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André Barros – 2012 – Revisão de Direito Civil

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24/01/2012 PROF. ANDRÉ BARROS
DIREITO CIVIL
PARTE GERAL
LINDB – LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
	Houve alteração do nome da lei. A lei de introdução tem aplicabilidade sobre normas de direito privado e de direito público, salvo disposição em sentido contrário. Ex: prazo de 45 dias de vacatio legis.
	Ex. da não aplicabilidade: analogia no direito penal, dto tributário.
	A mudança do nome da Lei teve por objetivo adequar o seu título ao seu âmbito de aplicação que em nada foi alterado.
	Arts. 1º a 6º - direito civil
	Arts. 7º ao 19 – direito internacional privado
INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
Interpretar é desvendar o sentido (significado) dos vocábulos e o alcance (âmbito de aplicação) da norma jurídica.
Obs. Hermenêutica é a ciência que estuda os meios de interpretação.
QUESTAO: Toda norma jurídica precisa ser interpretada?
Sim, toda norma precisa ser interpretada. Devendo ser negada a aplicabilidade das parêmias latinas in claris cessat interpretatio, ou ainda in claris non fit interpretatio – quando a lei é clara não cabe interpretação.
INTERPRETAÇÃO ONTOLÓGICA – é aquela que busca a razão de ser da lei. (ratio legis), qual o objetivo que levou a lei a ser elaborada. Ex: CDC, foi feito para proteger o consumidor, art. 108 do CC
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
	O art. 108, em atenção ao P. da Moradia, da Função Social de Propriedade não exigiu escritura pública para as transações de imóveis até 30 vezes o salário mínimo.
Prazos para os consumidores de cigarro processarem as indústrias tabagistas , CDC 5 anos, CC de 1916-> 20 anos, o STJ se posicionou pelo prazo do CDC, não se pautou pela finalidade do CDC que é a de proteger o consumidor.
 INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA – também denominada de sociológica é aquela que tem por objetivo adequar o conteúdo e o alcance da norma às novas exigências sociais. O juiz deve levar em consideração valores como a liberdade, igualdade, exigência do bem comum, boa-fé, etc.
Essa interpretação vai ao encontro com a Teoria Tridimensional do Direito do Miguel Reale. Os fins sociais mudam e o juiz deve preservar os novos valores, não é necessário alterar a norma jurídica, mas a interpretação da norma. Essas técnicas foram usadas propositalmente pelo Miguel Reale para adaptação do direito as novas realidades sociais.
Conceito jurídico indeterminado: fornece a solução mas não fornece o conceito. Ex: atividade de risco do art. 927, pg, único , CC.
Cláusula aberta: não há definição de conceito e também não são apresentadas soluções. Ex: art. 421 CC – função social, art. 422 – boa-fé.
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
APLICAÇÃO DA NORMA JURIDICA – TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO
Subsunção clássica- é o enquadramento do fato concreto ao conceito abstrato contido na norma. (Positivismo jurídico). Direito = lei. Hans Kelsen – Teoria Pura do Direito – direito era apenas o que estava na norma jurídica. Para Kelsen o direito não pode ser determinado pelos valores.
	Subsunção moderna – é a definição do direito a partir da análise de três subsistemas isomórficos entre si: fato, norma e valor.
Os subsistemas são independentes entre si, mas eles devem ser relacionados na definição de direito. (Pós – positivismo jurídico ou escola científica), Miguel Reale
VALOR – pelo valor consagra o direito democrático.
O desenho que representa a teoria tridimensional do direito não é um triangulo, mas sim três “C”, um dentro do outro, pq os conceitos são abertos.
LACUNAS
Lacuna Legal - também denominada de lacuna propriamente dita, é a ausência de norma jurídica que regule determinado fato concreto.
Meios de suprir lacuna:
MEIO DE AUTO-INTEGRAÇÃO – é a hipótese em que a lacuna é colmatada com a própria norma jurídica (mesma fonte jurídica). Ex: analogia
MEIO DE HETEROINTEGRAÇÃO - a lacuna é colmatada com fontes jurídicas diversas da lei. Ex: costumes.
Obs: princípios gerais de direito do próprio sistema são utilizados como meio de auto-integração; se forem utilizados princípios do direito comparado é meio de heterointegração.
Interpretação X integração (analogia, costumes e princípios gerais de direito)
O art. 5º da LINDB pode ser utilizado como meio de interpretação (teleológica [sociológica] e também como meio de integração [equidade]).
Art. 5o  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Art. 4º da LINB É UMA ORDEM A SER SEGUIDA PELO JUIZ?
Art. 4o  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Posição clássica: sim
Doutrina moderna: o juiz não precisa seguir a ordem do art. 4º. Deve utilizar o meio que apresentar a solução mais adequada, justa ao caso concreto.
Tecnicamente, a LINDB menciona como meio de integração apenas a analogia, costumes e princípios gerais de direito. Em que pese a omissão do legislador, a equidade também exerce função integrativa uma vez esgotados os meios do art. 4º. Neste aspecto a equidade pode ser compreendida como a busca do ideal de justiça.
	
EQUIDADE LEGAL – é a equidade contida em todo dispositivo legal que permite ao juiz adotar uma das soluções propostas por ele. Ex: art. 1584 – trata da guarda compartilhada e unilateral.
EQUIDADE JUDICIAL – é aquela que atribui ao juiz o dever de se valer da equidade expressamente ou implicitamente, mas sem oferecer opções. Atribui ao juiz o dever de utilizar o prudente arbítrio. Ex: art. 413 CC – redução do valor da cláusula penal, art. 944, pg. Único.
Lacuna axiológica (valores): ao contrário da lacuna legal, existe norma jurídica que regule o fato concreto, mas esta norma não é considerada justa ou satisfatória em relação aos valores envolvidos. A solução é aplicar a equidade prevista no art. 5º da LINDB.
Lacuna ontológica: assim como a lacuna axiológica, existe norma jurídica que regula o fato concreto, mas esta não apresenta uma solução adequada à realidade. É também solucionada pelo art. 5º. LINDB. Ex: lei antiga ultrapassada, e Tb não existe lei que regula a Internet.
Lacuna de conflito; também denominada de lacuna de colisão é uma espécie de antinomia (real) que se caracteriza pelo conflito insuperável entre duas normas aplicáveis ao mesmo caso concreto. Não existindo critério que permita ao juiz solucionar o conflito, ambas as normas devem ser afastadas e o juiz deve aplicar as soluções previstas nos arts. 4º e 5º. da LINDB.
ANTINOMIA 1º GRAU X ANTINOMIA 2º GRAU
1º grau – há um conflito de normas que pode ser solucionado através da aplicação de um critério: especialidade, hierárquico ou cronológico.
2º grau – é a hipótese em que há conflito entre os critérios devendo ser utilizado um meta critério.
Critério cronológico x critério hierárquico:
Deve prevalecer o critério hierárquico, ex: deve prevalecer a CF mesmo diante de lei posterior.
Critério cronológico x especialidade:
Deve prevalecer o critério da especialidade. Contudo, esta regra não é absoluta. 
Critério especialidade x hierárquico:
A princípio deve prevalecer o hierárquico, sob pena de ruptura do sistema normativo positivista. O Brasil é um país de civil Law, se pauta na supremacia da lei positivista. Contudo, autores como MHD e Bobbio defendem que excepcionalmente pode prevalecer o critério da especialidade. ( marcar na prova objetiva que prevalece o hierárquico)
ANTINOMIA APARENTE – é o conflito q pode ser solucionado através de regras existentes no próprio ordenamento jurídico. ex: as antinomias de 1º grau.
ANTINOMIA REAL: é o conflitoinsuperável entre normas, pois não existe uma solução no ordenamento jurídico ou existe um conflito entre os critérios.ex: conflito entre o direito a vida x direito a liberdade de crença – transfusão de sangue Testemunha de Jeová. Toda antinomia de 2º grau é real, mas nem toda antinomia real é uma forma de antinomia de 2º grau.
A antinomia real pode ser solucionada pelo legislador através de uma nova lei, mas é comum que o conflito persista. Quanto ao juiz, a solução deve ser dada através da equidade, MHD chama de critério do justo, princípio supremo da justiça.
VIGENCIA DA LEI NO TEMPO
A promulgação marca a existência da norma jurídica, depois tem a publicação no diário oficial (requisito para a vigência da norma), a vacatio legis e depois vem a vigência da norma. 
Legislador pode determinar vigência especial, ex: 1 ano para o CC.
Legislador pode determinar a vigência imediata da norma. Ex: emendas constitucionais;
Legislador pode ser omisso. Art. 1º da LINDB, 45 dias após a publicação (chamado de prazo único, e de P. da Vigência sincrônica). Prazo de 3 meses em Estado Estrangeiro.
O prazo previsto no caput do art. 1º da LINDB é aplicado aos atos administrativos normativos?
O art. 1º da LINDB não é aplicável aos atos administrativos normativos que, salvo disposição em contrário, tem vigência mediata. Decreto 572/1890. Ex: resoluções, instruções, portarias, decretos, etc. 
Contagem do prazo de vacatio:
Não é um prazo processual, inicia na data da publicação e a lei entrará em vigor no dia subseqüente ao último dia do prazo, não importando se é dia útil ou não. LC 98/98, art. 8º, pg. 1º. Ex: A lei pode começar a viger no domingo.
VACATIO LEGIS DIRETA: é aquela que denominamos simplesmente como ‘vacatio legis’, é o intervalo de tempo entre o momento da publicação da norma e o momento de sua vigência.
VACATIO LEGIS INDIRETA: é a hipótese em que a vigência de uma norma já publicada é suspensa/postergada por outra norma posteriormente publicada. Ex: art. 2031 CC, lei do desarmamento – art. 30.
CORREÇAO DA LEI JÁ PUBLICADA
Se a correção for realizada quando a lei já estava em vigor será considerada lei nova, terá um novo numero de lei e deverá respeitar um prazo próprio de vacatio.
Se a correção for realizada antes da lei entrar em vigor deverá ser respeitado o número da lei e reiniciada a contagem do prazo de vacatio. Neste ponto, a doutrina faz a seguinte distinção:
- se foi corrigida parte substancial da lei, a contagem do prazo deverá ser reiniciada para toda a lei.
- se foi corrigida uma parte insignificante da lei (poucos artigos) a contagem do prazo será reiniciada apenas para estes.
6. REVOGACAO
É o ato de retirar a vigência de uma norma jurídica. É gênero do qual decorrem duas espécies:
Ab-rogação (total)
Derrogação (parcial)
Lei geral X Lei especial
Lei geral não revoga e nem modifica lei especial.
Lei especial não revoga nem modifica lei geral. 
Nenhuma lei é geral ou especial por sua própria natureza, estas qualificações só podem ser utilizadas por quem realiza um exercício de comparação.
CC/02 X CF/88: o CC é lei especial e a CF é lei geral.
CC/02 X CDC/90: o CC é lei geral e o CDC é lei especial.
31/01/2012
REPRISTINAÇÃO
É a recuperação da vigência de uma norma anteriormente revogada (ex: lei A) através da revogação da norma revogadora (ex: Lei B) por outra norma (ex: lei C).
A repristinação em regra não ocorre em nosso país, mas não é proibida. Pode ocorrer se houver determinação expressa do legislador.
A repristinação tem eficácia ex nunc, os efeitos não vão retroagir no tempo. P. de Irretroatividade da Lei. Art. 6º da LINDB.
Qual a diferença entre a repristinação e o efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade de um norma pelo STF (controle de constitucionalidade concentrado)?
Lei A Lei B STF – declara lei B inconstitucional.
----------i------------------I-----------------
Se o STF declara inconstitucional a Lei B, em regra, a eficácia da repristinação pelo STF é ex tunc, em caráter excepcional o STF pode determinar a eficácia ex nunc.
RETROATIVIDADE E IRRETROATIVIDADE 
Os princípios da retroatividade e da irretroatividade são utilizados pelo operador do direito para regular e solucionar conflito de leis no tempo. Pelo P. da Irretroatividade a lei nova não tem aplicabilidade retroativa para atingir relações pretéritas. Pelo P. da Retroatividade a lei nova pode voltar no tempo para atingir situações pretéritas.
Em regra, prevalece o princípio da Irretroatividade da Lei em atenção ao P. da Segurança jurídica e da estabilidade das relações jurídicas. Porém, excepcionalmente admite-se a vigência do P. de Retroatividade desde que não prejudique o ato jurídico perfeito, o direto adquirido e a coisa julgada. (Teoria Subjetiva de Gabba) art. 6º da LINDB art. 5º, XXXVI CF.
VIGÊNCIA DA LEI NO ESPAÇO
Art. 1º ao 6º LINDB- vigência da lei no tempo
Arts. 7º a 19 LINDB– vigência da lei no espaço. (direito internacional privado)
Qual foi o Princípio adotado pelo Brasil quanto à vigência da lei no espaço?
O Brasil adotou P. da Territorialidade Temperada/moderada: em regra é aplicável a lei brasileira em território nacional, mas admite-se a vigência da lei estrangeira em determinadas situações excepcionais.
O que é o P. do prélèvement?
É o princípio que admite a aplicação distinta de uma norma jurídica em benefício do nacional em detrimento do estrangeiro. Uma norma elaborada com base nesse princípio traz distinção entre nacionais e estrangeiros, se a lei nacional for mais benéfica ao brasileiro aplica a lei nacional, se a lei estrangeira for mais benéfica aplica a lei estrangeira. É uma norma imprópria de direito internacional privado.
Ex: sucessão de estrangeiro, art. 10 LINDB, art. 5º, XXXI CF.
Art.  10.  A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2o  A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Ex: se tiver um filho brasileiro e ou outro alemão, poderá diferenciá-los para favorecer ao brasileiro a lei mais benéfica.
A mudança pela EC 66/2010, art. 226, pg. 6º CF, alterou a LINDB?
§ 6º  O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
É evidente que a EC 66 altera a LINDB. 
Registro da sentença estrangeira de divórcio: com o advento da EC 66/2010 que alterou o art. 226, p 6º da CF para retirar a separação como um requisito para o divórcio, o art. 7º p. 6º da LINDB deve ser reinterpretado para dele se excluir qualquer referência a tempo para que possa ser homologado em nosso país a sentença estrangeira de divórcio.
PESSOA NATURAL
Não falar em direito civil pessoa física, mas sim em pessoa natural.
PERSONALIDADE JURÍDICA
É a aptidão genérica para ser titular de direitos e deveres. Todo ser humano possui personalidade jurídica independentemente de qualquer requisito. A personalidade jurídica é um atributo inseparável da pessoa natural. 
QUAL A DISTINÇAOENTRE PERSONALIDADE E SUBJETIVIDADE?
1ª corrente – não faz distinção entre personalidade e subjetividade, afirmando que tanto as pessoas naturais quanto as jurídicas possuem personalidade jurídica. (corrente majoritária)
2ª corrente- defende que apenas as pessoas naturais possuem personalidade jurídica, enquanto que as pessoas jurídicas possuem subjetividade. (corrente minoritária). Esta distinção é realizada pois alguns autores compreendem que a personalidade jurídica confere direitos da personalidade o que não pode ser admitido quanto às pessoas jurídicas. Desta forma, utilizam a expressão “subjetividade’ para se referir à aptidão que as pessoas jurídicas têm para serem titulares de direitos e deveres.
INÍCIO DA PERSONALIDADE
De acordo com o art. 2º do CC, a personalidade jurídica tem início com o nascimento com vida. O nascituro – ente concebido e não nascido – tem apenas uma expectativa de direito = tem direitos sob condição suspensiva. Condição é evento futuro e incerto, e suspensiva quando aguarda um termo para ocorrer.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
QUAL A TEORIA ADOTADA NO BRASIL?
A opção do legislador, art. 2º CC, foi pela Teoria Natalista.
1ª corrente – Teoria Natalista, a vontade do legislador deve ser respeitada.
Teoria Natalista:
Adquire personalidade jurídica com o nascimento com vida, recebe os direitos patrimoniais e extrapatrimoniais.
2ª corrente: defende que deve ser aplicada a Teoria da Personalidade Condicional. Por esta teoria o nascituro adquire personalidade desde o momento da concepção, mas esta personalidade está sujeita a uma condição suspensiva: nascimento com vida.
		Concepção
(expectativa direito) nascimento com vida
T. Natalista: I_____________________I______________>
 Concepção 
(expectativa) nascimento com vida
T.Personalidade Condicional: I________________I_________________>
3ª corrente: defende que deve ser adotada a Teoria Concepcionista pela qual o início da personalidade ocorre a partir da concepção. 
Visão radical - defende que a partir da concepção o nascituro adquire personalidade jurídica ampla podendo ser titular de direitos da personalidade e também de direitos patrimoniais. A partir da concepção já tem todos os direitos, independente de nascer com vida. Esta visão não deve ser gabaritada em prova.
Concepção 
I__________________________>
Visão moderada – defende que a partir da concepção o nascituro adquire personalidade jurídica formal podendo ser titular de direitos da personalidade (direitos adquiridos, não é expectativa de direito). Nascendo com vida adquire personalidade jurídica material, podendo ser titular de direitos patrimoniais. Quanto a estes direitos o nascituro tem apenas expectativa de direitos. Posição de Maria Helena Diniz.
Concepção (Personali. Formal) Nascimento (Personalidade Material)
Direitos extrapatrimonais Direitos patrimoniais
I________________________I____________________>
A Lei de Alimentos Gravídicos, lei 11804/2008 adotou a Teoria Natalista, porque ela não deferiu alimentos ao nascituro, deferiu alimentos à mulher gestante. Anteriormente, doutrina e jurisprudência atribuíam ao nascituro o direito aos alimentos e a legitimidade ativa da ação. Atualmente o direito aos alimentos pertencem à mulher gestante que também é a parte legítima para propor a ação. (vide arts. 1º e 6º ,pg. Único da Lei)
  Art. 1o  Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido.
Art. 6o  Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. 
        Parágrafo único.  Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão. 
A PARTIR DE QUE MOMENTO CONSIDERA-SE CONCEPÇÃO?
	Com base em decisão do STF sobre o uso da pílula do dia seguinte deve ser gabaritado em prova que a concepção ocorre no momento da nidação (fixação do embrião ao útero materno), pode demorar até 14 dias. A pílula do dia seguinte não foi considerada como método abortivo. 
Lei de Biossegurança: lei 11105/
Prazo de 3 anos para descartar o embrião.
ADI 3510 o STF autorizou a pesquisa com célula-tronco, porque não há um ser humano concebido e não existe direito à vida ainda.
CAPACIDADE CIVIL/jurídica
É o exercício da personalidade jurídica. É a medida de extensão da personalidade jurídica. Se dividem em duas espécies:
Capacidade de direito/gozo: é a aptidão para ser titular de direitos e deveres; 
Para alguns autores é sinônimo de personalidade jurídica;
Para outros é exercício mínimo da personalidade.
Obs: todo ser humano possui capacidade de direito e de gozo, independentemente de qualquer requisito.
CAPACIDADE DE FATO/EXERCÍCIO/AÇÃO
É a aptidão para exercer pessoalmente os atos da vida civil. É o exercício máximo da personalidade.
Obs: nem toda pessoa possui capacidade de fato.
	O requisito é o discernimento. A maioridade é tão-somente uma presunção legal relativa de que a pessoa que completou 18 anos tem pleno discernimento. A prova em contrário é o procedimento de interdição.
Dica: não existe pessoa incapaz de direito. A incapacidade é tão-só a falta da capacidade de fato, exercício ou ação. Não se pode afirmar que existe capacidade de direito absoluto ou relativo.
INCAPACIDADE ABSOLUTA:
A vontade do incapaz é desprezada pelo direito devendo o mesmo ser representado nos atos da vida civil sob pena de nulidade, é a mesma coisa de se falar em negócio jurídico nulo.
O rol dos absolutamente incapazes retrata em regra ausência de discernimento.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. (ex: pessoa em coma no hospital)
INCAPACIDADE RELATIVA
A vontade do incapaz importa para o direito devendo o mesmo ser assistido nos atos da vida civil, sob pena de anulabilidade (negócio jurídico anulável).
DICA: o rol dos relativamente incapazes normalmente retrata discernimento reduzido (art. 4º) 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
COMO É TRATADA A CAPACIDADE CIVIL DO ÍNDIO NO CC/02?
No CC/ 16 o índio era tratado como relativamente incapaz. No CC/02 o tratamento da questão é remetido à legislação especial.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Estatuto do Índio – Lei 6001/73: se o índio estiver integrado à comunhão nacional a sua capacidade será regulada pelo CC/02. 
Se não estiver integrado à comunhão nacional o índio deve ser assistido nos atos da vida civil pela FUNAI, sob pena de nulidade absoluta (negócio nulo). Não pode dizer que o índio será representado porque deve ser respeitada a vontade dele. E por opção legislativa, será assistido sob pena de nulidade absoluta para proteger o índio.
07/02/2012
EMANCIPACAO:
Os pais tem responsabilidade civil pelo menor emancipado?
De acordo com a jurisprudência do STJ os pais continuam responsáveis pelos atos do filho menor emancipado voluntariamente.
Os Tribunais presumem que todo pai que emancipa filho menor está agindo de má-fé.
	
Obs1: antes da emancipaçãoos menores tem responsabilidade subsidiária e excepcional. (art. 928 CC) após a emancipação voluntária os menores passam a ter responsabilidade principal e normal.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Obs2: essa interpretação dos tribunais é restrita a emancipação voluntária. Na hipótese de emancipação judicial ou legal os pais deixam de ter qualquer responsabilidade.
EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA:
É aquela concedida pelos pais ao filho menor com 16 ou 17 anos. Tem que ter pelo menos 16 anos completos.
É realizada através de escritura pública. Não precisa ser homologada judicialmente. Mas deve ser levada a registro no Registro Civil (ART. 9, II CC).
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – (VOLUNTÁRIA) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Art. 9o Serão registrados em registro público:
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
A emancipação voluntária deve ser feita pelos pais, em regra por ambos os pais, não importando se são solteiros, separados ou divorciados.
Na falta de um deles (ex: morte, destituição do poder familiar) o que sobrou pode emancipar sozinho.
Se houver divergência entre os pais, o menor poderá solicitar a emancipação ao juiz.
Se ambos os pais se recusarem a emancipar o filho este não poderá requerer ao juiz o suprimento da vontade dos pais, pois a emancipação é uma concessão dos pais (direito potestativo) e não um direito do menor.
No caso de recusa para o casamento o menor pode requerer o suprimento da vontade de ambos os pais pois o direito de se casar pertence a ele.
 EMANCIPAÇÃO JUDICIAL:
É aquela concedida pelo juiz a um menor de idade tutelado que tenha pelo menos 16 anos completos.
A sentença de emancipação também deve ser levada a registro no Registro Civil.
Esta emancipação pode ser requerida pelo menor tutelado, pelo tutor ou por ambos conjuntamente. Em qualquer hipótese a oitiva do tutor é indispensável.
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
Art. 9o Serão registrados em registro público:
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
Deve ser concedida por juiz em caso de ouvir o tutor e em caso de divergência entre os pais.
EMANCIPAÇÃO LEGAL: 
É aquela concedida automaticamente por força de lei quando presente uma das hipóteses do art. 5º, II a V, CC.
Não depende de escritura, sentença ou registro.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; (VOLUNTÁRIA E JUDICIAL)
II - pelo casamento; (LEGAL)
III - pelo exercício de emprego público efetivo; (LEGAL)
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; (LEGAL)
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. (LEGAL)
Nos incisos de II a IV não estabelece idade mínima nem economia própria para ser emancipado.
No inciso V, nas três hipóteses exige idade mínima de 16 anos e economia própria.
Quanto à economia própria existem 2 correntes:
1ª corrente (SUBJETIVA): defende que deve ser analisada a condição pessoal de cada menor: o quanto ganha; o quanto gasta; suas necessidades, etc.
2ª corrente (OBJETIVA): defende que o salário mínimo deve ser adotado como base para todo e qualquer menor. Deve ser adotada essa corrente para a prova, pelo P. da Operabilidade.
Em caso de emancipação por casamento, se houve divórcio, separação ou anulação do casamento não retorna a condição de incapaz.
No caso de casamento inválido:
Casamento nulo: a princípio, a pessoa retorna a condição de incapaz, salvo se o casamento for considerado putativo (ex: casou com irmão sem saber q era irmão) a favor do menor.
Casamento anulável: não é pacifico. A pessoa não retorna a condição de incapaz porque a sentença tem efeitos ex nunc. Ex: defeitos do negócio jurídico.
INTERDIÇÃO:
É o procedimento judicial de jurisdição voluntária (não existe lide, porque quando o parente quer interditar prevalece que ele quer proteger, mesmo que o interditando não queira ser interditado) que tem por objetivo verificar o discernimento de uma pessoa e declarar a sua incapacidade absoluta ou relativa.
Idade avançada (senilidade) simplesmente não é caso de interdição.
É possível a interdição de menor de idade?
Em regra, deve ser dirigido em face de maior de idade. Excepcionalmente, pode ser admitida a interdição de um menor de idade em duas hipóteses: menor emancipado que sofra algum acidente/doença que atinja seu discernimento; e menor com 16 ou 17 anos que tenha alguma doença/deficiência que retire por completo o seu discernimento. (com 16 ou 17 anos é relativamente incapaz, pode ser testemunha, pode ser mandatário, pode casar, pode fazer testamento)
LEGITIMIDADE:
A interdição pode ser promovida pelos genitores, tutores, cônjuges, outros parentes ou até mesmo o Ministério Público. Embora o CPC faça menção as expressões “qualquer parente” e ”parente próximo” (arts. 1182 e 1187 CPC) os dispositivos devem ser interpretados restritivamente para abranger apenas os parentes sucessíveis, ou seja, que podem suceder, ascendentes, cônjuge/companheiro, colaterais até o quarto grau. POSIÇÃO MAJORITÁRIA.
Tem posição minoritária que defende que até os afins podem promover interdição.
Legitimidade do MP: 
No caso do art. 1769, I, (doença mental grave) a legitimidade do MP é concorrente, no caso do inc. II e III a legitimidade do MP é subsidiária.
Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá interdição:
I - em caso de doença mental grave; - leg. concorrente
II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente; - leg subsidiária
III - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas no inciso antecedente. leg subsidiária
O MP tem legitimidade para requerer a interdição do pródigo?
1ª corrente – defende que o MP tem legitimidade ativa diante do interesse público existente na proteção de todos os incapazes. Magistratura/defensoria/MP.
2ª corrente – defende que o MP não tem legitimidade por se tratar de simples interesse privado das partes. É a posição minoritária. (Nelson Nery)
Obs: embora o MP possa requerer a interdição a representação do incapaz no processo deve ser feita pela Defensoria Pública (curadoria especial) ou, onde inexistente, por advogado nomeado pelo juiz. LC 80/94
Conseqüências com relação à interdição:
Venda de bens imóveis só é possível mediante autorização judicial prévia. Deve ser realizada uma perícia para verificar o real valor de mercado do bem. Art. 1750 CC.
Doação de bens: o curador não pode doar bens móveis e imóveis do interditado ainda que com autorização judicial, sob pena de nulidade absoluta.
NATUREZA JURÍDICA DA SENTENÇA DE INTERDIÇÃO:
1ª corrente – defende que a sentença tem natureza constitutiva. É a posição majoritária entre os processualistas.
2ª corrente – defende que a sentença tem natureza declaratória. É a posição majoritária entre os civilistas.
3ª corrente – defende que a sentença tem natureza declaratória constitutiva. Declaratória da incapacidade e de sua causa e constitutiva de uma nova situação jurídica.(regime curatelar) MHD
EFEITOS DA SENTENÇA DE INTERDIÇAO:
1ª corrente - Defende que a sentença tem eficácia ex tunc gerando a invalidade de negócios jurídicos celebrados antes da interdição, desde que demonstrado que a causa da interdição já estava presente no momento da celebração destes. MHD e TJ/SP – posição minoritária na doutrina, mas maior nos Tribunais.
2ª corrente – a sentença tem efeitos ex nunc não atingindo por si só os atos pretéritos, isso não significa que os atos pretéritos não possam ser invalidados. Para tanto, deve ser promovida ação própria, comprovando à época dos fatos a incapacidade era manifesta, a má-fé do outro contratante e o prejuízo do incapaz. Posição majoritária. 
DIREITOS DA PERSONALIDADE
São os direitos subjetivos que toda pessoa tem de defender tudo que lhe é próprio com exceção de seu patrimônio. Tem por objetivo defender a integridade do ser humano.
Integridade física, moral, intelectual: defender direito da personalidade.
Todos os direitos da personalidade são direitos fundamentais. Mas nem todos os direitos fundamentais são direitos da personalidade.
Características:
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Direitos da personalidade são direitos disponíveis?
A posição majoritária é no sentido de que os direitos da personalidade têm disponibilidade relativa. São intransmissíveis, porém é possível a cessão de uso de alguns aspectos da personalidade humana. (ex: cessão do direito de imagem para uma propaganda)
Imprescritibilidade:
Os direitos da personalidade em si são imprescritíveis. Quanto às medidas processuais deve ser feita a distinção:
- medidas de proteção: (ex: recolhimento de uma biografia não autorizada) são imprescritíveis, porque elas se confundem com o próprio direito.
- medidas de reparação: ex: pretensão de indenização do dano moral: a posição majoritária é no sentido de que prescreve no prazo de 3 anos, (relação civil) ou 5 anos (relação de consumo).
Obs: no caso de crime de tortura os Tribunais Superiores tem posição no sentido de que a reparação pelos danos moras é IMPRESCRITÍVEL.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Existe ordem de preferência entre os parentes para pleitear a indenização por dano moral na hipótese de morto? 
Em caso de dano moral envolvendo pessoa morta deve ser feita a seguinte distinção: 
Se o dano moral for oriundo de uma ofensa dirigida a uma pessoa viva que faleceu posteriormente: a ação de indenização só pode ser promovida pelos herdeiros, respeitada a ordem de vocação hereditária. Nessa hipótese haverá incidência de ITCMD.
I___________________I___________I_______________I
Nasc. Ofensa Morte Ação 
Obs: dor, tristeza e angústia não são dano moral. É dano moral quando ofende direito da personalidade.
Se a ofensa for dirigida a uma pessoa morta ou consistir na própria morte. Ação pode ser promovida de forma autônoma e independente de qualquer ordem por qualquer uma das pessoas arroladas no art. 12 p. único: descendentes, ascendentes, cônjuge/companheiro, e parentes colaterais até o quarto grau. Isto ocorre porque o titular do direito à indenização pertence ao parente vivo e não ao falecido (dano moral reflexo/em ricochete). Nesta hipótese não há incidência de ITCMD.
Decisão do STJ que deferiu à Irmã dano moral pela morte no acidente da GOL, mesmo que os pais já tivessem recebido indenização por acordo.
Direito ao corpo:
Art. 13 e SS. CC
art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
De acordo com a jurisprudência a cirurgia de transgenitalização (mudança de sexo) é um direito legítimo do transexual, assim como a mudança de seu prenome e de seu sexo no Registro Civil. Não é ofensa ao corpo. Ação de Mudança de sexo, tramita na Vara de Família.
Hermafrodita – interno tem um sexo, e externo outro sexo. Pode realizar a cirurgia de adequação de sexo. Também pode mudar o prenome e o registro. Retificação de Registro, tramita na Vara de Registros Públicos.
O transexual- é a pessoa que rejeita o próprio gênero identificando-se psicologicamente com o sexo oposto.
27/02/2012
Art. 14 CC
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo
A disposição dos órgãos em vida (art.13), e depois da morte (art.14).
Doação de órgãos em vida: é possível desde que não prejudique a saúde do doador. Admite-se a doação de sangue, óvulo, esperma, medula, rim, parte do fígado e também do leite materno. A doação não pode ser remunerada, é um ato benevolente. Não pode ser remunerado direta ou indiretamente.
No caso de gestação de aluguel, no Brasil não existe, deveria ser gestação de comodato.
Na doação em vida é possível indicar o destinatário (donatário).
Na doação após a morte: pode ser feita para fins de pesquisa médica ou transplante. É possível a disposição do corpo inteiro. Na doação para fins de pesquisa é possível indicar o destinatário. Ex: morrer com doença misteriosa o médico pode solicitar ficar com o corpo para estudar e descobrir a doença.
Para fins de transplante não é possível indicar o destinatário. Os órgãos serão encaminhados de acordo com as listas públicas de espera. Assim como a doação em vida, também não é possível qualquer forma de remuneração.
Art.4º lei 9434/97. Esta lei estabelecia o princípio do consenso presumido presumed consent, ou ainda, opt out– todo brasileiro é presumidamente doador dos seus órgãos. 
Art. 4º Salvo manifestação de vontade em contrário, nos termos desta Lei, presume-se autorizada a doação de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, para finalidade de transplantes ou terapêutica post mortem.
Art. 4o A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. (Redação dada pela Lei nº 10.211, de 23.3.2001)
O art. 4º foi alterado em 2001 –a doação dependerá de autorização do cônjuge e dos parentes próximos: princípio do consenso afirmativo. Opt in. No sistema da lei 9434/97 a vontade dos parentes prevalece sobre a do falecido. Contudo, após a vigência do CC/02, a doutrina moderna entende que o art. 14 CC prevalece sobre o art. 4º da Lei, a vontade do falecido é que deve ser respeitada. O art. 4º da Lei só tem aplicabilidade quando o morto não manifestou a sua vontade. Na prática médica essa orientação não tem sido adotada, pois os hospitais sempre pedem autorização aos parentes.
Obs.: o atestado médico de óbito para fins de transplante deve ser assinado por dois médicos que não façam parte da equipe de remoção.
Em. 277 CJF: a vontade do morto deve prevalecer sobre a vontade dos parentes.PESSOA JURÍDICA
Conceito
Tradicional: é todo ente formado pela coletividade de pessoas (PJ intersubjetiva/ incorporações) ou de bens (PJ patrimonial) que adquire personalidade jurídica própria por força de determinação legal.
Excepcionalmente, o direito brasileiro admite a existência de pessoa jurídica sem coletividade, ex: a empresa individual de responsabilidade limitada lei 12441/2011- entrou em vigor em fevereiro/2012.
Diversas Classificações das pessoas jurídicas
– pessoa jurídica de direito público – são aquelas reguladas pelo direito público. Se dividem em duas espécies:
PJ DTO PUBLICO EXTERNO: são os Estados estrangeiros e a demais entidades reguladas pelo direito internacional público. Ex: ONU, OIT, OMS, CRUZ VERMELHA, SANTA SÉ, MERCOSUL, BRASIL.
PJ DTO PÚBLICO INTERNO: é comum a sua divisão em administração direta e indireta.
b.1) Administração Direta: União, Estado, DF e municípios.
b.2) Administração Indireta: é composta pelas autarquias e por todas as pessoas jurídicas a quem a lei confere a estrutura de direito público. Ex: fundação pública, consórcio e associação pública.
Obs.: sociedade de economia mista e empresa pública são PJ de direito privado, embora integrem a administração indireta.
pessoa jurídica de direito privado - na redação original do artigo 44/CC existiam apenas três espécies: associações, sociedades e fundações. As organizações religiosas e os partidos políticos foram incluídos pela Lei 10825/2003. Para vários autores, essas OJ continuam tendo a estrutura de associações, mas a alteração teve por objetivo afastar este enquadramento. Nesse sentido o legislador incluiu o parágrafo único do art. 2031 para dispensar os partidos políticos e as entidades religiosas da obrigatoriedade de adaptação ao novo código.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003))
Associações: são pessoas jurídicas de direito privado formadas com o objetivo de desenvolver atividade não econômica/ não lucrativa.
Finalidade: pode desenvolver qualquer atividade lícita e não lucrativa.Ex: recreativa, assistencialista, educacional, moral, religiosa, política, etc.
Constituição da associação: art. 5º, XVII, CF: a CF determina que o direito de associação é livre. Isso significa que existe liberdade plena para criar uma associação, ingressar ou sair de outra já existente.
Natureza jurídica do contrato de associação: o contrato de associação tem natureza plurissubjetiva unidirecional – é composto pela manifestação de vontade de diversas pessoas, todas no mesmo sentido.
Composição da associação: 
Associados: devem ter direitos iguais, mas o estatuto pode criar categorias de associados com vantagens especiais. Ex: clube – sócio benemérito, sócio remido. Entre os associados não existem obrigações, mas estas podem existir em face da associação, ex: a obrigação de pagar mensalidade.
Diretoria: compete a diretoria regular o funcionamento da associação e a conduta dos associados podendo impor sanções (ex. suspensões, multas, expulsões, etc.)
Obs.: a exclusão de associado só é possível a realização de um processo administrativo em que seja garantido o direito de defesa ainda que este procedimento não esteja no estatuto da associação.
Assembléia geral: é o órgão máximo da associação. Compete a ela de forma privativa a destituição dos administradores e a alteração do estatuto.
Fundações: são pessoas jurídicas de direito privado formadas pela coletividade de bens com o objetivo de desenvolver atividade não econômica.
O ato de instituição: pode ser instituída em vida através de escritura pública ou após a morte através de testamento (não precisa ser público).
Requisitos: O estatuto tem dois requisitos indispensáveis:
Dotação de bens livres e suficientes para constituir a fundação. Se forem insuficientes a fundação não será constituída e os bens deverão ser encaminhados a uma outra fundação que se proponha afim igual ou semelhante, salvo se o instituidor dispor de forma contrária.
Indicação da finalidade da fundação. Se não houver indicação a fundação não será constituída. A fundação somente poderá constituir para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência, art. 62, parágrafo único. De acordo com a doutrina, o dispositivo apresenta apenas um rol exemplificativo, numerus apertus. Nesse sentido En. 8 e 9 do CJF.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.
O ato de instituição não precisa estabelecer o estatuto da fundação, isto é, a forma pela qual será administrada. Se o estatuto não foi elaborado pelo instituidor poderá ser realizado pelo MP se não houver a designação de outra pessoa para tanto.
Fiscalização pelo MP: o MP participa de todas as fases da constituição de uma fundação. Após a constituição tem o dever de fiscalizar o funcionamento podendo inclusive solicitar uma intervenção ou exclusão da fundação se houver desvio de sua finalidade.
Competência: a fiscalização da fundação compete ao MP do estado onde houver situada. Se a sua atividade se estender por mais de um estado, a fiscalização competirá aos respectivos MPs. O artigo 66, p. 1º do CC foi declarado inconstitucional pelo STF pois as fundações existentes no DF e nos territórios federais devem ser fiscalizadas de acordo com a CF/88 pelo MPDFT, e não pelo MPF, conforme previsto.
O MPF deve fiscalizar fundações públicas.
2.3 ENTES DESPERSONALIZADOS
São entes sem personalidade jurídica, ainda que possam ser atribuídos direitos e deveres. Ex: família, espólio, herança, massa falida, sociedade de fato, sociedade irregular.
Os condomínios edilícios são pessoas jurídicas?
Na fase objetiva, a melhor resposta é a negativa.
Na fase discursiva deve ser apontado o conflito doutrinário sobre o tema. No TJSP há decisão admitindo a adjudicação (e registro) da unidade condominial no nome do próprio condomínio edilício. Somente pode justificar essa decisão se reconhecer personalidade aos condomínios edilícios.
Personalidade jurídica é a aptidão para ser titular de direitos e deveres.
De acordo com a doutrina majoritária, as PJ possuem personalidade jurídica, assim como as pessoas naturais. Para corrente minoritária, as PJs possuem subjetividade entendida esta como a aptidão para serem titular de direitos e deveres, negam a personalidade jurídica pois defendem que a pessoa jurídica não seria titular de direitos da personalidade.
TEORIAS AFIRMATIVISTAS DA PESSOA JURÍDICA: são as teorias que defendema existência da pessoa jurídica.
TEORIA DA FICÇÃO LEGAL – defende que a PJ é uma simples abstração. Isto é, uma invenção do legislador. Esta teoria é muito criticada, pois reconhece apenas a existência ideal das PJs negando sua existência material.
TEORIA DA REALIDADE OBJETIVA – reconhece que a personalidade da PJ é fruto de sua existência material e não depende de previsão legal. A personalidade das PJs resulta de sua identidade organizacional própria: “organismo social vivo”. É também denominada como teoria orgânica ou organicionista.
TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA – é um meio termo entre as duas anteriores, pois reconhece que a personalidade das PJs é fruto de sua existência material aliada a existência ideal. De acordo com a doutrina esta foi a teoria adotada pelo legislador no CC/02.
Início da personalidade Jurídica das PJS de direito público: Ocorre em regra a partir da vigência da lei que a instituiu.
5. Início da personalidade Jurídica das PJS de direito privado: a partir da inscrição (registro) do ato constitutivo: contrato social ou estatuto. Art. 46 CC
É necessária autorização prévia do Poder Executivo para constituição de PJ?
Em regra não, pelo princípio da livre iniciativa privada. Excepcionalmente pode ser exigida, ex: instituições financeiras, seguradoras.
Quanto à existência das PJs existem três sistemas que podem ser adotados por um país:
Sistema da livre formação: defende que a pj existe a partir da simples manifestação de vontade dos membros que a compõe. Este sistema foi adotado no Brasil até 10/07/1893.
Sistema do reconhecimento: defende que a existência da PJ depende de um decreto de reconhecimento pelo Estado.
Sistema das disposições normativas: defende que a existência da PJ não depende do reconhecimento ou da autorização estatal, mas sim do preenchimento de requisitos legais (ex: elaboração do ato + registro). Esse é o sistema adotado como regra no Brasil.
Excepcionalmente, é adotado o sistema de reconhecimento.
Para a maioria dos civilistas o registro tem natureza constitutiva e produz efeitos ex nunc, não vão retroagir no tempo.
Para os autores de direito empresarial o registro tem natureza declaratória e eficácia ex tunc. Essa divergência ocorre porque no registro nas sociedades o ato retroagirá em seus efeitos até o dia da elaboração do ato constitutivo se o registro for promovido no prazo de 30 dias. Fabio Ulhoa Coelho.
Com base no art. 45 CC recomenda-se que seja adotada na fase objetiva a primeira posição.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Se não for feito o registro a sociedade é irregular e se não existir o ato constitutivo a sociedade é de fato. Por outro lado, se a pessoa jurídica não se adequou ao CC/02, art. 2031 deverá ser tratada como sociedade irregular.
Aula on line 01/04/2012
Pessoa jurídica e direitos da personalidade
1ª corrente – defende que pessoa jurídica possui alguns direitos da personalidade, portanto, podem sofrer dano moral sumula 227 STJ. Posição majoritária.
Súmula 227: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
O STJ diz que a PJ só pode sofrer dano moral em relação à honra objetiva.
2ª corrente – defende que as pessoas jurídicas não possuem direitos da personalidade e não podem sofrer dano moral. (Arruda Alvim) posição minoritária
A tese do Arruda Alvim diz que todo dano reflete no balanço patrimonial da empresa.
Porém, diz a crítica que essa tese não prospera porque não explica em relação às pessoas jurídicas sem finalidade lucrativa.
3ª corrente – Estados do RJ/PR, posição minoritária, Direito Civil Constitucional. Luiz Edson Fachin, Gustavo Tepedino. 
Defendem que as PJs não possuem direitos da personalidade, mas apenas direitos institucionais (natureza extrapatrimonial). Logo, ó podem sofrer dano institucional, o que não se confundem com os direitos da personalidade.
Exatamente dá a mesma proteção da primeira corrente à pessoa jurídica, mas classifica como direito institucional.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Em regra, a responsabilidade das PJs é regida pelo princípio da Separação/Autonomia Patrimonial. A desconsideração da personalidade jurídica é sempre uma medida excepcional.
O patrimônio é um complexo de relações jurídicas.
A personalidade é a aptidão de ser titular de direitos e deveres.
A desconsideração da personalidade jurídica é medida processual em que o juiz determina a inclusão dos sócios ou administradores da PJ no polo passivo da demanda para que respondam com seu patrimônio particular pelas dívidas da PJ.
A desconsideração não acarreta a extinção, dissolução, liquidação ou anulação da pessoa jurídica.
Desconsideração inversa – é a inclusão da PJ no polo passiva da demanda para que responda com seu patrimônio pela dívida particular dos sócios/administradores.
Desconsideração no art. 50 CC.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Esse dispositivo adotou a Teoria Maior Objetiva da Desconsideração. Fabio Comparato. Não analisa a culpa do sócio, analisa a conduta da empresa. Não basta a insuficiência patrimonial da PJ. É necessário que tenha um motivo: abuso da personalidade, que ocorre com o desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
Atenção: a má-fé e a fraude não são requisitos para a desconsideração no CC/02, contudo, como o CC/02 foi muito sucinto a respeito da matéria a jurisprudência continua admitindo como hipótese de desconsideração outras situações que já eram admitidas antes da vigência do diploma. Na jurisprudência é adotada a teoria maior objetiva e também a subjetiva.
No CC, o juiz não pode decretar de ofício a desconsideração – deve haver requerimento da parte interessada ou do MP.
No CDC, o juiz pode decretar de ofício a desconsideração.
Em regra, a desconsideração deve ser limitada ao patrimônio do sócio/administrador que praticou o ato irregular.
Enunciado 284: as pessoa jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-lucrativos, estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.
Art. 28 CDC. O art. 28 CDC adotou a teoria maior da desconsideração (subjetiva e objetiva) no caput.
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
        § 1° (Vetado).
        § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
        § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
        § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.
        § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
No parágrafo 5º adotou a teoria menor da desconsideração, bastando a insuficiência patrimonial da PJ para que seja decretada a desconsideração.
A referência ao obstáculo diz respeito à existênciada regra: o Princípio da Separação Patrimonial. 
Esse parágrafo 5º tem aplicabilidade autônoma em relação ao caput do art. 28, de acordo com a jurisprudência do STJ. Resp 279.273.
08/02/2012 FLAVIO TARTUCE
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Flavio.tartuce@uol.com.br
RESPONSABILIDADE CIVIL
INTRODUÇÃO:
Conceitos de ato ilícito e abuso de direito.
Quanto à origem responsabilidade civil pode ser assim classificada:
Responsabilidade civil contratual: decorre do inadimplemento de uma obrigação.(art. 389, 390 e 391 CC)
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Trata do inadimplemento da obrigação positiva (dar ou fazer)
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.
Inadimplemento de obrigação negativa.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.( Ressalva dos bens impenhoráveis (art. 649 CPC).)
Pelo inadimplemento das obrigações respondem os bens do devedor. Princípio da Responsabilidade Patrimonial.
Ex: Bem de família, inclusive de pessoa solteira, súm. 364 STJ:
O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
Responsabilidade civil extracontratual/aquiliana: (Roma – Lex Aquilia de Damno). No CC/16 estava baseada no ato ilícito, art. 159.
No CC/2002 está baseada no ato ilícito (art. 186) e no abuso de direito (art. 187)
Obs: o CC/2002 manteve a divisão da responsabilidade civil em responsabilidade civil em contratual e extracontratual. Porém, a tendência é a unificação da matéria. Ex: CDC e Legislação Ambiental. No CDC há responsabilidade pelo produto ou pelo serviço, não divide em contratual e extracontratual.
ATO ILÍCITO (art. 186 CC)
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
A palavra ‘e’ é a palavra mais importante do dispositivo, pois o CC/1916, art. 159 utilizava ‘ou’.
Fórmula do ilícito civil = violação de um direito (que implica em um dever) + dano
Sem dano não há ilícito civil. Ex: dirigir bêbado por si só, sem dano, não há ilícito civil.
Ex: dirigir bêbado e atropelar alguém é ato ilícito, dirigir bêbado e alguém infartar de ver o motorista correndo muito também é ato ilícito.
Ex: infidelidade por si só não é ilícito. Trair e contar para todo mundo é ilícito. Esposa trai e fala que o filho é do marido há ato ilícito. Marido que trai e transmite AIDS para a mulher.
O artigo menciona o dano exclusivamente moral, que é o dano moral puro, cuja reparação já estava prevista na CF/88, art. 5º, V e X CF. O art. 186 adotou o modelo culposo de responsabilidade: Responsabilidade Subjetiva, porque menciona ação ou omissão voluntária, negligência e imprudência.
Outras espécies de dano moral: Dano estético, Dano moral coletivo, danos difusos e danos por perda da chance.
ABUSO DE (DO) DIREITO 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Quer dizer abuso no exercício de um direito.
Também comete ato ilícito: O abuso de direito é um ilícito equiparado (exercício irregular de um direito). Quando há exercício regular de um direito o ato é lícito. 
Os parâmetros para o abuso de direito são: fim econômico ou social, boa-fé (objetiva) e bons costumes.
Conceito: Rubens Limongi França – o abuso de direito é lícito quanto ao conteúdo e ilícito quanto às conseqüências, ou seja, a ilicitude está na forma de execução do ato.
O ilícito puro é aquele do art. 186 CC – ilícito por inteiro.
Ex abuso de direito: fazer greve pelos metroviários de SP, greve abusiva para a cidade e causa dano coletivo: abuso de direito (art. 9º CF).
Ex2: fazer publicidade abusiva, art. 37, p. 2º CDC, causa ofensa coletiva ou individual.
Ex3: abuso da imprensa na veiculação da notícia. Resp 613374/MG. Caso Helio Bicha.
Ex4: abuso no processo, arts. 16 a 18 CPC. Litigância de má-fé, lide temerária.
Ex5: abuso no exercício da propriedade, chamado também de ato emulativo (aemulatio). art. 1228, p.2º, CC.
		
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
	
No ato ilícito precisa ter dano, e no abuso de direito também exige dano?
Sergio Cavalieri Filho diz que não.
Art. 927 CC:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Pelo art. 927 exige dano, pois sem dano não há dever de reparação ou responsabilidade civil.
Natureza da Responsabilidade civil no abuso de direito: 
En. 37 CJF, segundo entendimento majoritário, o abuso de direito gera responsabilidade objetiva ou independentemente de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.
37 – Art. 187: a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa.
	
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OU PRESSUPOSTOS DO DEVER DE INDENIZAR
Há certa divergência na doutrina, uns apontam 3 outros 4 elementos. Os 4 elementos são: a) conduta humana subjetivo, b) culpa lato sensu sentido amplo subjetivo, c) nexo de causalidade, d) dano.
Obs: culpa lato sensu, segundo entendimento majoritário, a regra do CC/2002, a regra é a responsabilidade subjetiva, fundada na culpa, a exceção é a responsabilidade objetiva. No CDC, é o oposto.
Muitos doutrinadores entendem que o CC/2002 adotou um modelo dualista, em que convivem responsabilidade subjetiva e objetiva sem que a primeira seja a regra, Gustavo Tepedino, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona e Nery.
CONDUTA HUMANA.
Pode ser por ação ou por omissão. Ação = culpa in comittendo. Omissão= culpa in omittendo. Na omissão para que o agente responda é necessário provar: 1º) que o ato deveria ser praticado, 2º) a omissão em si.
O condomínio edilício responde pelo furto ou roubo de veículo praticado no seu interior?
Em regra, não. Pois não há um dever legal de evitar o evento. AgRg no Ag, 1102361/RJ.
O condomínio só responde se houver um comprometimento expresso ou implícito com a segurança. Pode ser previsto na convenção.
Se estiver andando na rua e tomar um tiro de bala perdida. O Estado não responde por responsabilidade objetiva por omissão. Neste cão, a responsabilidade é subjetiva.
Em regra, a pessoa responde por ato próprio. Porém, como exceções (responsabilidade objetiva) a pessoa pode responder por ato de terceiro, arts. 932 e 933 CC, por um animal, art. 936 CC, pelo fato da coisa (937, 938) e por um produto ou serviço prestado por outrem (CDC).
CULPA LATO SENSU (sentido amplo)
Engloba 2 conceitos:
b.1) dolo: é a ação ou omissão voluntária.(art. 186 CC) intenção de causar um prejuízo. Ex: sujeito que explode churrasqueira do vizinho com tiro de escopeta.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Para o direito civil são irrelevantes conceitos intermediários como preterdolo e dolo eventual. Para o direito civil havendo dolo ou culpa grave aplica-se o princípio da reparação integral dos danos. Art. 944, caput, do CC. Todos os danos suportados serão indenizados. A culpa grave equivale ao dolo.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano
b.2) culpa stricto sensu ou em sentido estrito: 
Chironi: culpa é violação de um dever preexistente, que pode ser um dever legal, dever contratual ou dever social.
O CC/2002 associa a culpa a três padrões de comportamento: a) imprudência (art. 186) falta cuidado + ação; b) negligência (art.186), falta de cuidado + omissão; c) imperícia (art.951 CC) faltade qualificação em sentido geral para desempenho de uma atribuição própria dos profissionais liberais.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. (profissionais da área de saúde)
Observações a respeito da culpa:
Obs1: na vigência do CC/16 estudava-se a culpa presumida como geradora de responsabilidade subjetiva (Alvino Lima – culpa e riso), em três modalidades: culpa in vigilando – culpa presumida na vigilância, pai pelo filho menor; culpa in eligendo – culpa presumida na escolha, empregador pelo empregado; culpa in custodiendo – presumida na custódia de animal.
NÃO EXISTE MAIS CULPA PRESUMIDA NO CC/2002. As suas antigas hipóteses passaram a ser responsabilidade objetiva ou sem culpa, arts. 932, 933 e 936.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
Responsabilidade civil por ato de terceiro é objetiva, estando superado o modelo de culpa presumida.
En. 451 JDC	
451) Arts. 932 e 933. A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o modelo de culpa presumida.
Portanto, está superada a súmula 341 STF que ainda menciona o modelo de culpa presumida. Súm: 314 STF:
É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.
O certo é: é objetiva a responsabilidade do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
En. 452) Art. 936. A responsabilidade civil do dono ou detentor de animal é objetiva, admitindo-se a excludente do fato exclusivo de terceiro.
Obs2: arts. 944 e 945 CC. O grau de culpa e a contribuição causal são critérios para fixação da indenização. Se o agente causador do dano agiu com dolo ou culpa grave, reparação integral do dano (944), se o agente agiu com culpa leve ou levíssima caberá redução equitativa da indenização pelo juiz.
	A indenização também será reduzida se houver culpa fato ou risco concorrente da vítima. Contribuição causal da vítima. (art. 945 CC)
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Contribuição causal da vítima.
A dúvida que surgiu é se o art. 945 tem responsabilidade objetiva. A contribuição causal da vítima é fator atenuante tanto da responsabilidade subjetiva quanto da objetiva.
En. 459 VJDC - 459) Art. 945. A conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade na responsabilidade civil objetiva.
Ex: art. 738, p. único do CC. A contribuição causal da vítima é fator atenuante. Responsabilidade objetiva do transportador. Ver julgados do STJ com “pingente de trem”, viajar do lado de fora do vagão. REsp 226348/SP. A jurisprudência tem reduzido pela metade a indenização.
Cuidado! Para o STJ caso de “surfista de trem” é caso de culpa exclusiva da vítima. REsp 160051/RJ. 
Caso do escorregador: o STJ já aplicou a culpa concorrente da vítima em julgado do CDC, e diminuiu a indenização pela metade. REsp 287849/SP.
Parágrafo único. Se o prejuízo sofrido pela pessoa transportada for atribuível à transgressão de normas e instruções regulamentares, o juiz reduzirá eqüitativamente a indenização, na medida em que a vítima houver concorrido para a ocorrência do dano.
 
NEXO DE CAUSALIDADE
Conceito: Aguiar Dias – é o elemento imaterial da responsabilidade civil, uma relação de causa e efeito entre a conduta e o dano.
O nexo de causalidade pode ser comparado ao “cano virtual“:
C---------------------------------D
Conduta Dano
Na responsabilidade subjetiva o nexo é formado pela culpa.
Na responsabilidade objetiva o nexo é formado pela lei que qualifica a conduta ou por um atividade de risco.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Ex: fabrica um brinquedo e a criança se machuca, a responsabilidade da empresa é atribuída pela lei.
Ex: causa dano ambiental, a lei prevê a responsabilidade objetiva.
	
13/03/2012
Excludentes de Nexo de Causalidade ou Fatores Obstativos do Nexo:
As excludentes servem tanto para responsabilidade subjetiva como para objetiva. 
É como se colocasse uma rolha no meio do cano, que rompem a relação de causalidade.
São 3 excludentes:
Culpa ou fato exclusivo da vítima: o evento danoso foi causado exclusivamente pela própria vítima. Julgados do STJ envolvendo problemas com o cigarro, ação do fumante contra empresa tabagista. (Inf. 432 e 435 STJ) teoria dos prazeres imediatos: a pessoa fuma porque quer, é caso de culpa exclusiva da vítima.
Culpa ou fato exclusivo de terceiro: o terceiro é totalmente estranho à relação jurídica estabelecida. Ex: acidente causado por um criminoso que furtou o veículo.
ATENÇÃO: essa excludente não é admitida no transporte de pessoas. Art. 735 CC. Transporte de pessoas.
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
Ex: acidente da GOL. Houve culpa exclusiva dos pilotos americanos.
Caso Fortuito e força maior: art. 393 CC
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
Pontes de Miranda dizia que os conceitos seriam sinônimos: eventos não previstos pelas partes envolvidas.
Orlando Gomes dizia que o caso fortuito seria o evento totalmente imprevisível, não importando se é da natureza ou do homem, já a força maior seria o evento previsível, mas inevitável.
Doutrina e jurisprudência apontam o seguinte: caso fortuito e força maior devem ser analisados de acordo com o risco do empreendimento/risco do negócio. Devem ser divididos em eventos internos e eventos externos. (Agostinho Alvim)
Eventos internos: entram no risco do negócio, e não são excludentes. A parte vai responder.
Eventos externos: estão fora do risco do negócio, e são excludentes.
En. 443 JDC – o caso fortuito e a força maior somente serão considerados excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida.
Obs: o CDC não fala em caso fortuito e força maior.
Jurisprudência do STJ:
Ex1: assalto a ônibus: é evento externo – caso fortuito ou força Maior. Resp 783.743/RJ – a empresa não responde.Ex2: assalto a banco: é evento interno, o banco responde. (Resp 694.153/PE)
Ex3: assalto a supermercado e shopping – evento interno, haverá responsabilidade. Resp 582047/RS.
Ex4: ataque de louco a shopping (caso Mateus da Costa Meira) – evento externo, não havendo responsabilidade, está fora do risco do empreendimento. Resp 1164889/SP. Inf. 433 STJ.
DANO: instituto que tem papel principal em responsabilidade civil. Alguns autores falam em direito dos danos.
Os danos são divididos em 2 categorias:
Danos clássicos: danos materiais e morais. É possível cumular ambos cf. súmula 37 STJ.
 São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Novos danos: danos morais coletivos, danos estéticos, danos difusos ou sociais, danos por perda da chance.
DANOS MATERIAIS – são os danos que atingem o patrimônio corpóreo de alguém e que em regra devem ser provados.
Classificação que consta nos arts. 402 a 404 CPC.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
1 Danos Emergentes ou Danos Positivos – o que a pessoa efetivamente perdeu.
Ex: art. 948, I.
 Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral (coroa de flor, caixão, etc) e o luto da família (ex: missa, culto);
Esses valores geram o direito de reembolso.
2 Lucros cessantes ou Danos Negativos – o que a pessoa razoavelmente deixou de lucrar. Frustração de lucros.
Ex: art. 948, II CC.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
Tabela de expectativa de vida do IBGE – 73 anos.
Alimentos indenizatórios. Não cabe prisão pela falta de pagamento desses alimentos. Resp 93948/SP. É o entendimento majoritário.
Marinoni entende que cabe prisão.	
O pagamento desses alimentos pode ser feito de uma vez só ou a título de pensão. Quando fixa pensão cabe revisão de valor. Art. 475-Q CPC.
A base de cálculo é 2/3 do salário da vítima por mês + FGTS + férias + 13º salário, se a vítima tinha CTPS, até o limite de vida provável.
Súmula 229 STF: a indenização acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador.
Alguns julgados entendem que essa parte final da súmula é irrelevante, porque dolo ou culpa grave só vai influenciar na fixação da indenização.
Indenização acidentária – quem paga é o INSS. A indenização de direito comum é paga pelo responsável civil.
Súmula 491 STF – morte de filho menor e alimentos indenizatórios.
   É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.
Os pais pedem a indenização, exemplo, criança de 10 anos que foi atropelada. Presume que o filho menor ajudaria na economia doméstica. Famílias de baixa renda presumindo-se os lucros cessantes, pois o filho ajudaria na economia doméstica. É dano presumido.
Cálculo: 2/3 do salário mínimo por mês, entre a idade de 14 anos a 25 anos + 1/3 do salário mínimo por mês de 26 anos até a vida provável dos pais.
DANO MORAL: 2 correntes sobre o conceito:
1ª corrente: são lesões a direito da personalidade; MHD
2ª corrente: são lesões a dignidade humana; Gustavo Tepedino.
Súmula 227 STJ:
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
O dano moral da PJ atinge a sua honra objetiva. Quer dizer reputação. E nunca a sua honra subjetiva, que é a auto-estima, amor próprio.
Ex: abalo de crédito, quando inscreve indevidamente em cadastro de inadimplentes, uso da imagem indevido.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade
A PJ tem direitos da personalidade por equiparação, nome, marca, honra objetiva, imagem, sigilo...
O En. 189 reconhece dano moral da PJ, e o En. 286 nega o direito ao dano moral à PJ. Prevalece o En. 189 que reconhece o dano moral da pessoa jurídica. É o entendimento majoritário para concurso, PJ pode sofrer dano moral.
Tepedino diz que a PJ sofre dano institucional.
No dano moral não há necessidade da presença de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento. En. 445 JDC.
Ex: dano moral da PJ, uso indevido de imagem (gera dano presumido).
Questões relevantes quanto aos danos morais:
Dano moral in re ipsa - decorre da própria coisa: dano moral presumido (objetivo).
Ex: morte de pessoa da família, basta provar o evento, não precisa provar o sofrimento.
Ex: uso indevido de imagem com fins econômicos ou comerciais. Súmula 403 STJ. Independe da prova de prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem da pessoa para fins econômicos ou comerciais.
Ex: inscrição indevida em cadastro de inadimplentes. Existe uma ressalva na súmula 385 STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.
Se a pessoa já tiver inscrições anteriores de valores devidos, a inscrição indevida não gera dano moral.
Ex: depósito antecipado de cheque pós-datado. Súmula 370 STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. É uma quebra de confiança, de boa-fé.
Dano moral em ricochete: é também conhecido como dano moral indireto, atinge a pessoa de forma reflexa.
Ex: perda de objeto de estima, esbulho do alheio, art. 952 CC, preço da afeição. Manda o cachorro pro pet shop e ele morre.
Ex: lesão a direitos da personalidade do morto. Art. 12, p. único do CC. O morto tem sobras de personalidade, a personalidade não termina com a morte.
Diferença entre Danos Morais e Transtornos (aborrecimentos):
Os danos morais não se confundem com os meros transtornos que a pessoa sofre no seu dia a dia. En. 159 JDC.
Ex: RE 387014/SP. Perda de uma frasqueira com maquiagem no avião – é mero aborrecimento.
Ex: STJ – encontrar inseto em um produto e não consumi-lo é mero aborrecimento. Inf. 426. Se o produto for consumido haverá dano moral. Inf. 472. (baratinha no leite condensado).
Tabelamento de dano moral:
Segundo a jurisprudência do STJ não é possível. Inf. 470 STJ.
Súmula 281 STJ.  A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa. 
Tabelamento da lei de imprensa não seria aplicada, pois a lei de imprensa não é mais aplicada.
Critérios para quantificação do dano moral (STJ):
 Fixação por arbitramento.
Extensão do dano. Art. 944, caput, CC. Ex: número de vítimas.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Grau de culpa e contribuição causal dos envolvidos. Art. 944 e 945.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Condições gerais dos envolvidos, (sociais, econômicas e psicológicas)
Caráter pedagógico, educativo ou até

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