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Aprendizado Organizacional - Livro Texto – Unidade II
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integrado para o estudo da aprendizagem organizacional, desenvolve uma síntese sobre os diversos enfoques teóricos de sistematização de um modelo, que reproduzimos como contribuição para a análise. A autora chama a atenção para o fato de os modelos existentes na literatura deixarem lacunas teóricas que necessitam ser preenchidas com um modelo que consiga promover múltiplas aderências tanto no ponto de vista conceitual quanto na aplicação prática. Partindo desse cuidado teórico, começa a fundamentar os argumentos de um modelo integrado, a partir de Daft e Weik,79 que consideram o processo de aprendizagem em três fases: recolha de dados, interpretação e aprendizagem. Cada fase dessas se articula entre si, mas a interpretação da informação é restrita aos gestores que fazem parte da governança corporativa e tomam as decisões no âmbito das estratégias de mercado. Porém, neste modelo, segundo a crítica da pesquisadora, os autores deixam escapar a interdependência entre aprendizagem individual e aprendizagem organizacional, sugerindo uma dicotomia entre interpretação e aprendizagem propriamente dita. Scanning (recolha de dados) Aprendizagem (tomada de ação) interpretação (atribuição de significado) 78 Análise social. Aveiro, Portugal: Universidade de Aveiro. Vv. XL (175), 2005, 367-91. 79 DAFT, R. L.; WEICK, K. E. Toward a model of organisations as interpretation systems. In: Academy of Management Review, 9 (2), 1984, p. 284-95. 5 10 15 20 68 Unidade II Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 Partindo desta crítica, Santana explica que, no modelo, as ações individuais fundamentam-se pelas crenças individuais e que tais ações possibilitam a ação corporativa que produz uma resposta ambiental. Essa estrutura forma um ciclo contínuo que se retroalimenta, mas somente se completa quando a ação ambiental provoca um impacto nas crenças individuais, considerando-se que, se o ambiente permanece inalterado, os modelos mentais, bem como os valores que se associam às crenças dos indivíduos, não se modificarão, e as ações organizacionais seguem a mesma linha. Por outro lado, se ocorrerem mudanças ambientais, as crenças individuais sobre a natureza do ambiente podem se modificar, precipitando um conjunto de ações individuais e organizacionais e provocando um novo ciclo de aprendizagem. Conforme aponta a pesquisadora, o modelo desconsidera as interações entre o aprendizado individual e o aprendizado organizacional, deixando a entender que a interpretação em si e a aprendizagem são atividades desconectadas sócio- historicamente, o que seria uma contradição, considerando que os indivíduos pensam, sentem e fazem e é justamente essa integração sistêmica que atribui significado para a aprendizagem em suas múltiplas dimensões. Considerando as várias teorias que tratam da questão da aprendizagem, podemos estabelecer três dimensões do debate: 1) Aprendizagem decorrente do ensino, em que as pessoas sabem ou fazem algo e, por saberem e dominarem o modo e o meio de fazer, ensinam o que sabem para outras pessoas. 2) Aprendizagem decorrente de atividades da própria pessoa que aprende a partir da observação e da imitação, da investigação, da pesquisa, do estudo e da reflexão. 3) Aprendizagem decorrente da interação entre as pessoas, o que é manifestado pela troca de ideias, pelo diálogo, pela discussão e pela crítica. Obviamente que, após toda esta reflexão crítica e expositiva a respeito das diversas abordagens sobre aprendizagem organizacional, você deve estar um pouco confuso com tanta informação a respeito, mas o que podemos dizer para acalmar 5 10 15 20 25 30 35 69 APRENDIZADO ORGANIZACIONAL Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 ?-?sem-?mod sua ansiedade é que, quando estamos aprendendo algo novo, entramos no mundo do desconhecido e, portanto, em um território instável e arriscado por natureza. Entretanto, é por conta desse risco pioneiro e de uma curiosidade singular que como indivíduos ontológicos e reflexivos fomos capazes de evoluir tecnologicamente em direção a uma sociedade complexa. Dessa forma, nunca perca de vista que, se chegamos a este ponto, partimos de algum lugar e, provavelmente, este lugar já era complexo, por ser desconhecido naquele momento; agora, ele é mais complexo ainda, apesar de ser a síntese de sua própria simplificação enquanto resultado de nosso conhecimento e de nossa aprendizagem. Partindo dessa compreensão, construímos um macroprocesso do que abordamos até o momento, como forma de facilitar sua visão sistêmica sobre o assunto da disciplina Aprendizado Organizacional. Experiência Individual Existe liberdade e autonomia para aprender a nova tarefa? Tácito Vivencial Inovação Problematiza Conhecimento Explícito Aprendizado Organizacional Sistemas de liderança Estilos de aprender Maneiras de aprender Formal Inteligência Modelo mental Sim Não Domínio pessoal Raciocínio sistêmico Aprendizagem grupal O bj et iv o co m um Aprendizagem Modelo de gestão Gestão organizacional Fundamentos e critérios de excelência na gestão (FNQ) Organização empreendedora e aberta à mudança Prática de gestão Ferramentas de gestão Método científico Dedução Abdução Indução Aprendizagem espontânea Curva de exelência na gestão (FNQ) Curva de aprendizagem Estágios de aprendizagem Inteligências múltiplas Tipos de aprendizagem Vivencial Emocional Cognitiva Novas competências individuais e organizacionais Aprendizagem circuito único ou simples Aprendizagem circuito duplo Macro Processo Integrated System of Learning Organization - ISLO (2009) 5 10 15 70 Unidade II Re vi sã o2 00 9: A na - D ia gr am aç ão : F ab io 2 9/ 05 /0 9 Vale ressaltar que, como qualquer teoria, o que sistematizamos nestas linhas e resumimos neste sistema é um raciocínio elaborado a partir de nossa visão sobre o tema aprendizado organizacional, tendo como fundamento os principais autores e estudiosos citados no texto. Portanto, alertamos para que você olhe nossa abordagem como uma referência teórica inacabada e incompleta, o que significa dizer que estamos abertos a críticas e sugestões de melhoria no que denominamos de Integrated System of Learning Organization (ISLO), ou Sistema Integrado de Aprendizagem Organizacional. Optamos por batizar preliminarmente como modelo ISLO, com a sigla em inglês, por ser considerada uma linguagem universal do ponto de vista científico. Dessa maneira, por compreender que a aprendizagem começa com o �não saber, mas também por criarmos uma inovação na abordagem teórica e crítica sobre o assunto, submetemos a sua apreciação como aprendiz desta disciplina. Reflexão: Você conseguiria, após tudo que leu e estudou sobre o tema tratado nessas linhas, conceber uma organização sem aprendizagem? Seria possível entender a sociedade complexa sem uma referência ou um modelo de análise crítica e reflexiva da realidade? Será que você e eu conseguiríamos nos comunicar sem nos conhecermos pessoalmente, somente por este texto, se não tivéssemos uma matriz de aprendizagem incorporada desde criança, formando nossa personalidade e nossa visão sobre o mundo a nossa volta? Referências bibliográficas Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. (Org.). Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998. AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel.