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SEMINARIO INTERDISCIPLINAR

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Visão geral
	
	Apresentação da disciplina
	
	Olá, pessoal! Sou o professor Sergio, da disciplina de Sociologia, e venho apresentar a disciplina de SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO I, que tem como objetivo fundamentar o conteúdo que vem em consonância com o Projeto Pedagógico Institucional. O Curso de Serviço Social SEPC/Ead tem por objetivo formar profissionais com capacidade teórica, técnica, política, enfim, profissionais eticamente inseridos e comprometidos com o projeto societário emancipatório. Buscamos formar o aluno com capacidade de examinar, analisar e interpretar a sociedade capitalista, para a intervenção profissional comprometida com os valores de liberdade e justiça social. Visamos à construção de uma nova ordem societária, contribuindo na construção do ser social, nas dimensões individual e coletiva, capaz de colaborar ativamente com o desenvolvimento e a transformação da realidade social na qual está inserido. A Disciplina Seminários Temáticos apresenta a sequência de seminários integradores a seguir:
Como esta proposta é de integração, a Webaula 1 - (Unidade 1 e 2) - serão ministradas consequentemente pelos professores: Sergio de Goes Barboza (Sociologia), que abordará o conteúdo: EMPREENDEDORISMO SOCIAL.
A Webaula 1 - (Unidade 3 e 4) serão ministradas pelas professoras: Márcia Bastos de Almeida (Filosofia), com o tema: UMA REFLEXÃO SOBRE O A NOVA ORDEM SOCIAL ESTABELECIDA PELO PARADIGMA MODERNO e professora Lisneia Aparecida Rampazzo (Psicologia Social), com o tema: RELAÇÕES DE GÊNEROS.
	
	Objetivos:
	
	Analisar temas contemporâneos;
Analisar elementos pertinentes à Cidadania, Solidariedade social, Democracia, Economia na contemporaneidade;
Analisar sua contribuição para a profissão de Serviço Social, confrontando com os temas contemporâneos e conteúdos disciplinares;
Refletir sobre o empreendedorismo social e a ação do assistente social;
Refletir sobre os aspectos dos regimes ditatoriais e democráticos na construção das Políticas Sociais;
Refletir sobre a nova ordem social estabelecida pelo paradigma moderno;
	
	Conteúdo Programático:
	
	A disciplina contará com este desenvolvimento de trabalho:
Webaula 1
Unidade 1: EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Unidade 2: A PROTEÇÃO SOCIAL E OS REGIMES DE GOVERNOS
Unidade 3: UMA REFLEXÃO SOBRE A NOVA ORDEM SOCIAL ESTABELECIDA PELO PARADIGMA MODERNO
Unidade 4: RELAÇÃO DE GÊNERO
Webaula 2
Unidade 1: A CONFIGURAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS E SEUS DESDOBRAMENTOS SOBRE AS ATUAIS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL
Unidade 2: A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL
Unidade 3: DESAFIOS PARA O ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES SOCIAIS NO MUNDO CAPITALISTA
Unidade 4: POLÍTICA SOCIAL E DESENVOLVIMENTO NO MUNDO CAPITALISTA
	
	Metodologia:
	
	
	Os conteúdos programáticos ofertados nessa disciplina serão desenvolvidos por meio das Tele-Aulas de forma expositiva e interativa (chat - tira dúvidas em tempo real), Aula Atividade por Chat para aprofundamento e reflexão e Webaulas que estarão disponíveis no Ambiente Colaborar, compostas de conteúdos de aprofundamento, reflexão e atividades de aplicação dos conteúdos e avaliação. Serão também realizadas atividades de acompanhamento tutorial, participação em Fórum, atividades práticas e estudos independentes (auto estudo) além do Material do Impresso por disciplina.
	
	
	Avaliação Prevista:
	
	
	Ao final, será realizada avaliação através de 10 questões objetivas.
	
WEBAULA 1
Unidade 1 - Empreendedorismo Social
O PROFISSIONAL E AS NOVAS PRÁTICAS
O meu objetivo, enquanto sociólogo, não é falar dos problemas como uma questão histórica apenas e nem resolvê-lo, mas mostrar alternativas e as novas tendências. As questões sociais estão presentes. Todos são conhecedores da realidade social compreendidas nos fatos históricos e na complexidade da vida social.
Se as mudanças ocorridas no mundo do trabalho incidem diretamente nos rumos deste profissional, o “Assistente Social”, reproduzindo-se como trabalho especializado na sociedade por atender as necessidades sociais e por reproduzir e redistribuir valores. Cabe aqui uma reflexão sobre as novas tendências e os novos rumos a serem seguidos. A partir deste contexto, faz parte do objetivo moldar o profissional e torná-lo conhecedor das novas práticas, com intuito de enriquecer seus conhecimentos e suas ações.
Sabemos que o desequilíbrio entre as classes tem comprometido as melhorias duradouras na qualidade de vida das pessoas.
Uma nova modalidade de empreendedores que têm se destacado são os “empreendedores sociais”. Não possuem como objetivo maior o resultado financeiro, mas a contribuição do valor social agregado para a comunidade. Os empreendedores sociais geram ações para atender uma lacuna descoberta de serviços na sociedade, além de gerar milhões de empregos por meio de entidades sociais que criam ou nas quais trabalham.
Em geral, enquanto os demais empreendedores atuam no primeiro setor (governo – segmento público) e no segundo setor (privado – segmento empresarial visando o lucro), o empreendedor social atua no terceiro setor (organizações sem fins lucrativos e não governamentais oriundas das lacunas da sociedade). Esse setor surgiu das ações privadas que começaram a ajudar nas questões sociais, incorporando parcialmente o papel do Estado. O terceiro setor tem como principal objetivo promover a melhoria social da população que, de uma forma geral, fica marginalizada dos processos sociais, culturais, econômicos e de saúde. (TAJRA; SANTOS, 2009).
	PARA REFLETIR (POSTAR SUA OPINIÃO NO FÓRUM)
Há muito se sabe que é próprio do capitalismo dividir, marginalizar e excluir (Limoeiro-Cardoso, 1999, p. 110).
UM ASSISTENTE SOCIAL DEVE SER UM EMPREENDEDOR SOCIAL E BUSCAR UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL?
EMPREENDEDOR SOCIAL
O que é Empreendedor Social?
É um "indivíduo com experiência na área social, desenvolvimento comunitário ou de negócios, que persegue uma visão de empoderamento econômico através da criação de empreendimentos sociais voltados para prover oportunidades àqueles que estão à margem ou fora da economia de um país".
Quem são aqueles que estão à margem ou fora da economia de um país? Os excluídos.
A ideia de exclusão1 social foi adotada pelos políticos, mas foi introduzida inicialmente por autores da sociologia para se referirem às novas fontes de desigualdades.  Embora tenha quase o mesmo significado, o conceito de exclusão é mais amplo do que o conceito de classe baixa.
São várias as exclusões que podemos relacionar: Exclusão econômica, exclusão política, exclusão social, etc.
Exclusão social: Se há uma exclusão social, significa que alguém ou algo está sendo alijado por outro, principalmente pelos nossos representantes.
INSERIR COMENTÁRIO NO FÓRUM SOBRE A CHARGE E OS ESTUDOS DESTA UNIDADE
AS QUESTÕES SOCIAIS
Todo processo de mudança cria instabilidade, gerada pelo receio do desconhecido e das suas consequências. Muitas pessoas são resistentes à mudança.
Por quê? Muito provavelmente porque mudar dá trabalho, causa estresse, nos obriga a arriscar, a nos expor perante nosso grupo e, principalmente, porque pode dar errado.
AQUI ENTRA EM AÇÃO
O EMPREENDEDOR SOCIAL
[1] SAIBA MAIS SOBRE EXCLUSÃO: Acesse o link: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222001000200008&lng=pt&nrm=iso >, Tema: Dinâmica do capitalismo: polarização e exclusão.
Uma sociedade sustentável busca soluções sempre na visão do bem comum
	SAIBA MAIS SOBRE SUSTENTABILIDADE: ACESSE O LINK:
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SOBRE EMPREENDEDOR SOCIAL – Acesse o link:
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ECONOMIA SOLIDÁRIA E AUTOGESTÃO: A CRIAÇÃO E RECRIAÇÃO DE TRABALHO E RENDA
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A SEGUIR, AS DIFERENÇAS ENTRE O EMPREENDEDOR EMPRESARIAL E O SOCIAL
	EMPREENDEDOR EMPRESARIAL
	EMPREENDEDOR SOCIAL
	É individual
	É coletivo
	Produz bens e serviço
	Produz bens e serviços à comunidade
	Tem foco no mercado
	Tem foco na busca de soluções para os problemas sociais
	Sua medida de desempenho é o lucro
	Sua medidade desempenho é o impacto social
	Visa satisfazer necessidades do cliente e ampliar as potencialidades dos negócios
	Visa respeitar pessoas da situação de risco social e a promovê-las
Fonte: OLIVEIRA, (2009, p. 6)
ANTES DE SER UM EMPREENDEDOR SOCIAL,
TEMOS QUE SER UM EMPREENDEDOR DE NOSSA PRÓPRIA VIDA.
Como posso ser um empreendedor 
de minha vida e de negócios com sucesso?
Imagine que a vida é um papel em branco. Cada momento vivido deixa uma marca nesse papel. É uma história sendo escrita. Uma biografia.
A nossa vida é como uma novela: são vários os capítulos. E sabe quem as escreve? Você mesmo (a).  Nós escolhemos o rumo que devemos dar à nossa vida. Neste percurso, encontramos vários inimigos, mas o mais terrível de todos é o “medo”, o medo de agir, de errar, de escolher mal e de sofrer consequências irreversíveis.
A dúvida, a falta de experiência muitas vezes nos coloca em caminhos cujos problemas se multiplicam.
Agora, imagine se você pudesse ler o capítulo final antes de saber toda a história. Se esse capítulo fosse de acordo com os seus sonhos, você poderia saborear a história sem receio e sem restrições. Mas isso é impossível. Se assim fosse, também toda a sua criatividade seria nula, você seria conduzido por uma única linha de pensamento, você não teria o prazer de escrever a sua própria história, não teria escolha e a sua liberdade seria delineada por um caminho pré-estabelecido.
Agora, tendo a possibilidade de você escrever a sua própria história, a probabilidade de enriquecer os capítulos de sua vida são maiores e mais emocionantes.
A pergunta que se faz não é: Qual é o final da sua história? Mas, esta: Que história você quer deixar? Nessa perspectiva, demonstra a liberdade de escrevê-la da forma como melhor se adaptar ou lhe aprouver. A única maneira de escrever a sua história é se ausentando do passado e do futuro e se estabelecendo no presente. O momento presente é o único caminho para construir o futuro.  Há pessoas que ficam presas no passado ou vivem constantemente no futuro, mas ambos os lados não existem hoje. Um já se foi e outro não existe, e quando chegar, tão logo se tornará “presente” e este presente que está ainda no futuro só se tornará realizável se construí-lo aqui e agora.
Leia o texto: “Um pescaria inesquecível” em anexo.
Importante para entender a questão 
da ética e a forma de como empreender uma vida.
Deposite seu comentário no FÓRUM.
A SUA DECISÃO TEM DE SER AGORA
Todo e qualquer profissional está sempre se deparando com tomadas de decisões importantes – somente quem é um empreendedor de sua vida poderá adquirir estrutura profissional e empreender outras vidas.
...
	PARA REFLETIR
Pense um pouco!
Você sabe exatamente aonde quer chegar?
Você sabe o que precisa acrescentar para chegar lá?
FAÇA UM COMENTÁRIO NO FÓRUM COM RELAÇÃO A ESTAS QUESTÕES COMPARANDO COM O VÍDEO: O VOO DA ÁGUIA.
A vida não é feita de ilusão e sim de atitudes
“Uma vida de sucesso não é para qualquer um, mas para qualquer um que não faz dela uma vida de ilusão”. Sergio Goes.
VISÃO SISTÊMICA
A visão sistêmica nada mais é do que perceber o movimento integrado entre o ambiente, nossas decisões e nosso futuro.
Para escrevermos a nossa própria história devemos utilizar com sabedoria a visão sistêmica. Como?
Temos a tendência de focarmos no problema presente e quase sempre a aflição influencia nas decisões. Contrariando esta atitude, devemos ter uma visão de conjunto de ações para chegarmos a um desfecho eficiente e concreto.
Como gerar soluções eficazes?
Não há como resolver um problema vivendo no mesmo ambiente mental que o gerou.
É necessário rever o processo todo, e determinar novas atitudes a partir da identificação da decisão que nos levou àquele resultado indesejado.
Pensar em sistemas e não em fases é uma maneira completa de corrigir rumos e planejar o sucesso
Se ficarmos olhando para uma fase específica de nossa vida ou apenas nos entregarmos a uma fase difícil, certamente não teremos a percepção de um sistema dinâmico que conduz a nossa própria existência. A nossa vida não se resume em um único momento, mas no conjunto de erros e acertos.
“A tendência do ser humano é esperar soluções do governo, do mercado, das instituições, da família, quando cabem a nós mesmos essas soluções”.
Temos que construir e dar estruturas básicas aos nossos empreendimentos. Um empreendedor, embora de forma calculada, deve ter ousadia e visão de futuro. Investir na sua história é investir na sua própria vida, e assim estará apto a investir e empreender outras vidas.
	PARA REFLETIR
1. EXERCÍCIO DE AUTOAVALIAÇÃO
Teste para saber se é um bom empreendedor:
A) .
B) - (SEBRAE).
2. EMPREENDEDOR SOCIAL E CORPORATIVO
.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TAJRA, Sanmya Feitosa; SANTOS, Felipe Tajra. Empreendedorismo: questões na área da saúde, social, empresarial e educacional. 1º. ed. São Paulo: Erica, 2009.
OLIVEIRA, Edson Marques. Empreendedorismo Social no Brasil: Atual configuração, Perspectivas e Desafios – Notas Introdutórias, Disponível em: < http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/art_cie/art_15.pdf >Acesso em 01.12.2009.
Unidade 2 -  A Proteção Social e os Regimes de Governos
REFLEXÕES
Desta forma, compreender a trajetória da proteção social no Brasil como conjunto em movimento e suas implicações requer situar o contexto econômico político e social vivido em país ao longo do século XX.
Refletindo sobre esse processo, podemos afirmar que o fato da abolição tardia do trabalho escravo, a não utilização da mão de obra negra liberta para constituição de seu mercado de trabalho livre e a grande disponibilidade de mão de obra proveniente dos europeus imigrantes garantiram impulso à industrialização e ao desenvolvimento social.
Fica claro também que a regulação social promovida por Vargas em meados da década de 1940 consolidou uma dinâmica da questão social que somente ganhará novos contornos na Constituição de 1988. Esse fato se evidencia pela análise da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sob olhar daquela conjuntura. Significou uma mudança radical das condições do mercado nacional de trabalho e da questão social.
Vamos acessar o vídeo: Brasil Colônia, por Boris Fausto – parte: 1
Como vocês puderam perceber pela explicação do Prof. Fausto, apesar do nosso país, naquele período, se manter predominantemente agrícola, os direitos propostos para o trabalho permaneceram muito distantes, quase uma utopia para a população da época, apesar do caráter protecionista que o Estado assumiu.
É importante lembrar-lhes que apesar da concretização da legislação naquele período, o Estado autoritário não permitiu que a organização e a ação dos trabalhadores tornassem efetivas e extensas aquela base de direitos, ou seja, fizesse a proteção social chegar até a maioria da população.
Podemos afirmar, sem medo de errar, que os regimes autoritários referendados politicamente garantem o caráter limitado da proteção social, fato observado também no período de 1964 com a instituição da reforma nas relações de trabalho, caracterizada principalmente pelo fim do regime de estabilidade no emprego, e pela introdução no Fundo de Garantia por tempo de serviço (FGTS), além da repressão violenta à ação e organização sindical. Assim, mais uma vez se adiava a solução da questão social.
Do ideal idealizado à realidade...
A história brasileira das conquistas sociais é marcada em sua trajetória por saltos qualitativos, mas também por anos de retrocesso. Nesse contexto, os temas sociais presentes na Constituição logo encontraram sistemática oposição da ala mais conservadora sob alegação de que os instrumentos institucionais existentes até então são seriam suficientes para consolidar o desenvolvimento econômico do país.
A década de 1990 pode ser apontada como parte do movimento de retração das conquistas coletivas, no qual há uma campanha conservadora de valorização da modernização do país, com uma menor presença do Estado e com umamaior exposição no mercado internacional.
Segundo o Prof. de economia da Unicamp, Cláudio Salvadori Dedeca:
Um dos principais pontos da posição conservadora era que o protecionismo havia criado duas classes de cidadãos. Uma que se privilegiava, da política social existente, caricaturizada pelos trabalhadores do setor estatal e das grandes empresas, e uma completamente desprovida dos benefícios dessa política, a qual era chamada de descamisados. Completando, argumentava que a situação de privilégio ocorria graças à falta de proteção aos descamisados. (p.5).
Qual a importância desse processo?
Como é do conhecimento da grande maioria dos estudantes brasileiros de diversas áreas e também de grande parcela da população que se mantém informada sobre temas relacionados, no Brasil, historicamente, os direitos sociais foram regulamentados por governos ditatoriais que, de forma onipotente, determinava a seu “bel entendimento” os interesses públicos de modo geral, sejam econômicos, políticos e sociais.
Unidade 3 - Uma Reflexão Sobre a Nova Ordem Social Estabelecida pelo Paradigma Moderno
REFLEXÕES
Vamos começar dizendo que a Modernidade teve seu início no século XVI d. C. Esse período foi marcado por grandes mudanças provocadas pelos pensadores e, também, por um grupo de pessoas que não tinham respaldo acadêmico, ou seja, não tinham apoio das universidades, que por sua vez eram, digamos assim, mantidas pela Igreja, mas que viviam inquietos e insatisfeitos pelas limitações que lhes eram impostas pelos conhecimentos constituídos e disseminados pela Igreja. Eram homens de mentalidade prática, grandes construtores de navios e exploradores do desconhecido ou, numa palavra, eram EMPREENDEDORES. A motivação desses homens estava no desejo de conhecer novas terras, em descobrir novos continentes e transformar a própria existência. A motivação dessas pessoas estava na busca do NOVO! Eles não eram acomodados e viviam intensamente!
O desejo de busca fez com que tanto técnicos navegantes (como eram conhecidos) quanto pesquisadores acadêmicos mudassem profundamente a visão de mundo desde a antiguidade clássica porque ousaram romper com o paradigma de conhecimento instituído pela Idade Média.
Quais foram essas mudanças, afinal? Vamos relembrar: a Idade Média foi marcada pela visão de mundo teocêntrica. Isso quer dizer que Deus figurava no centro no mundo, do universo e da vida das pessoas. As verdades eram apenas aquelas reveladas, ou seja, o homem conhecia apenas aquilo ou aquelas coisas determinadas por Deus através da Igreja. Era um mundo completamente religioso, mas não era um verdadeiro paraíso! Como se tratava de uma sociedade estamental – clérigos, nobres e servos – ou de um sistema tripartido, a vida não era boa para os servos e havia exploração do trabalho. A sociedade estava dividida em três categorias: “os que oravam, os que guerreavam e os que trabalhavam”. Mas vale lembrar que essa ideia é apenas uma representação. Afinal, entre os clérigos e servos havia uma multidão de pessoas como, por exemplo, as mulheres, os mendigos e outros. Mas, fiquemos por aqui com essa informação.
Pois bem!
Essa organização social foi transformada, aos poucos, quando se mostrou insuficiente em todos os setores sociais. Essa transformação foi pontuada pela insuficiência do modelo de conhecimento determinado pela racionalidade religiosa, ou filosoficamente, pela racionalidade metafísica. Ou seja, aquele conhecimento que busca o princípio e as primeiras causas. Galileu Galilei foi o primeiro a perceber que os sentidos são capazes e suficientes para alcançar o conhecimento seguro. Em seguida, o filósofo René Descartes elaborou um método para que com ele a razão pudesse alcançar as verdades com segurança, distinção e clareza. Pronto! Estava inaugurado o método cartesiano. Esse método implicava na fragmentação do todo. Isso significa que, para Descartes (e nós aprendemos com ele) só podemos conhecer as partes para depois conhecer o todo. A corrente filosófica inaugurada por Descartes é o Racionalismo. Essa corrente filosófica institui a ideia de que podemos conhecer de forma racional. Ou ainda, podemos dizer que para Descartes a existência do homem está garantida pela razão. Tanto é assim que a frase mais famosa dele é: “Penso! Logo existo”. Com isso, ele separou corpo e mente. Isso quer dizer que a partir do Racionalismo ou do pensamento que influenciou profundamente a idade moderna, as propriedades corporais foram desvalorizadas.  O prazer, a alegria, a tristeza foram desvalorizados.
Com a fragmentação do pensamento, veio a fragmentação do tempo. E com essa fragmentação inventou-se o relógio, houve uma reconceituação do trabalho. Instituiu-se, enfim, uma nova ordem social.
A ascensão da burguesia e o novo modo de produção – o capitalismo – provocaram a invenção das máquinas. Com isso, o início da industrialização a vida das pessoas mudou. Mudou muito!
A máquina, que chegou para facilitar a vida do trabalhador, dando-lhe mais tempo para o lazer, passou a acelerar as tarefas e a vida! O mundo, e com ele a vida, passou a ter um ritmo: o tique-taque do relógio!
O próprio Descartes, homem racionalista, comparou o homem saudável ao relógio perfeito. Ele queria dizer que um ser humano perfeito e saudável era como um relógio que funcionava perfeitamente. No entanto, um ser humano com alguma deficiência física ou doente era como um relógio com defeito e, portanto, deveria ser descartado. Era a exclusão social se fazendo presente na Idade Moderna! E nós herdamos todos os benefícios e todos os malefícios desse período.
Na atualidade, a vida e todos os nossos afazeres estão marcados pela pressa que nos impulsiona à busca de mais... mais! Está marcada pela exclusão social dentre tantas outras exclusões. O pensamento Cartesiano fragmentou ou separou as relações e o ritmo das máquinas, que impulsionaram a industrialização e consolidou o capitalismo, passou a ditar uma nova ordem social.
Unidade 4 - Relações de Gêneros
Relações de Gênero
Olá pessoal! Nesse momento, vamos falar de um assunto bem interessante, as relações de gênero.
Você sabia que o conceito de gênero introduz-se nos meios acadêmicos do Brasil no fim da década de 80, com o artigo de Joan Scott intitulado “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”? Neste período, as áreas de estudos sobre a mulher passavam por um momento difícil para impor à academia seu espaço e sua legitimidade. Todo este processo não impediu que os estudos de Scott se difundissem rapidamente na década de 90, quando se utilizou gênero como categoria analítica.
Estas proposições teóricas permitiram a distinção entre as dimensões biológicas e sociais, desconstruindo a relação que até então se fazia entre as mulheres e a natureza. Isto possibilitou compreender o determinismo biológico implícito no uso de termos como sexo ou diferença sexual, e desvendar as construções sociais dos papéis masculino e feminino nas sociedades.
Nesta mesma linha de pensamento, Bourdieu (1998,p.24) afirma: “[...] as diferenças visíveis entre os órgãos sexuais masculino e feminino são uma construção social que encontra seu princípio nos princípios de divisão da razão androcêntrica, ela própria fundamentada na divisão dos estatutos sociais atribuídos ao homem e à mulher”.
E o autor complementa:
O paradoxo está no fato de que são as diferenças visíveis entre o corpo feminino e o corpo masculino que, sendo percebidas e construídas segundo os esquemas práticos da visão androcêntrica, tornam-se o penhor mais perfeitamente indiscutível de significações e valores que estão de acordo com os princípios desta visão: não é o falo (ou a falta de) que é o fundamento dessa visão de mundo, e sim é essa visão de mundo que, estando organizada segundo a divisão em gêneros relacionais, masculino e feminino, pode instituir o falo, constituído em símbolo da virilidade, de ponto de honra caracteristicamente masculino; e instituir a diferença entre os corpos biológicos em fundamentos objetivos da diferençaentre os sexos, no sentido de gêneros construídos como duas essenciais sociais hierarquizadas (BOURDIEU,1998,p.33).
A respeito da construção social que se faz sobre as diferenças sexuais, Carvalho (1998, p.401) assim expressa:
É o gênero - o constructo social de significados a partir da diferença sexual percebida - que fundamenta a percepção do corpo e dos processos corporais ligados à reprodução e à sexualidade, os significados a eles atribuídos na determinação do caráter dos indivíduos e sua relação com os conceitos de masculinidade e feminilidade.
Assim, compreende-se que há uma naturalização dos processos socioculturais de discriminação contra a mulher. Este fato acaba constituindo-se num caminho para legitimação da “superioridade” dos homens (SAFFIOTI,1987,p.11).
Sobre a naturalização desses processos sociais, Bourdieu (1998,p.17) afirma:
O mundo social e suas arbitrárias divisões, a começar pela divisão socialmente construída entre os sexos, como naturais, evidentes, e adquire, assim, todo um reconhecimento de legitimação. É por não perceberem os mecanismos profundos, tais como os que fundamentam a concordância entre as estruturas cognitivas e as estruturas sociais, e, por tal, a experiência dóxica do mundo social (por exemplo, em nossas sociedades, a lógica reprodutora do sistema educacional), que pensadores de linhas filosóficas muito diferentes podem imputar todos os efeitos simbólicos de legitimação (ou de sociodicéia) a fatores que decorrem da ordem da representação mais ou menos conscientes e intencionais (“ideologia”, “discurso” etc.).
A categoria gênero permitiu desconstruir a naturalização desses processos, explicando as desigualdades persistentes, possibilitando identificar os mecanismos de subordinação das mulheres pelos homens.
Pode-se compreender que as características de gênero são produções socioculturais que variam através da história e referem-se aos traços psicológicos e culturais que a sociedade atribui a cada um, a partir do que considera “masculino” e “feminino”. Porém, como se constituiu a identidade com base no feminino e no masculino?
Há um processo social que ensina as crianças a serem homens e mulheres. Existe uma série de valores que são passados consciente e inconscientemente para que o homem e a mulher assumam papéis e identidades, construindo seu caráter com base nesses padrões que a cultura alimenta.
A influência familiar tem um impacto decisivo no processo de socialização, levando a criança a assimilar modelos sociais e sexuais de acordo com o contexto sócio e cultural a qual pertence. Nas experiências vividas a partir do nascimento, a família e os grupos sociais da criança se posicionarão e serão emissores de um discurso cultural; sistema de significações que estabelecerá o que é ser masculino e feminino. 
Este processo de inscrição psíquica começa desde o nascimento e forma parte da estruturação do “eu”.
Retomando o núcleo essencial da definição de Scott, a segunda proposição teórica da autora é: “Como constitutivo das relações sociais, o gênero é um primeiro modo de dar significados às relações de poder.” (1989, p.14).
Para Scott (1989, p.16):
[...] o gênero é um campo primeiro no seio do qual ou por meio do qual o poder é articulado. O gênero não é o único campo, mas ele parece ter constituído um meio persistente e recorrente de tornar eficaz a significação do poder no ocidente, nas tradições judaicas - cristãs e islâmicas.
A autora acima sugere que a dimensão simbólica do gênero e seu papel na constituição das linguagens e na construção de significados seriam a chave para o estabelecimento de pontes entre o indivíduo a sociedade e as relações de poder. Scott (1989, p.10) acrescenta que há uma associação persistente da masculinidade com o poder e há o fato de que os valores mais altos estão mais investidos na virilidade do que na feminilidade. A autora menciona, também, o fato de que as crianças aprendem essas associações e avaliações mesmo quando vivem fora de lares nucleares ou dentro de lares onde o marido e a mulher dividem as tarefas parentais. A autora completa, afirmando:
Eu acho que não podemos fazer isso sem dar certa atenção aos sistemas de significados, isto é, as maneiras como as sociedades representam o gênero, o utilizam para articular regras de relações sociais ou para construir o sentido da experiência. Sem o sentido, não tem experiência; e sem processo de significação, não tem sentido (1989, p.10).
As normas e as ideologias de determinadas sociedades e culturas se utilizaram das diferenças sexuais para a organização dos espaços sociais. Em cada momento histórico descrito pelos autores citados, demonstrou-se que a polarização das identidades masculina e feminina, articulada com a diferença entre público e doméstico, acompanhado pela emergência do capitalismo, levou a hierarquia de papéis e espaços para homens e mulheres. Para Izquierdo (1990, p.04), o modo masculino que contribui para a produção da existência é diferente do feminino. Além disso, as atividades masculinas produtoras da existência estão embricadas nos espaços distintos das femininas. Para a autora, deste ponto de vista resultam duas esferas: a esfera da sobrevivência (doméstica) e a esfera da transcendência (pública). “As duas esferas em que se dividem a existência têm um significado de gênero, uma masculina e a outra feminina, sendo correspondente a cada uma delas cada um dos sexos”. (1990, p.05). Izquierdo complementa:
O sistema sexo/gênero é também um sistema de hierarquias, já que o masculino não é unicamente diferente do feminino, mas que também é superior. Como todo sistema hierárquico dá lugar a relações de poder entre os dois termos antagônicos, as mulheres e os homens. Se o poder faz possível a ordenação da existência em função do masculino, a hegemonia se traduz em um consenso generalizado a respeito da importância e supremacia da esfera masculina (1990, p.05).
As desigualdades de gênero, articuladas com a oposição entre público e privado, possibilitaram a legitimação da superioridade masculina em detrimento da feminina.
Socialmente construído, o gênero corporifica a sexualidade, que é exercida como uma forma de poder. A heterossexualidade coloca como requisito categorias, com uma vertente dominante e outra dominada. A sexualidade é, portanto, o ponto de apoio da desigualdade de gênero. Bourdieu chama a atenção para a construção simbólica da visão do corpo biológico e, em particular, do ato sexual concebido como ato de dominação, de posse.
 A violência masculina contra mulheres ilustra uma das legitimações sociais da força da dominação dos homens em sociedades sob relações desiguais de gênero.
Nesses termos, a leitura de gênero traz a proposta da supremacia dos homens, responsável pela legitimação da violência perpetrada contra as mulheres.
A identidade e as relações de gênero são determinadas pela história, pela sociedade e pela cultura e sofrem transformações ao longo de um processo histórico. No entanto, a transformação do ser humano não ocorre sem a ruptura de determinados papéis representados socialmente. Não se trata de pensar uma nova educação fora do gênero, mas fora da matriz dominante, adotando-se uma matriz alternativa que rompa com os papéis tradicionais. Considerando-se que os papéis sociais são determinados pela história, pela sociedade e pela cultura, os padrões de gênero dominante podem ser modificados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORDIEU, P. A dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1998.CARVALHO, Marília Pinto de.  Gênero e trabalho docente: em busca de um referencial teórico.  In: BRUSCHINI, Cristina( Org).  Horizontes e Plurais: novos estudos de gênero no Brasil.  São Paulo:  Ed.34, 1998, p.379-407.
CARVALHO, Marília Pinto de.  Gênero e trabalho docente: em busca de um referencial teórico.  In: BRUSCHINI, Cristina( Org).  Horizontes e Plurais: novos estudos de gênero no Brasil.  São Paulo:  Ed.34, 1998, p.379-407.
_______________.No coração da sala de aula: gênero e trabalho docente nas séries iniciais. São Paulo: Xamã, 1999.
SAFFIOTI, H.  O poder do macho.  9.ed.  São Paulo: Moderna, 1987.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade.  Porto Alegre, nº16, v.2,p.5-22, julho/dezembro, 1990.
WEBAULA 2
Unidade 1 - A Configuração das Políticas Sociais Brasileiras e seus Desdobramentos sobre as Atuais Expressões da Questão Social.1
VAMOS REFLETIR?
É importante relembrar o conteúdo ministrado até o momento, adicione a isto suas reflexões sobre os contornos da questão social.
Como se apresenta as expressões da questão social em meu território? Há maiores incidências de pessoas em situação de miséria? As expressões ligadas à saúde estão sendo tratadas de acordo com suas exigências? A previdência social tem conseguido dar conta de seus seguros e transmitir o mínimo de satisfação? Pense sobre as instabilidades vivenciadas pela população do município onde reside.
O tema “Políticas Sociais” é complexo e permeado por ideologias distintas que podem configurá-las ou defini-las de acordo com a interpretação de visão de mundo. Partimos do entendimento de que as Políticas Sociais são respostas do Estado diante da contradição entre o capital e o trabalho, cunhada por disputas de força envolvendo a classe trabalhadora e a burguesia, de onde assume papeis contraditórios, ora servindo ao capital para manutenção da reprodução das relações sociais, ora servindo ao trabalhador como meio de ampliação e conquistas de direitos, no entanto, é importante ressaltar que ela está no meio de um conflito de classe e seus contornos podem representar rompimento ou manutenção das relações sociais do capitalismo, em menor ou maior grau.
No Brasil os contornos das políticas sociais assumem relevância após a década de 1930, entrando nos governos militares, nos quais se adensa e moderniza com características tecnocráticas, até se consolidar largamente na Constituição Federal de 1988 - CF 1988.
Leia o PREÂMBULO da Constituição Federal de 1988 e o Art. 6, referente aos Direitos Sociais, no LINK .
Em decorrência desta Carta Magna, o Estado Brasileiro retira dela todos os seus princípios e diretrizes para formulações de suas Políticas Sociais, detalhando-as em suas Leis específicas.
É sabido que junto ao processo de consolidação das políticas sociais brasileira há a incidência do projeto neoliberal no final da década de 1980. Tal aspecto afronta as conquistas adquiridas junto às políticas sociais e coloca em xeque o incipiente estado de bem estar social brasileiro.
Neste caminho, os direitos assegurados pela CF 1988 cedem espaço para o discurso de contenção de gastos, adotando por meio de posturas de desresponsabilização, pela negativa dos direitos adquiridos.
No entanto, apesar desta contraposição do Estado, as políticas sociais estão no centro de um conflito de classe, onde vislumbramos conquistas e desafios, necessitando de uma contínua reflexão de seus agentes.
Abordamos aqui, a exemplo de ilustração, alguns aspectos de duas políticas sociais em execução no Estado brasileiro, a política de saúde e a política de assistência social.
No campo da saúde, temos a configuração do Sistema Único de Saúde - SUS, conquistado com um amplo processo de luta expressado pelo Movimento da Reforma Sanitária. No 32º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), realizado em outubro de 2008, Menicucci (2009) afirma que há conquistas e desafios para a gestão deste sistema.
Junto às conquistas sinaliza a ampla cobertura da população que atualmente chega a atingir ¾ do total. Há também esforços para reverter à visão “hospitalocêntrica”, visão esta onde há a convergência para ramos mais especializados da saúde pública em detrimento de um trabalho promocional e de prevenção. A autora afirma que tal característica pode ser comprovada através da criação do Programa Saúde da Família. Verifica-se também que a saúde bucal tem um salto no número de equipes à disposição da população elevando este tipo de cobertura.
No entanto, afirma que muitos são os desafios para que este sistema alcance seus objetivos, entre eles, elevação do financiamento, de forma a alcançar uma universalização verdadeira e não apenas legal. Esta decisão exige quebra de barreiras políticas para um maior financiamento a saúde.
Há que se superar a concepção de um SUS precário, destinado para as pessoas pobres. Esta corrente se faz presente na sociedade, devendo ser superada a luz da incidência da universalização do acesso e a elevação dos serviços em quantidade e qualidade.
Mesmo que o sistema de saúde do Brasil se manifeste híbrido, com iniciativas públicas e privadas, este deve ser entendido enquanto serviços de relevância pública, seja pela elevação dos serviços estatais ou pela priorização do interesse público em detrimento do poder econômico. Estes são alguns dos muitos desafios a serem construídos na luta por uma Política de Saúde.
Para saber mais acesse:
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Assista também ao vídeo:
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Já ao tomarmos como foco a Política de Assistência Social, entendemos que esta é consolidada como Política Pública através da CF de 1988 e regulamentada na Lei 8.742/1993 – Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Compreendemos que há nesta um salto qualitativo, visto que historicamente ela não era concebida enquanto direito, ficando suas responsabilidades a deriva das vontades políticas e da iniciativa privada.
Lopes (2006), ressalta que mesmo após a vigência da LOAS, esta continuou a ser negada pelo Estado, em razão da corrente neoliberal. Afirma que na esfera federal havia uma excessiva burocracia, desrespeito ao comando único e as deliberações das conferências, inexpressivo financiamento, fragmentação de serviços e benefícios, entre outros aspectos.
O Sistema Único de Assistência Social – SUAS, reivindicado junto as suas Conferências é atualmente uma realidade, sendo fruto de um amplo debate e movimentação de trabalhadores, intelectuais e usuários. Este sistema tem na LOAS, na Política Nacional de Assistência Social (2004) e nas Normas Operacionais Básicas seus principais instrumentos de baliza. É inegável o salto desta política em contraposição a histórica recusa governamental de entendê-la enquanto direito, no entanto, há ainda muitos desafios.
Lopes (2006) ressalta que já é possível contabilizar a queda nos níveis de extrema pobreza da população, sendo que até aquele momento registrava que cerca de três milhões haviam saído da condição de pobreza absoluta. Yazbek (2008) destaca que apesar dos inegáveis avanços junto a esta política, ainda constata-se práticas assistencialistas e clientelistas, fugindo a um caráter técnico profissional, sendo este um dos grandes desafios desta política.
A autora afirma ainda que outro grande desafio do SUAS é que a assistência social seja encarada como uma questão de prioridade política na defesa dos interesses de seu público, fato este que deve tomar a forma de consciência política por todos os envolvidos na luta por esta efetivação.
Disto podemos absorver que ao colocar a política de assistência social como canal de efetivação dos reais interesses e necessidades de seu público alvo, seus entraves técnicos na busca de sua realização devem ser derruídos.
Assim, desafios na implementação desta política conforme justifica Lopes (2006), como a concretude de co-financiamento da política nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal), apropriação e qualificação da gestão da assistência social por todos os municípios, ampliação e participação nas instâncias de controle social, devem ser superados.
Resta aqui salientar que as observações levantadas refletem apenas alguns aspectos das particularidades das políticas sociais na contemporaneidade, sendo esta uma tarefa difícil e imperiosa, que solicita uma reflexão contínua no exercício de seus agentes.
Para saber mais acesse o link: .
Páginas 94 a 96.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição Federal (1988).Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988
BRASIL. CapacitaSuas Volume 1 (2008). SUAS: Configurando os Eixos de Mudança/ Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome, Instituto de Estudos Especiais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – 1ed.- Brasília: MDS 2008.
BRASIL. Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS – 8.742 de 07 12 de 1993.
LOPES. Maria Helena Carvalho. O tempo do SUAS. Serviço Social & Sociedade n° 87. São Paulo: Cortez, 2006.
MENICUCCI. Telma Maria Gonçalves. O Sistema Único de Saúde, 20 anos: balanço e perspectivas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(7):1620-1625, jul, 2009
Unidade 2 - A atuação do Assistente Social Frente às Expressões da Questão Social1
Este é mais um momento de encontro, onde poderá aprofundar seu conhecimento acerca da profissão, bem como somar elementos para sua compreensão e visão de homem e de mundo, além de agregar fundamentos para a construção do referencial teórico-metodológico.
O semestre já está se passando e com ele muitas reflexões surgiram, muitas idéias e conhecimentos foram lançados, oportunizando a você a ampliação dos seus conhecimentos.
Uma análise crítica da sociedade se faz necessário uma vez que a compreensão do homem, da sociedade e das relações nele estabelecidas deve ser uma constante já que seus elementos constitutivos não se bastam, não se explicam e não se encerram apenas com elementos do senso comum. A análise profissional da sociedade e campo de atuação deve ser por demais fundamentadas.
E ao longo deste semestre todas as disciplinas contribuíram para que você pudesse articular e reconhecer a real necessidade de uma boa fundamentação, uma vez que as questões sociais não aparecem do dia para a noite, as contradições sociais e seus problemas possuem uma raiz e uma causa.
Espero que ao longo da web aula você seja capaz de estabelecer esta linha de raciocínio: a real necessidade da compreensão das teorias, políticas e ações de enfrentamento da questão social. Sendo o assistente social um dos profissionais que atua no seu enfrentamento, fomentando ações que visem a minimização e/ou erradicação dos problemas sociais.
Longe de ser um profissional com uma prática assistencialista/ clientelista, deve ficar claro que o serviço social é uma profissão que atua no campo das políticas sociais, entre essas, a da Assistência Social. Opondo-se ao assistencialismo através de uma prática que visa à expansão dos direitos e a emancipação da sociedade.
Vamos lá? Mãos à obra...
De início já o convido para a leitura deste texto, pois nele encontraremos a fala de profissionais que já atuam na área e a maneira como elas compreendem a Questão Social, boa leitura.
“Questão Social” e sua Apropriação pelos Assistentes Sociais
Rosemari Taborda Weidauer
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O assistente social, enquanto profissional inserido na divisão social e técnica do trabalho, ao longo das décadas, vem vivenciando as mudanças sociais, históricas e econômicas de nossa sociedade, atuando junto as contradições e antagonismos próprios do sistema capitalista de produção, o processo crescente de exclusão e pauperização.
Desta maneira, o serviço social vai se adequando no processo histórico às novas formas de exclusão de pauperização e de mudanças ocorridas na sociedade no que tange as questões sociais e suas diversas expressões, com vistas a atuar no seu enfrentamento.
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As novas formas de enfrentamento exigem, do profissional, novas formas de olhar e analisar a realidade. Os novos problemas exigem novas soluções. É importante entendermos a história para que possamos atuar mais eficazmente no presente.
Uma vez que a questão social é a base fundante e a especialidade do trabalho do assistente social (Iamamoto), é necessária uma constante qualificação do assistente social no que tange o seu objeto de trabalho. Ou seja, o pleno entendimento das problemáticas sociais geradas pelo capitalismo ao longo de todos estes anos.
O assistente social deve buscar a CAUSA das problemáticas, e não só focar nos efeitos.
É certo que os efeitos são muito mais visíveis e não necessitam de tanto empenho para que possamos propor ações, contudo ao atuarmos somente no efeito da questão social, estaremos apenas amenizando ou como se diz popularmente: “apagando incêndio ou então colocando panos quentes”.
Relembrando: Durante a disciplina de Questão Social pudemos perceber e conhecer que a questão social no Brasil:
Já que ela foi vista como caso de polícia antes da década de 30, onde era duramente reprimida, e depois da década de 30, onde foi legitimada e passou a ser um caso de política. Foi no Governo Vargas que esta legitimação da questão social se deu, e o Estado passou a ser o responsável pela resolução dos problemas sociais, mas vale ressaltar que o Governo Vargas era populista e marcado por teorias de integração social, paternalismo e ainda com caráter repressivo, e com isso o tratamento da questão social se dá pelo encobrimento dos antagonismos capitalistas, onde a repressão é camuflada nas leis trabalhistas, visando alienar a população para que esta se sentisse assistida socialmente e reconhecida enquanto classe portadora de seus direitos e de sua cidadania, onde os direitos concedidos, não são vistos como conquistas dos trabalhadores e sim garantias dadas pelo Estado, para a suavização das mazelas sociais, para dar a idéia de um Estado preocupado com a questão social brasileira, evitando assim a reivindicação, greves e lutas pela melhoria de condições de vida da população. (DUARTE, 2007)
IMPORTANTE:
Faz-se necessário entender que... “o Serviço Social não é só um reflexo das expressões da questão social, mas sim que essas dinâmicas sociais são determinantes na formação do profissional, pois é a intervenção do assistente social que viabiliza, planeja, executa e avalia programas e políticas públicas.” (DUARTE, 2007)
Mas como pode o assistente social trabalhar no enfrentamento das questões sociais nos dias atuais, considerando que a questão social se manifesta no cotidiano da vida da população, da vida social?
Ainda que a questão social ainda se revele suas raízes na expressão nas contradições advindas da relação capital X trabalho, e ao enfrentar a questão social e suas novas configurações deve se atentar par a responsabilidade do Estado, e que este não transfira para a sociedade civil o que lhe é de dever.
De acordo com Ana Cristina Brito ARCOVERDE (2008) as manifestações da questão social, em cada momento histórico, assumem determinados contornos. Mas elas se renovam, se ampliam e se tornam mais e mais complexas, com novas contradições que remetem, em última instância, as problemáticas particulares e desafiantes para o seu enfrentamento pela via exclusiva do acesso a benefícios vinculados à inserção produtiva no mercado de trabalho. As desigualdades sociais, econômicas, culturais, morais e simbólicas contemporâneas requerem que o Estado assuma sua função social e o desafio de superar as estratégias encaminhadas pelo capital para processar a acumulação.
ATIVIDADE: Para um instante e analise a charge abaixo, considerando as reflexões acerca da (nova) questão social.
Neste contexto faz-se necessário que você esteja atento para mais dois pontos relevantes:
1- Ao longo da história do Serviço Social, percebemos que o assistente social resiste e se adapta as novas condições impostas no tratamento da questão social, devido às novas estratégias e táticas existentes na economia global como percebemos atualmente, como exemplos dessas mudanças: a biotecnologia, nanotecnologia, revolução informacional, tornando o capitalismo um sistema global. Porém essas mudanças trazem consequências drásticas para a população, como podemos citar um exemplo: a violência que assola principalmente os grandes centros urbanos, com altos índices de taxas de homicídio, violência contra os gêneros, principalmente as mulheres e por faixa etária tem-se os idosos e as crianças que são mais vulneráveis a essas expressões da questão social.
2- Outro problemaa se tratar é o desemprego, que numa política neoliberal o sistema tende a exigir uma maior concorrência dos trabalhadores imbricando numa maior qualificação de suas práticas profissionais, para esses demais problemas existentes na sociedade temos a LOAS, Estatuto do Idoso, o SUS, SINE, ECA e ONGs que juntas à máquina pública ou não, tentam amenizar essas mazelas que contaminam a sociedade.
1- Espera-se que o assistente social seja capaz nos dias atuais de influenciar na dinâmica e nos processos de relações sociais, sendo capaz de se deixar influenciar por tais perspectivas no sentido de ser esta influência um fator motivado para a busca contínua de qualificação e aperfeiçoamento.
2- Espera-se que o assistente social se perceba enquanto trabalhador e que também se encontra inserido no conjunto das classes sociais, levando em conta as condições de trabalho de sua categoria.
3- Espera-se que o assistente social no enfrentamento das questões sociais e no compromisso para com a sua categoria entenda a grande relevância da sua qualificação enquanto profissional para compreender os antagonismos das classes e as complexidades do sistema capitalista, contribuindo assim para uma forma de intervenção profissional que não criminalize a vítima, ou seja, transfira para o indivíduo a responsabilidade de sua condição miserável de vida.
4- De acordo com Ana Cristina Brito ARCOVERDE: Aos assistentes sociais compete construir respostas apoiadas em investigações e pesquisas realizadas sobre sua prática e realidade cotidiana, cujos produtos alimentem e dêem consistência ao debate disciplinar e interdisciplinar. Urge resgatar as diferenças de percepção e auto-representação dos assistentes sociais que lidam com a questão social e trabalham no quotidiano dos usuários, sem perder de vista as interfaces do global com o local e vice-versa, para trabalhar pela inversão qualificada dessas situações. Buscar apoios e incentivos nas políticas do Estado é necessário para na mediação avançar a intenção de ruptura para além do imediato. Seja: “combater os territórios de desigualdade social e de exclusão social, desenvolvendo um processo de retorno aos direitos sociais e à justiça social, objetivos últimos do Serviço Social”; ou, como afirma Dominelli, trazer os assistentes sociais para a arena política nos domínios nacional e internacional (2004, p. 33) para que possam influir na construção de outra ordem democrática e igualitária alimentadas pela inteligência e vontade coletiva.
Para encerrarmos:
Despeço-me por aqui, temporariamente, mas deixo para você esta linda e importante obra de PORTINARI, “OS RETIRANTES”. Eu gostaria que você a analisasse com atenção, e procurasse interpretá-la de forma que consiga estabelecer relação com o conteúdo até aqui apresentado, e quando estudar as próximas web-aulas, você possa voltar até este ponto e voltar analisar esta obra de arte, e dizer o quão significativa ela é  para você.
Unidade
 3 - Desafios para o Enfrentamento das Questões Sociais no Mundo 
Capitalista1
A patologia social é visível no interior da sociedade, percebe-se tal fato pelas transferências de responsabilidades que hoje vemos do primeiro setor (empresas públicas) para as empresas privadas e sociedade civil. É notório que o governo não tem vocação para o social, daí o crescimento do terceiro setor nesta área.
É inegável que a maioria dos países capitalistas está mergulhada em uma crise do trabalho social que se manifesta sob a forma de taxas elevadas de desemprego, de aumento virulento do desemprego de longa duração, que em muitos casos se transforma em patologia social e em exclusão social (SINGER, 1999:56).
A sociedade capitalista interfere constantemente e diretamente no cotidiano dos trabalhadores, pois as transformações sociais praticadas por este sistema levam em consideração primeiramente a sua própria lógica, ou seja, a concentração de renda que se acentua cada vez mais, e em contrapartida deixando a margem à maioria da população.
	Links
Veja, no link a seguir, o texto sobre o 2º. Seminário Nacional Estado e Políticas Sociais no Brasil – Unioeste: Para além dos conflitos: Um estudo sobre o papel do Serviço Social frente aos Impactos das Relações entre Capital e Trabalho:
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A Sociedade posterior à Revolução Industrial esteve e ainda está numa constante transformação e a excepcionalidade da forma social que se instala na sociedade capitalista revela de forma decisiva o seu caráter patológico. Sabe-se que o fato social é normal quando corresponde às condições de existência da sociedade. Diante de tais circunstâncias indagamos se a sociedade como está é possível. Atualmente, os profissionais que atuam perante os enfrentamentos das questões sociais têm como desafios também o próprio sistema.
POR QUE O PRÓPRIO SISTEMA?
Porque é preciso destruir a inversão ideológica. Muitos profissionais ligados aos capitalistas são obrigados a proporcionarem um trabalho alheio à sua própria vontade, ou seja, são obrigados a seguirem determinações com base em um discurso sobre o social e um discurso sobre o político como comenta Marilena Chauí.
A ideologia, segundo Chauí, torna-se um discurso sobre o social e um discurso sobre o político, pretendendo fazer coincidir as representações sobre o social e o político com aquilo que o social e o político seriam na sua realidade. O Estado será responsável por tentar fazer com que o ponto de vista da classe dominante (que domina o próprio Estado) apareça para todos como universal. O Estado vinculado à ideologia vai proporcionar à sociedade aquilo que ela na realidade, não tem: unidade, identidade e homogeneidade. O Estado tem como função ocultar os conflitos e antagonismo que exprimem a existência das condições próprias de uma sociedade dividida em classes. Segundo Chauí a ideia de que o Estado representa toda a sociedade e de que todos os cidadãos estão representados nele é uma das grandes forças para legitimar a dominação dos dominados (isto é, para fazer com que essa dominação seja aceita como normal, legal, justa) (TOMAZI, 2000, p. 182)
Hoje, estamos vivendo numa sociedade possível?  Em que as ações encontram-se dentro dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente?
Quais os grandes desafios para o enfrentamento das questões sociais no mundo capitalista?
Podemos fazer uma analogia à história do menino selvagem de Aveyron. Você já pensou como seria sua vida se vivesse de forma individual e isolada sem contato com outros indivíduos?
	Links
Veja O menino selvagem de Aveyron:
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Como seria seu comportamento depois de viver uma grande parte de sua vida em uma selva, como a história que conhecemos de um menino que foi encontrado numa região da França chamada Aveyron?
Certamente você iria estranhar e perceber a grande diferença em viver numa sociedade. Seguramente a sua realização enquanto ser social só seria possível nessa nova sociedade se conseguisse integrar-se a essa nova estrutura.
INTEGRAR-SE é a grande questão desta analogia com os fatos de nossa realidade.
Aqui observamos que para viver em sociedade há a necessidade de certo consenso e, ao mesmo tempo, de solidariedade entre seus membros. Da mesma forma que a sociedade vai se desenvolvendo, se tornando mais complexa, paralelamente a solidariedade também vai variando segundo o grau de modernidade.
Como aquele menino selvagem de Aveyron, compara-se analogicamente, a maioria da população que estão à margem da pobreza, vivendo numa situação totalmente inversa da minoria. Os desafios são consequentemente integrá-los à vida social, à estrutura adequada em que lhes proporciona uma vida cidadã. Trazê-los para a “sociedade” e transformando-os em cidadãos de fato não é uma ação fácil, pois é preciso, como no nosso exemplo, adequá-los à nova estrutura.
Vemos muito desta realidade nas favelas quando desativadas e as famílias transferidas para os novos assentamentos. Sem condições às novas estruturas, o novo morador acaba vendendo ou trocando seu imóvel e voltando novamente à realidadeantiga. Ou fazendo deste novo local uma favela, com as mesmas características. Considere-se assim, que dar-lhe um imóvel simplesmente, não é transformá-lo em cidadão e nem proporcioná-lo condições de plena realização enquanto ser social.
É possível, nesta analogia, observarmos duas sociedades existentes como aquela referenciada por Karl Marx (1818-1883). A classe dos que dominam e impõe a sua ideologia e as dos trabalhadores. Estes diante das estratégias do próprio capitalismo encontram-se muitos, fora do mercado de trabalho, proporcionando desta forma, uma questão social preocupante, uma patologia social. Afinal a falta do trabalho numa proporção considerável, desencadeia vários outros problemas sociais. Para o capitalista é necessário um exército de mão-de-obra de desempregados para conduzir sua acumulação de riquezas levando em consideração a relação “oferta e procura”. Desta forma um menor custo de mão-de-obra e uma mais-valia mais adequada aos desejos do capitalista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SINGER, Paul. Alternativas da gestão diante da crise do trabalho. In: RICO, Elizabeth, Raquel. Gestão Social uma Questão em Debate. São Paulo: EDUC, 1999.
TOMAZI, Nelson Dacio (Coord.). Iniciação à sociologia. São Paulo: Atual, 2000.
Unidade 4 - Política Social e Desenvolvimento no Mundo Capitalista1
Olá, alunos do curso de Serviço Social, terceiro semestre!
Bem-vindos a esta web aula sobre “Política social e desenvolvimento no mundo capitalista”, que faz parte do conjunto de conteúdos da disciplina de Seminários Temáticos II, cujo tema central é: “As Formatações das Políticas Sociais frente às atuais expressões da questão social”. Estaremos utilizando alguns referenciais teóricos que nos ajudarão a compreender a complexidade das políticas sociais em um país como o Brasil, onde o processo democrático (como vimos na disciplina de Ciência Política) ainda é bastante jovem, com uma grande lacuna entre o que a Constituição determina, e o formato concreto com que as leis são elaboradas e aplicadas no conjunto da sociedade.
Aliás, já que estamos falando da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que tal a conhecermos mais de perto? É só acessar o link:
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Observem que nossa Constituição (também chamada de Constituição Cidadã) estabelece que:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional;  III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Proponho que assistam também ao vídeo a seguir, uma produção acadêmica, que fala sobre os princípios fundamentais da nossa atual Constituição:
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 1988
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O livro acima é uma publicação do MDS – Ministério do Desenvolvimento Social. Foi elaborado a partir do Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Social, realizado no ano de 2009, onde se discutiram as políticas sociais em diferentes países, incluindo, é claro, o Brasil. É só clicar no link abaixo e fazer o download. Vale a pena conferir!
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Para ampliarmos nosso entendimento sobre as políticas sociais no Brasil, que estão fundamentadas na Constituição, proponho que realizem as leituras, na íntegra, dos artigos apresentados a partir de agora. Vamos lá? (sem preguiça, hein?).
LEIA...
IPEA. Política Social e Desenvolvimento. Políticas sociais – acompanhamento e análise [13] Edição Especial. Disponível em: . Acesso em: 12 abr 2011
Neste documento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, destacam-se os seguintes itens:
As desigualdades sociais e regionais; a pobreza extrema; a grande concentração de fluxos de renda e estoques de riqueza; a insegurança no trabalho e nas ruas; as discriminações de raça, gênero e idade; a baixa qualidade dos serviços públicos, entre outros problemas relevantes da realidade social brasileira, são fenômenos inaceitáveis. No entanto, embora muito se tenha avançado na sua compreensão, ainda não é possível vislumbrar uma clara concentração de interesses que rompa rápida e estruturalmente com as mazelas econômicas e sociais que assolam o cotidiano do país. (p.7)
Observem que as atuais políticas sociais ainda não deram conta de solucionar, de fato, os graves problemas decorrentes da desigualdade social, reconhecidos especialmente como problemas de caráter estrutural.
A proteção social no Brasil, que nasce no início dos anos de 1930 pela vinculação com o trabalho, se estruturou em função da inserção na estrutura ocupacional e do acesso a benefícios vinculados a contribuições pretéritas. No entanto, o capitalismo aqui instalado e a atuação regulatória do Estado no campo trabalhista não lograram universalizar o fenômeno do assalariamento formal, tornando incompleto o “processo civilizatório” de um capitalismo minimamente organizado, tal qual levado a cabo nas experiências dos países europeus ocidentais. Nesse contexto, a Constituição de 1988 surgiu como um marco na história da política social brasileira, ao ampliar legalmente a proteção social para além da vinculação com o emprego formal. Trata-se de uma mudança qualitativa na concepção de proteção que vigorou no país até então, pois inseriu no marco jurídico da cidadania os princípios da seguridade social e da garantia de direitos mínimos e vitais à reprodução social. Nesse sentido, houve uma verdadeira transformação quanto ao status das políticas sociais relativamente a suas condições pretéritas de funcionamento.(p.8)
No entanto, o problema das atuais políticas sociais no Brasil é que, apesar de inúmeros avanços, elas ainda não se tornaram universais (atingindo a todos, indistintamente), estando ainda muito focalizadas nos grupos menos favorecidos economicamente. A ampliação das políticas sociais representa altos gastos do poder público, esbarrando na necessidade de ajustes fiscais adequados nas três esferas do governo (federal, estadual e municipal).
As características do padrão de implementação das políticas sociais ao longo dos anos 1990 concorrem, conjunta e estruturalmente, para limitar as necessidades de financiamento do gasto público social, notadamente em âmbito federal, o que é também coerente com a estratégia mais geral de contenção fiscal do governo diante dos constrangimentos macroeconômicos (auto)impostos pela primazia da estabilização monetária sobre qualquer alternativa de política econômica. A universalização restrita e a focalização na pobreza de uma parte das políticas significam redução de gastos sociais potenciais, com rebatimentos incertos em termos da cobertura e atendimento social à população. Enquanto isso, a privatização da oferta de serviços públicos é, ao contrário, uma forma de transferir parte significativa do financiamento de bens e serviços sociais diretamente às próprias famílias, que são obrigadas a assumir custos crescentes e redução da renda disponível em razão da ausência ou precariedade da provisão pública, em especial nas áreas de saúde, previdência e educação. (p.10)
Quer dizer que, enquanto os últimos governos brasileiros mantiveram o foco dos financiamentos públicos (pouco satisfatórios, aliás) em políticas sociais voltadas, sobretudo, para a parcela mais pobre (como o Programa Bolsa Família), outras parcelas grandes da população ficaram bem menos assistidas em outros direitos básicos, como a saúde, a educação,o saneamento, a habitação, a previdência, etc., tendo, muitas vezes, que recorrer à esfera privada.
Formando uma outra dimensão de análise sobre o financiamento e o gasto, é importante salientar que os aumentos reais do salário mínimo – que baliza grande parte dos benefícios sociais – têm um duplo efeito sobre as finanças públicas. De um lado, o impacto fiscal decorrente do aumento dos gastos públicos em geral; de outro, o impacto tributário decorrente do aumento da arrecadação de impostos e contribuições sociais ligado à ampliação do consumo. Essas duas dimensões caminham juntas e precisam ser tratadas simultaneamente para fins de uma análise mais isenta e precisa do assunto. (p.11)
A questão é, portanto, da seguinte ordem:
Como ampliar a proteção social a todos os brasileiros (e não apenas aos mais pobres), por meio das políticas sociais, driblando seus elevados custos e limites fiscais?
Em termos gerais, para o enfrentamento dos desafios sociais brasileiros reconhece-se que a universalização das políticas sociais é a estratégia mais indicada, uma vez que, num contexto de desigualdades extremas, a universalização possui a virtude de combinar os maiores impactos redistributivos do gasto com os menores efeitos estigmatizadores que advêm de práticas focalizadas de ação social [...]. Principalmente ao se levar em conta a particular estrutura de desigualdades sociais e econômicas do país, não basta que os gastos sociais sejam redistributivos; é preciso também que a forma de financiamento dos gastos possua alta dose de progressividade tributária, sobretudo incidindo sobre o estoque de riqueza e os fluxos de renda real e financeira. Isso implicaria a pactuação de uma reforma tributária que não só permitisse ampliar o crescimento econômico, mas também garantisse maior sustentabilidade e progressividade ao financiamento do Estado.(p.23).
Então será que a solução seria criar mais e mais impostos???
Agora, vamos analisar a questão a partir do artigo abaixo:
LEIA...
CAMARGO, José Márcio. Política social no Brasil: prioridades erradas, incentivos perversos. São Paulo Perspec. [online]. 2004, vol.18, n.2, pp. 68-77. Disponível em: . Acesso em: 12 abr 2011.
Como deve ser estruturada a política social de um país?
A resposta a esta pergunta independe do grau de desenvolvimento da nação, da porcentagem de pobres existentes, do nível de desigualdade na distribuição da renda e da estrutura etária da população? Qual o papel dos gastos sociais do Estado na redução da desigualdade e da pobreza? As respostas a estas perguntas dependem da definição dos objetivos que os programas sociais pretendem alcançar. Em outras palavras, por que um Estado decide taxar seus cidadãos e utilizar os recursos assim obtidos para desenvolver programas nas áreas de saúde, educação, previdência social, assistência social e trabalho?(p.68)
O autor nos ajuda a refletir sobre estas questões a partir da seguinte análise:
1)    Há que se levar em conta o objetivo dos programas sociais por parte dos governos e da sociedade
2)    Há que se criar uma “rede de proteção social” universalizante, isto é, para todos os cidadãos do país
3)    Há que se assegurar a manutenção de um padrão de vida a todos os cidadãos, capaz de lhes proporcionar qualidade de vida em todos os sentidos.
A questão é como desenhar os programas de tal forma a gerar os incentivos corretos, para que sejam sustentáveis do ponto de vista fiscal, induzam a comportamentos considerados adequados pela sociedade e não provoquem ineficiência na alocação de recursos. Portanto, a preocupação com o desenho dos programas é tão importante quanto a sua própria existência. (p.69).
Sim, é claro! Bons programas de governo promovem não somente melhoria nas condições de vida da população em geral, mas, sobretudo a capacidade de desenvolver sua autonomia e cidadania!
Outro artigo que utilizo para nos ajudar nessa reflexão sobre “As Formatações das Políticas Sociais frente às atuais expressões da questão social”, é o seguinte:
LEIA...
GRISOTTI, Márcia; GELINSKI, Carmen Rosario Ortiz G. Visões parciais da pobreza e políticas sociais recentes no Brasil. Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 2 p. 210-219 jul./dez. 2010.
No Brasil, a noção de proteção social tem sido elemento recorrente nas discussões sobre políticas sociais. [...] a política social mais recente é limitada porque se assenta naquilo que se consideram aqui como visões parciais [...] o padrão de proteção social no país tem tido como foco apenas grupos sociais específicos e as estratégias propostas para a superação da pobreza não têm diferido das propostas apresentadas por governos de corte liberal. As políticas sociais adotadas estão distantes de constituir-se em políticas estruturantes de proteção social, nos moldes dos programas de welfare state europeus. (p.211)
Observe, pelas imagens, que um bom padrão de vida possibilita às pessoas que se sintam realizadas, felizes, saudáveis, e isso somente pode ser assegurado em uma sociedade capitalista, como a nossa, como decorrência dos investimentos feitos pelos governos a partir dos impostos pagos pela população.
Mesmo os programas que parecem estar enfrentando positivamente a questão da desigualdade ou da fome (como o Bolsa Família) vêm recebendo fortes críticas pelo seu possível apelo eleitoreiro e pela sua forte ligação ideológica a um governo específico. Isto é, não parecem estar incorporados a uma política de Estado passível de resistir a embates de novas configurações político-partidárias. De modo diferente ao observado em sistemas de proteção ao estilo welfare state, com o seu “corporativismo social” em torno de direitos reconhecidos e aceitos por todos, a sociedade brasileira não parece ter incorporado a ideia dos programas de transferência de renda como algo definitivo e desligado de propostas partidárias. (p.216)
Talvez um dos maiores problemas sobre os programas sociais, em especial os de transferência de renda, como o Bolsa Família, é que não vêm acompanhados de estratégias ou condicionantes que promovam reais e efetivas mudanças estruturais (ensinar a pescar seria melhor que dar o peixe, não?), sobretudo na questão das desigualdades sócio-econômicas. O fato é que no Brasil tais programas acabam assumindo um caráter político-partidário (como pudemos observar nas últimas eleições presidenciais), ficando à mercê dos riscos de sucumbirem às alternâncias entre governos (estes, os principais responsáveis pela gestão das políticas públicas.).
Uma questão interessante levantada pela pesquisadora Ana Paula Ornellas Mauriel (2010, p.175) é a seguinte:
Combater a desigualdade significa alcançar algum patamar de igualdade, mas qual? Portanto, combater a pobreza significa desenvolver capacidades enquanto liberdades de escolha e o Estado tem papel fundamental em garantir condições mínimas para esse “empoderamento”.
MAURIEL, Ana Paula Ornellas. Pobreza, seguridade e assistência social: desafios da política social brasileira. Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 2 p. 173-180 jul./dez. 2010.
O fato é que, sem esse “empoderamento” por parte da sociedade como um todo, ou seja, essa capacidade de se tornar verdadeiramente crítica, autônoma e cidadã, como defende a autora, nenhum país conseguirá atingir, de fato, um elevado patamar de desenvolvimento.
Pensem nisso!

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