que justificam maiores pesquisas. 51 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho O quadro a seguir mostra fontes de fibras dos alimentos e seus principais componentes químicos Fonte: Cozzolino, 2005, p.176 5.9 Sugestões para aumentaro consumo de fibras: Coma alimentos integrais tais como pão integral, arroz integral, frutas e verduras. Evite chips, bolachas, pão branco, bolos e doces. Tente ingerir mais vegetais e frutas cruas, inclusive a casca, quando adequado, pois o cozimento reduz o teor de fibras. 52 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho Coma alimentos com alto teor de fibras em cada refeição. Cereais são recomendados já ao desjejum. Inclua feijões, sementes e grãos inteiros nas refeições. Adapte-se gradualmente a uma dieta rica em fibras e aumente o volume de água tomada durante o dia. Na hora de escolher o arroz, pães e massas, prefira as versões integrais em substituição aos refinados, já que boa parte das fibras (e alguns nutrientes) é perdida com o refinamento dos cereais. Para uma melhor adaptação às versões integrais, uma estratégia é incluir 50% da porção na versão integral e 50% na versão refinada e, gradualmente, aumentar a proporção da parte mais rica em fibras. Nas refeições principais, reserve ao menos metade do espaço no prato para a porção de legumes e verduras, que poderá incluir a folha de legumes, além dos talos Mantenha os feijões na sua dieta, este alimento é uma ótima fonte de fibras insolúveis e solúveis Nos lanches intermediários, uma sugestão é incluir palitinhos crus de legumes, como cenoura e pepino, além de incluir no preparo de sanduíches vegetais folhosos, como agrião, rúcula, alface e repolho A inclusão de vegetais e legumes também pode ser realizada em outras preparações, como tortas As frutas também devem fazer parte da alimentação diária, dando- se preferência ao consumo de frutas inteiras, com a casca e o bagaço. No caso do consumo da fruta na forma de sucos naturais, recomenda-se evitar coá-lo Leia os rótulos dos produtos que está comprando, assim, você consegue optar por aquele com maior quantidade de fibras Muitos legumes podem ser ingeridos com as cascas. 53 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 5.10 Degradação das fibras A decomposição das fibras alimentares ocorre na maior parte no cólon, onde as fibras sofrem a fermentação das bactérias anaeróbicas. As bactérias anaeróbias são definidas como microrganismos que vivem em meios de baixa tensão de O2. São encontradas em todo o corpo humano – na pele, nas superfícies de mucosas e, em altas concentrações, na boca e no trato gastrintestinal – como parte da biota normal. 5.11 Funções das fibras no organismo Estimulam a mastigação, e assim, a secreção da saliva e suco gástrico; Enchem o estômago proporcionando uma sensação de saciedade; Promovem regulação do tempo de trânsito intestinal, atrasando o esvaziamento gástrico, tornando mais lento a digestão e absorção; No cólon devido a sua capacidade de absorver água, forma fezes volumosas e macias; São substratos para fermentação por colônias de bactérias; Atuam no metabolismo dos carboidratos no controle da glicemia formando um gel (pectina e goma) no intestino tornando mais lento a velocidade na qual a glicose entra na corrente sanguínea; Na absorção e na regulação de lipídeos sanguíneos as fibras insolúveis se ligam aos sais biliares e reduzem a absorção das gorduras e colesterol; as fibras solúveis diminuem especificamente o colesterol LDL; São substratos para formação de ácidos graxos de cadeia curta. 54 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 6. LIPÍDEOS OU GORDURAS Fonte: https://www.google.com.br/search?q=Lip%C3%ADdios+ou+Gorduras&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwikhNab55DLAhUK lZAKHZmrAfkQ_AUIBygB&biw=1093&bih=522#imgrc=K7uz7Ala6CZ4KM%3A Os lipídeos são substância de origem animal ou vegetal, compostos quase que exclusivamente de produtos de condensação entre glicerol e ácidos graxos, denominados triacilgliceróis. 6.1 Classificação dos Lipídeos: 6.1.1 Lipídeos simples: são triglicerídeos que dão origem a ácidos graxos e glicerol quando decompostos. Podem apresentar-se na forma sólida ou líquida, sendo que os sólidos à temperatura ambiente recebem o nome de gordura, enquanto que os líquidos recebem o nome de óleos. A maior parte dos triglicerídeos oriundos de vegetais é líquida quando em temperatura ambiente e apresentam elevada proporção de ácidos graxos insaturados. Já os de origem animal, possuem elevadas proporções de ácidos graxos saturados sólidos ou semissólidos quando em temperatura ambiente. 6.1.2 Lipídeos compostos: estes são formados pela combinação de gorduras e outros componentes, como fósforo, glicídios, nitrogênio e enxofre, originando os fosfolipídeos, glicolipídeos e lipoproteínas. 6.1.3 Lipídeos derivados: estes são sintetizados durante a hidrólise ou decomposição dos lipídeos. Compreendem os ácidos graxos saturados e insaturados, o glicerol e os esteroides. 55 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 6.2 Função dos Lipídeos: Principal fonte energética do organismo; Compõem estruturas celulares; Importante isolante térmico; Sintetizam hormônio s e sais biliares; Veículos de vitaminas lipossolúveis; Conferem maior palatabilidade aos alimentos. 6.2.1 As principais fontes dos Lipídeos são: 6.2.2 Origem animal: manteiga, creme de leite, banha, óleo de fígado de bacalhau, toucinho, queijos, carnes, leite integral, gema de ovo, entre outros. 6.2.3 Origem vegetal: margarina, gordura hidrogenada, azeitona, óleos (soja, canola, girassol, oliva, algodão, etc), abacate, nozes, chocolate, coco, castanhas, entre outros. 56 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho 7 ENERGIA E BALANÇO ENERGÉTICO 7.1 Necessidade Média Estimada (EAR) A (EAR) é o valor ingestão diária média que é estimado para cumprir a exigência da metade dos indivíduos saudáveis em um grupo de estágio de vida e gênero. Neste nível de ingestão, a outra metade dos indivíduos do grupo especificado não teriam suas necessidades atendidas. A Necessidade Média Estimada (EAR) é baseada em um critério específico de adequação, derivada de uma cuidadosa revisão da literatura. Considera-se a redução do risco de doença, juntamente com muitos outros parâmetros de saúde na seleção desse critério. A Necessidade Média Estimada (EAR) é usada para calcular a Ingestão diária recomendada (RDA, para avaliar a adequação da ingestão de nutrientes, e pode ser usada também para planejar a ingestão de grupos . 7.2 A Ingestão diária recomendada (RDA) corresponde ao nível de consumo médio dietético diário suficiente para atender as necessidades de nutrientes de quase todos ( 97 a 98 %) indivíduos saudáveis em um grupo em um estágio de vida e gênero particular. A RDA é a meta para consumo habitual por um indivíduo. 7.3 A ingestão adequada (AI) A ingestão adequada (AI) corresponde ao nível de ingestão de nutrientes recomendada média diária com base em aproximações observados experimentalmente ou determinadas ou estimativas de ingestão de nutrientes por um grupo (ou grupos) de pessoas aparentemente saudáveis que se presume ser a manutenção de um estado nutricional adequado. 57 Myrian A. Faber Helyde A. Marinho É esperado que a ingestão
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