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CULTURA EMPREENDEDORA (65)

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Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA NA PROPOSTA CURRICULAR: 
DESPERTANDO O INTERESSE DO ALUNO PELA CONSTRUÇÃO DA SUA 
APRENDIZAGEM 
 
Isaac Pinto da Silva 1 
Marcos Francisco de Sousa 2 
Tomás Savie Eurico3 
Wilson Guasti Junior 4 
 
RESUMO 
 
As condições e o ambiente de ensino nas escolas brasileiras, a formação e qualificação do 
professor são problemas que interferem na qualidade da aprendizagem do aluno, desgasta 
o profissional e preocupa a família que se interessa pelo conhecimento que o filho está 
adquirindo. A utilização de métodos e práticas de ensino pouco atraentes desmotiva o aluno, 
inibe seu interesse em construir seu conhecimento. Muitas mudanças foram inseridas no 
sistema de ensino brasileiro no sentido de atrair e manter o aluno em sala de aula até 
completar os ciclos escolares. A mudança mais significativa em se tratando da formação do 
aluno foi a inclusão do ensino profissionalizante, que representa uma oportunidade a mais 
para a entrada no mercado de trabalho. A partir das exigências do mercado de trabalho, o 
sistema de ensino brasileiro apresenta uma nova proposta de ensino, ou seja, a Educação 
Empreendedora cuja principal característica é a capacidade de construção de novos 
conhecimentos a partir dos conhecimentos precedentes. Assim, o referencial teórico tem 
seu desenvolvimento fundamentado na pesquisa bibliográfica e descritiva, com abordagem 
temática sobre empreendedorismo, o trabalho com projetos, currículo e a educação 
empreendedora. Conclui-se que trabalhar o empreendedorismo no prisma da educação 
 
1
 Mestrando em ciências das religiões Faculdade Unidas de Vitória - F.U.V. Especialista em Docência 
do Ensino Superior, Psicopedagogia, Educação de Jovens e Adultos e Gestão em Educação 
Ambiental pelo Centro de Ensino Superior Fabra. Atualmente é docente no Centro de Ensino 
Superior Fabra. Contato: isaac_cientistapolitico@hotmail.com. 
 
2
 Mestrando em Ciências da Educação pela Universidade Del Salvador – USAL. Especialista em 
Docência do Ensino Superior pela Faculdade de Educação da Serra - FASE. Graduado em 
Tecnologia, Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade Salesiana de Vitória. Atualmente 
é coordenador e docente do curso de Sistemas de Informação no Centro de Ensino Superior Fabra. 
Contato: marcos@soufabra.com.br. 
 
3
 Mestre em Administração de Empresas pela FUCAPE Business School. Especialista em Docência 
do Ensino Superior pela Faculdade de Educação da Serra - FASE e em Logística Estratégica 
Empresarial e Internacional pela Faculdade Batista de Vitória - FABAVI. Atualmente é docente no 
Centro de Ensino Superior Fabra. Contato: savieeurico@gmail.com. 
 
4
 Mestrando em Sistemas de Informação na Universidade Federal do Espírito Santo – UFES. 
Especialista em Engenharia de Software pela Fundação Educacional Padre Cleto Caliman. 
Licenciado em Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Atualmente é 
docente do curso de Sistemas de Informação no Centro de Ensino Superior Fabra. Contato: 
wilson@soufabra.com.br. 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
pode ser uma estratégia diferencial para despertar no aluno o interesse pela construção do 
seu conhecimento. 
 
Palavras-chave: Empreendedorismo; Educação; Currículo; Formação. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Em junho de 2011 foi apresentado à Câmara Federal o Projeto de Lei nº 1673/11, de 
autoria do deputado Ângelo Agnolin, ementa que acrescenta o § 7º ao art. 26 da Lei 
nº 9.394/1996 a inclusão do tema empreendedorismo nos currículos do Ensino 
Fundamental e Médio. 
 
O projeto ainda está sendo analisado, mas a proposta é inovadora em termos de 
educação, levando em conta que empreendedor tem visão de oportunidade e a 
partir dela cria um negócio que permita todo um processo de capitalização sobre ela. 
 
Os aspectos ligados ao empreendedorismo são a iniciativa de criação de um novo 
negócio; a utilização criativa dos recursos disponíveis visando transformar o 
ambiente social e econômico; a aceitação de riscos e a possibilidade de fracassar e, 
principalmente, a abertura de novos caminhos e canais para aprender e/ou 
aprimorar a aprendizagem. 
 
Considerando que a educação empreendedora apresenta relevância e importância 
social, acadêmica e profissional, o objetivo deste artigo buscou destacar que esta 
proposta de ensino pode constituir um diferencial estratégico no processo de ensino-
aprendizagem do aluno, na qualidade da educação, em melhor formação do 
cidadão. 
 
A metodologia aplicada caracteriza este artigo como um estudo de revisão 
bibliográfica sobre educação e empreendedorismo, utilizando como base de dados 
informações retiradas dos sites Scielo, Google Acadêmico, Bibiblioteca Digital, teses 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
e dissertações diversas, artigos científicos originais e de revisão. No processo de 
busca nos sites de pesquisa, as palavras-chave utilizadas foram empreendedorismo, 
educação, formação, mas foi necessário filtrar a busca, recuperando apenas os 
textos que atendiam o objetivo proposto para complementar as informações com 
consulta livros que tratam do tema empreendedorismo e a relação com a educação. 
A coleta de dados e informações para sustentação teórica do tema foi necessária 
devido a pouca publicação recente acerca da temática desenvolvida. 
 
 
2 EMPREENDEDORISMO 
 
No cenário brasileiro, empreendedorismo não é um tema novo. O fator que inova é 
abordagem que o tema assumiu a partir de 1990 quando o SEBRAE (Serviço 
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) demonstrou maior preocupação 
com a profissionalização do típico empreendedor brasileiro. O empreendedorismo 
uma revolução silenciosa que “terá maior importância no século XXI do que a 
revolução industrial no século XX por ser é um fenômeno cultural, ou seja, 
empreendedores nascem por influência do meio em que vivem” (DOLABELA, 1999, 
p.28). 
 
2.1 CONCEITOS 
 
Desemprego e falta de espaço para a realização de estágios nas organizações, 
destacou na sociedade e no mercado brasileiro a prática do empreendedorismo. 
Essa questão possibilita muitas definições de empreendedorismo, mas um dos 
conceitos mais antigos foi formulado por Joseph Schumpeter, que considera o 
empreendedor aquele que cria novos negócios e também tem condições e 
capacidade de inovar dentro de empresas já constituídas. 
 
Com uma definição mais abrangente, Filion (2000) afirma, 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
 
O empreendedorismo é um campo de pesquisa emergente, onde ainda não 
existe uma teoria estabelecida. A categoria empreendedorismo pode ser 
definida como aquele saber que estuda os empreendedores. Em outras 
palavras, examina suas atividades, características, efeitos sociais e 
econômicos e os métodos de suporte usados para facilitar a expressão da 
atividade empreendedora (FILION, 2000, p. 38). 
 
 
Há autores que entende o empreendedorismo como o equilíbrio criado a partir de 
uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência. Nesse 
contexto, “os eventos que explicam porque o espírito empreendedor se torna eficaz, 
provavelmente, não são, em si, eventos econômicos. As causas, possivelmente, 
estariam nas mudanças em valores, percepções, atitudes [...]” (DRUCKER, 2001, p. 
19). 
 
Mas a importância do empreendedorismo se destaca quando pesquisas indicam que 
oferece graus elevados de realização pessoal. Por ser a exteriorização do que se 
passa no âmago de uma pessoa, e por receber o empreendedor com todas as suas 
característicaspessoais, a atividade empreendedora faz com que trabalho e prazer 
andem juntos. Talvez seja muito “difícil encontrar um empreendedor que queira se 
aposentar ou que espere ansiosamente pelo final de semana para se desvencilhar 
do trabalho. Não é raro encontrar empreendedores que tiram poucas férias” 
(DOLABELA, 1999, p. 29). 
 
 
É na abordagem clássica “centrada na impessoalidade, na organização e na 
hierarquia que está a proposta de que o trabalho do administrador ou arte de 
administrar deva concentrar-se nos atos de planejar, organizar, dirigir e controlar” 
(DORNELAS, 2001, p. 29). 
 
Nessa perspectiva, toda empresa é a “solução criativa para uma angústia gerada por 
um problema. O homem de negócios identifica uma necessidade não satisfeita, ou 
mal satisfeita, e vê nela a oportunidade de obter uma recompensa” (DUAILIBI, 
SIMONSEN JUNIOR, 1990, p.20). 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
2.2 CARACTERÍSTICAS 
 
Empreender envolve funções, atividades e ações relacionadas com a criação de 
novas empresas, por isso, está associado: a algo novo, de valor; ao 
comprometimento de tempo, devoção e esforço para possibilitar o crescimento da 
empresa e na ousadia em assumir riscos calculados, tomar decisões críticas e não 
desanimar diante das falhas e erros. A sociedade empreendedora é mais um evento 
cultural e psicológico do que o econômico ou tecnológico (DRUCKER, 2001). 
 
São características do comportamento empreendedor: a necessidade de realização 
(competência); motivação (querer fazer), criatividade e inovação (fazer mais com 
menos); metas e objetivos desafiadores, porém, realizáveis; predisposição e 
identificação das necessidades (MALHEIROS, 2003). 
A essas habilidades acrescenta-se a autoconfiança, o calculismo, a capacidade de 
persuasão, a inovação, a negociação, o otimismo e a persistência (ARAÚJO, 2004). 
 
Compreender a necessidade de mudar é fundamental para solucionar, de maneira 
eficaz, o problema entre as características do empreendedor e sua adequação, no 
caso da educação, ao desenvolvimento no ciclo escolar. 
 
2.3 A PEDAGOGIA DE PROJETOS E A EMPREENDEDORA: DIFERENÇAS 
2.3.1 Pedagogia de Projetos 
 
A principal característica do trabalho com projetos na educação “não é a origem do 
tema, mas o tratamento dado a ele, no sentido de torná-lo uma questão do grupo 
como um todo e não apenas de alguns ou do professor”. Assim problemas e/ou 
temáticas podem surgir de um aluno em particular, de um grupo de alunos, da 
turma, do professor ou da própria conjuntura (HERNÁNDEZ, 1998, p.31). 
 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
Os projetos como uma proposta de intervenção pedagógica proporciona à 
aprendizagem um novo sentido, através dos quais as necessidades de 
aprendizagem desperta nas tentativas de se resolver situações problemáticas. "Um 
projeto é, a princípio, uma irrealidade que vai se tornando real, conforme começa a 
ganhar corpo a partir da realização de ações e consequentemente, as articulações 
desta" (NOGUEIRA, 2001, p.90). 
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (1996) e os Parâmetros 
Curriculares Nacionais – PCN (1997) têm uma característica inovadora em relação 
ao trabalho com projetos educativos na escola: a ação pedagógica é norteada 
através das referências e dos parâmetros básicos, leis permitem ao professor 
autonomia de ação, capaz de levar em conta, antes de tudo, as realidades de cada 
aluno, de sua escola e de sua região. 
 
Nessa perspectiva, a LDB (1996) exige e a elaboração de projetos pedagógicos que 
definem a identidade, os objetivos e a metodologia a serem desenvolvidos pela 
escola, fundamentando que as escolas devem adotar o trabalho com projetos, pois 
essa nova postura pedagógica introduz atividades diversificadas gerando situações 
de aprendizagem que favorecem aos alunos à busca de conhecimentos. 
 
A LDB se preocupou com a estrutura, função e gestão da educação no contexto da 
organização da escola. Assim, a educar com a utilização de projetos tem como 
principal contribuição no processo de ensino-aprendizagem, na opinião de Barbosa 
e Horn (2008), 
 
[...] é a dimensão social porque oferece aos professores a possibilidade de 
reinventar o seu profissionalismo, de sair da queixa, da sobrecarga de 
trabalho, do isolamento, da fragmentação de esforços e criar um espaço de 
trabalho cooperativo, criativo e participativo. O professor deve criar um 
ambiente propício em que a curiosidade, teorias, dúvidas e hipóteses dos 
alunos tenham lugar, sejam escutadas, legitimadas e operacionalizadas 
para que se construa a aprendizagem (BARBOSA, HORN, 2008, p. 85). 
 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
Independente do trabalho com crianças é tarefa do educador articular o tema com os 
objetivos gerais previstos, discuti-lo com outros professores e ampliar seu 
conhecimento apresentando a proposta ao grupo, selecionar os conhecimentos 
centrais e não transmitir rapidamente os conhecimentos da área (BARBOSA, HORN, 
2008). 
 
Em relação as crianças, o trabalho com projetos “propicia criar uma história devida 
coletiva, com significados compartilhados e estimula a aprendizagem do diálogo, 
debate, argumentação, aprender a ouvir outros, confronto de opiniões, construção 
coletiva” (BARBOSA, HORN, 2008, p.87). Os autores analisam que para a criança o 
trabalho com projetos significa aprender a trabalhar em equipe, grupo e também 
vivenciar a aprendizagem como função intersubjetiva. 
 
2.3.1.1 A dinâmica da escola 
 
A educação utilizando projetos ou como é denominada Pedagogia de Projetos visa a 
re-significação do espaço escolar, transformando em um espaço vivo de interações 
aberto ao real e as suas múltiplas dimensões, ou seja, dando uma dinâmica à 
escola. Tudo deve ser considerado parte do currículo escolar “da arquitetura ao 
menor detalhe decorativo, pois esses elementos correspondem a padrões culturais e 
pedagógicos que a criança internaliza e aprende” (ESCOLANO, 2001, p.45). 
 
Elementos como estrutura física, a localização, o tipo e a disposição das salas de 
aula, das instalações, o modo como são distribuídas as carteiras e os móveis 
escolares, além do tempo determinado para cada disciplina não podem ser 
colocados como neutros ou em segundo plano no processo de ensino-
aprendizagem. 
 
Educar tem uma finalidade que evolui ao longo do tempo marcando, assim, a sua 
trajetória histórica, o aperfeiçoamento das atividades do homem que tem como 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
objetivo compreender os espaços e o ambiente pedagógico dentro da proposta 
política educacional, Alves (2000) faz a seguinte análise do espaço nas escolas 
brasileiras, 
 
[...] salas separadas: ensina que a vida é cheia de espaços estanques. 
Turmas separadas e hierarquizadas: ensina é que a vida é feita de grupos 
sociais separados, uns em cima dos outros. Consequência prática: a 
competição entre as turmas, competição que chega à violência. Saberes 
ministrados em tempos definidos, um após o outro: o que se ensina é que 
os saberes são compartimentos estanques [...]. Cometido o erro 
arquitetônico, o espírito da escola já está determinado. Mas nem arquitetos 
e nem técnicos da educação sabem disto [...] (ALVES, 2000, p. 13). 
 
 
O espaço escolar não tem como característica a neutralidade e nem pode ser 
concebido como simples formalidade ou estrutura vazia da educação. As atividades 
coletivas são importantes para o desenvolvimento social da aprendizagem, por isso 
devem ser desenvolvidas com oficinas de integração, brincadeiraslivres ou dirigidas, 
de unidades didáticas ou de atividades para reforçar a aprendizagem concreta. 
 
O conceito de currículo se constrói dentro do aspecto socio-histórico, ou seja, ele 
não é único, não se apoia em ações rígidas e seu processo de construção inicia com 
as escolhas de saberes sofrem influência do momento político, econômico, social 
em que vivemos. Seu conceito está sempre se (re)fazendo. 
 
2.3.1.2 O currículo escolar 
 
O currículo escolar expressa os seus valores, princípios, crenças, e projetos, 
desperta a atenção para o que ocorre fora da sala de aulas, modo de utilização e 
como são dinamizados todos os espaços e tempos, rotinas, regras, relações 
interpessoais elementos que constituem o clima da escola. 
 
Nesse aspecto, o currículo é “um artefato social e cultural. Isso significa que ele é 
colocado na moldura mais ampla de suas determinações sociais, de sua história, de 
sua produção contextual” (MOREIRA; SILVA, 2002, p.10). 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
 
Não deve ser fragmentado, deve haver uma confluência de todas essas teorias para 
que, numa ideia mais ampla, a ele seja dada a devida importância como agente 
formador para a vida e transformador dos indivíduos (MOREIRA; SILVA, 2002). 
Empreender está associado a criar, desenvolver e implantar um projeto. 
 
Nesse contexto, o gerenciamento de projetos é um trabalho que exige a aplicação 
de conhecimentos e habilidades diversas, pois o planejamento tem relação com a 
com a monitoração do projeto e envolve o que pode ser direta ou indiretamente 
afetado pelo resultado final. Um projeto é um empreendimento temporário ou uma 
sequencia de atividades com começo, meio e fim programados, e seu objetivo é 
fornecer um produto singular (NOGUEIRA, 2001). 
 
Na proposta de uma educação empreendedora não se pode ignorar a presença do 
trabalho com projetos, um recurso pedagógico que contribui positivamente para 
melhorar a qualidade da aprendizagem do aluno, estimular a pesquisa e desenvolver 
um estudo eleva a sua importância social, educacional e profissional. Mas há 
diferenças significativas entre o educar através utilizando os recursos da Pedagogia 
de Projetos e da Pedagogia Empreendedora 
 
2.3.2 Pedagogia Empreendedora 
 
A reforma do sistema de ensino brasileiro é necessária e se evidencia em função na 
competitividade predominante no mercado de trabalho globalizado e mais exigente. 
Daí a necessidade de melhorar efetivamente a qualidade do ensino, das escolas e 
de investir na formação e qualificação dos educadores para que alunos e 
professores sejam capazes de sobreviver em ambiente vez complexo e dinâmico em 
permanente transformação (SANTOS; BEHRENS, 2006). 
 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
 
Ensinar o empreendedorismo é uma dos mais novos padrões sociais e de inclusão 
no mercado. Nesse sentido, é preciso que a escola seja um espaço no qual se 
aprende, ensina e educa e a falta de atitude e compromisso com o futuro não mais é 
tolerada no caminho ao desenvolvimento (OLIVEIRA et al., 2006). 
 
Define-se Pedagogia Empreendedora como uma é uma metodologia de ensino de 
empreendedorismo para a Educação Básica: educação infantil até o ensino médio 
que atinge idades de quatro aos 17 anos, sendo que a abordagem e o conceito do 
empreendedorismo como um sistema aberto (RAMOS, FERREIRA, GIMENEZ, 
2005). 
 
A educação voltada para o empreendedorismo constitui um processo de 
transmissão/aquisição do conhecimento sobre o ambiente e o próprio indivíduo, 
considerando que “visa a contribuir para o desencadeamento de habilidades, 
atitudes e comportamentos para a prospecção e exploração de oportunidades para 
transformação do meio em que vive pelo desenvolvimento econômico, social e 
cultural” (RAMOS, FERREIRA, GIMENEZ, 2005, p. 3). Este conceito pode ser 
observado na Figura 1. 
 
Figura 1 – Pedagogia Empreendedora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Adaptado de Ramos, Ferreira e Gimenez (2005) 
Pedagogia Empreendedora 
Processo 
Atividades didático-
pedagógicas e vivenciais 
Resultado 
Feedback 
Entrada 
Aluno: 
histórico, 
cognição, 
expectativas. 
Saída 
Indivíduo 
empreendedor 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
Ramos, Ferreira e Gimenez (2005) explicam e destacam as características dos 
elementos que compõem a pedagogia empreendedora: 
 
- entrada: repertório comportamental e cognitivo do aluno que inclui suas 
experiências anteriores, habilidades e expectativas; 
 
- processo: um conjunto de atividades didático-pedagógicas e vivenciais cuja 
finalidade é o desenvolvimento de empreendedores; 
 
- saída: indivíduos com habilidades, atitudes e comportamentos que possibilitem a 
prospecção e exploração de oportunidades revestidas de valor econômico 
(empreendedor); 
 
- feedback: o resultado das avaliações que englobam resultados tangíveis como 
número de empreendimentos e alteração do perfil do aluno e intangíveis como 
promoção da autorrealização. 
 
A formação de ação empreendedora se caracteriza pela capacidade de construir 
conhecimentos novos a partir de conhecimentos precedentes, tornando-se, assim, 
de utilidade não só para empreendedores, mas também para todas as pessoas 
ligadas a outros ramos de atividade. Este é o objetivo da pedagogia empreendedora 
como pode ser observado na Figura 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
2.3.3 Convergências entre Pedagogia de Projetos e a Pedagogia 
Empreendedora 
 
Existem convergências entre a proposta de ensinar através de projetos e do 
empreendedorismo como pode ser obervado no Quadro 1, apontadas por Pires 
(2006). 
 
Quadro 1 – Convergências pedagógicas 
Convergências pedagógicas 
 
Dimensões Elementos de convergência 
 
Objetivos - Gerar ações empreendedoras 
- Levar à interação entre aluno e objeto do conhecimento 
- Preparar para o mundo do trabalho 
- Proporcionar desejo de aprendizagem contínua 
- Viabilizar aprendizagem real, significativa, ativa e interessante. 
 
Professor Facilitador do processo de construção do conhecimento. 
 
Alunos - Autônomo 
- Ético 
- Gerador de conhecimento próprio 
- Proativo 
- Protagonista. 
 
Currículo - Flexível 
-Interdisciplinar 
- Organizado por área/tema geradores. 
 
Conhecimento - Contextualizado 
- Instrumento para compreensão e intervenção na realidade 
- Significativo. 
 
Tempo e espaço 
escolar 
Reorganização democrática dos espaços na sala de aula. 
 
Avaliação Processual 
Autoavaliação. 
Fonte: Pires (2006). 
 
 
 
 
 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
Assim como existem pontos convergentes, há outros que divergem de modo bem 
claro como pode ser observado no Quadro 2, que destaca os da Pedagogia 
Empreendedora que não são observados nas propostas da Pedagogia de Projetos. 
 
Quadro 2 – Pontos divergentes entre as pedagogias 
Pontos divergentes 
 
Dimensões Pedagogia Empreendedora (peculiaridades) 
 
Objetivos - Confeccionar Plano de Negócios 
- Gerar produtos que se transformem em oportunidades de negócio, 
 
Professor Facilitador do processo de construção do conhecimento. 
 
Alunos Pode ser um empresário voluntário. 
 
Currículo Focado em resultados. 
 
Conhecimento Disciplinas ligadas à administração. 
 
Tempo e espaço 
escolar 
Técnicas necessárias para administração de uma empresa. 
 
 
Avaliação Não apresentam diferenças significativas de propostas.Fonte: Pires (2006). 
 
 
3 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA 
 
É grande o interesse de pesquisadores sobre a Educação Empreendedora e 
diversos estudos e pesquisas tratam do tema mesmo sendo uma questão 
relativamente nova no ensino brasileiro. Contudo, é vasta a literatura voltada para o 
tema e podemos destacar os trabalhos de Filion (2000); Dolabela (2003); Duarte et 
al. (2004); Pires (2006); Ramos, Ferreira e Gimenez (2005), Terra e Drumonnd 
(2003) entre outros. 
 
Educar com a proposta do empreendedorismo é um assunto recente na sociedade 
brasileira, mas na sociedade norte-americana esse tema é discutido desde a década 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
de 1940 e alguns anos mais tarde no cenário europeu. O empreendedorismo tem 
uma longa tradição em centros de ensino da Europa, Estados Unidos e Canadá. “No 
Brasil, o tema vem disseminando-se com rapidez, bem como ampliando os seus 
espaços entre o governo, o meio empresarial e as instituições representativas de 
classe e de ensino” (DUARTE et al., 2004, p. 8). 
 
Resultados obtidos formam conhecimento parcial sobre sua relevância, métodos e 
consequências dessa proposta de ensino, porém não constituem um referencial 
delimitado sobre a melhor maneira de formar empreendedores. 
 
Com a proposta de Educação Empreendedora, busca-se gerar atitudes e ações 
empreendedoras nos alunos. Nesse contexto, Dolabela (2003) acrescenta, 
 
Nesse quadro, a ação empreendedora caracterizada desde sempre pela 
capacidade de gerar novos conhecimentos, a partir de uma base da 
experiência de vida do indivíduo, (não só do saber técnico-científico ou 
know-how), deixa de ser exceção e torna-se necessidade para todos 
(DOLABELA, 2003, p. 22). 
 
Considerar a possibilidade de formar e desperta nos alunos o espírito e interesse 
empreendedor no âmbito escolar, as propostas da Educação Empreendedora 
“consistirão, basicamente, em se proporcionar condições para o 
desenvolvimento de habilidades empreendedoras em crianças, adolescentes e 
jovens adultos” (DOLABELA, 2003, p.25). 
 
Há diferentes maneiras de conceituar a Educação Empreendedora em função de 
sua proposta envolver duas áreas distintas de pensamentos: a economicista e a 
humanista. Na vertente economicista, a Educação Empreendedora constitui um 
conjunto de ações desenvolvidas pelo sistema educacional, buscando com o 
valorizar o papel do empreendedor, disseminar a cultura empreendedora e despertar 
vocações empresariais. Além de criar no contexto educacional e social uma 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
mentalidade empreendedora estimulando a geração de negócios (PORTAL FINEP5, 
2011). 
 
Formar a ação empreendedora visando a construção de novos conhecimento 
partindo partir de conhecimentos precedentes é o principal objetivo da educação 
empreendedora buscando gerar atitudes e ações empreendedoras nos alunos e 
nesse quadro, para Dolabela (2003), 
 
[...] a ação empreendedora caracterizada desde sempre pela capacidade de 
gerar novos conhecimentos, a partir de uma base da experiência de vida do 
indivíduo, (não só do saber técnico-científico ou know-how), deixa de ser 
exceção e torna-se necessidade para todos (DOLABELA, 2003, p. 22). 
 
Quando se coloca a necessidade de se desenvolver nos alunos as características 
típicas do empreendedor, essa proposta de educação tem como base o 
“desenvolvimento do autoconhecimento com ênfase na perseverança, na 
imaginação, na criatividade, na inovação, sendo importante o conteúdo que se 
aprende, mas, sobretudo, como é aprendido” (LUCAS, 2001, p. 243). 
 
Educação Empreendedora é um tema de relevância social, profissional e 
acadêmica, trata-se de do conteúdo a ser transmitido e, principalmente, como esse 
conteúdo será assimilado. Assim, o fundamento da educação empreendedora “é a 
busca por autoconhecimento, perseverança, imaginação, inovação e criatividade, 
características primordiais para se obter sucesso na formação empreendedora dos 
alunos, é prioritária" (LUCAS, 2001, p. 244). 
 
3.2 EXPECTATIVAS QUANTO A EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA 
 
A Educação Empreendedora inserida nas escolas causa expectativas de uma 
transformação revolucionária nos parâmetros de formação dos jovens, 
 
5
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos é uma empresa pública vinculada ao Ministério da 
Cultura e Tecnologia (MCT). 
 
 
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principalmente se desdobramentos da adoção do ensino do Empreendedorismo 
favorecer alunos das escolas da rede pública de ensino. 
 
Sendo bem realista, o ensino de empreendedorismo no Brasil se propaga em 
progressão geométrica e devido a instituições como o CNPq, Softex, CNI, IEL, 
SEBRAE nacional, ANPROTEC e inúmeras universidades, estamos diante da 
explosão de um movimento que começou pouco mais que de 10 anos no Brasil e 
“não será demais afirmar que em poucos anos todas as universidades e instituições 
de segundo grau terão o ensino de empreendedorismo em seu currículo” 
(DOLABELA, 2003, p. 24). 
 
O ensino do empreendedorismo durante “a formação de um novo profissional tem 
sido considerado pelos especialistas como vital para o seu sucesso, 
principalmente se ele for egresso das escolas ditas de massa” (TERRA, 
DRUMONND, 2003, p. 35). 
 
As escolas públicas concebem seu projeto pedagógico fundamentado em novos 
paradigmas educacionais e no desenvolvimento das competências para o 
trabalho, considerando todas as peculiaridades e incertezas da sociedade do 
século XXI e, em função disto transforma “o empreendedorismo numa inusitada 
revolução social que deverá ocorrer no século XXI, comparável aos efeitos da 
revolução industrial ocorrida no século passado” (TERRA, DRUMONND, 2003, 
p.37). 
 
Essa expectativa em relação ao ensino do empreendedorismo tem uma possível 
consequências, ou seja, “o sistema educacional terá de ampliar seu currículo para 
além de conhecimentos técnicos e científicos, indispensáveis e, ao mesmo tempo, 
menos suficientes para a inserção do homem no mundo do trabalho” (DOLABELA, 
2003, p. 38). 
 
 
 
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A implementação da proposta de Educação Empreendedora por várias instituições 
de ensino brasileiras tem como fator primordial inovações elaboradas com base nas 
características que atualmente são exigidas para a atuação no mundo social e no 
mercado de trabalho. Cumpre, assim, o objetivo de estabelecer estratégias 
educacionais que se contraponham àquelas do modelo tradicional de educação 
(DOLABELA, 2003; TERRA, DRUMOND, 2003). 
 
Alcançar os objetivos e finalidades da educação empreendedora na diversidade do 
mercado de trabalho exige estabelecer condições apropriadas para que seja 
possível articular proposta de uma pedagogia/metodologia apropriada de ensino. 
 
3.3 PEDAGOGIA/METODOLOGIA DO ENSINO EMPREENDEDOR 
 
Para o ensino empreendedor Dolabela (2003) desenvolveu a metodologia da Oficina 
do Empreendedor partindo do sistema de aprendizado dos empreendedores, com 
base nos requisitos da Educação Empreendedora, originando, assim, a Pedagogia 
Empreendedora. 
 
Em seus estudos as expressões pedagogia e metodologia são utilizadas de modo 
ambíguo por Dolabela acarretando, assim, dificuldade na compreensão das 
Distinguir os termos torna mais precisa a discussão sobre essas propostas e nesse 
contexto, Moura e Barbosa (2006) ao tratarem do assuntoreconhecem que essa 
ambiguidade não é exclusiva de Dolabela quando afirmam, 
 
A distinção entre os conceitos pedagogia e metodologia pode se basear na 
definição e articulação entre os conceitos de didática e de 
concepção.Apesar de uma longa e intensa discussão sobre a definição e os 
limites da Didática no campo da produção acadêmica, persiste uma 
significativa degeneração (representada por um estado de 
indistinguibilidade) entre os conceitos mencionados, gerando muitas 
dificuldades nos processos de produção de trabalhos e pesquisas no campo 
educacional. 
E, analogicamente empregam a relação entre Ciência e Tecnologia, 
demonstrando que é recorrente este tipo de dificuldade de conceituação e 
distinção entre termos de uma dada área. A alternativa que propõem é se 
organizar criticamente através da articulação e diferenciação entre os 
 
 
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 02, n. 02, jul./dez. 2013. 
conceitos de concepção, pedagogia e didática (MOURA, BARBOSA, 2006, 
p.194) 
 
Moura e Barbosa (2006) desenvolvem uma argumentação concisa ao distinguir os 
campos conceituais que pode ser analisada no trecho transcrito na íntegra: 
 
Alguns autores fazem uma diferenciação entre didática e pedagogia, 
colocando a didática como uma instância que decorre da pedagogia. Para 
Luckesi (1987), a didática se resume na “...investigação e construção 
metodológica que torna mais fácil, mais satisfatória e mais eficiente a 
atividade de ensinar e aprender”. 
E ainda: “A delimitação de uma didática depende da delimitação de quais 
são os resultados que esperamos e estes por sua vez dependem do suporte 
teórico que direciona nosso modo de agir, nossas intenções”. Para esse 
autor, a didática “... é o prolongamento operacional, no que se refere ao 
ensino e aprendizagem, de uma compreensão do mundo que se traduz 
numa proposta pedagógica”. Assim, uma pedagogia inspira uma ou mais 
didáticas. 
A didática trata dos procedimentos ou técnicas aplicáveis diretamente na 
situação de ensino. A pedagogia, por si só, não descreve técnicas didáticas 
para a sala de aula; isto o faz a didática. A pedagogia inspira e instrui a 
formulação das técnicas didáticas; trata de diretrizes gerais que se referem 
ao processo da educação; decorre de um conjunto mais geral de conceitos, 
que não se referem apenas e especificamente à educação; é, enfim, uma 
instância que decorre de uma concepção, de uma cosmovisão, de um 
conjunto estruturado de conceitos e valores mais profundos e abrangentes. 
Em geral, essa concepção refere-se a posições que podem ser 
identificadas com filosofia, ideologia, política. A concepção refere-se 
aos fundamentos das atividades humanas no seu sentido geral e, 
portanto, inspira e instrui a formulação de conceitos e diretrizes para 
a educação (assim como o faz para diretrizes que se referem a 
outros setores de atividade humana). Um conjunto de diretrizes gerais 
que pudermos deduzir para orientar a educação, inspirados numa 
determinada concepção, será uma pedagogia. 
[...] Devemos notar que essas diretrizes não informam sobre como proceder 
especificamente em sala de aula a fim de realizá-las. Professores 
diferentes, e em situações de ensino diferentes, poderão propor 
procedimentos diferentes, formulando didáticas diferentes - supostamente 
não contraditórias, uma vez que decorrem dos mesmos fundamentos. 
Podemos, então, estabelecer a relação: Concepção > Pedagogia > 
Didática (MOURA; BARBOSA, 2006, p. 195-196, grifo do autor). 
 
As colocações de Moura e Barbosa (2003) acrescentam a existência de um „saber 
empreendedor que reúne os saberes acima listados no trecho acima. 
 
Mas, não se coloca em questão o saber de conteúdos técnicos ou científicos e sim 
“o saber empreendedor, que agrega o saber em todas as suas dimensões (o saber 
 
 
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ser, o saber conviver, o saber fazer e o saber conhecer), direcionado para a busca 
da autorrealização”, acrescido de saber sonhar e buscar a realização do sonho 
(DOLABELA, 2003, p. 113). 
 
Essa questão do significado do saber empreendedor é polêmica. “É interessante 
registrar que todas as características ressaltam a importância do aprendizado 
contínuo do empreendedor” (LÜK, 2003, p.8) que resumidamente implica em: 
 
- aprender a conhecer (ser capaz de aprender a aprender ao longo de toda a vida), 
 
- aprender a viver com os outros (desenvolver a compreensão do outro, na 
realização de projetos comuns, preparando-se para gerir conflitos, fortalecendo sua 
identidade e respeitando a dos outros), 
 
- aprender a fazer (pressupõe desenvolver a competência do saber se relacionar em 
grupo), 
 
- aprender a ser (para melhor desenvolver sua personalidade e poder agir com 
autonomia, expressando opiniões e assumindo as responsabilidades pessoais). 
 
A Educação Empreendedora deve ser norteada por princípios pedagógicos e 
metodológicos que assegurem as condições básicas para que possa se 
efetivar como proposta educacional integral (DOLABELA, 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Para que haja condições básicas que permitam efetivar a Educação Empreendedora 
como a proposta educacional integral, Dolabela (2003) estabelece princípios que 
devem balizar as propostas da Oficina do Empreendedor e da Pedagogia 
Empreendedora, conforme descrito no Quadro 3. 
 
Quadro 3 - Princípios da Educação Empreendedora 
Princípios da Educação Empreendedora 
 
1 Explicitar objetivamente uma 
intencionalidade 
11. O professor de deve privilegiar o 
autoaprendizado. 
2. Adotar uma postura ética. 12. A metodologia não pode ser rígida 
"manualizada". 
3. Estar afinada com a agenda nacional 
de desenvolvimento. 
13. Deve compatibilizar baixíssimo custo com 
alta eficácia. 
 
4. Qualquer metodologia de ensino de 
empreendedorismo deve apoiar-se nas 
raízes culturais da comunidade, do 
município, da região, do estado, do 
país. 
14. Deve atingir (principalmente) as populações 
carentes. 
 
5. Ser formadora de capital social. 15. Não pretender “ajustar” pessoas um modelo 
ou conjunto de características. 
 
6. Ser agente de mudança cultura. 16. Utilizar um conceito amplo de 
empreendedorismo. 
 
7. Considerar a comunidade como 
verdadeiro espaço de aprendizado. 
17. A Educação Empreendedora deve liminar a 
distancia entre sonho, emoção e trabalho. 
 
8. A Educação Empreendedora não pode 
ser confinada por muros. 
18. Apoiar-se em fundamentos de cooperação, 
rede e democracia. 
 
9. Entender que empreender é gerar 
conhecimento. 
19. O estudo das oportunidades. 
10. A metodologia deve possuir o próprio 
material de aprendizado. 
11. 
 
Fonte: Dolabela (2003) 
 
A proposta da Educação Empreendedora é possibilitar ao aluno desenvolver suas 
habilidades, atitudes e comportamentos de modo que possa explorar oportunidades 
e transformar o meio em que vive promovendo o desenvolvimento econômico, social 
e cultural. 
 
 
 
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Desenvolvimento contínuo é o que requer a educação e o empreendedorismo 
porque auxiliam a desenvolver o raciocínio e a criatividade estimulando e 
possibilitando que o indivíduo busque e alcance a sua autonomia no contexto em 
que está inserido. 
 
Os dois temas foram defendidos neste artigo são relacionados à aquisição de 
conhecimento e constituem constitui um recurso fortalecedor na aquisição da 
autonomia e do planejamento de futuro. Educação e empreendedorismo implicamem novos conhecimentos, espaço no mercado de trabalho, futuro melhor e, 
principalmente, torna a educação tradicional mais atraente e interessante para o 
aluno. 
 
Respeitando das divergências e aproveitando os pontos positivos existentes entre a 
Pedagogia de Projetos e a Pedagogia Empreendedora, utilizando metodologia 
adequada para conduzir a proposta da educação empreendedora, a escola poderá 
alcançar os objetivos de formar empreendedores e alunos capazes e mais atuantes 
no mercado de trabalho. 
 
Desenvolver o tema “Educação empreendedora na proposta curricular: despertando 
o interesse do aluno pela construção da sua aprendizagem” permite concluir que o 
ensino do empreendedorismo assegurado na grade curricular constituirá um desafio 
para a escola pública brasileira e também para os professores porque o processo de 
ensino-aprendizagem ao contrário de trabalhar com conteúdos distante da realidade 
do aluno exigirá que a instituição de ensino e o docente concebam a interação 
concreta e direta entre o saber e o fazer. 
 
 
 
 
 
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