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Guia de estudos - 3 Alfabetização e Letramento

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Alfabetização e Letramento
UNIDADE 3
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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
UNIDADE III
PALAvRAs DO PROFEssOR
Prezado (a) aluno (a), gostaria de lhe dar as boas-vindas à disciplina de Alfabetização e Letramento. Este 
é seu guia de estudo que, juntamente com seu livro texto, será a base para você estudar ao longo desta 
disciplina, mas quero lembrá-lo que ele não é seu único material de estudo, você tem, além do livro texto, 
uma vasta bibliografia disponível na biblioteca on line, onde você pode sempre pesquisar e reforçar o 
assunto estudado.
Este guia é montado de forma dinâmica e interativa para tornar mais prático o seu estudo e facilitar a 
sua absorção de conteúdo, apresentando de forma clara e objetiva os conceitos e assuntos trabalhados. 
Ao longo deste material você irá se deparar com vários tópicos que têm função de separar e organizar o 
conteúdo trabalhado de forma mais prática e interativa, facilitando, desta forma, seu aprendizado.
Como você pode ver, meu caro (a), este guia de estudo é montado da forma mais lúdica, criativa e interativa 
possível para que seu estudo não se torne algo cansativo e chato e sim algo prazeroso e agradável de se 
fazer. Nosso objetivo é não apenas fazer com que você aprenda, mas que esse aprendizado seja de fato 
absorvido e levado com você ao longo de toda a sua vida.
 
DIcA
Antes de iniciarmos, quero lembrá-lo que o conhecimento é construído de diversas 
formas e a leitura deste guia é apenas 01 delas. Para que você possa absorver o 
conteúdo da melhor maneira possível, é essencial ler também o livro texto, os materiais 
de apoio, como os textos sugeridos ao longo deste guia, além da participação nos 
fóruns e debates no ambiente virtual. Para qualquer dúvida, o seu tutor está a sua 
disposição para melhor compreensão do assunto trabalhado.
Fique atento meu caro (a), ao longo deste guia você irá se deparar com alguns links de material de pesquisa 
para que você se aprofunde mais no conteúdo estudado e quero, novamente, lembrá-lo que na biblioteca 
virtual você tem uma gama de conhecimento ao alcance de suas mãos para leitura complementar.
Seja bem-vindo e aproveite este livro porque ele é feito especialmente para você!
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ORIENTAÇõEs DA DIscIPLINA
Querido (a) aluno (a), chegamos à nossa terceira unidade e, durante esta unidade, iremos estudar as 
estratégias de leitura, as perspectivas de alfabetizar letrando e as novas perspectivas no processo de 
aquisição da leitura e escrita, mas antes de darmos seguimento aos assuntos pertinentes a esta unidade, 
que tal fazermos uma breve lembrança do que estudamos até aqui nesta disciplina?
Bem, para iniciar, vimos, na unidade 01, os conceitos base desta disciplina, o de alfabetização e letramento. 
Vimos que, de acordo com o dicionário, alfabetização significa o ato de alfabetizar, mas com o passar dos 
anos o processo de alfabetização foi sofrendo mudanças, uma vez que passou a levar em consideração a 
bagagem cultural e de conhecimento que o aluno trazia consigo e, para essa mudança dentro do processo 
de alfabetização, algumas teorias psicológicas e pedagógicas foram extremamente relevantes como o 
behaviorismo e o construtivismo. Quanto ao letramento, aprendemos que é um conceito novo, surgido 
da necessidade de ter preocupação com habilidades de ler e escrever como práticas sociais, resultado 
de uma vida em comunidade, em sociedade, e não apenas elementos de uso mecânico. Sendo assim, o 
letramento seria o momento em que o aluno passa a interpretar o mundo, a pensá-lo, momento em que 
ele passa a ser um ser participativo e atuante dentro das práticas sociais.
Ainda sobre a unidade 01, aprendemos sobre as 02 vertentes do letramento, o escolar, é aquele que 
tem como local de aprendizagem e aplicação o ambiente escolar, e o social, o momento onde os alunos 
aplicam sua bagagem de vida, possuída antes do contato com o ambiente escolar, e o conteúdo aprendido 
e absorvido na escola em sua prática social, na sua vida em sociedade, atuando como um ser pensante e 
crítico dentro do meio social onde ele estiver inserido. Estudamos também sobre o surgimento da escrita 
e do alfabeto, onde voltamos no tempo até os fenícios e gregos e aprendemos a cerca das práticas de 
alfabetização e dos processos de apropriação da língua escrita, onde estudamos sobre o pernambucano 
Paulo Freire e seu método de alfabetização que ia contra o método de educação bancária.
Continuando nossa revisão sobre as unidades passadas, aprendemos, na segunda unidade, sobre o 
conceito de texto e os 02 elementos extremamente relevantes para a construção de um texto bem escrito, 
a coesão, que diz respeito aos elementos estruturais do texto, e a coerência, que diz respeito ao conteúdo. 
Seguindo na unidade 02, fomos apresentados a Chomsky e a hipótese inatista, que defende que o ser 
humano tem capacidades genéticas que vão além de estímulos recebidos e da educação, às estratégias 
de leitura e à consciência fonológica, capacidade que o falante tem de segmentar, de forma consciente, 
a língua em unidades distintas.
Para finalizar a segunda unidade, vimos os métodos de alfabetização fônico, um tipo de método sintético, 
uma vez que ele foca no sistema auditivo, ligando o fonema ao grafema, ou seja, o som à letra, estimulando 
a consciência fonológica, e o global, um tipo de método analítico que prioriza o ensino da palavra como 
um todo e não parte dos fonemas e grafemas e acredita que a informação passada no todo é mais 
importante que a soma das partes, possibilitando à criança relacionar o som à letra de forma mais natural.
 
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PALAvRAs DO PROFEssOR
Agora que relembramos o que aprendemos nas unidades passadas, vamos ver o que iremos aprender 
durante esta terceira unidade. Nesta unidade de número 03, nos aprofundaremos mais sobre as questões 
do processo de aquisição da leitura e escrita, onde estudaremos sobre a descoberta da escrita e a 
reprodução dos modelos desta escrita. Veremos também os desafios atuais que passam a alfabetização 
e o letramento, bem como estudaremos a importância e qual o papel da avaliação dentro do processo de 
alfabetização e, para finalizar, as dificuldades que as crianças enfrentam durante este processo.
PERsPEcTIvAs NO PROcEssO DE AQUIsIÇÃO DA LEITURA E DA EscRITA 
Querido (a) aluno (a), vou iniciar este tópico da nossa terceira unidade, fazendo um elo com o que 
estudamos na unidade passada referente aos métodos de alfabetização, onde conhecemos o fônico e o 
global, mas antes quero informar que os métodos abordados neste guia de estudo serão de acordo coma 
ótica do professor e doutor em linguística pela Universidade de Edinburg na Escócia, José Carlos Cagliari, 
autor de diversos livros, entre eles ‘alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu’.
Segundo o professor Cagliari existem duas metodologias de alfabetização: o método de ensino, que 
tem as atenções voltadas para o professor e a forma como ele irá repassar o conteúdo; e o método de 
aprendizagem, onde o foco está no aluno, priorizando-o. 
 
GUARDE EssA IDEIA!
Quero chamar a sua atenção, meu caro (a), para o fato de que a junção desses 
dois métodos, de forma homogênea e equilibrada é o modelo adequado de ensino-
aprendizagem, visto que a educação é uma via de mão dupla, onde professor e aluno 
trocam experiências pedagógicas.
Método 1 – de ensino
Este método, também conhecido por outros teóricos como método tradicional, baseia-se no fato de que o 
aluno chega à escola como uma página em branco e que o professor que irá ‘escrevê-las’, ou seja, o aluno 
não possui conhecimento algum, sendo tudo adquirido através da escola, na figura do professor. A técnica 
usada para aplicação desse método parte do processo de montagem, ou seja, parte da explicação de 
vogais, consoantes, sílabas até chegar a palavras e textos e, muitas vezes, as crianças são apresentadas 
a frases e textos sem sentido. 
Um elemento de fundamental importância neste tipo de método é a memória, uma vez que o aluno aprende 
através da repetição para só depois ser apresentadoa um conteúdo novo. Talvez você não seja desta 
época, caro aluno (a), mas durante muito tempo, um exercício muito usado eram as cópias. O professor 
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pedia como tarefa de sala, ou até de casa, o aluno copiasse, para o caderno, de uma determinada página 
a outra do livro e usava esse exercício como forma de fixar o conteúdo.
 
vOcê sABIA?
Você sabia que um ponto forte deste método são os usos de cartilhas e exercícios? Pois 
é, raramente o professor recorre a elementos extras como jornais, revistas e músicas e, 
ao finalizar um conteúdo, uma sabatina de perguntas e respostas é aplicada para que 
a fixação do assunto estudado seja feita de forma mais intensa. As atividades também 
servem de base para avaliar os desempenhos dos alunos, pois são nelas que os erros 
dos alunos são expostos, fazendo com que o professor reforce o conteúdo em sala de 
aula. 
Método 2 – de aprendizagem
Neste tipo de método, o professor é um mediador entre o conteúdo estudado e o aluno, aliás, o aluno 
tem função de suma importância, visto que ele é o foco deste método está nele. Os professores veem 
cada aluno de sua maneira individual, levando em conta o fato de que cada um tem sua história de vida 
diferente.
No que diz respeito à técnica, o método de aprendizagem utiliza outras formas de passar e avaliar o 
conteúdo. A aquisição do assunto trabalhado é feita baseada em debates, conversas e não apenas no 
fato do professor explicar na frente da sala. Aqui o fato de tomar decisões em cima do conteúdo abordado 
é um dos critérios para avaliação dos alunos, da mesma forma que o professor pode dar andamento ao 
conteúdo seguinte, mesmo que o aluno não tenha assimilado o conteúdo anterior, porém o professor/ 
mediador irá, sempre, retomar este assunto, conciliando-o com o atual.
DIcA
Quanto à avaliação, ela não é centrada em notas e em conceitos, mas sim na capacidade 
de promover reflexões sobre o conteúdo e sobre como esse conteúdo se aplica em sua 
vida. Já a fixação do assunto, ela se dá durante todo o processo e não pela repetição, 
como acontece no método 01 ou tradicional.
O método de aprendizagem é o mais comum na educação brasileira e, de acordo com o linguista Cagliari, 
para que uma criança comece a ler na perspectiva deste método é preciso conhecer 17 pontos. Aqui vou 
enumerar esses pontos, mas saliento que para que você se aprofunde mais no assunto, é primordial a 
leitura do livro texto. São eles: 
1. Conhecer a língua na qual foram escritas as palavras; 
2. Conhecer o sistema de escrita; 
3. Conhecer o alfabeto; 
???
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4. Conhecer as letras; 
5. Conhecer as variações gráficas das letras; 
6. Conhecer as funções das letras; 
7. Conhecer a ortografia; 
8. Conhecer a relação entre o nome de uma letra e seu som (princípio acrofônico); 
9. Conhecer os nomes das letras e saber diferenciá-las entre si; 
10. Conhecer com precisão o papel de cada letra no princípio da leitura; 
11. Conhecer as relações entre letras e sons, de acordo com o princípio da escrita; 
12. Conhecer a ordem das letras na escrita; 
13. Conhecer a linearidade da fala e da escrita; 
14. Reconhecer e entender uma palavra; 
15. Entender que nem tudo que se escreve são letras; 
16. Compreender que nem tudo que se fala tem representação gráfica; 
17. Não se usa o alfabeto para fazer transcrição fonética.
Ufa, muita informação, não é? Mas fique atento pois o seu tutor aguarda sua sinalização para lhe auxiliar 
em qualquer dúvida futura.
Vamos lá, uma coisa é essencial sobre o processo de aquisição de escrita e alfabetização: a leitura. Todo 
e qualquer falante de uma língua, por mais que ele conheça a gramática de trás para frente e de frente 
para trás, ele sempre recorre a sua memória de leitor. Vou te dar um exemplo e você, provavelmente, já 
deve ter passado por isso alguma vez e se lembrará. Algumas vezes, na hora de escrever, temos dúvidas 
quanto à escrita de determinada palavras e o que fazemos? Escrevemos das duas formas que é para tirar 
a dúvida e, ao escolhermos determinada escrita, é a nossa memória de leitor (a) que está agindo ali, visto 
que já vimos aquela palavra escrita nos textos que lemos e estudamos ao longo da nossa vida, seja no 
processo de alfabetização, na educação básica ou na vida acadêmica.
 
GUARDE EssA IDEIA!
Não existe medida e moderação sobre a leitura. A criança deve, desde o início de 
seu processo de alfabetização, ser estimulado a ler. Gibis são uma ótima alternativa 
para introduzir a leitura nas crianças porque é uma ótima junção do ato de ler e de 
entretenimento. Mas é importante que o nível da leitura evolua juntamente com a 
criança para que não seja formado um adulto que apenas leia gibis. 
Essa leitura constante, para Cagliari, é remédio para 03 problemas: 
1. Resultados pela metade – acontece com as crianças que têm problemas em identificar 
foneticamente as palavras que elas tentam escrever; 
2. Escrita fonética – quando as crianças tentam representar, de forma exata, o som das letras nas 
palavras; 
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3. Troca de letras – quando um sim possui mais de uma representação gráfica, por exemplo, o /g/ 
e o /j/, o /s/ e o /c/, etc.
 
PALAvRAs DO PROFEssOR
Um fato importante nesse processo de aquisição de escrita e que diz respeito à postura do professor, é o 
chamado hipercorreção, onde o professor, tentando corrigir um erro do aluno, escreve da forma correta. 
Por exemplo, a palavra sabe, que como vimos nas unidades passadas, o /e/ final tem som de /i/ e, 
transcrevendo foneticamente, fica [‘sabi]. A criança que está em fase de alfabetização pode escrever 
como ela escuta ‘sabi’ e, quando o professor corrige, ela pode vir a substituir toda palavra com /i/, pelo 
/e/.
Querido (a) aluno (a), um ponto importante na formação de todo e qualquer cidadão, especialmente 
daquele que está em processo de aquisição de conhecimento é se questionar, questionar enquanto ao 
método, enquanto ao conteúdo absorvido, enquanto aos conceitos. E este questionamento não deve partir 
só do próprio aluno que, neste caso de apropriação da escrita e da leitura, trata-se da criança, mas, 
principalmente, por parte do professor.
 
vOcê sABIA?
Você sabia que é de fundamental importância que o professor interaja com os alunos 
e questione sempre o que eles acham da aula, do assunto, da forma como o professor 
passa o assunto? Pois é, além de se questionar quanto ao método aplicado, o professor 
precisa deixar claro para a criança o porquê de ela precisar aprender aquele conteúdo, 
como consta na citação do Professor Cagliari, na página 77 do seu livro texto e que eu 
coloco abaixo para você:
“A escrita e a leitura têm muitos usos, que precisam ser discutidos ao longo do processo de alfabetização, 
e uma boa conversa deve acontecer antes mesmo do início das atividades de ensino e aprendizagem. [...] A 
escola sempre parte do princípio de que o professor é quem decide o que é bom e o que deve ser excluído 
do processo educacional. Mas é bom também perguntar aos alunos quais são seus anseios. O que eles 
pretendem ler? O que eles pretendem escrever? O que pretendem fazer no começo da alfabetização? O 
que pretendem fazer depois, quando já souberem ler e escrever fluentemente? O que pretendem fazer 
depois, quando saírem da escola já formados? ”.
 
LEITURA cOMPLEMENTAR
Para se aprofundar mais e como leitura complementar, sugiro leitura de entrevista com 
a pesquisadora em alfabetização e letramento, Ana Teberosky, disponível on-line no 
site da revista escola, através do link.
???
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/debater-opinar-estimulam-leitura-escrita-423497.shtml
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DEsAFIOs ATUAIs DA ALFABETIZAÇÃO E DO LETRAMENTO 
Querido (a) aluno (a), como vimos na unidade 01, os métodos de alfabetização foram sofrendo mudanças 
e a palavra letramento surgiu de uma necessidade de ter preocupação com habilidades de ler e escrever 
como práticas sociais, resultado de uma vida em comunidade, em sociedade, e não apenas elementos de 
uso mecânico. Desta forma,tanto a alfabetização quanto o letramento enfrentam desafios constantes e é 
sobre eles que iremos estudar agora neste tópico.
As mudanças que o mundo e nossa sociedade vêm passando nos últimos tempos exigem que a educação, 
dentro dela os processos de alfabetização e letramento, se adeque aos novos formatos que vão surgindo 
e, recentemente, o exemplo que podemos ver é o da inclusão de mais 01 ano na educação básica. Com 
a criação do ‘9ª ano’, o corpo docente precisou fazer readequações na comunidade escolar, tanto no que 
diz respeito à questão espacial e temporal, como nas questões da revisão das práticas pedagógicas, 
conteúdo disciplinar e modos de ensino.
PARA PEsQUIsAR
No artigo “Leitura e escrita: desafios para a escola pública na atualidade”, disponível 
na web através do link, podemos ver, na página 194, a seguinte citação sobre as 
reformulações que a comunidade escolar precisou fazer quanto à inclusão no 9º ano:
“Os três primeiros anos de escolaridade formam um bloco pedagógico, de 600 
dias letivos, cujas aprendizagens dos alunos deverão voltar-se para o domínio da 
leitura, da escrita e do cálculo, como garantia da conquista de habilidades mínimas 
necessárias à continuidade da trajetória escolar (RESOLUÇÃO Nº 7, DE 14 DE 
DEZEMBRO DE 2010). Nesse sentido, o planejamento das atividades, a definição 
dos objetivos da aprendizagem e a avaliação de cada um dos três primeiros anos 
precisam ser elaborados coletivamente, pelos professores e gestores desse 
processo, de modo que eles constituam-se, na prática, um bloco pedagógico. 
Mais do que isso, as concepções de ensino e dos objetos de ensino devem ser 
discutidos, pois as ações empreendidas sempre amparam-se em concepções, 
mesmo que de maneira inconsciente àqueles que participam e coordenam esse 
processo”.
 
PALAvRAs DO PROFEssOR
Por que eu estou te falando da inclusão do 9º ano, você deve estar se perguntando, mas calma que irei 
te explicar. O processo educacional é constante e contínuo, nós nunca deixaremos de aprender, enquanto 
estivermos vivos e tivermos saúde para isso, desta forma, as mudanças sofridas pela nossa sociedade 
exigem da escola, e da comunidade escolar, que a educação se molde de acordo com a necessidade. A 
inclusão do 9º ano fez com que o sistema educacional repensasse os conteúdos que os alunos deveriam 
estudar, a divisão desses assuntos, a possível contratação demais professores para suprir o aumento de 
mais turmas, etc.
http://www.ufjf.br/fale/files/2010/06/2013-Leitura-e-escrita-desafios-para-a-escola-p%C3%BAblica-da-atualidade.pdf
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Outro ponto que permite repensar os processos educacionais, bem como a alfabetização e o letramento, é 
a formação do professor. A educação já passou por diversos caminhos e, graças a esses questionamentos 
sobre a educação, sofreu mudanças ao longo desta caminhada. Houve uma época, e a professora que vos 
escreve pode dizer que vivenciou isto na pele, em que os alunos eram submetidos ao uso da caligrafia. 
Se você não sabe o que é caligrafia, vou abrir um parêntese para explicar, mas antes vou ilustrar abaixo:
 
Fonte: http://blog-informativo.webnode.com.br/letras-caligrafia-alfabeto/
Caligrafias são cadernos com modelos de escrita que os alunos usam com a finalidade de treinar seu 
modo de escrever, a fim de ficar com uma letra legível, ajudar a manter a pressão do lápis no papel, entre 
outras funções. Mas acontece, meu caro, que o uso de caligrafias vem diminuindo consideravelmente 
com o passar dos anos, tendo em vista que a sua letra diz muito sobre a sua personalidade, sobre quem 
você é, vide a grafologia, parte da ciência que utiliza a análise da escrita para inferir sobre os traços de 
personalidade. 
 
LEITURA cOMPLEMENTAR
Para ler mais sobre a grafologia, sugiro leitura deste site, através do seguinte link.
http://blog-informativo.webnode.com.br/letras-caligrafia-alfabeto/
http://www.sidneyrezende.com/noticia/150081+grafologia+dicas+e+exemplo+de+analise+de+textos
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Voltando ao nosso raciocínio, com o surgimento de novas teorias psicológicas que, posteriormente foram 
trazidas para a pedagogia, como o construtivismo, por exemplo, o uso das caligrafias foi ficando obsoleto, 
fazendo com que as escolas deixassem, cada vez mais, de usar tais recursos. Ainda hoje podemos 
encontrar algumas poucas escolas que fazem uso de tais métodos com as justificativas de que ajuda a 
tornar a letra do aluno legível e ajudar na pressão do lápis, ou caneta, no papel.
Essa mudança de método educacional, como é o exemplo do uso de caligrafias, é mais um exemplo de 
como o sistema educacional vive em constante análise e constante mudança para se adequar aos novos 
rumos que a educação caminha; cada dia são novos desafios e a comunidade escolar precisa sempre estar 
pronta para se moldar de acordo com a necessidade do momento, sempre na tentativa de fazer com que 
chegue sempre ao aluno o melhor método educacional para o momento.
 
PALAvRAs DO PROFEssOR
Antes de irmos para o próximo tópico, quero deixar claro para você que o uso da caligrafia é alvo constante 
de debates por parte dos educadores e que cada escola, de acordo com a teoria pedagógica que rege a 
comunidade escolar, vai adotar o método que melhor lhe couber. Não existe um método único que deva 
ser aplicado por unanimidade, a escola vai seguir de acordo com a teoria em que acreditar e tomar como 
norte para o seu sistema educacional. 
 
LEITURA cOMPLEMENTAR
Para você entender mais sobre o uso da caligrafia, sugiro leitura deste site, disponível 
na web através do link.
Língua oral e língua escrita
Prezado (a) aluno (a), como falar de desafios na alfabetização e letramento das crianças sem falar, sem 
explicar, na verdade, a existência de 02 línguas tão importantes: a oral e a escrita. É importante que você 
compreenda a diferença entre elas e como cada uma tem sua função no processo comunicacional.
Para iniciar, temos que falar sobre a noção de erro. No que se refere à língua oral, de acordo com a 
linguística, só é considerado erro a sentença que o ouvinte não conseguir compreender, como, por exemplo, 
‘sala foi de aula eu ontem’. Já sentenças como ‘nós foi para a sala de aula ontem’, embora não esteja de 
acordo com a norma culta (ou padrão), visto que a conjugação do verbo ir no passado, na primeira pessoa 
do plural é ‘fomos’ e não ‘foi’, e mesmo que a regência do verbo ir exige a preposição ‘a’, que juntamente 
com o artigo que antecede ‘sala de aula’, necessita de uma crase (à), ficando a frase ‘nós fomos à sala de 
aula ontem’, a sentença foi compreendida pelo ouvinte.
 
http://www.sandrabozza.com.br/?p=314
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DIcA
A língua oral, no que diz respeito à unidade linguística, é uma abstração, visto que ela 
existe no campo da fala, sendo o Brasil é um país enorme, com 05 regiões, 26 estados 
e 01 Distrito Federal, onde cada estado possui uma representação de fala distinta com 
a influência de sotaques e regionalismos. Não existe uma gramática dos vários dialetos 
brasileiros, muito pelo contrário, somos regidos pela gramática da língua portuguesa, 
embora a língua falada aqui no Brasil tenha várias distinções da falada em Portugal, de 
acordo com o livro ‘Linguagem, língua e fala’, nas páginas 50 e 51.
 
GUARDE EssA IDEIA!
Caro (a) estudante, um fator importante para esta diversidade da fala são as alofonias, 
variantes de um mesmo fonema que pode acontecer de acordo com a região, estado 
e/ou cidade, ou seja, são uma representação dessa língua oral, onde, para a palavra 
teatro, um morador do Rio de Janeiro fala ‘thiatru’ e um pernambucano fala ‘tiatru’. 
Além dos regionalismos, outros fatores influenciam nesta língua oral, como a faixa 
etária, jovens, por exemplo, usam uma quantidade grande de gírias, enquanto idosos 
se apegam mais aos arcaísmos (palavras e/ou expressões antigas), a entonação do 
falante e até o gênero.
 
PALAvRAs DO PROFEssOR
Agora, um elemento importante nessa mudança que caracteriza a língua oral é o ouvinte. Quero chamar 
a sua atenção, caro aluno,para com quem você conversa. Você fala da mesma maneira com seu chefe 
e com seus amigos? Ou com seus pais e sua namorada? Já sei que a resposta é não! A língua é como 
uma roupa, nós a usamos de acordo com a situação, ocasião e com quem estamos nos comunicando. Por 
exemplo, você, ao conversar com um estrangeiro que esteja aprendendo português, irá utilizar palavras 
mais simples e de mais fácil compreensão para que o entendimento entre ambos seja feito com sucesso. 
Porém se estiver apresentando um trabalho na faculdade irá usar uma linguagem mais rebuscada e culta.
Enquanto a língua falada existe na oralidade, a língua escrita tem como guia a gramática da língua 
portuguesa, pois o texto precisa ser compreendido por qualquer leitor, seja um leitor do Nordeste, do Sul, 
ou até mesmo um estrangeiro que esteja prendendo português.
Por que eu te expliquei sobre a língua oral e a língua escrita? Simples, porque, durante o processo de 
aquisição da língua falada e escrita, a criança irá pronunciar determinadas palavras de acordo com a 
lógica dela, de acordo coma gramática inerente a ela e, nem sempre, será de acordo com a norma culta, 
ou seja, a palavra não será pronunciada ‘correta’. Um exemplo é o contido na página 11 do seu livro texto 
sobre a criança que, em vez de escrever ‘moleque’, escreve ‘muleci’:
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“Se olho um menino que escreve muleci, não posso pensar que ele não aprendeu o que eu 
ensinei. Se o que eu pretendia era que aprendesse sobre o sistema de escrita, devo entender 
que para escrever muleci ele usou inúmeros conhecimentos que já tem sobre esse sistema em 
português. Revelou saber, por exemplo, que escrevemos com letras, que essas letras representam 
sons, que não é qualquer letra que representa qualquer som... E que, provavelmente pela sua 
experiência de empregar o “c” para escrever casa e cavalo, considerou que a mesma letra 
serviria para o que de moleque – o que tem muita lógica, embora não coincida com a escrita 
convencional da palavra. Na verdade, o que ele não sabe ainda muito bem é a ortografia. 
Dentre as possibilidades de representação que existem na escrita alfabética em português, ele 
não sabe exatamente quais são as aceitas pela convenção e quais não, mas suas estratégias 
foram, sem dúvida, bastante inteligentes (WEISZ, 2004, p. 23)”.
O papel da avaliação dentro do processo de alfabetização 
Meu caro (a), você deve estar se perguntando se não existe um único método educacional perfeito e que 
pode ser aplicado por todas as escolas, então e as avaliações? Como saber qual é a mais ‘correta’ a ser 
aplicada? Calma, querido, é sobre as avaliações que trataremos neste último tópico desta unidade.
Numa sala de aula você encontra todo tipo de aluno, vindos de todos os lugares e com experiências 
diferentes. Uns aprendem o assunto mais rápido, outros possuem amis dificuldade e como o professor 
avalia esses alunos tão plurais, tão diferentes? Quando falamos no termo avaliação nos vem logo à mente 
aquele método tradicional onde o professor explica o assunto e em seguida questiona os alunos para 
ver se eles aprenderam, seja através de prova escrita ou oral e, em seguida, ganha uma nota. Mas essa, 
como falei, é uma visão bem tradicional da forma de se avaliar um aluno e não se encaixa na pluralidade 
existente em sala de aula, como afirma Cagliari em citação contida na página 87 do seu livro texto:
“[...] a necessidade de dar e receber nota tornou-se, com o tempo, compulsória nas atividades 
escolares e estendeu-se por todos os níveis, abrangendo todas as atividades. Como a escola 
educa para a sociedade, vemos que nossa sociedade passou a ter a mesma obsessão. Mesmo 
atividades que não precisam de julgamento de valor passam a ganhar notas, como um jogo 
social. Tudo pode ser traduzido em valores de 0 a 10, de acordo com qualquer parâmetro. [...] 
Nosso problema, porém, é outro: será que os alunos, quando estudam, estão participando de 
uma competição, de uma seleção para ver quem fica e quem é excluído ou, simplesmente, 
quem é o campeão? Será esse o objetivo da escola, da educação, dos estudos? Na prática, o 
uso de notas nas atividades escolares parece deixar bem claro que a escola optou por esses 
objetivos. Será que estudar é uma competição em que é preciso ganhar, senão se acabam as 
chances de continuar? Será que não se pode estudar por ideais mais nobres? Será que a escola 
não pode ter objetivos voltados mais para a formação e menos para a competição? (CAGLIARI, 
2009b, p. 64-65) ”.
Com o avanço das teorias pedagógicas a cerca do ensino, a avaliação também foi sofrendo mudanças 
ao longo dos anos e se moldou conforme a necessidade. Se, em uma sala de aula, nós temos crianças, 
alunos, advindos de situações sociais, psicológicas e educacionais distintas, o (a) professor (a) precisa 
moldar a avaliação para que ela consiga chegar a todos sem priorizar nenhum. Diante deste novo contexto 
educacional, a avaliação passou a ser não apenas através de uma prova e/ou uma nota, ela passou a ser 
contínua.
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vOcê sABIA?
Mas o que vem a ser essa avaliação contínua? Num tipo de avaliação como esta, meu 
caro, o aluno é avaliado a partir do momento que ele entra em sala de aula, sendo 
levada em consideração sua participação no processo educacional, sua evolução no 
que diz respeito não só ao conteúdo trabalhado, mas a sua evolução enquanto ser 
humano pensante de forma crítica e atuante na sociedade. As provas deixarão de 
serem aplicadas? Provavelmente não, principalmente no sistema educacional que 
convivemos, onde o aluno é ‘trabalhado’ para prestar o vestibular e passar numa 
Universidade pública.
A prova, provavelmente, sempre terá seu espaço dentro da avaliação escolar, mas com o avanço dos 
processos educacionais, ela deixou de ser a protagonista dentro dele. Ela passou a ser mais um método 
e não apenas o único capaz de testar a capacidade intelectual do aluno. Apresentações de trabalho, o 
uso da oratória, da argumentação, a explanação sobre o conteúdo trabalhado, a evolução do aluno, o 
comportamento, a participação em sala, todos esses são formas de avaliar um aluno de maneira mais 
justa, levando em consideração sua bagagem, seu Contexto educacional e social.
 
PALAvRAs DO PROFEssOR
Querido (a) Aluno (a), chegamos ao final de mais uma unidade da nossa disciplina de Alfabetização e 
letramento. Estamos caminhando para o fim desta disciplina, mas espero que nosso conhecimento esteja 
sendo construído conjuntamente não apenas com este guia de estudo, mas também com o livro texto e as 
leituras complementares que foram sendo sugeridas ao longo destas 03 unidades até agora.
Iniciamos esta terceira unidade aprendendo sobre as perspectivas no processo de aquisição da leitura 
e da língua escrita, onde você foi apresentado a 02 métodos educativos: o método de ensino, também 
conhecido como método tradicional, que baseia-se no fato de que o aluno chega à escola como uma 
página em branco e que o professor que irá ‘escrevê-las’, ou seja, o aluno não possui conhecimento 
algum, sendo tudo adquirido através da escola, na figura do professor; e o método de aprendizagem, 
onde o professor é um mediador entre o conteúdo estudado e o aluno, vendo cada aluno de sua maneira 
individual, levando em conta o fato de que cada um tem sua história de vida diferente, e onde a aquisição 
do assunto trabalhado é feita baseada em debates, conversas e não apenas no fato do professor explicar 
na frente da sala.
Em seguida vimos os desafios atuais pelos quais os processos educacionais, dentro deles o de alfabetização 
e letramento passaram diante das mudanças sofridas pela nossa sociedade, como é o caso da inclusão de 
mais um ano dentro da vida escolar do aluno, o 9º ano, por exemplo.
???
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Dando continuidade à nossa terceira unidade, estudamos os 02 tipos de língua, a oral e a escrita, de 
suma importância para o processo de aquisição da leitura e da escrita. Por fim vimos o papel da avaliação 
dentro do processo educacional. Vimos que os métodos tradicionais,que enxergam os alunos como uma 
unidade, sem levar em consideração sua pluralidade e suas diferentes origens, estão, cada vez mais 
perdendo espaço e dando lugar aos métodos de avaliação contínuos, que consideram a evolução do aluno 
em sala de aula de forma contínua e não apenas baseada numa nota.
Bom, meu caro (a), finalizamos a unidade 03 e quero lembra-lo que para eventuais dúvidas, contem com 
seus tutores, eles encontram-se disponíveis para lhe auxiliar na construção do conhecimento. O seu livro 
texto e os materiais de pesquisa também são fontes de pesquisa, bem como a gama de conhecimento que 
você encontra disponível na biblioteca virtual.
É isto, bom estudo e nos vemos na próxima unidade. Até lá!

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