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Direito das coisas resumo

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Direito das coisas
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS
Trata-se de ramo do direito civil que regula as relações entre pessoas e coisas (bens - tudo aquilo que é de cunho patrimonial)
O direito das coisas trata, na verdade, de bens, tendo em vista que todos os tipos de direitos reais incidem sobre bens.
Clóvis Beviláqua dizia que o direito das coisas trata de coisas que sofrem apropriação do homem. Um conceito mais moderno, contudo, diz que se trata, na verdade, do vínculo jurídico entre pessoas e coisas.
A expressão ‘’ direito das coisas’’ é mais genérica, visto que inclui, por exemplo, a posse; ‘’Direitos reais’’ seria uma espécie de direito das coisas (tendo em vista que o artigo 1225, que lista os direitos reais não fala sobre a posse.)
Direito das coisas é, evidentemente, diferente de direito obrigacional, pois este é de relação pessoal, enquanto aquele não é entre pessoas, mas entre pessoa e coisa. 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
No direito romano, a propriedade era eminentemente individualista, de modo que a pessoa poderia fazer o que bem quisesse com essa propriedade ( direito real de propriedade).
Na idade média, o interessante é a situação do senhor feudal (dono da propriedade) que cedia a terra ao vassalo (que se tornava possuidor) e este ultimo pagava de alguma forma. Até hoje, há normas pautadas nesse período, visto que um era proprietário e outro usufrutuário.
Na revolução francesa, contudo, voltam os princípios individualistas, pautada por uma liberdade ao extremo.
No século XX surte o estado sócia, representado, no Brasil, pela CF/88. Existem, hoje, institutos privados, obviamente. Porém, nada é ilimitado, de modo que o interesse público deve prevalecer (inclusive quando tratamos da propriedade, visto que esta deverá atender sua função social)
CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS
Propriedade. (É o direito real por excelência. É o direito que confere poderes de modo amplo, conferindo todos os poderes dos direitos reais e, portanto, sendo o mais amplo.)
Direitos reais sobre coisa alheia (são direitos onde a coisa não é, de fato, da pessoa. Sendo divididos em 03 classificações:
Direitos de Gozo ou de fruição.
Direitos reais de garantia (que não dão a possibilidade de usar, mas garantem, tais como a hipoteca, penhor, anticrese.)
Direitos reais de aquisição.
DIFERENÇAS ENTRE DIREITO REAL E PESSOAL
Com relação às normas jurídicas.
Direitos reais são normas cogentes, imperativas, impositivas, normas, portanto, de ordem pública.
Direitos pessoais, em regra, são normas dispositivas. Nestes direitos, há o princípio da autonomia de vontade, de modo que os particulares podem escolher como fazer.
Modo de exercício:
Direitos reais: São exercidos sobre um bem, não necessitando de qualquer intermediação.
Direitos pessoais: Precisam da postura do outro, ou seja, as partes tem de cumprir ao que se obrigaram.
 Quanto ao objeto:
Direitos reais: São coisas determinadas (casa, terreno, rebanho)
Direitos pessoais: Podem incidir sobre coisas que são determináveis no futuro, por meio da escolha.
Em relação ao tempo:
Direitos reais: concedem a possibilidade do uso. O prazo é indeterminado, e, por conta disso, são perpétuos, em regra. 
Direitos pessoais: São transitórios. O contrato, por exemplo, é feito para ser cumprido. Após o cumprimento, é extinto.
Em relação ao sujeito passivo:
Direitos reais: São oponíveis erga omnes, ou seja, contra todos. Todos devem respeitar. A partir do momento em que um não respeita, se tem a especificação da pessoa.
Direitos pessoais: O sujeito passivo é sempre a outra parte. É, portanto, de efeito interpartes, como regra. (podem surgir exceções, tais como a estipulação em favor de terceiro)
PRINCÍPIOS DO DIREITO REAL
Princípio da aderência: O direito real adere ao bem. Ou seja, onde a coisa estiver, o direito estará com ela, pois vimos que o direito incide sobre a própria coisa. Por isto dizemos que há o chamado DIREITO DE SEQUELA, que dá ao titular o direito de reivindicar, perseguir, buscar a coisa onde quer que ela esteja. É o chamado jus persequendi, previsto no artigo 1228 do CC.
“Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.”
Princípio do absolutismo: O direito real tem caráter absoluto, isto é, contra todos. Sendo, portanto, oponível erga omnes.
Princípio da publicidade ou visibilidade: A constituição dos direitos reais necessita da visibilidade. Tudo que diz respeito a direito real sobre imóvel, deve ser feito por registro, como a escritura pública, por exemplo.
Princípio da taxatividade: Todos os direitos reais estão previstos na lei. TODOS. É o que chamados de ‘’numerus clausus’’. Ou seja, o artigo 1225 do CC é um rol taxativo, não sendo permitida a criação de direitos reais por vontade das partes.
Princípio da tipicidade legal: É decorrente do princípio da taxatividade. Os direitos reais, como vimos, devem estar previstos em lei (não necessariamente no código civil, mas em leis esparsas também, como alienação fiduciária.)
Princípio da perpetuidade: É a ideia de que os direitos reais, em regra, tendem a ser perpétuos.
Princípio do desmembramento (também chamado de princípio da elasticidade): Em relação ao mesmo bem, podem existir direitos reais diferentes. Por exemplo, o proprietário (possui o direito de propriedade), pode transferir a outra pessoa o usufruto (visto que o direito de propriedade pode sofrer divisões)
POSSE
A primeira discussão em relação a posse é determinar se é um DIREITO ou um FATO. Ou seja, determinar sua natureza.
Na visão de Orlando Gomes, posse não é apenas um fato, mas também um direito. Contudo, não é nem real (pois não está prevista) nem pessoal. Portanto, na visão do citado autor, seria um tipo de direito especial. 
Maria Helena Diniz, por sua vez, acredita que posse é um direito real, pois é decorrente do desmembramento do direito de propriedade. Porém, vale analisar que nem sempre a posse é decorrente da propriedade, existindo mesmo sem este. 
TEORIAS JUSTIFICADORAS DA POSSE:
Existem várias teorias que justificam a posse, contudo, duas são de extrema importância.
Teoria subjetiva ( de Savigny): O autor acreditava que a posse teria dois elementos que deveriam estar presentes, sendo:
Corpus: É o elemento objetivo, material da posse. Deve se ter o poder físico sobre a coisa
Animus: É necessária a intenção de ter a coisa para si, ou seja, de exercer sobre ela o direito de propriedade.
Teoria objetiva ( de Ihering): O autor acreditava que o único elemento da posse seria o CORPUS, ou seja, basta que a pessoa tenha poderes físicos sobre a coisa. 
É a teoria adotada pelo código civil, como podemos perceber através da leitura do artigo: “Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”
Ou seja, não é porque a pessoa não tem intenção de ser dona que não possui a posse. 
DESDOBRAMENTO DA POSSE: Direta ou indireta
Será direta em relação a pessoa que possui a coisa. (locatário que possui o imóvel, terá a posse direta)
Será indireta se a pessoa que possui a propriedade não possui diretamente a coisa ( o proprietário que aluga o imóvel, por exemplo, torna-se possuidor indireto da coisa, mesmo sendo proprietário.
“Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.”
A posse, numa visão mais moderna, deve atender a uma função social, assim como a propriedade.
POSSE E DETENÇÃO
São institutos distintos. O detentor não possui a posse, e por este motivo não terá nenhum direito possessório. A detenção está prevista no artigo 1.198 do CC que prescreve:
“Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento
de ordens ou instruções suas.”
Ou seja, o detentor da coisa possui uma dependência econômica, um vínculo de subordinação em relação ao possuidor. A figura do detentor é de mera custódia. ( o exemplo mais citado na doutrina é o do caseiro que cuida da área apenas cumprindo ordens ou instruções do possuidor ou dono)
O detentor pode virar possuidor, se provar ser. Porém, se se comportar como detentor, terá de provar que se tornou possuidor. É o que prescreve o parágrafo único do supramencionado artigo. 
“Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.”
Mesmo não sendo possuidor, o detentor tem a possibilidade de defender a posse, através do desforço imediato, conforme prevê o artigo 1210, §1 do CC.
( o STJ entende que a ocupação irregular em área pública configura apenas detenção, não caracterizando qualquer tipo de posse, salvo se por concessão de uso, criado em 2007.)
SE HOUVER CONTRATO DE COMODATO, EXISTE POSSE, DE ACORDO COM JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA*
OBJETO DA POSSE
A posse existe em relação a coisas corpóreas, sejam móveis ou imóveis. Pode, também, existir em relação a direitos reais (posse dos direitos reais, por exemplo). A ação possessória pode ser em relação ao objeto corpóreo ou incorpóreo, portanto.
Por fim, em relação a direitos patrimoniais também existirá a posse, que será aquela decorrente do contrato.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE:
É importante se classificar a posse pois a classificação poderá ser requisito em determinadas hipóteses, vejamos:
Quanto ao desdobramento:
Direta: Aquela que é exercida por quem tem o poder físico da coisa (chamada de posse imediata)
Indireta: Aquela exercida por meio de outra pessoa (também chamada de posse mediata (caso do locador, por exemplo,que não tem o poder físico sobre a coisa, tornando-se possuidor indireto.
Tanto o possuidor direto quanto o indireto poderão proteger a posse um contra o outro. E ambos poderão ingressar com ação possessória contra terceiros.
Em relação a presença de vícios objetivos ( previstos no artigo 1200 do CC), que podem ser:
Posse justa: quando não contiver qualquer um dos vícios
Posse injusta: quando contiver algum dos vícios
Vícios: 
A violência: Quando a posse é obtida por esbulho, uso de força física ou coação moral.
Clandestinidade: Quando a tomada da posse é realizada de forma oculta, sorrateira.
Precariedade: É aquela posse obtida com o abuso de confiança ou de direito. Num primeiro momento, era um posse justa e depois passa a ser injusta. 
Os vícios possuem sempre um efeito interpartes, podendo ser injusta em relação a uma pessoa e justa em relação a outra. 
O artigo 1208 do CC trata dos vícios de violência ou clandestinidade, que podem ser convalidados, sendo exceção a regra de que a posse mantém o mesmo caráter em que é adquirida, conforme prevê o artigo 1203. 
Após 1 ano e 1 dia do ato de violência ou clandestinidade, a posse deixa de ser injusta e passa a ser justa, de acordo com o artigo 924 do CPC.
A precariedade não pode ser convalidada, de acordo com o entendimento clássico. Contudo, entendimentos mais modernos dizem que pode.
Em regra, a posse é passada da mesma forma que é adquirida. Por exemplo, a posse passada de pai para filho, será passada da mesma forma que era (justa ou injusta, por exemplo)
É importante se classificar a posse em justa ou injusta pois gerarão efeitos em relação às ações possessórias e a usucapião. A posse injusta, por exemplo, não conta prazo em relação para usucapião, não sendo ‘’ad usucapionem – aquela que pode ser usucapida’’. 
Importante ressaltar, ainda, que não há proteção da posse injusta em relação a quem ela foi tomada. Em relação a outra pessoa, será protegida.
QUANTO A BOA-FÉ SUBJETIVA (artigo 1201 do CC)
Posse de boa-fé: O possuidor ignora os vícios da posse, ou seja, os desconhece. (terceiro adquire a posse sem conhecer um dos vícios que ela continha)
Se possuir justo título, presumir-se-á a boa-fé. ( justo título é um contrato, escrito ou verbal onde um passa efeitos possessórios. É um negócio hábil para a transmissão da posse. Justo motivo que autoriza a aquisição derivada da posse.)
Posse de má-fé: O possuidor sabe do vício sobre a coisa mas mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre ela. Como vimos, mesmo ele possui direitos possessórios face à terceiros. 
A POSSE DE BOA-FÉ E MÁ-FÉ IRÃO GERAR EFEITOS EM RELAÇÃO AOS FRUTOS E BENFEITORIAS:
A priori, a posse de boa-fé é justa e a de má-fé é injusta. Contudo, é possível de adquirir uma posse injusta de boa-fé. Ou seja, desconhece os vícios e mesmo assim adquire.
Quanto à presença de título:
Com título: Há uma causa representativa de transmissão da posse ( contrato de comodato, por exemplo). Pode ser um título civil ou jurídico.
Sem título (natural) : Se materializa por atos concretos, ou seja, não há uma causa representativa de transmissão da posse, pelo menos não aparente.
Quanto ao tempo:
Posse nova: Conta-se como posse nova até um ano (menos de um ano e um dia)
Posse velha: Conta com pelo menos um ano e um dia.
Essa classificação é importante pois, se posse nova, de acordo com o artigo 924 do CPC, a posse nova poderá ensejar procedimento possessório mais célere, onde se admite a liminar.
 Quanto aos efeitos:
Posse ad interdicta: É aquela posse que pode ser protegida por ações possessórias, contudo, não contam prazo para usucapião. 
Posse ad usucapionem (posse usucapível): É aquela posse que, se exercida durante certo lapso temporal previsto na lei, admite-se a obtenção do domínio, ou seja, propriedade.
Ainda quanto aos efeitos:
Jus possiendi: É a posse obtida pela propriedade. Ou seja, pelo simples fato de ser dono, tem a posse.
Jus possessionis: É uma posse que não decorre da propriedade (pode ser defendida nas ações possessórias)
AQUISIÇÃO DA POSSE
Não há uma forma especial para aquisição da posse, sendo a aquisição livre, conforme se extrai da leitura do artigo 1204 do CC. Prescreve:
“Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.”
Quem pode adquirir?
De acordo com o artigo 1205 do CC, a própria pessoa ou seu representante (aquele que recebe por mandato, por exemplo)
“Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;”
Poderá, ainda, ser adquirida por terceiro sem mandato, desde que possua ratificação posterior, conforme o inciso II
“II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.”
	MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE:
Por tradição:
Real ou material: Onde se entrega a coisa ao novo possuidor.
Ficta ou simbólica: É um ato representativo que demonstra a transferência da posse (a entrega das chaves do carro, por exemplo)
Consensual: É aquela que se dá por manifestação de vontade (ou seja, clausula contratual), podendo ser:
Traditio brevi manu: Alguém que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio. ( O locatário que compra do locador, tornando-se o dono).
Constituto Possessório: Alguém que possuía em nome próprio e passa a possuir em nome alheio (Proprietário da coisa que passa a ser locatário)
Acessão: É a soma da atual posse com a anterior, podendo ser:
Acessão a título universal: O adquirente recebe a posse com a mesma característica. Contudo, o bem não é determinado, são todos. É o caso do herdeiro ou legatário, conforme o artigo 1206 do CC: “Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.”
Acessão a título singular: Hipótese em que a soma é facultativa, podendo aceitar ou não, em relação a bem determinado. ( Exemplo: aquele que recebe o bem em doação)
Prescreve o artigo 1207 do CC
“Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.”
EFEITOS DA POSSE:
Quanto aos frutos ( frutos são utilidades que se tira do bem, sem prejuízo do bem principal pois se renovam periodicamente.)
Está regulado nos artigos 1214 a 1216 do código civil de 2002. 
O possuidor de boa-fé:
enquanto ela durar, tem direitos aos frutos já colhidos (percebidos). “Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.”
Os frutos pendentes (aqueles que não colhidos no momento em que cessar a boa-fé), deverão ser restituídos, depois de deduzidas as despesas para a produção e custeio ( mesmo do possuidor de má-fé, evitando o enriquecimento ilícito)
 “Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.”
Os frutos colhidos por antecipação deverão ser restituídos.
De má-fé: 
O possuidor de má-fé deverá restituir todos os frutos, sejam colhidos ou pendentes, durante todo o período de má-fé.
Em relação às benfeitorias (artigo 1219)
De boa fé:
Tem direito a indenização por benfeitoria necessária e útil. Se não for indenizado, terá o direito de ficar no imóvel (direito de retenção) “Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis”
Em relação às benfeitorias voluptuárias, se de boa-fé, terá o direito receber seu valor ou a levantá-la (retirá-la) desde que não prejudique a coisa
Em decorrência de contrato de locação, a lei especial prevê as regras nos artigos 35 e 36. 
De má-fé:
O possuidor de má-fé tem direito de indenização apenas das benfeitorias necessárias, mas não tem direito de retenção nem levantamento das voluptuárias. 
Efeitos em relação à responsabilidade durante a posse:
De boa-fé:
O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração que não der causa. “Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.”
De má-fé:
O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentalmente, salvo se provar que teria acontecido mesmo que o bem estivesse em posse do reivindicante. “Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.”
INTERDITOS POSSESSÓRIOS
A posse poderá ser defendida pelos interditos possessórios, previstos no artigo 924 do CPC, que terá rito especial. 
Requisitos:
A posse precisa ser POSSE NOVA (menos de ano e dia)
A posse deve ser justa (se for injusta, isto é, eivada de vícios, só depois do convalescimento destes)
A boa-fé não é fundamental, assim como justo título.
Espécies:
Ameaça à posse: Ação de interdito proibitório. Há um risco de atentado à posse, tendo esta ação caráter puramente preventivo.
Turbação: Ação de manutenção da posse. É a perturbação da posse, quando estão tentando invadir, por exemplo. Não é simples ameaça, estão prontos para invadir.
Esbulho: Ação de reintegração de posse. Já houve a perda total ou parcial da posse. É repressiva. 
PRINCÍPIOS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS:
Fungibilidade das ações: Pode se trocar uma ação pela outra (até porque pode ser que seja turbação no início mas esbulho posteriormente)
Natureza dúplice: Na própria contestação, o réu pode formular pedido contraposto, não havendo reconvenção.
Proibição da exceptio dominus: Não se discute o domínio, mas simplesmente a posse sobre a coisa. (não se confundindo com ação reivindicatória)
DESFORÇO IMEDIATO
Trata-se de legítima defesa da posse e está disposta no artigo 1210, §1 do CC. Nada mais é do que a permissão da autotutela. Contudo, não caberá desforço imediato após o esbulho, devendo este instituto ser usado NO MOMENTO em que a posse estiver sendo perdida. São requisitos:
A defesa deve ser imediata
O possuidor deve agir nos limites do exercício regular do direito, respondendo por todo e qualquer excesso
O possuidor poderá se utilizar do apoio de empregados e prepostos para a defesa de sua posse (caso do detentor, por exemplo)
USUCAPIÃO
A usucapião é um dos efeitos da posse, e existe para bens móveis e imóveis.
Trata-se de forma originária de aquisição do domínio, por meio do exercício da posse.
É possível que a aquisição de outros direitos reais se deem por meio da posse (como a servidão, por exemplo), podendo ser possível pela usucapião.
Dizer que é originária significa que aquele que adquire a posse irá adquiri-la sem ônus algum.
A posse, para ser possível a usucapião, deve ser caracterizada como ‘’posse ad usucapionem’’, devendo, portanto, ser usucapível.
Atos de mera permissão ou tolerância, assim como a posse na vigência de contrato não geram usucapião (detentor, desse modo, não contará prazo para usucapião. Se este se tornar possuidor, contudo, poderá contar prazo. Da mesma forma, o locatário não contará)
É possível a usucapião sobre área comum do condomínio?
Há divergência doutrinária neste sentido, dividindo-se em ambos.
REQUISITOS PARA A POSSE AD USUCAPIONEM:
Algumas espécies de usucapião possuem requisitos próprios. Contudo, é possível extrair alguns requisitos idênticos, quais sejam:
A posse deve ter ‘animus domini’ (intenção de se tornar dono. É possível que aconteça a inversão da posse, onde o indivíduo passa a querer ser dono.) 
Posse deve ser mansa e pacífica: Ou seja, deve ser exercido sem qualquer manifestação em contrário de quem tenha legítimo interesse. 
Posse contínua e duradoura com determinado lapso temporal: A posse deve ser ininterrupta. A exceção é sobre a soma das posses – ‘’acessio possessionis’’, prevista no artigo 1243 do CC onde o filho pode somar o tempo da posse do pai com a dele.
Posse justa: Exercida sem vícios ou depois de terem cessados.
Algumas espécies de usucapião ainda requerem:
Posse de boa-fé e com justo título: Tais como a usucapião ordinária. Deve se provar a existência de justo título e de boa-fé para ser possível a usucapião.
Em regra, há a possibilidade de acessio possessionis para usucapião, isto é, a pessoa pode somar seu tempo de posse com o antecessor.
MODALIDADES DE USUCAPIÃODE BENS IMÓVEIS:
Usucapião ordinária (prevista no artigo 1242 do código civil)
Usucapião ordinária ou comum, prevista no caput do citado artigo, possui como requisitos:
Posse mansa e pacífica (sem oposição de legítimo interesse) 
Animus domini por 10 anos ininterruptos
Justo título (título apto a dar a aquisição da posse, mesmo que não seja um instrumento)
Boa-fé.
Usucapião ordinária por posse – trabalho (artigo 1242)
Todos os requisitos anteriores
Documento registrado em cartório e cancelado posteriormente (ex: compromisso de compra e venda)
Possuidores se estabelecem no imóvel com o fim de moradia ou para realizarem investimentos de interesse social e econômico, como construir e plantar.
Prazo reduzido para 05 anos. 
Sentença de usucapião tem natureza puramente declaratória, pois somente reconhece um direito que já existe. A sentença serve de título que pode ser levado para registro.
Usucapião extraordinária (prevista no artigo 1238)
Extraordinária regular ou comum:
Posse mansa e pacífica
Ininterrupta pelo período de 15 anos – prazo máximo previsto no código civil
Independe de justo título e boa-fé.
Usucapião extraordinária por posse – trabalho:
Requisitos anteriores
Prazo de 10 anos se tiver sido estabelecida moradia no imóvel ou realizado obras de caráter produtivo. 
Usucapião constitucional ou especial (prevista na CF no artigo 191 caput e no CC no artigo 1239). 
Rural (pro-labore)
Área não superior a 50 hectares em zona rural
Posse por 05 anos ininterruptos, sem oposição, com animus domini
Utilizado para subsistência ou trabalho
Não pode ser dono de outro imóvel rural ou urbano
Não é necessário o justo título ou boa-fé (que são presumidos em razão da destinação dada ao imóvel)
De acordo com o enunciado 313, quando a posse ocorre sobre
área maior do que o limite legal, não será possível a usucapião especial, mesmo que só esteja pedindo o limite. 
Urbana – pro misero ( artigo 183 caput CF, 1240 CC e 9 da lei 10.250/01)
O indivíduo só pode ter reconhecida a aquisição por uma única vez ( a ideia é garantir a moradia a quem não tem outra)
Em regra, não é possível a acessio possessionis, de modo que a soma das posses só pode se dar por mortis causa. 
Requisitos anteriores
Área urbana não superior a 250 m² 
Deve ser utilizado para moradia da pessoa ou da família 
Não se pode ter outro imóvel rural ou urbano
Não precisa de justo título e boa-fé
De acordo com o enunciado 85 CJF/STJ, pode se dar até mesmo em condomínios, desde que dentro da área urbana.
Enunciado 314 CJF/STJ Não se deve computar, nos 250m² a área comum. 
Usucapião especial urbana por abandono do lar (introduzida no código civil no artigo 1240-A em 2011.)
A jurisprudência já reconhecia que o cônjuge que não abandona o lar poderia adquirir o imóvel por usucapião 
Quando se tratar de abandono do lar, o prazo de usucapião será de 02 ANOS. 
O legislador buscou abranger, de modo completo, a situação da pessoa que abandonou o lar MESMO! Ou seja, a pessoa sumiu.
Abrange toda e qualquer forma de família ou entidade familiar, inclusive as homoafetivas, de acordo com o enunciado 500 CTF/STJ. 
Para que seja possível este tipo de usucapião, basta que haja uma separação de fato, não sendo necessário o divórcio ou dissolução da união estável.
Se estiver havendo disputa judicial ou extrajudicial, não há posse ad usucapionem, ou seja, não conta o prazo.
Abandono pressupõe descumprimento silmultâneo de outros deveres conjugais, como assistência material ou de sustento da família. 
Não há necessidade de que o imóvel esteja na posse direta, podendo haver usucapião pelo exercício de posse indireta (quando estiver o imóvel locado para terceiro, por exemplo.
É IMPRESCINDÍVEL, PARA QUE OCORRA ESTE TIPO DE USUCAPIÃO, QUE O IMÓVEL SEJA DE AMBOS OS CÔNJUGES. 
USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA COLETIVA ( prevista no artigo 10 da lei 10.257/01 – estatuto da cidade)
Tem um pouco de semelhança com a urbana constitucional
Requisitos:
É disputado por um grupo de pessoas, em área com mais de 250m² em área urbana
Posse ininterrupta, mansa e pacífica
Grupo de pessoas de baixa renda
Imóvel usado para moradia (analisando a baixa renda)
Ausência de possibilidade de determinação da área de cada possuidor, pois não há limite físico
Não pode ser possuidor de outro imóvel, urbano ou rural
É possível a acessio possessionis
Prazo de 05 anos.
A sentença, nestes casos, serve de título para registro de imóveis.
O juiz deve, nestes casos, atribuir igual fração para cada possuidor, salvo se houver acordo escrito entre os condôminos. Atribuída a igual fração, as pessoas serão coproprietárias, estabelecendo-se em condomínio (podendo vender a quota parte)
Nesse caso, não pode haver extinção do condomínio, ou seja, dissolvê-lo, salvo se por acordo de 2/3 dos condôminos. 
USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL (prevista somente no código civil)
Ordinária ( prevista no artigo 1260 do código civil). São requisitos:
Posse mansa e pacífica com animus domini
Período de 03 anos ininterruptos
Necessita justo título e boa fé.
De acordo com a lei, bens públicos não podem ser usucapidos. Contudo, já existem decisões em sentido contrário.
Extraordinária (artigo 1261). Requisitos:
Posse mansa e pacífica
Período de 05 anos ininterruptos
Não depende de boa fé ou justo título.
Bens móveis não possuem usucapião constitucional.
A aquisição do bem móvel por terceiro sem consentimento do credor (banco, no contrato de alienação fiduciária, por exemplo) não gera posse e, portanto, não gera usucapião, como já entendeu o STJ
Sobre bens móveis furtados, existe divergência na doutrina nos seguintes sentidos:
O terceiro de boa-fé adquire a propriedade
O terceiro de boa-fé não adquire a propriedade pois foi objeto de crime.
COMPOSSE OU COMPOSSESSÃO
Trata-se da situação que duas ou mais pessoas são possuidoras de um bem de modo conjunto.
Cada um pode defender a posse em relação ao todo e não apenas em relação a sua quota-parte.
O instituto em questão se encontra no artigo 1.199 do código civil e também se aplica para o condomínio.
Composse indiviso: Todos os possuidores exercer posse sobre todo o imóvel ( é indivisível)
Composse divisível: Cada possuidor sabe qual é a sua quota parte, determinada de modo fático, havendo uma fração real da posse. Mesmo esta, admite-se proteção possessória total do bem.
PROPRIEDADE
É o direito real mais amplo, completo e complexo. Existem faculdades que são extraídas deste direito. 
Conceito:
É um direito complexo (direito-poder) e dentro dele vem a possibilidade de dispor, usar, gozar e fruir da coisa, assim como de reivindica-lo se alguém o deter injustamente.
Faculdades:
De gozar ou fruir da coisa: Trata-se da retirada dos frutos de sua propriedade
Reivindicar a coisa: Nada mais é do que buscar a coisa das mãos de quem a detenha injustamente. Trata-se de perseguir a coisa (jus persequendi – direito de sequela). Se faz através de ação petitória
De usar a coisa: Nada mais é do que usar, de fato, a coisa. 
De dispor da coisa: Trata-se de ter a prerrogativa de alienar a coisa, vendendo, doando ou permutando. É o ius disponendi. 
Tipos:
Propriedade plena: É aquela que apresenta todos os atributos, faculdades acima citadas
Propriedade limitada ou restrita: Trata-se da hipótese em que o proprietário não possui todas as faculdades inerentes à propriedade, recaindo algum ônus ou gravame. Isto pois as faculdades inerentes a propriedade podem ser divididas, decorrendo, daí, outros direitos reais que não necessariamente estarão com o proprietário.
Características do direito de propriedade:
Direito absoluto: O proprietário possui todos os poderes inerentes à propriedade, ressalvadas as hipóteses de restrições, previstas no artigo 1.228, §1 do código civil. Além disso, é um direito que pode ser relativizado, por exemplo, pela função social da propriedade
Direito exclusivo: Não existe mais de um proprietário, salvo nos casos de condomínio ou coproprietário.
Direito perpétuo: Não há prazo para terminar, não sendo, portanto, temporário. A priori é ad eternum, sendo perpetuado pelas gerações, salvo em disposições legais que geram a perda da propriedade ou pela alienação, por exemplo.
Direito elástico: Da propriedade surgem outros direitos reais (aqueles atributos da propriedade tornam-se direitos reais)
Direito fundamental: De acordo com o artigo 5, XXII e XXIII da constituição federal, devendo o estado proteger e respeitar a propriedade.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
Prevista nos artigos 1.228, §1 do código civil e artigo 184 da CF/88
É um conceito geral e indeterminado, que deve ser adequado pelo juiz no caso concreto.
Parâmetros:
Aproveitamento racional e adequado da propriedade
Utilização adequada dos recursos naturais
Que respeita as relações de trabalho
Que favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
PROPRIEDADE DO SOLO E DO ESPAÇO AÉREO 
Tratada no artigo 1.229 do código civil. A regra geral é que a pessoa tem a propriedade do solo, subsolo e espaço aéreo correspondente a área da propriedade. Contudo, não pode impedir a utilização desta área para o bem como.
O artigo 1230, por sua vez, copia o artigo 176 da CF/88, que deixa claro que o proprietário do solo não possui direito ao que está disposto neste ártico, sendo a união sua proprietária.
Artigo 1230:
“Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.”
DESAPROPRIAÇÃO
JUDICIAL POR POSSE-TRABALHO
Prevista no artigo 1.228, §§4 e 5 do código civil. É um dispositivo novo.
Este tipo de desapropriação só existe no código civil brasileiro.
Desapropriar é ato administrativo em que a administração pública, através de decreto justificado por interesse público, desapropria determinada área, com indenização prévia e justa. 
União, estados e municípios podem fazer.
O disposto no código civil estabelece a desapropriação por meio PRIVADO, devendo, necessariamente, ter uma indenização correspondente. 
“§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.”
“§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.”
DIFERENÇAS DA DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL E DA USUCAPIÃO COLETIVA URBANA:
Na usucapião coletiva urbana, os ocupantes devem ser de baixa renda, enquanto na desapropriação não.
Na usucapião coletiva urbana, é requisito que a área seja maior que 250m², na desapropriação judicial basta ‘’extensa área’’
Na usucapião coletiva urbana, só se poderá usucapir edifício urbano, ao passo que na desapropriação, poderá ser urbano ou rural
Na usucapião coletiva urbana, não há necessidade de indenização, na desapropriação sim.
O enunciado 84 da jornada de direito civil diz que o pedido de desapropriação deve ser apresentado pelo grupo por meio de defesa (na defesa de uma ação reivindicatória, por exemplo). Devendo eles mesmos pagarem a indenização.
O enunciado 308, por sua vez, diz que existe a possibilidade da administração pública pagar a indenização, desde que a coletividade seja de baixa-renda e administração pública participe do processo.
DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL E DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA (artigos 1359 e 1360)
Propriedade resolúvel: é uma propriedade que se resolve e, portanto, pode ser extinta, mediante condição ou termo. O sujeito, então, será dono condicionado ou sujeito a termo. Ex: compra e venda com cláusula de retrovenda – que é o direito de recompra; cláusula especial. Ou então, compra e venda com reserva de domínio ou a doação com cláusula de reversão. 
O proprietário em cujo favor se opera a resolução pode buscar sua propriedade daquele que a injustamente a detenha. Logo, se um terceiro invadir, por exemplo, terá o direito de sequela sobre a coisa.
Propriedade fiduciária: É a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor transfere ao credor como garantia
Propriedade fiduciária de bens imóveis: É espécie de direito real de garantia previsto na lei 9.514/97
FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
2 formas de se tornar dono de algo:
Originária: Através de acessão e usucapião
Derivada: transcrição (registro do título aquisitivo) e sucessão hereditária.
Acessão: É disposta no artigo 1248 do código civil. Nestes casos, um bem é incorporado no outro.
Natural: Decorre de eventos da natureza, podendo ser:
Formação de ilhas (artigo 1249). As formações de ilhas geram problema quando surge em rio que divide duas propriedades, sendo particulares. Pertencerão aos proprietários ribeirinhos fronteiriços 
Aluvião (artigo 1250): A aluvião representa acréscimos por depósitos ou aterros naturais ou ainda pelo desvio das águas, que pertencerão aos proprietários marginais, sem qualquer indenização. 
Avulsão: Ocorre por força natural violenta que faz com que a porção de terra se destaque e se junte a outra propriedade, onde caberá indenização a quem perdeu ou, se este não reclamar durante 1 ano, sem indenização.
Alveo abandonado (artigo 1252 cc): A terra em que o rio passava será de propriedade dos ribeirinhos das duas margens.
Artificial: Aquela decorrente de trabalho humano, prevista nos artigos 1253 a 1259 do código civil
Plantações ou construções. -> regra geral: Presumem-se todas as plantações ou construções feitas pelo dono da coisa, até que se prove o contrário.
Regras especiais: previstas nos artigos 1254, 1255, 1256, 1258 e parágrafo único e 1259. Chamando atenção aos dois últimos. 
Art 1258: “Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.”
Art 1259: “Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.”
A indenização será: O valor do pedaço de terra + o valor da desvalorização do terreno alheio.
FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PRORIEDADE MÓVEL
Novamente, poderá ser de duas formas:
Originária: Ocupação e achado de tesouro; usucapião
Derivada: Especificação, comistão, confusão, adjunção e tradição
Originária:
Ocupação: É prevista no artigo 1263 do código civil. Trata de dois tipos de bens:
Res derelicta: coisa abandonada, que é aquela que a pessoa realmente quis abandonar, não querendo mais ser o dono.
Res nullis: é a coisa de ninguém, de ninguém mesmo. 
Aquele que se assenhorar de uma dessas, logo deterá a propriedade, desde que a ocupação não seja proibida por lei. 
A coisa perdida não gera transferência da propriedade, pois está perdida, devendo ser restituída.
Achado do tesouro: previsto nos artigos 1264 a 1266. 
O tesouro deverá ser dividido de modo igual entre quem achou casualmente e o dono da propriedade, conforme o artigo 1264
O tesouro será inteiro do proprietário do imóvel se ele achou, se terceiro mandado para procurar achou ou se terceiro não autorizado achou, conforme o artigo 1265.
Se for achado em terreno aforado, será dividido igualmente entre quem achou e o enfiteuta, ou apenas deste último, se for descobridor, conforme o artigo 1266.
Já tratamos da usucapião.
Derivadas: 
Especificação: prevista no artigo 1269 e 1270. Especificação é a transformação de um bem móvel (matéria) em outra, não sendo possível restaurá-la ao status anterior.
Regras:
Se não for possível restaurar a coisa, será do especificador. 
Se toda a matéria-prima for alheia e não se puder restaurar ao status anterior, será do especificador, desde que de boa fé. 
Se de má-fé, mesmo que possível a restauração ao status anterior ou mesmo que esta seja impraticável, será do dono da matéria-prima.
Em ambos os casos, seja de boa-fé ou de má-fé, será do especificador quando a espécie nova exceder consideravelmente o seu valor. 
Em todos os casos, será ressarcido o antigo dono no prejuízo que tiver.
Confusão:
É a mistura entre coisas líquidas ou gases em que não é possível a separação
Comistão:
É a mistura de coisas sólidas
Adjunção:
É a justaposição de uma coisa a outra, sendo impossível sua separação. 
Se não for possível separar ou o gasto for muito elevado para fazer, serão de ambos os proprietários, cada qual no seu quinhão.
Se a mistura aconteceu de má-fé, o de boa-fé poderá escolher entre: se tornar dono de tudo, pagando o que não
for seu; renunciar ao que lhe pertencer, negando o todo, e tendo direito à indenização.
Em ambos os casos, se possível separá-las, continuam pertencendo aos antigos donos.
Tradição: Prevista entre os artigos 1267 e 1268 do código civil. Tradição é a entrega da coisa móvel, transferindo a propriedade. (exceto em cláusula de compra e venda c/ reserva de domínio.)
No direito brasileiro, tradição e transcrição geram a transferência do domínio. Aquela será para bens móveis enquanto a última para bens imóveis.
A tradição poderá ser:
Real: Quando se dá a entrega da coisa, de fato.
Simbólica: com a entrega da chave do carro, por exemplo.
Ficta ou presumida: decorrente de uma situação jurídica (clausula constituto possessório) – quem possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio ou o inverso.
Artigo 1268 trata da ‘’venda a non domino’’ que é aquela venda realizada por aquele que não é dono. A venda, em regra, é ineficaz, salvo se o terceiro estava de boa-fé, subsistindo o negócio. 
Se aquele que não era dono comprar a coisa posteriormente, haverá convalidação da venda a non domino.
PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL E IMÓVEL:
Formas:
Alienação: É o ato de dispor da coisa. É tipo de transmissão ampla, que não inclui apenas a venda, mas poderá ser.
Renúncia: Não se renuncia o objeto, mas o direito em si. É ato unilateral que deve ser exteriorizado, devendo ser, portanto, formal e expresso
Abandono: Se dá de forma tácita. Tacitamente, através de um comportamento, percebe-se que a pessoa não quer mais a coisa. Esta última se trata da ‘’res derelicta’’. O abandono do bem imóvel está previsto no artigo 1276.
Perecimento da coisa: Se dá através da perda ou destruição do objeto. 
Desapropriação: Seja a privada ou por ato formal do poder público, gerará a perda da propriedade.
DIREITO DE VIZINHANÇA:
Trata-se de conjunto de regras que possuem o intuito de limitar o uso da propriedade, assegurando a saúde, segurança e sossego. Visam, portanto, o bem comum. 
Com esses direitos se dá o surgimento das obrigações propter rem. Ou seja, as obrigações que decorrem da própria coisa.
Vale dizer, ainda, que vizinho não é somente aquele que mora do lado, mas todos aqueles que podem ser atingidos pelo direito de propriedade.
O artigo 1277 fala do uso anormal da propriedade “Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.”
O artigo 186 do código civil, por sua vez, fala do ato ilícito, enquanto o 187 fala do abuso de direito, que também será tido como ato ilícito. Se o direito de propriedade extrapolar o direito, ou seja, abusar, exceder os limites da boa-fé, gerará ato ilícito.
As regras do direito de vizinha poderão ser aplicadas, evidentemente, a quem possui posse, seja ela natural ou jurídica. 
Devem ser consideradas a natureza da utilização e a localização do prédio, de modo que cada lugar poderá ter parâmetros diferentes de aplicação das regras dos direitos de vizinhança.
Algumas demandas podem ser impetradas pelo uso anormal da propriedade, como as ações do artigo 461 do cpc, dentre as possíveis:
Ação de obrigação de fazer ou não fazer, sob pena de multa diária
Ações de reparação de danos
Ação demolitória, quando invadir a propriedade de outrem, por exemplo
Ação de nunciação de obra nova
Ação de dano infecto, quando o imóvel vizinho causa risco a propriedade.
DAS ÁRVORES LIMÍTROFES (artigo 1282)
Trata-se de árvore cujo tronco está na linha divisória entre duas propriedades, presume ser de amos os donos.
O artigo 1283 fala da raiz, galhos, ramos que invadem outra propriedade, que podem ser cortados até o plano vertical divisório. (contudo, isto pode ser relativizado pelo direito ambiental)
Artigo 1284 fala dos frutos que, caídos de árvore vizinha, serão do dono da propriedade onde caiu, desde que esta seja particular.
PASSAGEM FORÇADA E DE CABOS E TUBULAÇÕES
A passagem forçada está prevista no artigo 1285 e seus parágrafos: Existem em relação ao imóvel encravado, ou seja, aquele que não tem acesso à via pública. 
O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto pode, mediante indenização, constranger o dono do prédio serviente a suportar a passagem.
Se houver discussão entre eles, deverá o judiciário estabelecer o rumo e a indenização. 
A passagem forçada é diferente da servidão predial, sendo:
Passagem: direito de vizinhança. Servidão: direito real
Passagem: Obrigatória. Servidão: facultativa
Passagem: Imóvel sem saída. Servidão: Há outras opções de passagem
Passagem: Pagamento obrigatório de indenização. Servidão: Pagamento de indenização se ajustado entre as partes. 
A passagem forçada gera uma obrigação propter rem, pois o prédio serviente tem que, necessariamente, suportar.
O enunciado 88 CJF/STJ estabelece que pode haver passagem forçada mesmo tendo outro acesso a via pública, desde que este seja inadequado ou muito oneroso.
Passagens de cabos (tv, luz) e tubulações (esgoto)
É muito semelhante à passagem forçada. Mesmo que exista outro meio e este for excessivamente oneroso, o proprietário do prédio serviente será obrigado a suportar. Contudo, o prédio prejudicado pode requerer que seja feito de forma menos onerosa para ele, ou seja, que prejudique menos. 
Em relação a passagem de cabos e tubulações, o código civil guarda dois artigos, quais sejam, o 1286 e 1287. 
O 1287 por sua vez, estabelece que o dono do prédio prejudicado poderá exigir obras de segurança. 
Essas passagens poderão ser averbadas em cartório competente. Contudo, não dependem dela. 
DAS ÁGUAS
O artigo 1288 do código civil fala de prédio inferior e superior (mais íngreme ou menos). O dono do prédio inferior é obrigado a receber água que corre naturalmente do prédio superior
Em regra não cabe indenização ao inferior. Porém, se o dono do inferior realizar alguma obra que obste o fluxo, terá o do prédio superior direito à indenização.
O artigo 1289 trata do escoamento artificial, ou seja, aquele que, por obra do superior, a agua cai no inferior. Há, nestes caso, a possibilidade do inferior pedir para desviar ou requerer indenização pelo prejuízo.
O artigo 1290 diz que o proprietário de nascente ou do solo onde caem águas pluviais não pode impedir ou desviar o remanescente das águas que passem pelos inferiores. 
O artigo 1291 primeira parte diz que o possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis superiores. As demais águas, que poluir, deverá indenizar. 
Há uma grande crítica a este artigo pois dizem que, de certa forma, se admite a poluição. Ou seja, não deve poluir, mas SE FIZER, deverá indenizar.
Artigo 1292 estabelece que o direito de construção de barragem e açudes para seu benefício. Se, contudo, as águas invadirem o vizinho, aquele deverá indenizar este, deduzido os valores que este último obtiver. (importante dizer que essas obras serão possíveis desde que não atinja meio ambiente)
Aquedutos (artigos 1293 e 1294 – canais de recebimento ou transporte de águas). Em suma, funciona da mesma forma que tubulações e cabos. Contudo, se prejudicar, no futuro, algum proprietário, deverá indenizá-lo.
DO DIREITO DE TAPAGEM E LIMITE ENTRE PRÉDIOS
Direito de tapagem, previsto no artigo 1297 existe entre proprietários de prédios contíguos de cercar, murar, dividir. Tanto prédio urbano quanto prédio rural.
O proprietário pode exigir a demarcação do limite que divide dois terrenos. É possível o ressarcimento daquele que teve os gastos para dividir. 
Tipo de ação: Demarcatória. É aquela que se ajuíza quando não sabe onde é a linha divisória. Não se discute a posse, mas apenas as linhas divisórias. 
Nesse caso, há o que a lei chama de ‘’condomínio necessário’’, entre proprietários de prédios confinantes, em relação aos muros, cercas, tapumes, assumindo, em partes
iguais, a manutenção, construção dos muros, cercas, tapumes etc. Por isso, pode pedir ressarcimento da metade à aquele que não gastou. É o que prescreve o artigo 1297, §1
“§ 1º Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação.”
Nem todo vizinho é confinante, mas todo confinante é vizinho. 
Se for planta que serve de divisão, só poderá ser cortada de comum acordo.
Se houver animal de pequeno porte e, por conta disso for necessário construir para impedir a passagem, o dono do animal será o responsável.
DO DIREITO DE CONSTRUIR (artigos 1299 e seguintes)
Artigo 1299. Em regra, o direito de construção é livre. Mas é, evidentemente, uma liberdade regulada pelo direito de vizinhança e normas esparsas – estatuto da cidade, por exemplo.
Não se pode despejar agua no prédio vizinho (artigo 1300) decorrente de obra.
O artigo 1301 e 1302 estabelece regras para abertura da janela, assi como para eirados, terraços e varandas. A menos de 1,5 M (da divisão) em imóvel urbano e 3m(da divisão) em imóvel rural é defeso a construção, cabendo ação demolitória, no prazo de ano e dia do término da construção. 
Aberturas para luz e ventilação, se não maiores de 10 cm de largura e 20 cm de comprimento, não sofrerão limitações essas limitações. 
Direitos de travejamento ou madeiramento (artigo 1304), trata do direito de construir uma trave, viga de madeira no prédio vizinho (para dar sustento a obra, por exemplo), desde que não haja prejuízo para o vizinho. 
Artigo 1306 fala da parede-meia (parede divisória). É aquela parede que divide dois imóveis. É caso de condomínio necessário, existindo copropriedade. Até metade da espessura , os coproprietários poderão usar, desde que não coloque em risco o lado do vizinho.
1307 fala do direito de alteamento. É o direito que o proprietário tem de aumentar o seu prédio. Em regra, qualquer dos confinantes pode realizar o alteamento da parede divisória, reconstruindo-a, se necessário, para suportar o alteamento. Quem aumentou arcará com as custas, salvo se o outro confinante usufruir. 
Artigo 1309 trata da questão da poluição, sendo proibida construções capazes de poluir o terreno vizinho.
1313 diz que é possível entrar na casa do vizinho, com aviso prévio, nas hipóteses previstas no artigo, sendo:
“I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.”
CONDOMÍNIO.
Trataremos, primeiramente, das regras gerais do condomínio, sendo aplicadas tanto para bens imóveis quanto para móveis. Posteriormente, trataremos da outra espécie de condomínio conhecida, qual seja, o condomínio edilício (ou horizontal), que é regulado pela lei do condomínio.
Condomínio significa uma situação em que duas ou mais pessoas são proprietárias do mesmo bem. Ex: 03 amigos que são proprietários de uma casa na praia, 02 herdeiros de uma fazenda.
Washington de Barros Monteiro fala da teoria da propriedade integral, que prevalece nos dias atuais, de modo que cada um dos coproprietários tem a propriedade do todo, sendo atribuída a cada um uma fração ideal da coisa. Ou seja, todos são proprietários do todo, sendo destinado uma quota parte (fração ideal) da coisa comum para cada um. Esse todo é delimitado pelos direitos dos outros coproprietários. 
Características:
Quanto a origem:
Voluntário ou convencional: É aquele que se estabelece pela vontade das partes, por meio de contrato. Se não estiver disposto no contrato a parte de cada um, presumir-se-á, por lei, a igualdade das partes. (se forem 05 pessoas, e nada estiver estabelecido, 20% para cada um)
Incidente ou eventual: É aquele que decorre de uma circunstância fática que acaba gerando o condomínio. Ex: duas pessoas que recebem o mesmo bem de herança.
Necessário ou legal: É aquele que a lei diz que deverá ocorrer. (A parede-meia, por exemplo, que divide duas propriedades)
Quanto ao objeto:
Universal: Quando recai sobre o bem inteiro, inclusive os acessórios deste e seus frutos. (Ex: uma casa)
Particular: Está relacionado a determinadas coisas ou efeitos. (Uma pessoa tem a propriedade da casa e a outra tem direito aos frutos – aluguéis – provenientes desta)
Quanto a forma:
Pro diviso: É aquele em que é possível determinar, no plano fático, o que cada um tem de direito em relação ao todo. (Ex: Dois irmãos compram um terreno. Um deles constrói uma casa em 60% do terreno, o outro constrói a casa nos outros 40%. Ambos tem a propriedade do todo, visto que é apenas um terreno. Contudo, além do vínculo jurídico do condomínio, é possível perceber, na realidade, qual o direito de cada um em relação ao todo.) Outro exemplo é o condomínio edilício, nas partes autônomas.
Pro indiviso: Não dá para saber, no plano fático, o que cada um tem de direito em relação ao todo. Ex: dois irmãos constroem uma casa e ambos vivem nela. Ou então a área comum do condomínio edilício, onde cada condômino tem uma fração ideal, mas não é possível estabelecer, no plano fático, a delimitação do seu direito.
DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS NO CONDOMÍNIO CONVENCIONAL:
Previsto no artigo 1.314 do CC/02
Cada um dos condôminos poderá exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão. (ex: Direito de sequela, reivindicar de terceiro, defender a posse, alienar sua quota parte ou gravá-la)
O mesmo artigo diz, ainda, que deve haver um consenso com a destinação do bem. Ou seja, podem usar o bem de acordo com a sua destinação. (se for residência, é residência. Se for comercial, é comercial), não podendo usar o bem para fazer algo sem o consentimento dos outros. Se houver divergência entre eles, a maioria prevalece. No caso de número par, o judiciário decidirá, conforme o parágrafo único do mesmo artigo.
Todos devem concorrer com as despesas da coisa que são coproprietários. É evidente que existe uma corresponsabilidade das despesas, limitadas na proporção de cada um.
Há presunção relativa de igualdade de partes dos condôminos, como vimos, de modo que a diferenciação deve estar no registro, de modo específico. Nada impede que na partilha seja especificado de modo diferente, que deve, também, ser registrada. O rateio de despesas, neste caso, é limitado a quota parte de cada um prevista no registro.
A transcrição é o que determina a propriedade. O que está no registro é o que, a priori, vale. (Pode ocorrer anulação do registro para corrigir alguma coisa).
O instrumento formal de partilha, como vimos, deve ser registrado.
O artigo 1.316 diz que o condômino pode se eximir do pagamento das despesas, renunciando sua quota parte. Os outros condôminos, nesse caso, irão assumir aquela parte na proporção em que pagarem. A renúncia poderá ser expressa ou tácita. 
O artigo 1.317, por sua vez, deixa claro que se a dívida for contraída por todos, cada um responderá de acordo com o seu quinhão. No caso da dívida ser contraída apenas por um, mas aproveitar a todos, o que se obrigou deverá pagar, tendo ação regressiva contra os outros. (artigo 1.318)
Em relação aos frutos, cada um responde aos outros pelo que percebeu da coisa. ( Se for um aluguel, por exemplo, deverá repassar o que recebeu proporcionalmente.) Da mesma forma, responde perante os outros sobre os danos que causar.
Os condôminos podem alienar a coisa. Contudo, o que quiser alienar, deverá dar preferência aos demais (chamado direito de preferência ou de preempção). Se os demais não quiserem, poderá vender a terceiro. Se nem mesmo terceiros quiserem comprar sua quota parte, o condômino que quer alienar poderá entrar com ação para dissolver o condomínio, vendendo o bem em hasta pública e dividindo o dinheiro.
É importante lembrar, ainda, que a penhora pode incidir sob a quota-parte de um condômino.
A todo tempo será lícito, a qualquer dos condôminos, pedir pela divisão da coisa. Entretanto, poderão pactuar de que a coisa fique indivisível por prazo não superior a 5 anos (artigo 1.320), assim como poderá ser estabelecido prazo no testamento. Nestes casos, apenas o juiz poderá determinar a divisão antecipada, em casos graves.
Em relação a administração do condomínio, poderão os condôminos estabelecer, por maioria, um administrador, que poderá ser terceiro estranho. (a maioria é calculada pelo quinhão, e não pelo número de condôminos.). Se um deles administrar a coisa sem oposição, presumir-se-á representante legal. 
CONDOMÍNIO EDILÍCIO
A grande diferença do condomínio edilício para o voluntário é que no edilício existem, ao mesmo tempo, 02 propriedades ( a exclusiva e a comum – que são as áreas de lazer, por exemplo). Em relação à área comum, cabe uma fração ideal a cada unidade autônoma. 
As áreas autônomas, isto é, a propriedade exclusiva podem ser livremente alienadas, sem direito de preferência.
Importante dizer, ainda, que nenhuma unidade imobiliária poderá ser privada do logradouro público. 
No que tange ao terraço da cobertura, a não ser que a escrituração da constituição do condomínio disponha de modo diferente, será área comum.
FORMAÇÃO DO CONDOMÍNIO EDILÍCIO.
Se dá em 02 fases, a instituição e a constituição.
A instituição se apresenta no artigo 1332 do Código Civil de 2002.
“Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial:
I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns;
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns;
III - o fim a que as unidades se destinam.”
Ou seja, poderá ser por ato inter vivos ou mortis causa, por testamento, que é registrado no registro de imóveis. No caso de inter vivos, é incorporação mobiliária registrada.
Na instituição deve-se discriminar e individualizar cada propriedade exclusiva assim como a fração ideal que é atribuída a cada unidade, relativamente às unidades e às partes comum. Além disso, deverá constar o fim a que se destinam (residencial, comercial etc)
Instituído o condomínio, vem a constituição, presente no artigo 1.333.
“Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis.”
Essa convenção nada mais é do que o documento que estabelece as regras gerais do condomínio, que deverá conter no mínimo os titulares de 2/3 das frações ideais. 
Para que essa convenção seja oponível erga omnes (contra todos), deverá ser registrada no cartório de registro de imóveis (a escritura poderá ser particular, nada impede). Neste âmbito, a súmula 260 do STJ deixa claro que a convenção aprovada e sem registro é oponível apenas inter partes, isto é, regula apenas os condôminos.
A convenção possui normas gerais. Contudo, a autonomia privada da convenção é limitada por normas de ordem pública (a convenção que proíbe a entrada de animais, por exemplo, seria abusiva, como já reconhece a jurisprudência)
A mudança nas convenções é possível, mas deve ser aprovada e registrada.
CONTEÚDO DA CONVENÇÃO
Previsto no artigo 1.334:
Deve conter a quota proporcional e o modo de pagamento do condomínio
Deve constar sobre a forma de administração – síndico, mandato, administradora terceirizada contratada pelo condomínio (neste caso o terceiro deve estar na convenção). Poderá ser, também, um síndico profissional, desde que previsto na convenção.
Competência das assembleias, assim como o quórum para que sejam feitas.
Sanções a que os condôminos estão sujeitos
Regimento interno ( traz as regras gerais sobre o cotidiano do condomínio)
Poderá ser feita por escritura pública ou instrumento particular, mas como já vimos, deverá ser registrada em órgão competente para ser oponível erga omnes. (§1)
O artigo 1.334, §2 trata dos equiparados aos proprietários, sendo:
“§ 2o São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas. “
NATUREZA JURÍDICA DO CONDOMÍNIO
Existe uma discussão grande na doutrina sobre se o condomínio edilício seria um ente despersonalizado (como o espólio) ou pessoa jurídica. O entendimento tradicional é que seja ente despersonalizado, não tendo personalidade jurídica. A justificativa se encontra no fato de que não está previsto no artigo 44 do Código civil.
A posição moderna entende que seria sim uma pessoa jurídica, tendo em vista que o artigo 44 é um rol meramente exemplificativo. Tal posição repercute muito na prática pois, admitindo que o condomínio seja uma pessoa jurídica, terá personalidade jurídica e, por tanto, poderá contrair direitos e obrigações. 
DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS ( artigo 1.335 e 1.336)
Direitos:
Usar, fruir e dispor livremente das unidades autônomas
Usar das partes comuns, conforme sua destinação, desde que não exclua a utilização dos compossuidores.
Votar nas deliberações das assembleias, desde que com suas obrigações condominiais em dia.
Deveres:
Contribuir com suas despesas, de modo proporcional às suas frações ideias (regra). Porém, a convenção poderá dispor diferentemente. 
Não realizar obras que comprometam a segurança da edificação
Não alterar a forma e a cor da fachada das partes externas
Dar para sua unidade a destinação da convenção, não as utilizando de maneira prejudicial ao sossego, segurança e bons costumes (direitos de vizinhança)
PENALIDADES
Juros e multa 
Artigo 1.336, §1 (“§ 1o O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito.”)
No código de 16, era até de 20% esta multa, o que gerava, obviamente, grandes discussões. No de 2002, é de no máximo 2% do débito. O enunciado 505 da CJF diz que é nula a estipulação que dissimula ou embute multa acima de 2%, dizendo que, na verdade, é um ‘’merecimento’’, por pagar o condomínio em dia estipulado. 
Multa por descumprimento dos deveres (art 1.336, §2)
É possível multa de até 5x o valor da quota parte para o condômino que descumprir suas obrigações. Se a convenção já estiver estabelecido, os 2/3 nem precisão deliberar, contudo, deverão deliberar sobre esta multa, se não tiver sido feita anteriormente, não podendo ultrapassar 5x a quota condominial. ( Isto pois a convenção poderá dispor que a multa será menor ou que o quórum de deliberação será menor)
Artigo 1.337 fala da imposição de multa, por deliberação de ¾ dos condôminos para o condômino que reiteradamente desobedecer seus deveres.
A multa, neste caso, poderá ser de até 5x o valor da quota condominial. Se a conduta for reiterada, poderá aplicar multa de até 10x o valor desta. 
O condômino não poderá ser expulso do condomínio, por conta de tutela constitucional (neste caso, o direito à moradia, sendo a multa instrumento de coerção)
Na aplicação da multa, o condômino deve ser previamente notificado de que seu comportamento não pode continuar. 
Em relação a área comum, a jurisprudência tem entendido que, se imposta limitação de quem poderá entrar na área comum, a dignidade da pessoa humana estará sendo violada, então não é possível limitar. 
O artigo 1.338 diz que pode haver locação de garagem, devendo existir o direito de preferência em
relação aos outros condôminos, para que terceiros não sejam a primeira opção.
Vale dizer que este direito de preferência do artigo 1.338 cabe para venda de garagem que possui matrícula separada da unidade autônoma e a convenção não proíba. 
De acordo com o enunciado 91 CJF/STJ, a convenção de condomínio ou assembleia geral pode proibir o aluguel de garagem para pessoas estranhas ao condomínio. 
ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO:
Síndico, que não precisa ser, necessariamente, condômino, com mandato de até 2 anos. O artigo 1.348 fala da atribuição do síndico.
Outras pessoas com poderes de administração, como a administradora, desde que previstas na convenção.
EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO:
Se dá por edificação total ou parcial consideravelmente destruída (artigo 1.357) ou por desapropriação (artigo 1.358)
COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL REGISTRADA NA MATRÍCULA 
É uma forma de direito real em espécie (direito real de aquisição), previsto no artigo 1.225 do código civil.
Desse modo, com esse direito a pessoa passa a ter o direito real de se tornar dona da coisa. 
Só se torna um direito real a partir do momento em que é registrado na matrícula do imóvel. 
Primeiramente firma-se um compromisso de compra e venda no qual o comprador se compromete a pagar as parcelas e o vendedor se compromete a outorgar a escritura do imóvel ao final. Para ter oponibilidade erga omnes e se tornar direito real, deve ser registrado na matrícula do imóvel.
O compromisso de compra e venda não registrado é de direito pessoal, sendo regido pelas leis contratuais. Desse modo, gerará efeitos inter partes, o que gera problemas, visto que não se pode exigir nada de terceiros, podendo pedir a restituição do valor pago e indenização.
Por outro lado, o registrado na matrícula é proveniente, também, de um contrato. No momento em que é registrado se torna direito real, tendo efeitos erga omnes, com todos os princípios já estudados dos direitos reais, como o direito de sequela. Poderá se exigir, por ser direito real, de terceiros.
Cabe ação de adjudicação compulsória no caso do vendedor não querer outorgar a escritura definitiva no momento em que o comprador já pagou tudo. Nessa ação o juiz analisa se o compromisso está registrado na matrícula e se o compromissário comprar quitou integralmente a dívida. 
Se o devedor não outorgar a escritura definitiva, a sentença proferida pelo juiz supre a necessidade de outorga da escritura definitiva, podendo ser levada a registro no cartório competente. 
OPÇÕES SEM REGISTRO (direito contratual)
Ação de obrigação de fazer a outorga da escritura definitiva do contrato, visto que ainda é um “compromisso de compra e venda” e não um contrato de compra e venda, propriamente dito. 
Esgotado o prazo para parte se manifestar, o juiz supre a ausência da escritura definitiva, dando caráter definitivo ao contrato. (É similar aos efeitos da ação de adjudicação compulsória, porém inter partes, não cabendo o ingresso contra terceiros, conforme súmula 239 do STJ)
Se o contrato e objetivo não interessarem mais ao credor, poderá, ao invés de pedir a obrigação de fazer, transformar em obrigação de dar, pedindo perdas e danos.
COM REGISTRO:
Efeitos erga omnes, gerando a obrigação de dar coisa certa ( inclusive contra terceiros)
Ação de adjudicação compulsória. 
Esse compromisso é irretratável quando registrado. Se houver cláusula de arrependimento ou de retratação, não poderá gerar direito real, conforme prescreve o artigo 1417 do CC. 
O compromisso é escrito, tanto por instrumento público ou particular, devendo ser registrado no cartório de registro de imóveis, gerando o direito real de aquisição da propriedade. 
Enunciado 253 da CJF diz que o titular do direito real pode reivindicar a coisa de terceiro, por meio de adjudicação compulsória, conforme o artigo 1418 do cc. Exige, portanto, a outorga da escritura definitiva de qualquer um.
INADIMPLEMENTO DO COMPROMISSÁRIO COMPRADOR
O vendedor toma para si o direito de rescisão contratual cumulada com ação de reintegração de posse (se o compromissário comprador já estiver no imóvel). Contudo, antes dessa ação deve haver a interpelação judicial e extrajudicial para constituir o comprador em mora. (é a notificação que constitui em mora)
DIREITO DE DESISTÊNCIA DO COMPROMISSÁRIO COMPRADOR MESMO QUE EM MORA
Esse compromisso de compra e venda, como vimos, é irretratável, não podendo ter cláusula de arrependimento. Contudo, hoje se reconhece que há a possibilidade de rescisão contratual e devolução do que pagou, descontado os gastos do devedor e o tempo que o comprador passou no imóvel ( se tiver transmitido a posse). É o que entende o TJ/SP
Isso se reforça ainda mais com a posição do STJ que diz que há nulidade de cláusula que previa a perda de todas as parcelas pagas para a construtora. (Porém, quando feito com a construtora, é regulado pelo CFC)
DIREITO REAL DE SUPERFICIE (Arts 1369 a 1377)
É um direito real de uso. Foi introduzido pelo código civil de 2002, sendo mais uma espécie de direito real sobre coisa alheia.
O conceito se encontra no artigo 1369: O superficiário tem o direito de construir ou de plantar em propriedade alheia. O proprietário concede este direito, podendo ser gratuito ou oneroso (paga de uma vez ou em prestações, durante certo lapso temporal – chamada solarium)
É diferente do contrato de arrendamento rural. O direito real de superfície é direito real, enquanto o segundo é direito obrigacional. 
O proprietário da terra poderá vende-la, porém, neste caso, o terceiro terá que arcar com a incidência do direito real de superfície. 
Como todo direito real, precisa haver uma escritura pública, levada a registro no cartório de registro de imóveis, constando, portanto, na matrícula do imóvel. 
Partes do contrato:
concedente (proprietário)
Superficiário (aquele que possui o direito, pagando o solarium – previsto no artigo 1.371)
Objeto do direito real: deve ser SEMPRE um imóvel, que poderá ser urbano o rural. 
O superficiário terá direito sobre o solo e também sobre o subsolo, como se proprietário fosse.
O estatuto da cidade já previa, em 2001 já previa o direito de superfície sobre imóvel urbano. Foi revogado pelo código civil de 2002? 2 correntes:
Flávio Monteiro de Barros: Não foi revogado pelo cc/02, tendo em vista o que dispõe o artigo 1.377 do código civil de 2002 que, se for direito real de superfície sobre imóvel urbano dado por pessoa jurídica de direito público, será regido pelo estatuto da cidade, sendo por tempo determinado ou indeterminado. 
Carlos roberto Gonçalves entende que foi derrogado, podendo tal direito ser apenas por prazo determinado, mesmo que de propriedade de pessoa jurídica de direito público (é o que prevalece na jurisprudência)
Formas de constituição: artigo 1369.
Escritura pública: É consensual, feito no cartório de notas e levada a registro ( Maria Helena Diniz só fala dessa forma)
Carta de sentença extraída de acordo homologado judicialmente: Firma o direito por acordo.
Testamento (proprietário deixa o direito real de superfície para alguém): é forma gratuita, a propriedade é transmitida para os herdeiros, contudo, estes devem arcar com o ônus que recai sobre a propriedade, qual seja, o direito real de superfície. 
Deve ser feito por tempo determinado!
Natureza jurídica:
É acessório, pois pressupõe que outra pessoa seja dona
É um direito alienável – superficiário pode ceder o direito, tendo o proprietário direito de preferência. A lei não fala de prazo, mas a doutrina entende ser prazo de 30 dias para resposta, por analogia à lei de locação.
TRANSMISSÃO – artigo 1372.
Inter vivos: Feito por escritura pública de cessão do direito real de superfície, registrada no cartório
Mortis causa: Feita por testamento (dono ou superficiário podem fazer)
Não cabe qualquer taxa pela transferência cobrada pelo proprietário. 
EXTINÇÃO DO DIREITO REAL DE SUPERFÍCIE.
Consolidação: Quando o superficiário adquire a propriedade ou
quando o proprietário adquire o direito real de superfície. (similar a confusão, pois se confundem na mesma pessoa)
O superficiário dá destinação diverso ao bem (artigo 1.374), começa a construir ou plantar sendo que não está no ato de constituição.
Renúncia do superficiário, abrindo mão do direito
Distrato: Quando ambos não querem mais, sendo mútuo.
Perecimento do objeto da superfície.
Advento de termo, visto que é por prazo determinado, sendo automátio. 
Desapropriação do direito real de superfície pelo poder público, conforme o artigo 1376 do código civil.
A extinção deve ser averbada no cartório
Extinta a superfície, o superficiário não será indenizado, salvo cláusula expressa a respeito (artigo 1.375)
SERVIDÃO
É um ônus imposto a um prédio chamado serviente em favor de outro prédio, chamado dominante. Dessa forma, o proprietário do serviente perde para o dominante o exercício de algum dos direitos dominiais ou tolera que dele se utilize.
É entre imóveis, entre prédios, sendo um direito real de uso, mas constituído entre imóveis!
O titular do direito é o próprio prédio. 
Tem-se o direito de servidão quando um imóvel fica numa posição serviente em relação a outro. É imposto ao proprietário do serviente o ônus, que poderá ser de diversos modos (de passagem, água, energia elétrica, de iluminação, de vista, de não construir acima de certa altura.)
A servidão é SEMPRE voluntária! Ou seja, deve decorrer por manifestação de vontade, inter vivos ou mortis causa (diferente da passagem forçada)
CARACTERÍSTICAS:
É uma relação entre prédios distintos, transmitindo-se junto com o imóvel (acessório)
Os prédios devem pertencer a donos distintos (Caio Mario diz que, se pertencentes ao mesmo dono, não se trata de servidão, mas mera serventia.)
A servidão serve a coisa e não o dono! (o dono deve apenas suportar, se abster)
A servidão não se presume (artigo 1.378), devendo ser registrada. Atos de mera tolerância não geram servidão (salvo se conseguida por usucapião)
Deve ser útil, ou seja, o modo de servidão deve ser útil.
Possui duração indefinida (a ideia da servidão é de perpetuidade)
A servidão é indivisível (de acordo com o art. 1.386) – não se pode dizer que metade do imóvel tem uma servidão. O imóvel todo possui uma servidão não importa seu tamanho.
É inalienável! Não se pode vender a servidão, só sendo transferida junto com o imóvel, pois é direito do imóvel!
A servidão incide sobre imóveis vizinhos mas não necessariamente confrontantes. 
Classificação (artigo 1.378 cc)
Positivas: Depende de uma conduta ativa do dono do prédio dominante. Ex: passagem
Negativa: Não precisa fazer nada para ter o exercício. Ex: servidão de vista
Contínua: Independe de qualquer ato humano. Ex: passagem de água (uma vez construída, a água fica passando, sem necessidade de ato humano.)
Descontínua: Depende de ação humana. Ex: Retirada de água.
Aparente: Pode ser vista por obras exteriores. Ex: Construção de ponte
Não-aparente: Não tem nenhuma obra. Ex: Não edificar a partir de certa altura. (mas a servidão existe)
POSSE DA SERVIDÃO:
Pode se buscar a servidão através de ação possessória? Sim! É possível, funciona como qualquer uma das ações possessórias que já vimos, dependendo da situação em que se encontre. 
É possível usucapião de direito real de servidão? Sim! Os meros atos de tolerância podem ensejar a usucapião, devendo, obviamente, respeitar os prazos.
	CONSTITUIÇÃO DA SERVIDÃO:
Quem pode instituir?
Aquele que pode dispor da coisa. Como o proprietário, enfiteuta, fiduciário.
A servidão só nasce com o registro. Antes disso, trata-se meramente de direito pessoal.
Formas de constituição (art. 1378 e 1379)
Testamento – mortis causa.
Destinação do proprietário – dono de dois prédios aliena um e constitui na venda.
Negócio jurídico firmado entre donos – deve ser feito por escritura pública e registrado. Poderá ser oneroso ou gratuito. 
Sentença prolatada em ação divisória (artigo 979, II, CPC)
Usucapião (artigo 1.379). É de 20 anos se for extraordinária, sem justo título e boa-fé. Se for ordinária, será de 10 anos. 
AÇÕES ESPECÍFICAS SOBRE SERVIDÃO:
Ação confessória: É movida pelo dono do prédio dominante para obter o reconhecimento da servidão
Ação negatória: É movida pelo dono do imóvel serviente, para declarar a inexistência da servidão
Ações possessórias: Contra o proprietário do prédio serviente ou contra terceiros.
Ação de fazer ou não fazer (cominatória, prevista no cpc)
EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES:
Extingue-se a servidão:
Pelo não uso da servidão por 10 anos consecutivos (pode ser consensual, por escritura pública e registrada no cartório ou judicial)
Resgate – pagamento feito pelo dono do prédio serviente ao dono do prédio dominante para retirar o ônus.
Renúncia – pelo proprietário do prédio dominante, sendo ato unilateral e expresso.
Confusão – Quando o dono do prédio serviente se torna dono de ambos ou o inverso. (o filho que possuía o prédio serviente herda o prédio dominante com a morte do pai)
Término da utilidade ou comodidade da servidão.
USUFRUTO (arts 1390 a 1411)
É o direito em que a pessoa possui o poder de usar, fruir e gozar da coisa. Pode, portanto, usar e retirar os frutos que são produzidos.
O usufrutuário pode alugar o imóvel e pegar os aluguéis, por exemplo. É diferente do uso, em que o usuário só poderá usar. 
O usufruto é durante certo tempo! Sempre! Pode ser vitalício, mas não é perpétuo.
É um direito real conferido ao usufrutuário, que toma para si o poder de usar e fruir. Contudo, não se pode alienar, visto que este direito é inalienável. O que pode acontecer, é a pessoa não ceder o direito real em si, mas ceder o exercício do direito de usufruto (por locação, comodato.) Estes últimos tem caráter puramente pessoal, sendo feitos por contrato. Não terão, portanto, caráter real.
OBJETO:
Bens móveis ou imóveis. É mais comum que seja imóvel.
PARTES:
Usufrutuário: É aquele que recebe o direito.
Nu-proprietário: Quem cede o direito, deve ter direito real de propriedade, obviamente.
CONSTITUIÇÃO:
Bens móveis: Ocorre pela simples tradição, isto é, a entrega da coisa. 
Bens imóveis: Deve ocorrer por escritura pública e o registro no cartório de registro de imóveis, conforme o artigo 1.391.
Abrangência (artigo 1.392)
Não existe usufruto perpétuo! Esse direito real é extinto por tempo ou falecimento do usufrutuário
Pode ser gratuito ou oneroso (o oneroso é menos usual)
DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO
Posse direta, uso (sem alterar a substância do bem), administração da coisa e fruição. 
Usufruto de títulos de crédito: Pode ocorrer. Cede para outrem o título, de modo que o usufrutuário pode cobrar e capitalizar o valor e ficar com os rendimentos, devolvendo o valor principal ao final, com correção monetária.
Aos frutos pendentes à data de início, o usufrutuário terá direito. No término, não terá direito aos pendentes, conforme o artigo 1396. 
As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, devendo o usufrutuário, ao final, deixar a quantidade inicial ou pagar o que bastar (artigo 1.397)
DEVERES DO USUFRUTUÁRIO
Antes do exercício do usufruto:
Inventariar os bens que receber, determinando o estado em que se encontram, conforme o artigo 1400.
Dar caução ao nu-proprietário, se este exigir garantia, conforme o artigo 1400.
Durante o exercício do usufruto:
Conservar a coisa.
Pagar os encargos, tributos e despesas do bem, conforme o artigo 1404. O IPTU, por exemplo.
As manutenções são feitas pelo usufrutuário, assim como as recuperações. O usufrutuário NÃO responde pela deterioração natural da coisa.
Após o término:
Devolver a coisa devidamente conservada.
Indenizar em razão dos prejuízos decorrentes de sua culpa.
CLASSIFICAÇÃO DO USUFRUTO:
Modo de constituição:
Legal: é o que ocorre, por exemplo, no artigo 1689 do código civil, onde os representantes legais possuem o usufruto dos bens dos filhos menores. É o usufruto decorrente de lei.
Voluntário: Aquele proveniente

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