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FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA 
1.2 A FILOSOFIA DO DIREITO NA IDADE MODERNA
Dá-se o nome de modernidade ao período que se estende desde meados do século XV até inícios do século XX. Os tempos modernos têm início com o Renascimento, a Reforma e a Contrarreforma, que constituem um conjunto histórico-cultural que assinala uma etapa na história da Filosofia do Direito.
Na Filosofia, o Renascimento caracteriza-se pela influência das grandes correntes antigas. Juntos com o aristotelismo voltam o platonismo e o neoplatonismo, o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo.
A Reforma apresenta-se como rejeição da tradição medieval e oposição ao humanismo e ao helenismo. A orientação anti-humanística deve-se a um pessimismo antropológico que leva também a uma desconfiança em relação à razão e suas possibilidades, à repulsa da Filosofia, ao sobre naturalismo de Lutero e Calvino.
A Contrarreforma caracteriza-se por dois fatos de grande repercussão histórica. O primeiro é a fundação da Companhia de Jesus (1534-1540). O segundo é a celebração do Concílio de Trento (1545-1563), que realiza uma formulação mais precisa de determinadas doutrinas. Se o Renascimento e a Reforma manifestaram oposição à Escolástica, a Contrarreforma propicia um reflorescimento da mesma, com o retorno a São Tomás de Aquino (por isso, tem o nome de “segunda escolástica”).
1.3 Racionalismo e Empirismo
Racionalismo - O racionalismo é, juntamente com o empirismo, uma das grandes correntes formadoras da filosofia moderna. Enquanto o racionalismo explicava o conhecimento humano a partir da existência de ideias inatas que se originavam de Deus, o empirismo pretendia dar uma explicação do conhecimento a partir da experiência, eliminando a noção de ideia inata, considerada obscura e problemática (para os empiristas, todo o conhecimento provém da nossa percepção do mundo externo, ou do exame da atividade da nossa própria mente). O racionalismo pode ser definido como a doutrina que atribui à razão humana a capacidade exclusiva de conhecer e estabelecer a verdade. A razão é independente da experiência sensível – é a priori. O racionalismo também rejeita a intervenção dos sentimentos e emoções. No domínio do conhecimento, a autoridade única é a Razão. DESCARTES: (1596-1650) é considerado o pai do racionalismo moderno. Seus livros mais acessíveis são O Discurso sobre o Método e As Meditações Metafisicas. Também interessa ao nosso estudo Princípios da Filosofia. De acordo com ele, o conhecimento aprendido na escola não repousava em fundamentos sólidos e, portanto, não fornecia nenhuma certeza. O conhecimento deve começar pela busca de princípios absolutamente seguros, pois, só assim, se fundará na certeza. Para Descartes o homem é, essencialmente, um animal racional. Segundo ele, todos os homens possuem a razão, isto é, a capacidade de julgar e de discernir o verdadeiro do falso (bom senso). Entretanto, aduz, nem todos os homens utilizam corretamente sua razão. Daí a necessidade de um método, ou seja, de um caminho certo, seguro. O objetivo e a utilidade do método consistem em “conduzir bem sua razão” e em “procurar a verdade nas ciências”. Descartes procura estabelecer um método universal, inspirado no rigor da matemática e no encadeamento racional. Para tanto, elabora quatro regras fundamentais. São elas: a) da evidência; b) da análise; c) da síntese; d) do desmembramento. Ademais, utiliza a dúvida metódica para encontrar a primeira verdade. Após duvidar de tudo, encontra a primeira certeza: Penso, logo existo. A segunda verdade é a existência de Deus, que é provada com um argumento ontológico: por definição, o ser perfeito é aquele que possui todas as perfeições: ora, a existência é uma perfeição; logo, o ser perfeito existe. É a transcendência de Deus que vai permitir a Descartes elaborar uma concepção racional e mecanicista da natureza
Empirismo - Os principais filósofos empiristas foram Francis Bacon (1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (16321704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (17111776). Já na Antiguidade encontramos ideias empiristas (cirenaicos e epicuristas). Mas o desenvolvimento sistemático do empirismo é obra da Idade Moderna, em especial a filosofia inglesa dos séculos XVII e XVIII. O pai do empirismo inglês é John Locke, que combate a teoria das ideias inatas. Para Locke, a alma é um “papel em branco” (tabula rasa) que a experiência cobre pouco a pouco com os traços da sua escrita. 
O empirismo de Locke foi desenvolvido por David Hume, para quem todas as ideias procedem das impressões e não são nada mais do que cópias destas impressões. Isto porque Hume divide as percepções de Locke em impressões e ideias. Por impressões ele entende as vivas sensações que temos quando vemos, ouvimos, tocamos etc. Por ideias ele entende as representações da memória e da fantasia, menos vivas que as impressões e que surgem em nós baseadas nestas.
1.4 A Escola Clássica do Direito Natural 
A partir da obra de Grócio, floresce em toda a Europa, durante o século XVII, a corrente doutrinária que se denominou escola clássica do direito natural. Nesta escola o pensamento desenvolve-se com independência de todo dogma religioso ou posição teológica. Ao escrever o livro sobre o direito de guerra e de paz, que trata do direito das gentes ou direito internacional, Grócio recorre ao direito natural para fundamentar seus preceitos, inaugurando, assim, as especulações jusfilosóficas modernas. Os continuadores desta escola são Pufendorf, Leibniz, Thomasius, Wolff.
1.5 A Escola Racional do Direito
O elemento racional contido nas formulações da escola clássica não adquire pleno desenvolvimento até que com Rousseau e, principalmente, com Kant se desprende dos elementos empíricos e contingentes, com os quais se achava mesclado na obra dos antecessores. Rousseau (1712-1778) é normalmente incluído na escola clássica do direito natural, mas sua teoria do contrato social como um princípio retor da razão e não como um acontecimento histórico o torna iniciador da nova escola.
Para Rousseau, o retorno ao estado de natureza é impossível. Trata-se, agora, de restituir ao homem a felicidade perdida, devolvendo-lhe, para isso, o uso dos direitos naturais de liberdade e igualdade, cujo gozo constituía a base do estado primitivo. Impõe-se edificar a constituição política sobre essas bases: como uma garantia de liberdade e a igualdade de cada um.
Immanuel Kant (1724-1804) é o verdadeiro representante da escola racional do Direito, pois Rousseau tem laços com a escola clássica e só se distingue dela pela sua concepção do contrato social como princípio regulador.
Enquanto a escola clássica do direito natural fazia da natureza humana o princípio do direito, enquanto Rousseau proclamou o sujeito como princípio da ordem política, Kant elevou o sujeito racional à hierarquia máxima de princípio na ordem de todo conhecimento, destacando a razão como atributo essencial da natureza humana.
De fato, em Kant, o sujeito converte-se em sujeito transcendental, concebido como o conjunto de estruturas a priori que tornam possível o conhecimento do objeto.
1.6 Immanuel Kant
Immanuel Kant (1724-1804), conhecido como o filósofo das três Críticas – Crítica da razão pura (1781), Crítica da razão prática (1788) e Crítica do juízo (1790) –, nasceu no dia 22 de abril de 1724, em Kõnigsberg (Prússia oriental), na rua dos seleiros, onde seu pai exercia esse ofício. Filho de Johann Georg Kant, homem laborioso, honesto, que tinha horror à mentira, e de Anna Regina Reuter, mulher profundamente religiosa, que lhe ministrou sólida educação moral e, antes de morrer, o internou no Collegium Fridericianum, dirigido por Francisco Alberto Schultz, fervoroso adepto do pietismo, Kant afirmava que seus antepassados provinham da Escócia e que seu pai escrevia o sobrenome com C (Cant), razão por que o filósofo decidiu adotar o K inicial, evitando que se pronunciasse Tsant.
Kant cria uma nova corrente filosófica, o criticismo kantiano é a confluência de duas direções fundamentais do pensamentofilosófico: o racionalismo dogmático (Descartes – Spinoza – Leibniz – Wolff) e o empirismo cético (Bacon – Locke – Hume). Para o racionalismo, como vimos, o conhecimento seria produto de uma simples faculdade: a razão. Para o empirismo, o conhecimento derivaria de uma outra faculdade: a sensibilidade. Kant, que se educou sob a influência do racionalismo de Wolff, declara que o ceticismo de Hume o fez despertar do seu sono dogmático e deu às suas investigações no caminho da filosofia especulativa uma orientação totalmente diversa, impelindo-o a indagar sobre as condições e os limites do conhecimento humano, bem assim suas possibilidades. Destarte, Kant diferencia a filosofia das ciências, pois, enquanto cada uma destas últimas tem objeto próprio, o objeto da filosofia é o conhecimento mesmo, a análise da ciência. Por esta via, o criticismo permite chegar à conclusão de que o conhecimento é produto de uma faculdade complexa, o resultado de uma síntese da sensibilidade e do entendimento. Para isto, começa por dizer que todo conhecimento implica uma relação – melhor: uma correlação – entre um sujeito e um objeto. Nessa relação, os dados objetivos não são captados por nossa mente tais quais são (a coisa em si), mas configurados pelo modo com que a sensibilidade e o entendimento os apreendem. Assim, a coisa em si, o númeno, o absoluto, é incognoscível. Só conhecemos o ser das coisas na medida em que se nos aparecem, isto é, enquanto fenômeno.
A forma é a priori. A matéria do conhecimento é variável de um objeto a outro, visto depender dele, do objeto. Por sua vez, a forma, sendo imposta ao objeto pelo sujeito, será reencontrada invariavelmente, em todos os objetos, por todos os sujeitos. Existem, pois, conhecimentos a priori e conhecimentos a posteriori. Todo objeto a ser conhecido a priori o será conforme as formas que o espírito lhe impõe no ato de conhecer. Como corolário dos conhecimentos a priori, os juízos podem ser analíticos –aqueles em que o predicado constitui uma representação ou explicitação do que já se encontra contido no sujeito (todos os corpos são extensos) – ou sintéticos – aqueles cujo predicado acrescenta alguma coisa ao conceito do sujeito (todos os coirpos são pesados). Todo juízo de experiência é sintético, porque a experiência nos ensina a acrescentar certos atributos aos nossos conceitos, por exemplo, o peso ao‟conceito de corpo. Os juízos analíticos são a priori, pois não há necessidade de recorrer à experiência para determinar o que pensamos num dado conceito. Mas a grande descoberta de Kant é a da existência de uma terceira classe de juízos: os juízos sintéticos a priori, que são universais e necessários, como os analíticos, mas permitem ampliar nossos conhecimentos. É aos juízos sintéticos a priori que a matemática e física devem o seu caráter de certeza. O problema é saber se tais juízos são possíveis em metafísica.

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