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UFRJ/FACULDADE DE LETRAS 
 
LINGUÍSTICA I 
 
 
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM SEGUNDO O 
MODELO DA LINGUÍSTICA CENTRADA NO USO. 
 
 
 
A PROPOSTA DE MICHAEL TOMASELLO 
(Resumo feito por Júlia Nunes/Priscila Thais/Maria Maura Cezario) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UFRJ/FACULDADE DE LETRAS 
LINGUÍSTICA I 
TEMA DA AULA: AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM SEGUNDO O MODELO DA LINGUÍSTICA 
BASEADA NO USO. 
A PROPOSTA DE MICHEL TOMASELLO (Resumo/fichamento feito por Júlia 
Nunes/Priscila Thais/Maria Maura Cezario) 
 
 
Vimos a visão behaviorista (principal representante na Linguística: 
Bloomfield) e a visão inatista (principal representante: Chomsky). 
 
Eis uma terceira hipótese. 
 
TOMASELLO, M. As Origens Culturais da Aquisição do 
Conhecimento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 
 
Principais pontos para compreender as fases de aquisição da linguagem 
 
1. Um Enigma e uma Hipótese 
Enigma - questão do tempo 
 
Os seis milhões de anos que separam os seres humanos de outros 
grandes macacos constinuem um tempo muito curto em termos de 
processos biológicos evolutivos normais para explicar cada uma das 
habilidades cognitivas necessárias para o homem moderno inventar e 
manter complexos instrumentos industriais e tecnológicos, complexas 
formas de comunicação simbólica e representação e complexas 
organizações e instituições sociais. 
 
Hipótese - tudo isso resulta de um modo único, específico de 
transmissão cultural. 
Os seres humanos desenvolveram uma forma singular de cognição 
social: a construção da identidade em termos da projeção entre 
contrapartes. Primeiro, os seres se reconhecem como “agentes 
intencionais” e, mais tarde, se reconhecem como “agentes mentais”. 
Essa nova forma de cognição social tornou possível novos processos de 
herança cultural (evolução cultural cumulativa), transformando em 
sistemas de dimensão coletiva, ou seja, em modelos culturais, as 
habilidades cognitivas individuais. 
Concebidas em uma dinâmica cultural de transmissão e renovação 
contínua, as transformações nos diferentes domínios da atividade 
humana não ocorreram de forma instantânea. Assim, por exemplo, no 
domínio da atividade social, o primata, precursor do Homo Sapiens, já 
se comunicava com os outros de forma complexa quando passou a ver o 
outro como um agente intencional e, a partir daí, foi preciso algum 
tempo para que esse novo entendimento do outro engendrasse as 
formas simbólicas de comunicação. 
 
Para Tomasello, está resolvido o enigma do tempo: essas 
são transformações passíveis de ocorrer em um tempo histórico (alguns 
milhares de anos), não necessitando de uma dimensão temporal 
evolutiva (milhões de anos), uma vez que o organismo humano não 
criou novas habilidades cognitivas a partir do nada, mas sim da 
adaptação de habilidades já existentes, tais como: habilidades de lidar 
com o espaço, com objetos, ferramentas, quantidades, categorias, 
relações sociais, aprendizagem social. O salto evolutivo que se deu com 
a espécie humana a partir dos 200.000 últimos anos, distinguindo-a de 
seus ancestrais primatas, deveu-se a uma única e singular adaptação de 
nosso organismo: a capacidade de partilhar intenções e, 
consequentemente, ações. Dessa capacidade são geradas as formas 
simbólicas de comunicação, ou seja, a linguagem. 
A linguagem é ação conjunta, o que significa dizer que, sem 
atenção partilhada, não há linguagem. 
 
Filogenia - é o termo comumente utilizado para hipóteses de relações 
evolutivas (ou seja, relações filogenéticas) de um grupo de organismos, 
isto é, as relações ancestrais entre espécies conhecidas (as que vivem e 
as extintas). 
 Ontogenia - estudo das origens e desenvolvimento de um organismo 
desde o embrião, dos diferentes estágios até sua plena forma 
desenvolvida. Em termos gerais, ontogenia é definida como a história 
das mudanças estruturais de uma determinada unidade, que pode ser 
uma célula, um organismo ou uma sociedade de organismos, sem que 
haja perda da organização que permite aquela unidade existir. 
 
A perspectiva filogênica proposta se repete na ontogenia. Assim, 
durante a ontogênese mais precoce, a criança começa por reconhecer-
se como um agente intencional – ou seja, um ser cujo comportamento e 
estratégias de atenção são organizadas por objetivos – e 
automaticamente reconhece os outros seres com quem se identifica nos 
mesmos termos. Esse processo de compreender-se e compreender os 
outros como agentes intencionais antecede o auto-reconhecimento do 
ser humano como agente mental, isto é, como um ser com 
pensamentos e crenças que podem diferir das de outros e mesmo da 
realidade. 
 No âmbito cognitivo, a herança biológica dos homens é muito 
parecida com a dos primatas. Há apenas uma diferença fundamental: 
seres humanos “se identificam” com seus co-específicos mais 
profundamente que outros primatas. 
 No decorrer da ontogênese a criança se autopercebe como um 
sujeito intencional e vê seus co-específicos do mesmo modo, cujas 
estratégias comportamentais e de atenção são organizadas em função 
de metas. 
 Num estágio mais avançado a criança se autopercebe como um 
agente mental, um ser com pensamentos e crenças que podem diferir 
dos de outras pessoas bem como da realidade. 
Perceber seu co-específico como um agente intencional permite 
que surjam processos de sociogênese, ou seja, aqueles processos em 
que os indivíduos colaboram entre si para fabricar artefatos e práticas 
culturais historicamente preenchidas. 
Metáfora da catraca – pretende dar conta do fato de que a 
aprendizagem por imitação (com ou sem instrução ativa) propicia o tipo 
de transmissão fiel necessária para manter a nova variante dentro do 
grupo, proporcionando assim uma plataforma para as futuras inovações 
– com as próprias inovações variando em função de elas serem 
individuais ou sociais/cooperativas. 
 
A revolução dos nove meses 
Entre nove e doze meses de idade, os bebês humanos começam a 
se envolver num conjunto de novos comportamentos que parecem 
indicar certa revolução na maneira como entendem seus mundos, 
sobretudo seus mundos sociais. 
 
 Emergência da atenção conjunta 
 
Bebês de seis meses interagem com objetos e com outras 
pessoas, mas nunca com os dois ao mesmo tempo. Dos nove aos doze 
meses, mudanças começam a ocorrer e seus comportamentos envolvem 
uma coordenação de suas interações com objetos e pessoas. O termo 
“atenção conjunta” costuma ser usado para caracterizar todo esse 
complexo de habilidades e interações sociais. É nessa idade que os 
bebês começam a “sintonizar” com a atenção e o comportamento dos 
adultos em relação a entidades exteriores. (p.88) Com o uso dos gestos 
dêiticos (apontar ou segurar um objeto, etc), os bebês tentam fazer 
com que os adultos sintonizem com a sua atenção para alguma entidade 
exterior. 
 
Um explicação da revolução dos nove meses pela simulação 
 O vínculo entre mim e o outro 
 
A compreensão que os bebês têm das outras pessoas como “como 
eu” é o resultado de uma adaptação biológica exclusivamente humana. 
Essa compreensão é um elemento chave para a possibilidade de o bebê 
vir a entender os outros como agentes intencionais aos nove meses de 
idade. 
 
 O eu torna-se intencional 
 
É a partir dos oito, nove meses que as crianças desenvolvem uma 
nova compreensão das diversas funções de meios e fins no ato 
comportamental. 
 
 Simulando as ações intencionais dos outros 
 
 Aos nove meses, a criança simplesmente vê ou imagina a 
disposição do outro para o objetivo que este pretende alcançar de 
maneira muito semelhante àquela que imagina para si mesma, e entãovê o comportamento da outra pessoa direcionado para o objetivo de 
maneira muito semelhante a como vê o próprio. 
 
 Chimpanzés e crianças autistas 
 
Chimpanzés e alguns outros primatas não percebem os outros 
como agentes intencionais por não se identificarem com seus co-
específicos à maneira dos humanos. 
Uma vez afirmado que os seres humanos herdam biologicamente 
a capacidade de se identificar com co-específicos, é natural que 
nos voltemos aos indivíduos que possuem algum déficit biológico nessa 
habilidade: as crianças autistas. Tais crianças apresentam graves 
problemas de atenção conjunta e perspectivização. Existem muitas 
teorias contraditórias sobre a origem dos problemas das crianças 
autistas, mas uma das hipóteses é a de que elas têm dificuldade para se 
identificar com as outras pessoas. 
 
 Aprendizagem por imitação 
 
 
 A aprendizagem por imitação representa a entrada inicial das 
crianças no mundo cultural que as rodeia no sentido de que agora 
podem começar a aprender dos adultos, ou, mais precisamente, por 
meio dos adultos, de modos cognitivamente significativos. 
 
Imitar, para Tomasello, não significa que um indivíduo copia o que o 
outro está fazendo, de modo ingênuo. Significa que indivíduo entende 
que o outro faz algo com uma intenção. O indivíduo imita o outro para 
atingir o mesmo objetivo. 
 
 
Bases sociocognitivas da aquisição da linguagem 
 
 Entre nove e doze meses, surge na criança a habilidade para 
compreender os outros como agentes intencionais. No entanto, para que 
a criança possa compreender os gestos e barulhos que o adulto lhe faz 
como algo com um significado comunicativo que pode ser aprendido e 
usado, a criança tem de entender que eles são motivados por um tipo 
especial de intenção: a intenção comunicativa. Essa compreensão só 
pode ocorrer dentro de algum tipo de cena de atenção conjunta que lhe 
forneça sua fundamentação sociocognitiva; ademais, aprender a 
expressar a mesma intenção comunicativa (usando os mesmos meios 
comunicativos) que os outros exige compreender que os papéis dos 
participantes podem se inverter. 
 
Cenas de atenção conjunta 
 
 Cenas de atenção conjunta são interações sociais nas quais a 
criança e o adulto prestam conjuntamente atenção a uma terceira coisa, 
e à atenção um do outro à terceira coisa, por um período razoável de 
tempo. 
As cenas de atenção conjunta, do ponto de vista da criança, 
incluem num plano conceitual idêntico os três elementos participantes: a 
entidade da atenção conjunta, o adulto e a própria criança. Às vezes, a 
atenção conjunta é caracterizada quando a criança coordena sua 
atenção entre apenas duas coisas: o objeto e o adulto. Quando esse 
“objeto” é a própria criança, ela começa a monitorar a atenção dos 
adultos para ela mesma e passa a se ver de fora. É desse ponto externo 
vantajoso que ela compreende o papel do adulto (como se ela visse a 
cena de cima, sendo ela mesma um dos personagens). 
A criança precisa entender que os participantes da cena de 
atenção conjunta desempenham papéis que são intercambiáveis. Isso 
permite que a criança assuma o papel do adulto e use uma palavra nova 
para direcionar sua atenção para algo, da mesma forma que o adulto faz 
com ela (“imitação com inversão de papéis”). 
 
Em termos gerais, adquirir o uso convencional de símbolos 
linguísticos intersubjetivamente compreendidos exige que a criança: 
 entenda os outros como agentes intencionais; 
 participe de cenas de atenção conjunta; 
 entenda não só intenções mas intenções comunicativas, nas 
quais alguém quer que ela preste atenção a algo na cena de 
atenção conjunta; e 
 inverta o papel com os adultos no processo de aprendizagem 
cultural e assim use em relação a eles o que eles usaram em 
relação a ela – o que na verdade cria a convenção comunicativa 
intersubjetivamente compreendida ou o símbolo. 
 
Perspectiva, contrate, subsídio 
 
Dos 18 aos 24 meses, a filha do autor adquiriu várias maneiras 
diferentes de pedir objetos (p. 167). Tomasello conclui que: 
(1) durante as primeiras fases da aquisição da linguagem, a 
criança descobre que existem muitos modos diferentes de olhar 
para a mesma situação (perspectiva). Aprende que um símbolo 
linguístico incorpora um modo particular de interpretar coisas. 
(2) essa diferença de contrastar expressões linguísticas entre si 
na “mesma situação” comunicativa desempenha papel-chave na 
aprendizagem de novas palavras, sobretudo nas palavras mais 
específicas (“se alguém está usando esta palavra e não aquela na 
presente situação, deve haver alguma razão para isso”. 
 
 
“... aprender a usar símbolos linguísticos (= signos lingüísticos) 
significa aprender a manipular (influenciar, afetar) o interesse e a 
atenção de outro agente intencional com quem se está interagindo 
intersubjetivamente.” 
 
 
Primeiras construções linguísticas 
 
Crianças falam sobre eventos e estados de coisas do mundo. Mesmo 
quando usam nome de um objeto como enunciado de uma palavra, 
“bola”, quase sempre estão pedindo para alguém pegar a bola para elas 
ou para prestar atenção na bola.(...) nenhuma criança em nenhum lugar 
simplesmente nomeia ações ou relações.” Temos, portanto, de 
considerar os eventos e estados de coisa envolvidos como um todo – 
cenas complexas de experiência com os participantes em seus contextos 
espaço-temporais – porque é disso que as crianças falam. 
 
A ordem de aquisição, segundo Tomasello, é: holófrases, 
construções verbais insuladas, construções abstratas e narrativas. 
 
 
 
 
 
1) Holófrases P. 191 (14 meses) 
 
Holófrase: “expressão linguística de uma só unidade que exprime 
todo um ato de fala” 
Ex. Bola- Toda a cena é apresentada sem codificação do evento e 
dos participantes. 
 
2) Construções verbais insuladas (aqui o autor descreve as 
construções do tipo pivô -18 meses- e as construções verbais 
insuladas- 22 meses) 
 
Construções do tipo pivô 
 
 “Mais água 
 Mais leite 
 Mais ___________”. 
 
Neste ponto, as construções-pivô não têm nenhuma indicação 
simbólica dos diferentes papéis desempenhados pelos participantes. 
 
Construções verbais insuladas 
 
 
Nessa fase ainda marcam os participantes por verbo, um a um. Ou 
seja, não adquiriram ainda esquemas gerais. 
 
Suas construções têm encaixes abertos para os participantes. 
_______ pegou _________ 
__________ saiu. 
_________ trouxe ________ para _________. 
 
 
3) Construções abstratas (ou construções verbais gerais – 36 
meses) 
 
Em algum momento desenvolvimental a criança apreende esquemas 
gerais da língua e pode inserir diferentes palavras nos esquemas, 
formando frases inéditas. 
 
X Verbo Y 
X Verbo Y em Z 
X was V-do por Z 
 
As estruturas por si carregam significados, independentes das 
palavras (Goldberb, 1995) 
 
4) Narrativas 
 
Última fase. Não se sabe ao certo como as crianças aprendem a 
localizar os mesmos participantes em meio a múltiplos eventos e papéis 
e compreender e usar conectivos (porque, e, mas etc) que servem para 
ligar esses eventos e papéis de modo que constituam uma história com 
eles.” 
 
 
Aprender construções linguísticas 
 
 
Três processos são importantes para que a criança desenvolva todas 
essas fases: 
 
1) aprendizagem cultural 
 
Ela precisa entender para que aspectos da cena de atenção conjunta 
o adulto quer que ela preste atenção ao usar uma construção linguística 
e depois culturalmente (imitativamente) aprende aquela construção 
para aquela função comunicativa.2) Discurso e análise distributiva funcional 
 
A criança tem de entender que o enunciado dos adultos contem 
elementos simbólicos isolados que desempenham cada um papel 
distinto na intenção comunicativa: 
 
Criança: Na cadeira. 
Adulto: Ok, vou colocar o gatinho na cadeira. 
 
Criança: Matou a barata? 
Adulto: Com o chinelo.1 
 
Tomasello chama essa análise feita pelas crianças de análise 
distributiva funcional: “para entender a importância comunicativa de 
uma estrutura linguística a criança tem de determinar a contribuição 
 
1 Exemplos adaptados. 
dessa estrutura para a intenção comunicativa do adulto no seu 
conjunto.” 
 
3) Abstração e esquematização 
 
Pouco se sabe como as crianças criam construções mais abstratas, 
produtivas, adultas. “Uma hipótese é que elas simplesmente formam um 
esquema de construção linguística da mesma maneira como formam 
esquemas de eventos na cognição não linguística. (...) Talvez as 
crianças formem esquemas mais gerais esquematizando da mesma 
maneira os diferentes tipos de eventos – de forma que muitas 
ocorrências de X chuta Y, X ama Y e X encontra Y sejam percebidas num 
outro nível de organização como ocorrências de um esquema ainda mais 
geral”. Ela escuta os enunciados concretos e faz as abstrações sozinha. 
 
 
Cognição linguística 
Função principal da linguagem nesta abordagem: manipular a 
atenção das outras pessoas. 
A linguagem é vista como um artefato simbólico que os antepassados 
de uma criança lhe legaram para manipular atenção das outras pessoas. 
 As crianças passam a esmiuçar de várias maneiras as cenas de 
experiência e fazem abstrações por se basearem em suas habilidades 
cognitivas de encontrar padrões. 
 
Perspectivação 
 
Quando as pessoas querem designar um objeto para alguém, elas 
têm certo número de escolhas. Toda a explicação que vem a seguir é 
funcionalista: usam pronomes quando ambos sabem precisamente a 
que os dois estão se referindo na cena de atenção conjunta; etc. p. 214.

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