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Aula 2 - Direito Civil III - Contratos em Espécie - Parte 1

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11/06/2015
1
DIREITO CIVIL III
4º PERÍODO – UFMA, 2015.1
Prof. Eliseu Ribeiro de Sousa
CONTRATOS EM ESPÉCIE
Arts. 481 a 853.
11/06/2015
2
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
DEFINIÇÃO
É o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a transmitir o domínio
de um certo objeto à outra, mediante recebimento de soma em dinheiro.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa,
e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
Observações do conceito:
Neste conceito destaquem de imediato a expressão “se obriga”, oriunda
do Direito Romano e Alemão pois a CeV, como todo contrato, gera obrigação. A
CeV não transfere o domínio (= propriedade), e sim obriga o vendedor a transferir
o domínio da coisa, se ele não o fizer será cabível as perdas e danos do 389, com
as exceções já conhecidas do 475.
Observem que o art. 481 prescreve que a CeV não transfere o domínio,
mas obriga o vendedor a transferir. E o que é que vai transferir o domínio da coisa
adquirida? Se a coisa for móvel, é a tradição = entrega efetiva da coisa prevista
nos arts. 1226 e 1267. E se a coisa for imóvel a propriedade se adquire
pelo registro em Cartório, conforme art. 1227.
11/06/2015
3
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
Observações do conceito:
Por que se exige a tradição e o registro? Porque a propriedade é um
direito tão importante na nossa vida, que para transferi-la não basta o contrato, é
necessário um gesto a mais/uma confirmação, que é a tradição para os móveis e
o registro para os imóveis.
Observação: os automóveis são bens móveis então se transferem pela
tradição. O registro no DETRAN é importante para fins administrativos, não para
fins civis, assim quando você vende um carro ele deixa de ser seu quando você
entrega o carro ao comprador, mas é prudente comunicar ao DETRAN para não
ficar recebendo multas e infrações em seu nome e toda vez ter que ficar
provando que já alienou o veículo.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
Observações do conceito:
Antes da tradição ou do registro a coisa pertence ao vendedor (492), de
modo que se você compra uma geladeira a vista e vai aguardar em casa que a loja
entregue, porém o caminhão é roubado, o prejuízo será da loja que vai ter que
lhe entregar outra geladeira; todavia, se você compra um celular a prazo, sai com
o aparelho da loja e você é roubado, o prejuízo será seu e você terá que pagar as
prestações. Tudo isso é consequência do princípio res perit domino ( = a coisa
perece para o dono).
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm
por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.
11/06/2015
4
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
PARTES
São partes nesse contrato, o vendedor que vende, e o comprador que
compra o objeto.
EFEITOS
O principal efeito do contrato de compra e venda é a transmissão da
propriedade do objeto do vendedor para o comprador, porem o contrato gera apenas
a obrigação do comprador em pagar o preço e o vendedor de entregar o objeto. A
transmissão ela se dá em um segundo momento, qual seja a tradição (traditio manus)
para o bem móvel, e o registro da escritura publica para o bem imóvel.
O Direito Brasileiro ele se baseia no Direito Germânico, por isso a compra e
venda não é o meio de transmissão da propriedade. Na compra e venda o vendedor
apenas se compromete a passar a propriedade do objeto ao comprador. Para o Direito
Brasileiro, a transmissão da propriedade sé de dá com a tradição, nos casos de bens
moveis, e com o registro da escritura publica, nos casos de bens imóveis.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
EFEITOS
Portanto a compra e venda ela acontece em duas fases bem distintas, a
primeira quando o vendedor se compromete a transferir ao comprador a
propriedade do objeto, a segunda se dá quando da execução do contrato, quando
a transferência da propriedade da coisa é realizada, seja pela entrega da coisa
(traditio manus) se for móvel, ou pela transcrição do registro de imóveis.
11/06/2015
5
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
CARACTERÍSTICAS CONTRATUAIS
 Bilateralidade: esta é caracterizada por conta da criação de obrigações para os
contratantes os quais, em caráter posterior, serão credores e devedores; ambas
as partes têm direitos e deveres.
 Onerosidade: neste caso, a onerosidade implica na característica de ambos
contratantes auferirem vantagens de cunho patrimonial. Vale ressaltar que
deve haver um equilíbrio envolvendo tais vantagens;
 Comutatividade: esta advém da existência de um objetivo certo e seguro na
realização do contrato, como se percebe na grande maioria dos contratos no
Direito Civil;
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
CARACTERÍSTICAS CONTRATUAIS
 Aleatoriedade: nesta característica, o objeto do contrato encontra-se vinculado
à ocorrência de um evento futuro e incerto, em que não se pode antecipar o
seu montante. Exemplo: alienação de coisa futura em que um dos contratantes
toma para si o risco se, caso nada venha a ser produzido, mesmo assim
permanece o dever do pagamento (“emptio spei”) – artigos 458 e 459, do
Código Civil de 2002;
 Consensualidade ou Solenidade: em casos como os contratos consensuais em
que através do mútuo consentimento de ambos os contratantes, temos o
aperfeiçoamento do contrato. Por sua vez, a solenidade descreve a
necessidade do contrato de compra e venda possuir uma forma específica por
força de lei, para gerar seus efeitos. Tal solenidade é constatada na aquisição
de imóveis em que a escritura pública mostra-se necessária;
11/06/2015
6
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
CARACTERÍSTICAS CONTRATUAIS
 Translatividade do domínio: neste caso, o contrato de compra e venda passa a
assumir um importante papel, como sendo um título hábil para a aquisição do
domínio, o qual se aperfeiçoa somente com a tradição ou registro do bem, este
último no caso de bens imóveis.
 Típico, pois está tipificado no Código Civil;
 De execução imediata ou futura, dependendo do momento em que se dará a 
execução do contrato;
 Impessoal, pouco importa quem sejam vendedor e comprador.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
ELEMENTOS (Art. 482)
Quando falamos em contrato de compra e venda, devemos ter em mente
os elementos essenciais, sem quais não seria possível realizar o contrato, quais
sejam, o OBJETO, o PREÇO, e o CONSENTIMENTO.
O OBJETO ou COISA há de ser um bem suscetível de alienação, deve ser
um bem no comercio, podendo se vendido por um e adquirido por outro.
É o principal elemento desse tipo de contrato, também chamada de res,
sendo caracterizada como objeto da compra e venda, a qual pode recair sobre
todas as coisas que não estejam fora do comércio, além de serem dotadas da
possibilidade de apropriação e de serem legalmente alienáveis.
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7
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
ELEMENTOS
A COISA é o objeto da obrigação de dar do vendedor; tal coisa em geral é
corpórea, ocupa lugar no espaço, é tangível; mas pode também ser incorpórea
como a propriedade intelectual, os direitos do autor e o fundo de comércio.
Esta coisa em geral está presente, mas pode ser futura, como já vimos nos
contratos aleatórios (483: emptio spei e emptio rei speratae dos arts. 458 e 459).
Só as coisas úteis e raras são apropriáveis, então não são vendidas coisas
inúteis (ex: folhas), abundantes (ex: água do mar, o ar que se respira) e
inalienáveis (ex: bens públicos, 99 e 100; bens herdados com cláusula de
inalienabilidade, 1911).
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
ELEMENTOS
O PREÇO, é o elemento que realmente caracteriza a compra e venda.
Deve ser sempre em dinheiro, admite-se, no entanto, a dação em pagamento
quando o preço em dinheiro é substituído por outra coisa. Também a obrigação
cumulativa, quando o pagamento é realizado em dinheiro e em outro bem, ainda
a obrigação alternativa, quando o pagamento pode ser feito em dinheiro ou com
algum outrobem.
O que se deve salientar aqui é que a obrigação do comprador é pagar em
dinheiro (valor), o outro bem é apenas uma forma de facilitar o pagamento.
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8
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
ELEMENTOS
O PREÇO: é objeto da obrigação de dar do comprador; o preço
geralmente é em dinheiro ( = pecúnia, que deriva de pecus = cabeça de gado, que
era uma moeda primitiva), mas pode ser em título de crédito (ex: cheque).
O preço precisa ser combinado pelas partes, afinal todo contrato é
consensual, não se admitindo uma CeV tipo “o comprador pagará o que quiser”
(489). Em geral, o comprador primeiro dá o preço para depois exigir a coisa
(491). Além do preço, a CeV gera outras despesas relativas a transporte da coisa
móvel ou registro da coisa imóvel, despesas que devem ser pagas conforme
acerto entre as partes (490).
As partes podem eleger um terceiro para fixar o preço, caso este se
recuse, o contrato estará desfeito, a não ser que as partes designem outra
pessoa. (Art. 485)
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
ELEMENTOS
O preço também pode convencionado que será aquele de mercado,
segundo a taxa de certo dia e lugar (Art. 486). O preço também pode ser fixado
mediante a variação de algum índice, desde que não haja proibição legal(Art.
487).
Não sendo estipulado o preço e não havendo tabela oficial, o preço será 
aquele praticado nos negócios habituais do vendedor (Art. 488).
Caso haja diversidade de valores, será fixado pelo termo médio, se as 
partes não entrarem em acordo. Observação: Se o caso se tratar de relação de 
consumo, o preço será o mais favorável para o consumidor.
Sob pena de nulidade, a fixação do preço não poderá ser arbitrado apenas 
por uma das partes.
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9
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
ELEMENTOS
O CONSENTIMENTO, a vontade das partes deve ser expressa de forma
livre, sem qualquer embaraço. Este deve abranger, sobretudo, o objeto e o preço,
ocasionando como consequência, a aquisição da coisa e seu pagamento por parte
do comprador;
O consenso é o terceiro elemento da CeV e de todo contrato, que sempre exige
acordo de vontades e mútuo consentimento sobre o preço, o objeto e os demais
detalhes do negócio.
Não esqueçam que na compra e venda de imóveis tal consenso exige a
solenidade da escritura pública (108). No art. 482 encontramos os três elementos
da CeV: acordo, objeto e preço.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
REQUISITOS SUBJETIVOS
Os requisitos subjetivos recaem sobre os sujeitos do contrato.
Os sujeitos do contrato devem ser capazes de fato (ser maior de 18 anos
ou emancipado) e negocialmente.
Quanto a capacidade negocial, as partes não podem enquadrar-se nas seguintes
proibições:
 Os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente autorizem;
 Pessoa casada, não pode vender bem imóvel sem a anuência expressa do seu
consorte. (salvo, separação de bens e participação final dos aquestos);
 Os tutores, curadores, testamenteiros e administradores em geral não podem
comprar bens confiados a sua guarda ou administração;
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
REQUISITOS SUBJETIVOS
 Os mandatários não podem comprar bens de cuja administração, guarda ou
alienação tenham sido encarregados;
 Os servidores públicos não podem comprar bens públicos confiados
diretamente ou indiretamente a sua administração;
 Os juízes, servidores e auxiliares da justiça, não podem comprar bens em litígio
situados no lugar em que servirem, ou a que se estender sua autoridade;
 Um condômino não pode vender sua parte de coisa indivisível a estranho se
outro condômino o quiser pelo mesmo preço.
 Dono de imóvel alugado não poderá vendê-lo a terceiro sem primeiro oferecer
ao inquilino.
Entre cônjuges, não há qualquer restrição, desde que o bem não seja comum.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
REQUISITOS OBJETIVOS
Os requisitos objetivos recaem sobre o objeto do contrato. Já falamos que
o objeto deve ser suscetível de alienação, e estar no comercio. Mas é necessário
acrescentar que quando esse objeto for imóvel ele poderá ser ad mensuram ou
ad corpus.
Venda ad mensuram e ad corpus: estas duas espécies de CeV se aplicam a
imóveis. A venda é ad mensuram quando se determina a área do imóvel vendido
(ex: fazenda de cem hectares, terreno com mil metros quadrados) ou o preço de
cada metro ou hectare (ex: mil reais cada metro quadrado, dez mil reais por
hectare); o erro no tamanho do imóvel traz consequências conforme art 500.
Já na venda ad corpus adquire-se coisa certa e que se presume conhecida
pelo comprador (ex: Fazenda São João, Engenho Limoeiro), de modo que não se
pode falar de abatimento do preço (§ 3º do art. 500). Na venda ad corpus existe
uma presunção absoluta de que o comprador conhecia o imóvel, sua extensão e
suas divisas.
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
REQUISITOS OBJETIVOS
O objeto da compra e venda pode ser coisa futura. O Bezerro que vai
nascer.
O Objeto poderá ser representado por amostras, protótipos ou modelos.
O vendedor responderá pelas qualidades da coisa que devem corresponder a
amostra. Se a descrição da coisa for diferente no contrato, prevalecerá as
características da amostra.
Se a vender tiver por objeto varias coisas, o defeito oculto de uma não 
legitima a devolução das outras.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
REQUISITOS FORMAIS
Os requisitos formais recaem sobre a forma.
O que impera no contrato de compra e venda é a liberdade da forma. 
Porem em determinados casos, a lei exige a forma escrita, como é o caso dos 
bens imóveis, que deverá sempre ser escrita por instrumento público.
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
OBRIGAÇÕES DO VENDEDOR
A primeira obrigação do vendedor é transferir a propriedade da coisa para
o comprador, seja pela tradição ou pelo registro.
O vendedor também tem a obrigação de cuidar da coisa como se fosse
sua, correndo todos os riscos por sua conta até o momento da tradição.
Também é obrigação do vendedor garantir o comprador da evicção e dos
vícios redibitórios.
As despesas com a tradição correm por conta do vendedor.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
OBRIGAÇÕES DO COMPRADOR
A mais importante obrigação é a de pagar o preço, o que deve ser feito
antes da tradição.
O vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes do pagamento, a não
ser nas vendas feitas a prazo se assim convencionou. Exceção de tal preceito
ocorre se o vendedor puder provar que o comprador está na iminência de se
tornar insolvente.
Outra obrigação do comprador é a de receber a coisa no tempo e local
determinado. Caso o comprador fique em mora de receber ou tenha pedido ao
vendedor que entregue em outro local diferente do avençado, responderá pelos
riscos.
As despesas da tradição correm por conta do vendedor, mas no caso de
bens imóveis ou moveis passíveis de registro, as despesas do registro correm por
conta do comprador.
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
Cláusulas especiais à compra e venda: estas cláusulas modificam o contrato e
são opcionais, podem ou não estar presentes nos contratos de CeV, a critério das
partes. São clausulas extraordinárias que podem compor o contrato.
a) RETROVENDA: Cláusula pela qual o vendedor, em acordo com o comprador,
fica com o direito de, em até três anos, recomprar o imóvel vendido, devolvendo
o preço e todas as despesas feitas pelo comprador (505).
Não se aplica a móveis, só a imóveis. Imaginem que uma pessoa em dificuldades
financeiras precisa vender uma casa que foi dos seus antepassados, usa então a
retrovenda para ter uma chance de em três anos readquirir a casa pela qual tem
estima. É cláusula rara porque é onerosa para o vendedor, mas não deixa de ser
útil para quem está em dificuldade transitória.
É também conhecida pela doutrina como pacto de resgate ou de retrato.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
a) RETROVENDA:A retrovenda é de iniciativa do vendedor e torna inexistente a venda originária,
reconduzindo os contratantes à situação anterior ao contrato. Não será
necessário novo contrato de compra e venda, e nem novo pagamento de imposto
de transmissão se o vendedor exercer seu poder.
O comprador se torna dono da coisa, mas sua propriedade não é plena e
sim resolúvel, ou seja, pode ser resolvida (= extinta) se o vendedor exercer a
opção.
É direito potestativo do vendedor exercer a retrovenda, de modo que o
comprador não pode se opor (506).
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
a) RETROVENDA:
A cláusula de retrovenda é registrada em Cartório de Imóveis, de modo que se
torna pública e vale contra todos, assim se um terceiro adquirir tal imóvel fica
sujeito também à retrovenda (507 – jamais comprem um imóvel sem verificar o
registro no Cartório de Imóveis).
A retrovenda se extingue pelo seu exercício, pela decadência do prazo de três
anos, pela destruição do imóvel (ex: incêndio, desmoronamento) ou pela
renúncia do vendedor a esta cláusula.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
b) VENDA A CONTENTO: Esta cláusula, caso inserida pelas partes, permite
desfazer o contrato se o comprador não gostar da coisa adquirida.
Ex: vendo um carro com prazo de alguns dias para o comprador
experimentar o veículo; outro exemplo que vocês vão estudar em Direito do
Consumidor: lojas que vendem produtos pelos correios também costumam dar
prazo para o comprador provar o bem.
O comprador não precisa dar os motivos caso não queira ficar com o bem,
sendo direito potestativo do comprador exercer esta cláusula, e o vendedor não
pode discutir ou impugnar essa manifestação. Direito potestativo é aquele que é
exercido sem oposição da outra parte, como o direito do patrão de demitir o
empregado.
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
b) VENDA A CONTENTO: A venda a contento tem duas espécies:
1) suspensiva: nesta venda a contento o comprador não paga o preço e adquire a
coisa por empréstimo. Se gostar paga o preço e adquire a coisa, se não gostar
devolve sem dar explicações (510).
Como a coisa é do vendedor, se a coisa perecer enquanto o comprador
experimenta, o prejuízo será do vendedor, afinal res perit domino (= a coisa
perece para o dono). No art. 509 temos a venda ad gustum (degustação) aplicável
a gêneros alimentícios. Tanto na venda a contento do 509 como na venda sujeita
a prova do 510 o comprador fica como comodatário (= empréstimo, 511).
2) resolutiva: nesta segunda espécie, o comprador paga o preço e adquire a coisa
como dono, se não gostar devolve a coisa, desfaz a compra e exige o dinheiro de
volta. Caso a coisa venha a perecer durante a prova o prejuízo aqui será do
comprador. Se as partes não estipularem prazo para a prova do bem, o vendedor
deverá intimar o comprador para se manifestar (512).
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
c) PREEMPÇÃO ou PREFERÊNCIA: Cláusula que obriga o comprador de coisa
móvel ou imóvel a oferecê-la ao vendedor caso resolva aliená-la a um terceiro, a
fim de que o vendedor exerça seu direito de preferência. Na preempção o
adquirente admite que, caso receba uma oferta de terceiro, dará preferência ao
vendedor para que a coisa retorne a seu patrimônio (513).
Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação
de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em
pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra,
tanto por tanto.
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
c) PREEMPÇÃO ou PREFERÊNCIA:
Exige-se duas condições: que o comprador queira vender (514) e que o vendedor
(ex-dono) pague o mesmo preço oferecido pelo terceiro, e não o preço pelo qual
vendeu (515).
Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação,
intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder,
obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
c) PREEMPÇÃO ou PREFERÊNCIA:
Qual o prazo desta cláusula? Resposta: pú do 513 c/c 516, então
tratando-se de imóvel, se o comprador quiser vender a um terceiro em até dois
anos após a compra, o vendedor terá sessenta dias para se manifestar.
Art. 313. Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência
não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois
anos, se imóvel.
Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará,
se a coisa for móvel, não se exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não
se exercendo nos sessenta dias subsequentes à data em que o comprador
tiver notificado o vendedor.
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17
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
c) PREEMPÇÃO ou PREFERÊNCIA:
É direito personalíssimo.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos
herdeiros.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
c) PREEMPÇÃO ou PREFERÊNCIA: A preferência possui duas espécies:
a) convencional: depende de contrato/de acordo de vontades, é a preferência
que nos interessa;
b) legal: interessa ao Direito Público, quando, por exemplo, o Estado desapropria
uma casa para fazer uma rua, depois desiste, cabe então preferência ao ex-dono
para readquirir o imóvel (519 – é conhecida como retrocessão de Direito
Administrativo, sendo uma cláusula implícita em toda desapropriação).
Na preferência não cabe ação real (na retrocessão sim), então se o comprador
vende a um terceiro sem oferecer ao vendedor, o vendedor não poderá recuperar
a casa do terceiro, poderá apenas exigir uma indenização do comprador que não
respeitou a cláusula da preempção (518).
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
c) PREEMPÇÃO ou PREFERÊNCIA: A preferência possui duas espécies:
A preferência difere da retrovenda, por cinco motivos:
1) a preferência não precisa de registro em Cartório de Imóveis e nem constar na
escritura pública;
2) na preferência a iniciativa é do comprador em querer vender, enquanto na
retrovenda é o vendedor que tem a iniciativa e a faculdade de comprar de volta;
3) a retrovenda só se aplica a imóveis, com efeito real (507, in fine), e a
preferência a móveis e imóveis, sem efeito real (518);
4) na retrovenda se extingue uma venda, aqui na preferência se celebra novo
contrato;
5) o direito à retrovenda se transmite aos herdeiros (507), o direito à preferência
não (520).
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
d) VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO: É aplicável na venda a prazo de bens
móveis individualizáveis e duráveis (ex: carros, geladeiras, máquinas, 523).
Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa
insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras
congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-
fé.
É a cláusula pela qual o comprador assume a posse da coisa, mas só se torna
seu proprietário após pagar o preço integral (521). Não se aplica a imóveis, só a
móveis comprados a prazo.
Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a
propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
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19
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
d) VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO:
Posse e propriedade são conceitos que vocês vão estudar em Direits
Reais, mas já dá para entender que, na VRD o comprador ocupa a coisa mas só se
torna seu dono quando pagar todas as prestações.
O normal é a simples tradição já transmitir a propriedade, mas na VRD,
além da tradição, o vendedor exige o pagamento integral do preço.
Como o comprador não é dono da coisa, caso as prestações não sejam
pagas o vendedor poderá, através do Juiz, recuperar a coisa que é sua, ao invés de
exigir apenas as perdas e danos por descumprimento do contrato (389, 526).
Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover
contra ele a competente ação de cobrança das prestações vencidas e
vincendas e o mais quelhe for devido; ou poderá recuperar a posse da
coisa vendida.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
d) VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO:
O comprador não pode atrasar o pagamento das prestações, mas pode
antecipá-las. A coisa precisa ser individualizada, ter caracterização detalhada
(523, ex: cor, modelo, ano, placa, número do chassis, número do motor, etc.) para
permitir a apreensão judicial.
A VRD não se trata de contrato preliminar, mas sim de contrato definitivo
com cláusula de reserva de domínio. Sem cláusula expressa, não há VRD, mas
simples venda a prazo, tornando-se o comprador dono pela tradição, de modo
que o não pagamento das prestações se resolve em perdas e danos e pronto
(522).
Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e 
depende de registro no domicílio do comprador para valer contra 
terceiros.
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20
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
d) VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO:
Para o vendedor a VRD é mais segura do que a venda simples, pois a coisa
fica como garantia. Mas se a coisa for retomada pelo vendedor ele não poderá
ficar com ela, e sim terá que vendê-la para cobrir seu prejuízo e devolver o
excedente ao comprador (527, 1364).
Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao
vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a
depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for
devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe será
cobrado, tudo na forma da lei processual.
Art. 1.364. Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender,
judicial ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no
pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o
saldo, se houver, ao devedor.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA
d) VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO:
Como a coisa pertence ao vendedor até o pagamento de todas as
prestações, o prejuízo pela sua destruição em caso de furto/acidente deveria ser
do vendedor, afinal vocês sabem que res perit domino ( = a coisa perece para o
dono). Porém aqui na VRD existe uma exceção a este princípio, de modo que res
perit emptoris ( = a coisa perece para o comprador, 524), e deve ser assim afinal o
vendedor-proprietário não tem o menor controle sobre o uso da coisa e se o
prejuízo fosse seu poderia ensejar muitas fraudes.
Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no
momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos
riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi
entregue.
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CONTRATO DE COMPRA E VENDA
d) VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO:
A VRD exige forma escrita, não pode ser verbal, mas dispensa escritura
pública, basta o instrumento particular (522). Este registro a que o artigo 522 se
refere não é o registro imobiliário, afinal a VRD só se aplica a móveis; este é o
registro no Cartório de Títulos e Documentos mas a jurisprudência dispensa tal
registro.
Se a coisa for vendida pelo comprador a terceiros a venda deve ser
desfeita, afinal o comprador não é dono ainda, não podendo vender o que não é
seu. Mas se o terceiro estava de boa-fé e desconhecia a cláusula de reserva de
domínio, a venda pode prevalecer conforme parte final do art. 523. O legislador
optou pela segurança jurídica do terceiro ao invés do direito de propriedade do
vendedor.
CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
É o contrato pelo qual as partes se obrigam reciprocamente a
transferir o domínio de uma coisa por outra (que não seja dinheiro).
A troca antecedeu a compra e venda e foi praticamente substituída
por esta. Historicamente, o contrato de compra e venda é uma evolução da
troca ou permuta ou ainda denominada esta de escambo, já que esta antes
do surgimento da economia monetária, era o instrumento jurídico da
circulação dos bens.
Utiliza-se atualmente de forma diminuta este instrumento, já que sua
importância diminui desde o surgimento da moeda e, com isso, o instrumento
jurídico da compra e venda.
Importante ressaltar a diferença da troca e permuta para a compra e
venda, quais sejam, a exclusão da figura do dinheiro, do preço, da
contraprestação em moeda do contrato de troca ou permuta.
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CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
E se alguém troca uma casa por um carro e mais certa quantia em
dinheiro? Terá havido troca ou CeV? Vai depender do valor em dinheiro
envolvido, se pouco dinheiro, considera-se troca, se muito dinheiro
considera-se CeV. Chama-se de saldo essa quantia pecuniária
eventualmente presente na troca.
Assim, um contrato poderá ser de compra e venda ou de troca,
quando houver o pagamento parte em dinheiro e parte em coisa,
dependendo do critério objetivo do maior valor, desta forma, consistindo
a prestação de um dos contratantes parte em dinheiro e parte em outra
coisa, será compra e venda se a parte em dinheiro for superior; será troca,
se ocorrer o oposto, se a maior parte da prestação for ofertada em coisa .
CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
Objeto
São objetos do contrato de troca/permuta os mesmos da compra e
venda, quais sejam, coisa móvel, imóvel, corpórea, incorpórea, etc.
Resumindo, tudo que pode ser vendido, pode ser trocado, não sendo
necessários que os bens permutados sejam de igual espécie ou valor,
sendo lícito, portanto, permutar um imóvel por uma coisa móvel, ou ainda
um bem imóvel ou móvel por um direito.
A prestação de serviço não pode ser utilizada por um dos
contratantes com objetivo de prestação de troca o ou permuta.
Percebe-se desde já que o contrato de compra e venda e permuta
são similares, sendo a única diferença entre estes instrumentos
contratuais a contraprestação, onde o da compra e venda se dá em
dinheiro e o da troca em objeto.
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CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
Objeto
As normas aplicáveis à CeV se aplicam igualmente à troca (533,
caput), apenas o inc. I do 533 faz analogia com o 490, e o inc. II do 533
com o 496.
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e
venda, com as seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará
por metade as despesas com o instrumento da troca; (≠ 490)
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do
cônjuge do alienante. (≈496)
CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda,
com as seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por
metade as despesas com o instrumento da troca; (≠ 490)
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e
registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes,
sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
(≈490)
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
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CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
Classificação:
 Bilateral: Porque existe obrigação para as duas partes. Obrigação de
ambos de transferir, um para o outro, a propriedade de determinada
coisa.
 Oneroso: porque ocorre alteração patrimonial para as duas partes.
 Comutativo: pode-se prever as vantagens e desvantagens que do
contrato podem advir, devido as suas prestações serem certas.
 Consensual: basta o consentimento para ser celebrado. É consensual e
não real ,pois se aperfeiçoa com o acordo de vontades, independente
da tradição.
 Formal ou solene: se for de bem imóvel cujo valor seja superior a 30
vezes o salário mínimo vigente.
CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
Regulamentação Jurídica: (Art. 533)
Como retro citado aplicam-se as mesmas regras da compra e venda
com algumas peculiaridades. Assim, no caso da troca de um bemmóvel
por imóvel, os custos serão rateados meio a meio (Art. 533, inc I).
A troca é anulável se for feita de ascendente para descendente,
mas apenas se essa troca for desigual (valores diferentes), pois se os
valores forem os mesmos, não será necessário o consentimento dos
descendentes e dos respectivos cônjuges.
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CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
Regulamentação Jurídica: (Art. 533)
Assim, sendo desigual a troca, transferindo o ascendente objeto de
maior valor para o descendente e este em menor valor ao ascendente,
poderá sim, ocorrer a troca, mas só ocorrerá com o consentimento dos
descendentes e dos cônjuges destes, pois neste caso existe claramente um
benefício ao descendente, protegendo a lei os demais descendentes da
simulação e da fraude.
Caso contrário, o ascendente ganha mais na troca que o
descendente, não será necessária a anuência dos demais. Nota-se aqui
neste inciso uma semelhança com uma das limitações do contrato de
compra e venda (da impossibilidade da compra e venda entre ascendentes
e descendentes).
CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA
Diz ainda Roberto Gonçalves:
“Sendo as regras comuns aos contratos em geral aplicáveis à
permuta, se uma parte não cumpre a obrigação de entregar a coisa, a
outra poderá opor a exceptio non adimplenti contractus.
Apesar de se aplicar à permuta teoria dos vícios redibitórios, nela
não há opção, ensejada ao comprador, de exigir a resolução do contrato
ou abatimento do preço, cabendo à parte lesada, apenas a pretensão à
resolução do contrato, com a volta ao estado anterior.
A evicção que atinge uma das coisas afeta todo o contrato. Na
hipótese, o evicto, tem direito a restituição da coisa, da indenização pelas
perdas e danos e das custas processuais, além das despesas com o
contrato”
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CONTRATO ESTIMATÓRIO
Podemos utilizar o conceito legal do art. 534.
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens
móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando
àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido,
restituir-lhe a coisa consignada.
É também conhecido como contrato de venda em consignação.
“...o negócio jurídico em que alguém (consignatário) recebe de
outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los,
obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não
restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado.
(Maria Helena Diniz)
CONTRATO ESTIMATÓRIO
É utilizado na venda de carros e eletrodomésticos usados, bem
como na de quadros e obras de arte. Não se aplica a imóveis.
Exs: João quer vender seu carro e deixa nessas lojas de veículos
que se vê pela cidade, ou José é pintor e deixa seu quadro numa galeria
para exposição.
O código chama de “estimatório” pois o consignante (dono da
coisa) estima o preço mínimo para venda pelo consignatário (dono da loja
ou galeria). A venda por mais do que o preço estimado é lucro para o
consignatário. Se o objeto não for vendido no prazo fixado entre as partes,
o consignatário pode comprá-lo pelo preço estimado ou então devolver a
coisa ao consignante (é obrigação facultativa do consignante, vide
534, in fine).
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CONTRATO ESTIMATÓRIO
Classificação
O contrato estimatório é contrato:
 Real, não se forma antes da entrega da coisa (534 – sublinhem 
“entrega”).
 Oneroso (não é gratuito);
 Comutativo (não é aleatório)
 Bilateral (não é de efeito unilateral).
CONTRATO ESTIMATÓRIO
O CE difere do mandato pois neste se autoriza alguém a agir em
seu próprio nome (ex: contratar advogado para me representar em Juízo,
653), já no CE o consignatário atua em nome próprio perante terceiros
compradores.
Para evitar fraudes, se a coisa consignada for destruída (ex:
incêndio) ou roubada o prejuízo será do consignatário, que terá que pagar
o preço estimado ao consignante (mais uma exceção ao res perit domino,
535). Deve o consignatário então fazer seguro da coisa.
Art. 535. O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o
preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar
impossível, ainda que por fato a ele não imputável.
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CONTRATO ESTIMATÓRIO
O consignante permanece como dono até um terceiro ou
o consignatário comprar a coisa, de modo que o consignatário só tem a
posse, e não a propriedade da coisa que está exposta a venda (536).
Art. 536. A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou
sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago
integralmente o preço.
A tradição ao consignatário não lhe transfere a propriedade. Apesar
de permanecer proprietário até a coisa ser vendida, o consignante perde a
faculdade de disposição (1.228).
CONTRATO ESTIMATÓRIO
Uma vez celebrado o CE o proprietário/consigante perde até o
direito de dispor do bem, salvo se a coisa não for vendida e retornar às
suas mãos (537).
Art. 537. O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser
restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.
O consignatário tem assim posse com a faculdade de dispor da
coisa, e vender a quem quiser. Se o proprietário quiser recuperar a coisa
antes do prazo ajustado do CE, o consignatário pode impedir ajuizando
ação de manutenção de posse.
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CONTRATO DE DOAÇÃO
É contrato tão antigo quanto a troca, ambos mais antigos do que a
compra e venda.
Conceito doutrinário: contrato pelo qual uma das partes, chamada
doador, se obriga a transferir gratuitamente um bem de sua propriedade
para outra pessoa, chamado donatário, que enriquece se aceitar a
doação, enquanto o doador empobrece.
Conceito legal: 538.
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o
de outra.
CONTRATO DE DOAÇÃO
Comentários ao conceito:
- gratuidade: a diferença essencial para a compra e venda é porque na
doação a circulação do bem de uma pessoa para outra é gratuita,
enquanto na CeV existe o pagamento do preço como contraprestação.
Em geral o doador age por pura liberalidade/generosidade, tanto
que alguns autores afirmam que donareest perdere ( = doar é perder).
Mas será mesmo? Há outros autores que discordam e entendem que o
doador “satisfaz sua vaidade, recebe honrarias e alcança prestígio” (ex:
doação para o Hospital do Câncer). Por isso, por trás de todo contrato,
mesmo gratuito, pode existir um interesse econômico.
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Comentários ao conceito:
- gera obrigação: a doação, como a compra e venda, por si só, não
transfere propriedade. Já sabemos que é necessário a tradição e o registro
para completar o contrato. Para imóveis ambas exigem escritura pública
com autorização do cônjuge do doador. E a doação, por ser gratuita, ainda
exige por segurança a formalidade do contrato escrito para móveis,
diferente da compra e venda de móveis que pode ser verbal (541 e pú).
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de
pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
CONTRATO DE DOAÇÃO
Comentários ao conceito:
- o bem: o objeto da obrigação de dar do doador tem que ser lícito e
pertencer ao doador, afinal não se pode doar coisa alheia. Tal coisa precisa
estar presente. A doação de coisa futura é válida, mas não com o nome de
doação, e sim como um contrato atípico.
A doação é essencialmente espontânea/natural, por isso que não se pode
celebrar promessa de doação de coisa futura. Além de coisas, direitos
também podem ser doados (ex: um direito de crédito consubstanciado
num cheque).
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Comentários ao conceito:
- aceitação: como todo contrato, exige acordo de vontades, então o
donatário precisa aceitar a liberalidade. Tratando-se de contrato gratuito,
em geral o donatárioaceita, mas não pode ser imposto (539 – admite
aceitação tácita).
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se
aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do
prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que
aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
CONTRATO DE DOAÇÃO
Comentários ao conceito:
O incapaz pode aceitar (542, 543, ex: dar presente a uma criança). Nas
doações modais/com encargo (ex: doação de uma fazenda com o ônus de
construir uma escola para as crianças da região) não se admite aceitação
tácita, e nem pode ser feita a incapaz.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu
representante legal.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a
aceitação, desde que se trate de doação pura.
- inter vivos: doação é negócio inter vivos; a doação mortis causa é a
herança e o legado, que será estudado no Direito das Sucessões.
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Elementos da doação:
objetivo: é o empobrecimento do doador e o enriquecimento do
donatário;
subjetivo: é o animus donandi (= intenção de doar), é a vontade do doador
de praticar uma generosidade, então jogar uma roupa velha no lixo não é
doação mas abandono. No empréstimo também não há animus donandi,
pois quem empresta espera receber de volta.
CONTRATO DE DOAÇÃO
Observações sobre doação:
- a coisa doada, caso possua algum defeito, não fica sujeita a evicção
(defeitos jurídicos) ou vícios redibitórios (defeitos materiais), pois já
sabemos que tais institutos só se aplicam aos contratos de efeitos
bilaterais. Faz sentido, afinal ganhar uma coisa, mesmo com defeito, pode
ser vantajoso. Porém se a doação foi onerosa/com encargo, admitem-se a
evicção e os vícios redibitórios (pú do 441).
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode
ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem
imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações
onerosas.
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Observações sobre doação:
- pessoa em dificuldades financeiras, ou seja, insolvente, com muitas
dívidas, não pode doar seus bens para não prejudicar os credores. Caso o
faça tal doação será anulável por se tratar de fraude contra os credores.
Há uma presunção absoluta (mais do que relativa) de que aquele que faz
doação em estado de insolvência está fraudando seus credores (158).
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão
de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles
reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser
anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus
direitos.
CONTRATO DE DOAÇÃO
Características:
É contrato de efeito unilateral, com direito só para o donatário de exigir a
coisa, e obrigação só para o doador de entregar a coisa;
É solene para os imóveis e móveis pois exige forma escrita; para os móveis
de pequeno valor pode ser verbal/informal, porém só se perfaz com a
entrega da coisa, sendo assim contrato real.
É gratuito pois só o donatário tem proveito econômico, porém admite-se
doação onerosa quando existe um encargo, ônus, proveito,
vantagem (pequena contraprestação) em favor do doador nas doações
modais (ex: dou um terreno para ser construída uma escola com o ônus
de colocar meu nome no estabelecimento).
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Espécies de doação:
a) doação pura: é aquela simples, de plena liberalidade/generosidade,
sem nenhuma exigência, motivação, limitação, condição ou encargo. É a
doação mais comum.
b) doação condicional: fica subordinada a evento futuro e incerto (121),
ex: darei uma casa a minha filha se ela se casar, darei um carro a meu filho
se ele passar no vestibular. Nem todo mundo se casa ou faz faculdade, por
isso são eventos incertos.
c) doação a prazo ou a termo: subordina-se a evento futuro e certo, ex:
darei um carro a meu filho quando fizer 21 anos. Completar 21 anos é
uma certeza para todas as pessoas, só depende do inexorável passar do
tempo. Salvo se a pessoa morrer, mas aí aplica-se o princípio mors omnia
solvit (= a morte tudo termina).
CONTRATO DE DOAÇÃO
d) doação modal: sujeita-se a encargo. Encargo é um ônus imposto nas
liberalidades, seja uma doação, seja um testamento. Doação modal é
doação onerosa pois existe uma obrigação/incumbência por parte do
donatário, mas é uma pequena contraprestação para não descaracterizar a
doação (ex: dôo uma fazenda com o ônus de construir uma escola para os
filhos dos trabalhadores). Se o encargo for grande, não teremos doação,
mas troca ou outro contrato bilateral qualquer. O donatário que não
executa o encargo perde a doação (553, 555 e 562). Se o encargo for de
interesse coletivo o Ministério Público pode entrar na Justiça contra o
donatário, se o doador não o fizer (pú do 553; obs: este é um dos poucos
casos de participação do Ministério Público no Direito Patrimonial, afinal o
Ministério é público e o Direito Civil é privado).
A doação modal pode se confundir com a condicional se
considerarmos que passar no vestibular ou se casar seja um ônus.
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CONTRATO DE DOAÇÃO
f) doação ilegítima: é feita a donatário sem legitimidade (= autorização)
para receber doação, ex: 550. O tutor também não tem legitimidade para
doar bens do órfão que ele cuida, nem com ordem judicial (1749, II).
g) doação a incapaz: pode ser feita doação a incapaz se for pura (542 e
543, ex: dar presente a uma criança).
h) doação remuneratória: é feita por gratidão, para retribuir um favor, por
reconhecimento (ex: médico amigo que lhe opera e não cobra nada,
depois ganha um carro). A doação remuneratória não fica sujeita a
revogação por ingratidão (564, I). Admite-se que o cônjuge possa doar
bens móveis do casal sem outorga uxória se a doação for remuneratória
(1647, IV). Bem imóvel não pode ser doado sem outorga uxória, mesmo
na doação remuneratória (1647, I). A doação remuneratória não se sujeita
a colação (2011, então um filho que presta muitos serviços ao pai poderá
herdar mais do que os outros).
CONTRATO DE DOAÇÃO
i) doação inoficiosa: vai interessar ao Direito das Sucessões. É nula e
ocorre quando o doador, tendo filhos, dá a terceiros mais da metade dos
seus bens, que é mais do que se poderia dispor em testamento
(549). Mais detalhes em Direito das Sucessões (art. 1846 e no § 1º do art.
1857). Obs: um pai pode vender todos seus bens, afinal a venda é uma
troca, mas não pode doar para não ficar na miséria e para não fraudar a
legítima dos seus filhos, violando princípios de Direito das Sucessões.
j) doação com cláusula de reversão: cláusula expressa onde o doador
determina que caso o donatário morra primeiro do que ele, os bens
retornarão ao patrimônio do doador, ao invés de seguirem para os filhos
do donatário. Nesta espécie de doação, a propriedade do donatário é
resolúvel, ou seja, não é plena, podendo ser resolvida (= extinta) caso o
donatário morra antes do doador. Morrendo o doador primeiro, a
propriedade torna-se plena para o donatário (547).
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CONTRATO DE DOAÇÃO
k) doação em adiantamento de legítima: ocorre quando o pai doa um
bem ao filho como antecipação de herança (544, 2018). Alguns autores
criticam essa doação por se tratar de um pacta corvina vedado pelo art.
426, afinal o filho sempre pode morrer antes do pai.
l) doação universal: é proibida pelo art 548, já que ficando o doador na
miséria vai sobrecarregar os serviços assistenciais do Estado.
m) doação sob subvenção periódica: ocorre quando o doador constitui
uma renda (ex: mesada) em favor do donatário (545). Essa renda é
personalíssima, e nem a obrigação se transmite aos filhos do doador, e
nem o benefício aos filhos do donatário.
CONTRATO DE DOAÇÃO
n) doação conjuntiva: é feita a mais de uma pessoa, distribuindo-seem
geral por igual (551, ex: se João doa um barco a José e Maria presume-se
que foi 50% para cada um, mas o doador pode estipular uma fração maior
para um ou outro donatário).
o) doação em contemplação de casamento futuro: é uma doação
condicional, ou seja, fica sujeita ao casamento entre certas pessoas. A
aceitação do casal ao contrato de doação vem com o matrimônio (546).
p) doação merecimento: é feita em contemplação do merecimento de
alguém, quando o doador dá os motivos da doação (ex: dôo um caminhão
bombeiro ao fazendeiro José porque ele é um ambientalista e protegerá
suas florestas de incêndios; dôo minha biblioteca ao aluno João porque
ele é estudioso e gosta de ler, etc).
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Revogação da doação:
A doação é um favor, é uma generosidade, é um benefício, é uma
liberalidade, e por isto não se aceita que o donatário seja ingrato com o
doador. A moral e a lei exigem que o donatário respeite o doador, sob
pena de revogação da doação por ingratidão (arts. 555 e 557). Gratidão é
assim obrigação de não-fazer do donatário, que deve se abster de praticar
condutas que revelem desapreço pelo doador e seus filhos (558).
Estes motivos são exaustivos/taxativos, não são exemplificativos, não
havendo outros casos de ingratidão que autorizam a revogação além
destes previstos no código. Tomando o doador conhecimento destas
condutas, deve processar o donatário no prazo de um ano para recuperar
a coisa doada (559).
CONTRATO DE DOAÇÃO
Revogação da doação:
O direito de revogar é irrenunciável, pode porém não ser exercido (556).
A revogação não atinge terceiros, de modo que se o doador tiver alienado
a coisa doada, o terceiro adquirente não será prejudicado, pois não há
ação real sobre a coisa. Deverá sim o donatário indenizar o doador pelo
equivalente, ou seja, poderá o doador mover apenas ação pessoal contra
o donatário. Igualmente, em se tratando, por exemplo, de uma fazenda
doada, a revogação da doação não obrigará o donatário a devolver os
frutos (ex: colheitas, crias dos animais, etc), apenas a fazenda em si (563).
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CONTRATO DE DOAÇÃO
Revogação da doação:
O direito de revogação da doação é personalíssimo, só o doador pode
exercê-lo (560), salvo se ele tiver sido morto pelo donatário, hipótese em
que seus herdeiros poderão processar o donatário (561). Não se exige
gratidão dos herdeiros do donatário, apenas deste. Há espécies de doação
que não se revogam por ingratidão, previstas no art. 564. A doação feita
para determinado casamento não se revoga para não prejudicar o cônjuge
inocente.

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