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G.T E G.Q , SANDRA MALYSZ

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - UNESPAR CAMPUS DE CAMPO MOURÃO
CURSO DE GEOGRAFIA
	ALAIANE DIAS DE AGUIAR
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS SOBRE A GEOGRAFIA ESCOLAR TRADICIONAL NO BRASIL E A GEOGRAFIA QUANTITATIVA
CAMPO MOURÃO
ABRIL DE 2019
ALAIANE DIAS AGUIAR
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS SOBRE A GEOGRAFIA ESCOLAR TRADICIONAL NO BRASIL E A GEOGRAFIA QUANTITATIVA
Trabalho apresentado à disciplina de Metodologia de ensino de Geografia I, como requisito de avaliação parcial para o 1º bimestre.
Prof. Me. Sanda Malysz
CAMPO MOURÃO
ABRIL DE 2019
1.Escrever um texto sobre a Geografia Escolar Tradicional no Brasil considerando os seus objetivos, a metodologia, material didático, os professores, a formação docente, e a influência das escolas européias, o contexto do país, os principais acontecimentos no campo da Geografia, nos seguintes períodos. (Digitado: 2 a 3 páginas. Manuscrito: 2 a 4 páginas).
Da colonização ao Brasil Império
Institucionalização da Geografia escolar no Brasil
Institucionalização da Geografia acadêmica no Brasil
Período da Ditadura Militar
Década de 1980 aos dias atuais.
Faça uma conclusão crítica sobre o assunto abordado.
Inicialmente é preciso lembrar que, no período colonial quem atentava da educação no Brasil eram os jesuítas, não só esses como também outras ordens religiosas. Dessa forma a Geografia não era configurada como uma disciplina, mas sim, um conhecimento, ou seja, um saber, relacionado em função do Estado tendo interesse muitas das vezes pelos próprios jesuítas na ocupação de territórios. Sendo assim o conhecimento geográfico era tratado nas salas de aulas como um assunto secundário. 
É importante mencionar os conteúdos que eram trabalhados nas aulas de Geografia, como relatório de viagens e de dados estatísticos dos países, curiosidades, astronomia dentre outros. Já em relação a didática e a forma de ensino essas estavam ligadas a memorização. 
Há uma reforma na educação no final do período colonial, onde uma dessas mudanças era a priorização das “letras humanas’ que para os iluministas era a base de todas ciências. Assim, os mestres que não seguiam seriam punidos, vale ressaltar que a Geografia ainda não era considerada uma disciplina.
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 Foi no período Colonial que a Geografia passa a ser uma disciplina escolar com a criação do Imperial Colégio de Pedro II em 1837 na qual se tornou parâmetro de currículo para o ensino de todo o país. O primeiro esforço para a sistematização de conhecimento foi a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Segundo a Constituição de 1824 os negros e escravos eram excluídos da cidadania brasileira, a escola pública era freqüentada pela população pobre, negra, mestiça, a autora desmistifica algumas visões, pois a elite branca valorizava a educação doméstica. 
Nesse período não tinha um projeto nacional de educação e as desculpas dada pelos governos era a ausência dos alunos, mas teve alguns relatórios que chegaram a registrar dúvidas sobre a capacidade de aprendizagem da população pobre e mestiça.
O colégio Pedro II passou por diversas mudanças e reformas, chegando num dado momento onde apenas os alunos tinham direito ao ingresso nas Academias sem a
necessidade de exame. A geografia era disciplina obrigatória em todos os tipos de exame, no entanto, não era ofertada em todos os anos do ensino secundário. Dentre todas essas reformulações apenas no século XIX que a Geografia e a História do Brasil passaram a ser ensinada de forma específica e separadamente. No final do século XIX começam a surgir novas propostas, condizentes com as mudanças e transformações políticas, econômicas e culturais em curso no mundo. 
	Dessa forma, a Geografia se institucionaliza como disciplina apenas no século XIX mais precisamente no Colégio Pedro II, onde o ensino visava contribuir com a idéia de nacionalidade e nacionalismo ensinando as riquezas naturais e humanas presentes no nosso território. Percebe-se que era uma Geografia descritiva, mnêmica, enciclopédica e muito distante da realidade do aluno.
	A construção da Geografia nas escolas não foi uma coletiva entre professores do ensino básico e universitários, deixando uma distância entre escola e universidade, esse espaço é irrelevante, já que ambos deveriam levantar reflexão proporcionando ao aluno um olhar crítico, porém, parte-se do pressuposto de que são coisas diferentes e que não podem ser confundidas. A seleção de conteúdo a ser trabalhada são específicos da ciência geográfica onde a escola não consegue ultrapassar os “muros” da universidade. 
	
A formação de bases teóricas e metodológicas para a formação da Geografia como uma verdadeira ciência foi graças a Humboldt um viajante naturalista e Ritter um historiador e filósofo. Nesse sentido, a institucionalização da Geografia acadêmica no Brasil de forma geral ocorreu na década de 1930 com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em 1934, e com a criação da Universidade do Distrito Federal (1935), atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
Na década de 1930 é criado, no Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), composto de três conselhos o de Geografia, o de Cartografia e o de Estatística. O IBGE tinha como objetivo primeiro desenvolver o conhecimento do território nacional através da racionalização de uma política de coleta de dados estatísticos que dariam suporte à administração pública. O IBGE, mesmo tendo contribuído para a formação de muitos professores para as universidades, é a primeira instituição a receber profissionais geógrafos voltados exclusivamente para a pesquisa. Em 1934, Pierre Deffontaines funda, em São Paulo, a Associação dos Geógrafos do Brasil (AGB). Essa associação foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa geográfica no país.
É nítido que no período da Ditadura Militar é importante reconhecer a importância do Colégio Pedro II nessa luta em defesa da escola pública. Nos anos de 1964 a 1979 ocorre a maior repressão durante os anos de ditadura, os alunos fizeram reinvindicações de melhorias no ensino. Nesse sentido com o golpe militar tudo que já havia sendo conquistado foi se perdendo podendo considerar uma verdadeira ruptura no âmbito da educação.
Os anos de 1966 a 1968 foram marcados por manifestações por mais verbas, por mais vagas nas universidades e nos colégios públicos dentre outros, vários textos utilizados para esse trabalho todos deixam claro que a instauração da ditadura foi caracterizada através de perseguições, afastamentos e aposentadorias de professores e técnicos, administrativos, assim como pela repressão a estudantes.
A década de 80 no Brasil foi um período de significativas mudanças e de novos ordenamentos no quadro político da nossa sociedade, pois foi quando houve o início do 
processo de abertura política, após longo período de ditadura. Nesse período houve o processo de redemocratização, os conhecimentos escolares passaram a ser questionados e as lutas de profissionais desde a sala de aula de todos os níveis educacionais ganham maior expressão. Ocorreu mudanças mais radicais no ensino da geografia, resultantes das discussões teórico-metodológicas, diante de muitas reivindicações e discussões, em 1979, o Conselho Federal de Educação cede e dá o sinal verde para que Geografia e História voltem a ser ensinadas separadamente. Assim, na década de 80 aconteceu a reintrodução dessas disciplinas nas classes de 5ª a 8ª séries.
Entre os trabalhos que contribuíram para essa renovação podemos citar os de Manuel Correa de Andrade, Antonia Carlos R. Moraes, Ariovaldo U. Oliveira, Milton Santos, José W. Vesentini. Esse contexto que envolve a chamada “crise da geografia” está relacionado a uma outra situação, a crise do ensino, que acontece nos mais diversos níveis daeducação em nosso país
Podemos concluir, que desde o início muitas questões foram levantadas na Geografia, essa ciência passou por altos e baixos, portanto, hoje é uma disciplina essencial por mais que ainda sofre “perseguições”, pois o ensino de Geografia foi e é muito mais complexo do que podemos detectar aparentemente, muitas questões que foram levantadas no passado estão sendo retomadas atualmente como a retirada do currículo deixando de ser considerada uma disciplina, ademais, a velha discussão sobre a separação entre a natureza e a sociedade, o que acaba por reforçar a divisão entre Geografia Humana e Física, todavia, sabemos que ambas são complementares. 
Vale ressaltar, que até hoje existe professores que tem a prática ligada a Geografia tradicional mesmo de forma parcial, percebe-se também que mesmo com as inovações como também renovações das correntes geográficas, ou seja, do pensamento geográfico, muitos se inspiram nos princípios básicos definidos pelas escolas européias em especial a Francesa e a Alemã, mantendo os princípios básicos como de orientação, localização dentre outros. Dessa forma podemos levantar um questionamento para uma 
reflexão, será que de fato houve significativas modificações nos aspectos pedagógicos, didáticos e teóricos das propostas de ensino da geografia nas escolas.
2.Quais as principais características da Geografia Quantitativa e como esta corrente Geográfica impactou na Geografia Escolar no Brasil: metodologia, conteúdos, objetivos, contexto histórico, principais acontecimentos, contribuições e críticas.
	Inicialmente é preciso lembrar que, no momento em que se consolidou a corrente da Geografia Teórico-quantitativa foi marcado pela situação econômica que vivia o mundo pós-Segunda guerra mundial, pois com todo o cenário de destruição os geógrafos buscaram alternativas para novas formulações com o objetivo de superar a crise econômica capitalista.
	Vale ressaltar que, essa corrente efetua uma crítica a Geografia tradicional, por motivos de insuficiência de análise, trazendo o uso de métodos matemáticos estatísticos, gráficos e tabelas bastante sofisticados, ademais, a substituição do trabalho de campo pelos experimentos laboratoriais dentre outros.
	De início, os pesquisadores mais engajados na Geografia aplicada foram os primeiros da comunidade geográfica a utilizar técnicas quantitativas mais avançadas em seus trabalhos. Foi aí que perceberam que nem as monografias regionais nem a imediata como a aplicada estava dando conta de dar o embasamento teórico necessário para a Geografia se tornar uma ciência.
	De acordo com Christofoletti (1976) a transformação que caracteriza a fase contemporânea da Ciência Geográfica está sendo chamada de Nova Geografia. Vejamos algumas características fundamentais:
 a) emprego de linguagem matemática;
b) desenvolvimento de aporte técnico e de metodologias derivadas das ciências exatas; c) larga utilização de tecnologias computacionais; 
d) neutralidade científica e imparcialidade do pesquisador frente ao seu objeto;
 e) predomínio da abordagem espacial.
	
No Brasil, representando a Geografia Quantitativa, duas referências básicas se destacam, a saber: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Associação de Geografia Teorética e Quantitativa (AGETEO).
Quando essa corrente supera todas essas polêmicas que foram desencadeadas, começa a ser aplicada nas Universidade e Instituições de pesquisa geográfica e isso foi extremamente estimulante para os geógrafos.
	Em relação as conseqüências sobre a aplicação dessa “Nova Geografia” nas escolas, várias críticas foram levantadas principalmente na década de sessenta pelo excesso de quantificação, porém a crítica mais profunda foi a respeito da Geografia ter se transformado em um neopositivismo cientificista como também instrumentalista, ou seja, apenas modelos matemáticos sem os modelos teóricos para um melhor embasamento epistemológico. 
	Depois de todos esses déficits na corrente Teórica-quantitativa, surgiram novas reformulações, porém nenhuma suficiente pra levar a uma revolução na Geografia. Assim nos anos 80 gera uma pluralidade de orientações no âmbito dessa ciência, basta analisar as linhas de pesquisa desenvolvidas durante esses anos. 
	 No plano do ensino de Geografia nas escolas, evidencia-se a valorização dos aspectos físico-naturais, com destaque para o discurso eminentemente positivista que busca a todo custo não perceber ou camuflar as lutas de classes no seio da sociedade. Os professores encurralados em seus guetos não hesitam em ler a cartilha e pregar o conteúdo pelo conteúdo, o qual é avesso à reflexão mais profunda.
	 Conforme salienta Vesentini (1984, p. 33): 
Como (quase) todos de nós já o sabemos, a função do ensino da geografia, nesse contexto, é a de difundir uma ideologia da “Pátria”, do “Estado -Nação”, tornar essa construção histórica como “natural”, dar ênfase não à sociedade (aliás, esta deve sempre ser vista como “comunidade”, e os “problemas normais” que surgirem “serão inevitavelmente resolvidos pelo Estado”, com as “leis” ou com os “planejamentos”) e sim à terra.
Podemos concluir que, mesmo essa corrente tendo sofrido inúmeras críticas como já fora mencionada anteriormente ainda hoje seus seguidores continuam a desenvolver trabalhos importantes dentro da mesma, porém de forma menos “radical”, 
ou seja, com maior conscientização, ademais houve um amadurecimento na utilização desses modelos matemáticos. Nesse sentido, é nítido que essa corrente não conseguia 
explicar as questões sociais, entretanto, esse é o papel da geografia explicar a realidade social. 
É notório que a geografia quantitativa veio na tentativa de se opor a Geografia tradicional e também de se opor ao sistema, mas de nada adianta apenas jogar os dados e não analisa-los, não levar o aluno a uma reflexão, a ter um olhar crítico sobre a sociedade, precisa também dos dados qualitativos, outrossim, um complementa o outro.
Dessa forma, vale mencionar que, com as críticas a aumentarem de tom o paradigma da Geografia Quantitativa acaba por ser substituído pela Geografia Radical ou Geografia Critica como é conhecido no Brasil.
	
	
 
REFERÊNCIAS
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MENEZES, V. S. A historiografia da Geografia acadêmica e escolar: uma relação de encontros e desencontros. Geographia Meridionalis, v. 1, p. 343-362, 2015.
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