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SLIDESOBRIGAES_20150518025023

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 Obrigações em geral
Aula nº 3
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Divisão tricotômica
É clássica e se baseia-se na qualidade da prestação.
As obrigações, segundo essa divisão clássica, serão as de
 dar, fazer ou não fazer
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Obrigação de dar 
(obligatio dandi)
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 Rubens Limongi França
É aquela em virtude da qual o devedor fica jungido a promover, em benefício do credor, a tradição da coisa (móvel ou imóvel), já com o fim de outorgar um novo direito, ou com o de restituir a coisa a seu dono.
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Ou seja 
A obrigação positiva de dar assume as formas de entrega ou restituição de determinada coisa pelo devedor ao credor
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Na compra e venda
A compra e venda gera obrigação de dar para ambos os contratantes
A do vendedor é cumprida mediante entrega da coisa vendida
A do comprador, com a entrega do preço
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No comodato
No comodato, a obrigação de dar assumida pelo comodatário é cumprida mediante restituição da coisa emprestada gratuitamente
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A obrigação de dar é obrigação de prestação de coisa, que pode ser determinada (coisa certa Arts. 233 a 242 CCB) 
 ou indeterminada (coisa incerta Arts 243 a 246 CCB)
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Sutilezas de linguagem
Para alguns, dar e entregar são coisas diferentes
Dar se aplicaria quando se transferisse a propriedade ou outros direitos reais
Entregar seria usado em casos de simples concessão de uso temporário (locação, comodato, arrendamento)
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Quem deva entregar a coisa ao credor tem a obrigação de conservá-la até a entrega, responsabilizando-se por qualquer risco ou perigo que venha a correr
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O direito é pessoal e não real
O credor da obrigação de dar é investido apenas em direito pessoal e não em direito real.
O contrato cria a obrigação de dar, mas não opera a transferência da coisa, que só se efetiva com a tradição (para os bens móveis) ou o registro (bens imóveis)
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Obrigação de dar coisa certa
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Coisa certa
É aquele objeto específico e individualizado, que se distingue dos demais por características próprias, seja móvel ou imóvel
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Exemplo
Venda de determinado automóvel é negócio jurídico que gera obrigação de dar coisa certa, eis que o veículo se distingue dos demais pelo número do chassi, do motor, do código RENAVAM, da placa etc.
Jaguar XKR 100
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Desoneração do devedor
O devedor só se desonera de sua obrigação com a entrega do bem pactuado
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De novo ...
A obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal (jus ad rem) e não real (jus in re)
O contrato de compra e venda tem natureza obrigacional
O vendedor se obriga apenas a transferir o domínio da coisa certa ao adquirente, e este a pagar o preço
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A transferência do domínio
Ocorre com outro ato: a tradição – para os móveis (Arts.1.226 e 1.267 CCB); e o registro – tradição solene - para os imóveis (Arts. 1.227 e 1.245 CCB)
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Se o devedor se nega a entregar a coisa certa
O Art. 461-A do CPC confere ao credor a possibilidade de ir diretamente ao bem sem delongas e sem contar com a participação do obrigado
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CPC
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. 
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. 
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel. 
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O problema
Se o devedor da obrigação de dar coisa certa, antes da propositura da ação pelo credor, aliena o mesmo bem a terceiro, torna-se impossível ao credor ajuizar ação fundada em direito pessoal ou obrigacional para constrangê-lo a tanto.
O direito pessoal do credor, por não ser oponível erga omnes, somente lhe facultará receber perdas e danos.
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Coisa diversa, não
O devedor (solvens) é obrigado a entregar ou restituir uma coisa inconfundível com outra
O devedor não pode dar outra, ainda que mais valiosa, nem o credor (accipiens) é obrigado a recebê-la
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CCB
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
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Corolário disso ...
O credor também não pode exigir do devedor cousa diversa da estabelecida, ainda que menos valiosa
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Paulo
Aliud pro alio, invito creditori, solvi non potest. 
(Sem o consentimento do credor, não pode ser paga uma coisa com outra.) 
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Assim
A dação em pagamento (dar coisa diversa) depende da concordância do credor e extingue a obrigação
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O dever de dar coisa certa abrange a obrigação de transferir a propriedade (compra e venda) ou a de entregar a posse (locador que deve entregar a coisa ao locatário)
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Accessorium sequitur suum principale
A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios da coisa, ainda que não mencionados no título, salvo se convencionado diversamente pelas partes.
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Cômodos 
 são as vantagens produzidas pela coisa
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Exemplo
Alguém se obrigou a entregar a cadela, antes que emprenhasse
No momento da entrega, a cadela havia dado à luz vários filhotes
O devedor não é obrigado a entregar os filhotinhos, que não são acessórios
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Solução
Duas opções: 
Devedor entrega cadela e filhotes, exigindo um aumento de preço. Credor topa. 
Credor não aceita o aumento de preço. Extingue-se a obrigação
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Responsabilidade até a entrega (tradição) da coisa certa
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Perecimento e deterioração
Perecimento significa perda total
Deterioração é a perda parcial da coisa
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Regra geral para a entrega de coisa certa
Res perit domino (suo)
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Com culpa e sem culpa do devedor
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Perecimento sem culpa do devedor
CCB
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; ...
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Modus operandi
Se não houver culpa do devedor, a obrigação se extingue para ambas as partes, que voltarão ao statu quo ante (= situação em que primitivamente se encontravam) 
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O que isso quer dizer?
Que se o devedor já havia recebido o preço, deverá devolvê-lo ao adquirente, com correção monetária, por força dessa malvinda resolução do contrato, não estando, todavia, obrigado a pagar-lhe perdas e danos
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E se essa perda se deu na pendência de condição suspensiva?
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Exemplos de condição suspensiva
aprovação em concurso, vencimento de uma disputa, casamento
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Res perit domino (suo)
Se o perecimento se deu na pendência de condição suspensiva, não se terá adquirido direito a que o ato visa (Art. 125 CCB) e o devedor suportará o risco da coisa.
O alienante continua sendo o proprietário até a tradição e res perit domino – a coisa perece para o dono
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Perecimento com culpa do devedor
CCB
 Art. 234. .... se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
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Indenização da coisa + perdas & danos
O devedor deverá indenizar o credor pelo valor da coisa (dar-lhe o equivalente em dinheiro) e mais perdas e danos comprovados
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Perdas e danos
Incluem o dano emergente e os lucros cessantes, isto é, além do que o credor efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar
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CCB
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
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Deterioração
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Sem culpa do devedor
O credor pode optar entre a resolução da obrigação com a restituição do preço mais correção monetária, ou aceitar a coisa danificada com abatimento do preço proporcional à perda.
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CCB
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
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Com culpa do devedor
Da mesma forma, há opção do credor entre a resolução da obrigação com a restituição do preço mais correção monetária, ou a aceitação da coisa danificada com abatimento do preço proporcional à perda.
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CCB
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
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Responsabilidade após a tradição da coisa certa
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Res perit domino
A coisa já pertence ao credor
Se ele a perder, o prejuízo será suportado por ele (credor), salvo em caso de negligência ou fraude do devedor
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Obrigação de restituir
É subespécie da obrigação de dar coisa certa
É a hipótese da coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono
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Exemplos
Os deveres do comodatário, do depositário, do locatário, do credor pignoratício, em poder dos quais esteja a coisa por força de vínculo obrigacional 
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Diferença entre restituir e dar
A obrigação de dar se destina a transferir o domínio, que se encontra com o devedor na qualidade de proprietário (p.ex., o vendedor na compra e venda).
Na obrigação de restituir, a coisa se acha com o devedor para seu uso, mas pertence ao credor, titular do direito real 
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A questão do risco na restituição da coisa
Aplica-se, uma vez mais, a velha parêmia res perit domino (suo)
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Perecimento da coisa a restituir sem culpa do devedor
O prejudicado será o dono.
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CCB
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
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Exemplo
Onça ataca o gado e mata o touro que deveria ser restituído ao credor.
A obrigação do comodatário se resolve, sem o pagamento de perdas & danos
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Isso não nos lembra nada? ...
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Res perit domino no Código de Hamurábi
Se alguém alugar um boi ou um burro, e um leão os matar na lavoura, o proprietário arcará com o prejuízo
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Conclusão
O que é bom para a Babilônia é bom para o Brasil
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E se o devedor estiver em mora?
Aí então o comodatário responderá pela impossibilidade da prestação, mesmo que esta decorra de caso fortuito ou força maior, se estes ocorreram durante o atraso.
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CCB
Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
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E a parte final do 238?
“... ressalvados os seus direitos até o dia da perda”.
Isso quer dizer que, se a coisa emprestada gerou frutos naturais ou civis (maçãs, filhotes ou aluguéis), sem despesa ou trabalho do comodatário, o comodante terá direito a eles.
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CCB
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
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Perecimento da coisa a restituir com culpa do devedor
CCB
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
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Obrigação pecuniária
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Obrigação de solver dívida em dinheiro
É espécie particular de obrigação de dar, tendo por objeto uma prestação em dinheiro e não uma coisa.
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CCB
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.
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O que é valor nominal?
É o valor de face da moeda
É o que atende ao princípio do nominalismo, segundo o qual o valor da moeda é aquele valor nominal que lhe atribui o Estado no ato da emissão ou cunhagem.
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Princípio do nominalismo
Através desse princípio, o devedor de certa quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou título da dívida
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E a inflação?
O devedor se libera de sua obrigação mesmo que a referida quantidade não seja suficiente para a compra dos mesmos bens que podiam ser adquiridos à época em que foi contraída a obrigação.
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A escala móvel
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Como contornar então o problema da inflação?
Para superá-lo, surgiu a cláusula de escala móvel, um meio pré-convencionado de determinar reajuste automático do valor do pagamento. 
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Escala móvel é cláusula de reajuste, de atualização monetária e não efetivo meio de pagamento 
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Aplicação anual do índice
A escala móvel ou critério de atualização monetária decorrerá da lei ou de prévia estipulação contratual, sendo “nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano” (Lei nº 10.912/2001)
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Dívida de dinheiro e dívida de valor
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Dívida de dinheiro
Na dívida de dinheiro, o objeto da prestação é o próprio dinheiro 
(ex: mútuo)
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Dívida de Valor
■ Na dívida de valor, o dinheiro não constitui objeto da prestação, representando apenas seu valor 
(ex: na obrigação de indenizar)
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Dívidas remuneratórias
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Juros
A obrigação de solver dívida em dinheiro abrange, também, além das dívidas pecuniárias e das dívidas de valor, as dívidas remuneratórias, representadas pela prestação de juros
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Juros são acessório
Juros são a remuneração pelo uso do capital de outrem expressando-se através de pagamento ao dono do capital de quantia proporcional a seu valor e tempo de utilização.
Pressupõem a existência de uma dívida de capital ou outra coisa fungível
Sua natureza é acessória
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