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Metabolismo de lipídeosMetabolismo de lipídeos ZOO 613ZOO 613 Professor Jalison LopesProfessor Jalison Lopes ZootecnistaZootecnista--DScDSc Professor Jalison LopesProfessor Jalison Lopes ZootecnistaZootecnista--DScDSc �Lipídeos: substâncias insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos (éter, clorofórmio, hexeno, etc.). Lipídeos em dietas para ruminantes �Abrangem ceras, pigmentos, gorduras e óleos �Expressos na dieta na forma de extrato etéreo (EE) �Apesar de ser de uso prático, EE não é uma medida adequada para medir gordura � Grande parte são pigmentos e ceras (não possuem valor nutricional) Lipídeos em dietas para ruminantes � Forragens: ácido graxo (AG) ≈≈≈≈ EE x 0,4 � Concentrado: AG ≈≈≈≈ EE x 0,7 � Ácidos graxos podem ser rapidamente quantificados por cromatografia gasosa Lipídeos em dietas para ruminantes O termo “gordura” é utilizado para denominar compostos ricos em ácidos graxos (AG’s) de cadeia longa incluindo os triglicerídeos, fosfolipídeos, ácidos graxos não estereficados (AGNE’s) e sais de cálcio de AGCL (NRC, 2001). Lipídeos Classificação dos Lipídeos Simples (AG+álcool) Complexos (AG+álcool+outros) Triglicerídeos Ceras Fosfolipídeos Glicolipídeos Outros + Abundante no Superfícies Superfícies Composto por Composto por + Abundantes + Abundantes EsfingolipídeosEsfingolipídeos+ Abundante no organismo Animal Composto por glicerol + 3 AG Líquidos nas plantas (óleos) e sólidos nos animais (gorduras) Superfícies das folhas e frutos Proteção contra perda de água Sem valor nutricional Superfícies das folhas e frutos Proteção contra perda de água Sem valor nutricional Composto por glicerol + 2 AG + Fosfato ���� Teor nos alimentos ���� Teores nas bactérias do rúmen. Composto por glicerol + 2 AG + Fosfato ���� Teor nos alimentos ���� Teores nas bactérias do rúmen. + Abundantes nos tecidos fotossintéticos Composto por glicerol + 2 AG + Açúcar (normalmente galactose) + Abundantes nos tecidos fotossintéticos Composto por glicerol + 2 AG + Açúcar (normalmente galactose) Esfingolipídeos (lipídeos de membrana) Esteróides (principal: colesterol) Lipoproteínas Esfingolipídeos (lipídeos de membrana) Esteróides (principal: colesterol) Lipoproteínas Classificação dos Lipídeos TriglicerídeoÁcido graxoGlicerol Estrutura básica do triglicerídeo. Os radicais (R1, R2 e R3) são compostos de cadeias carbônicas de vários tamanhos e com diferentes graus de saturação. � Fonte concentrada de energia para o ruminante (principal) � Fornecem 2,25x mais energia que carboidratos (sem produzir calor de fermentação). � � incremento calórico. � Ideais para situações de stress calórico (principalmente para categorias de � Principais funções dos lipídeos demanda energética). � Transporte de vitaminas ADEK (lipossolúveis) � Fornecimento de Ácidos graxos essenciais � ���� Eficiência reprodutiva Ácidos graxos essenciais � Ácido linoléico (ω 6) e linolênico (ω 3) são considerados essenciais. � Não são sintetizados pelo animal e nem pelos microrganismos do rúmen. � Funções: � Constituintes de membrana celular, � Regulação de vários processos metabólicos, de transporte e excreção, � Efeito positivo nos aspectos reprodutivos dentre outros. Ácidos graxos essenciais � Sintomas de deficiência de AGE: � Dermatite, � Perda de pêlos (alopécia), � Necrose na inserção da cauda � Crescimento retardado. “Sob condições normais de alimentação, não se observa deficiência de AGE” Fontes dietéticas de lipídeos � Dietas de ruminantes normalmente apresentam ���� lipídeo (1- 4% MS) � Principais fontes � Grãos � Classe: Triglicerídeos � AGs predominantes: Linoléico e oléico � Grãos de oleaginosas: 18 a 50% de lipídeos Fontes dietéticas de lipídeos ���� Forragens: gramíneas e leguminosas � Classes: Galactolípideos e Fosfolipídeos � AGs predominantes: Linolênico, Linoléico e palmítico � Forragens: � teores de lipídeos (4-6%) Ácidos graxos mais encontrados nas dietas de ruminantes e algumas fontes Nome Mirístico Palmítico Palmitoléico Esteárico Oléico (ωωωω 9)9)9)9) Linoleico (ωωωω 6)6)6)6) Linolênico (ωωωω 3)3)3)3) Abreviação C14:0 C16:0 C16:1 C18:0 C18:1 C18:2 C18:3 Ponto de Fusão (ºC) 54 63 61 70 13 -5 -11 % na Fonte de óleo Canola (47% EE) <1 4 <1 2 63 19 9 (47% EE) <1 4 <1 2 63 19 9 Caroço de algodão (18% EE) 1 23 1 3 18 54 1 Linhaça (40% EE) <1 5 <1 3 20 16 55 Soja (19% EE) <1 11 <1 4 23 54 8 Girassol (45% EE) <1 7 <1 5 19 68 1 Milho (4% EE) <1 9-14 <1 4 24-42 34-62 <2 Metabolismo de lipídeos no rúmen � Existe o metabolismo microbiano dos lipídeos dos alimentos e uma nova síntese pelos micróbios de seus próprios lipídeos. � Os organismos do rúmen são limitados em utilizar substâncias altamente redutoras como fonte de energia, � Uso de AG é restrito para a incorporação celular e propósitos sintéticos.� Uso de AG é restrito para a incorporação celular e propósitos sintéticos. � Metabolismo microbiano dos lipídeos ocorre em 2 etapas: � 1º Hidrólise � 2º Hidrogenação Hidrólise �Quebra de ligações ester por lipases, galactolipases e fosfolipases de origem microbiana e liberação dos AGs �Ocorre rapidamente � Realizada principalmente por bactérias � Triglicerídeos: Anaerovibrio lipolytica � Fosfolipídeos e glicolipídeos: Butyrivibrio fibrisolvens �Fungos e protozoários: capacidade limitada Hidrólise Triglicerídeo Glicerol AGNE (AG não esterificado) AGV (Propionato) Hidrogenação (Biohidrogenação) � Processo de saturação do ácido graxo por substituição da dupla ligação por 2 átomos de H+ � Ocorre obrigatoriamente após lipólise (AGNE). � 60 a 90% dos AG insaturados da dieta são hidrogenados no rúmen. � Motivos para Hidrogenação: � Exigência: C18:1 (trans-11) é incorporado em lipídeos de membrana de bactérias � Proteção: Ácidos graxos insaturados são tóxicos a vários microorganismos Bioquímica de biohidrogenação Ácido linoléico (cis-9,cis-12, C18:2) (grãos) Ácido linoléico conjugado (cis-9,trans-11, C18:2) Isomerização (grupo A) Hidrogenação (grupo A)Hidrogenação (grupo A) Ácido Esteárico (C18:0) Ácido vaccênico (trans-11, C18:1) Hidrogenação (grupo B) Grupo A: Butirivibrio fibrisolvens Grupo B: Fusocillus spp Bioquímica de biohidrogenação Ácido Linolênico (cis-9,cis-12,cis-15, C18:3) (Forragens) C18:3 (cis-9,trans-11,cis-15) Isomerização (grupos A e B) Hidrogenação (grupos A e B) trans-11,cis-15, C18:2 Hidrogenação (grupo B) Hidrogenação (grupo A) trans-15 e cis-15, C18:1 Ácido vaccênico (trans-11, C18:1) C18:0 (Ácido Esteárico) Hidrogenação (grupo B) Não mais hidrogenação ALTERAÇÕES NOS ÁCIDOS GRAXOS DURANTE A FERMENTAÇÃO RUMINAL (%) ÁCIDOS GRAXOS ÓLEO DE LINHAÇA ANTES DA FERMENTAÇÃO APÓS A FERMENTAÇÃO Cadeias menores C16 --- 5,0 C16:0 5,6 13,8 “De todas as espécies animais, as gorduras dos ruminantes são as mais difíceis de se alterar, via meios dietéticos, devido ao efeito de saturação da fermentação do rúmen”. C16:0 5,6 13,8 C18:0 5,8 31,7 C18:1 21,6 30,2 C18:2 12,5 14,2 C18:3 54,6 5,1 Biossíntese de lipídeos no rúmen Síntese de AG por microrganismos ruminais: � AG de cadeia par a partir do acetato e butirato � AG de cadeia ímpar a partir do propionato e valerato � AG de cadeia ramificada a partir do isobutirato e isovalerato� AG de cadeia ramificada a partir do isobutirato e isovalerato � Principais ácidos graxos sintetizados: C18:0 e C16:0 � Componentesde membrana microbiana (fosfolipídeos) �� lipídeo na dieta �� Biossíntese Lípideos que saem do rúmen � 85 a 90% dos AG saindo rúmen são AG livres, � 10 a 15% são fosfolipídeos microbianos sintetizados no rúmen e pequenas quantidades de triglicerídeos e glicolipídiose pequenas quantidades de triglicerídeos e glicolipídios residuais dos alimentos � Principais AG saindo do rúmen: C18:0 e vários isômeros do C18:1 Absorção intestinal � AG não sofrem alterações a nível de omaso ou abomaso � Principal local de absorção: jejuno � Em dietas normais (2 a 3% de gordura na MS) a digestibilidade (absorção) intestinal dos AG é 80% para saturados e 92% para insaturados � Maior parte chega ao intestino na forma não esterificada e protonada e aderidos às partículas alimentares � Bile (fígado) funciona como um detergente para remover os AG das partículas do alimento � Juntos com os sais biliares, o fígado secreta lecitina que em contato com enzimas do pâncreas (fosfolipase) é convertida a lisolecitina (emulsificante) � Sais biliares + lisolecitina + AG = micela (partícula solúvel em água) � Micelas são absorvidas pelas células intestinais (difusão passiva) Absorção intestinal � AG livres, são esterificados novamente para triglicerídeos nas células intestinais. � Triglicerídeos e outros lipídeos se ligam a lipoproteínas (VLDL e Quilomícrons) para serem transportados � Lipoproteínas entram nos vasos linfáticos e chegam posteriormente a corrente sanguínea. Absorção intestinal AG + glicerol = Triglicerídeo Lipoproteína (VLDL e Quilomícron) Circulação linfática Lipoproteína LipoproteínaCirculação geral Células da parede do intestino Digestibilidade intestinal de AG ���� com: - ���� insaturações - � tamanho da cadeia Absorção intestinal - � tamanho da cadeia - Excesso de lipídeo na dieta Lipogênese � Em ruminantes 90% da síntese de gordura ocorre no tecido adiposo e somente 5% no fígado. � O principal precursor para lipogênese no tecido adiposo é o acetato (rúmen), e em menor extensão, AG dietéticos disponíveis. � Os lipídeos são estocados na célula adiposa na forma de triglicerídeo com predomínio de AG de cadeia longa saturados: palmítico (C16:0) e esteárico (C18:0). Lipogênese na GL mamária (Modificado de Enjanbert, 1994). Ácidos graxos até 14 carbonos (síntese na glândula mamária)) Ácidos graxos de Ácidos graxos voláteis: ácetico e butírico Fermentação ruminal e produção de AGVs Lipogênese na GL mamária Origem do AG presentes no leite Ácidos graxos de 16 carbonos (50 % GM +50 % sangue) Ácidos graxos > 16 carbonos (ração e reserva corporal) Ácido graxo de 16 carbonos (corrente sanguínea) Ácido graxo > 16 carbonos (corrente sanguínea) Mobilização de reservas corporais Ácidos graxos da ração (saturados e insaturados) Lipogênese na GL mamária � 50% sintetizados pela gl mamária (4 a 16C) � 40% provenientes da dieta Origem do AG presentes no leite � 40% provenientes da dieta � 10% provenientes do tecido adiposo “Teoria mais aceita atualmente para depressão da gordura do leite é a do efeito inibitório causado por AG trans (principalmente CLA trans-10, cis -12, C18:2) Depressão da gordura do leite sobre a síntese de AG de cadeia curta na gl mamária”. Dieta Adequada – Condições normais de gordura no leite FONTE: NRC (2001) Falta de fibra efetiva, excesso de concentrado e de ácidos poli-insaturados na dieta (óleos) � pH ruminal (<6) � � biohidrogenação de AG insaturados Dieta Inadequada – Depressão de gordura no leite � �Produção, fluxo para o intestino e absorção de AG insaturados (CLA trans-10, cis -12, C18:2) � � atividade de enzimas na GM � � síntese de AG de cadeia curta (<16 C) que correspondem a ± 50% da gordura produzida pela GM (� conversão de acetato e butirato em AG) ���� Depressão da gordura no leite Efeito da gordura sobre a fermentação ruminal � � Crescimento bacteriano (principalmente gram-positivas e celulolíticas) � AG livres “reveste” a partícula de alimentos impedindo a fermentação (principalmente de CF). � AG livre altera a permeabilidade da membrana dos microrganismos (efeito tóxico) � AG insaturados e de cadeia curta e média são mais tóxicas aos microorganismos que saturados e de cadeia longa. Efeito da gordura sobre a fermentação ruminal ���� digestão da fibra causa: �� produção de metano � � produção de AGV � � acetato/propionato 2,2 A c e t a t o / P r o p i o n a t o 18:0 20:0 0,8 A c e t a t o / P r o p i o n a t o Ponto de Fusão 18:3 18:2 18:1 14:0 16:0 Fonte: Chalupa et al. J. Dairy Sci. 67: 1439, 1984 Efeito da gordura sobre a fermentação ruminal Excesso de lipídeos na dieta (> 7%) podem causar: � ���� consumo � ���� produção de leite e % de gordura no leite.� ���� produção de leite e % de gordura no leite. � Diarréia Proteção de lipídeos � � Insaturação � � digestibilidade das gorduras, mas � probabilidade de efeitos negativos sobre microorganismos. � Lipídeos podem ser “protegidos” para que a sua taxa de hidrólise seja menor, tornando-os mais “inertes” dentro do rúmen.menor, tornando-os mais “inertes” dentro do rúmen. � Forma mais comum de proteção � ligação do ácido graxo ao Ca (sabões de Ca) � Nomes comerciais: Megalac, Lac100, Magnapac, Lactoplus Proteção de lipídeos � Ocorre hidrogenação de no máximo 40% dos AG insaturados no rúmen quando estão na forma de sabões de Ca � Fornecimento de AG na forma de sementes oleaginosas inteiras (ex. Caroço de algodão ou grão de soja) tem efeito mínimo sobre a fermentação (liberação lenta do óleo no fluido ruminal). � Gorduras protegidas (sabões de cálcio) e gordura saturada � pode � % gordura do leite. Desempenho produtivo de vacas alimentadas com Óleo de palma hidrogenado ou Megalac Proteção de lipídeos Weiss & Wyatt, 2004 CLA e saúde humana "Com as descobertas dos efeitos benéficos da ingestão diária de CLA na prevenção de doenças como câncer e problemas cardíacos, a gordura animal vem ganhando boa reputação e sendo vista como saudável”. Concentração de CLA em alguns alimentos de origem animal FORRAGEM X CLA “Em animais consumindo forragem de alta qualidade observa-se maior concentração de CLA tanto nos concentração de CLA tanto nos tecidos quanto no leite” FORRAGEM X CLA � Forragem jovem � � ácido linolênico � O ácido linolênico é hidrogenado originando ácido vaccênico � � concentração de AG � Inibe passo final (ácido vaccênico não chega a ácido esteárico)ácido esteárico) � Acido vaccênico é absorvido no intestino e chega aos tecidos � Nos tecidos (gl mamária e tecido adiposo) o ácido vaccênico é convertido pela ação da ∆-9 dessaturase em CLA (18,2 cis 9, trans 11) Marketing atual da carne e leite originados de ruminantes deve explorar os efeitos benéficos do CLA para a saúde humana associado ao seu maior teor em animais criados a pasto. Marketing atual da carne e leite originados de ruminantes deve explorar os efeitos benéficos do CLA para a saúde humana associado ao seu maior teor em animais criados a pasto. Ruminantes a pasto: 2 a 3x mais CLA na gordura em relação a animais confinados ! Teores de EE em dietas para ruminantes � Níveis ≤ 7 % de EE na dieta não comprometem a fermentação ruminal � Para níveis de inclusão > 7% de EE deve-se utilizar lipídeos protegidos ou sementes integrais de oleaginosasprotegidos ou sementes integrais de oleaginosas � Inclusões de até10% de EE na dieta tem sido usada em confinamentos de bovinos em regiões quentes para aumentar o consumo de energia (Palmquist & Mattos, 2006) Teores de EE em dietas para ruminantes Esquema de fornecimento de gordura para vacas leiteiras � Até 3% da MS dietética: consegue-se com EE natural dos alimentos (ex. dieta a base de forragem) ou uso de fonte de óleo qualquer � 3-6% da MS dietética: Incluir gordura de liberação lenta no rúmen como caroço de algodão ou soja integral crua (máximo 3%) � 6-9% da MS dietética: incluir + 3% de gordura inerte no rúmen (Sabões de Ca) e � teor de Ca da dieta para 1% da MS. Fim...
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