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Thaynara Cabreira - 003 CUIDADOS AOS PACIENTES COM QUEIMADURA Queimadura é uma lesão produzida no tecido de revestimento do organismo e causada por agentes térmicos, produtos químicos, eletricidade, etc. Elas podem lesar a pele, os músculos, os vasos sanguíneos, os nervos e os ossos. Não se pensa apenas no tratamento – cobertura, desbridamento. Ao receber paciente vítima de queimadura, realiza-se atendimento para posteriormente realizar o tratamento. CAUSAS TÉRMICAS: por calor (fogo, vapor quente, objetos quentes) ou por frio (objetos congelados, gelo) QUÍMICAS: inclui vários cáusticos, como substancias ácidas e alcalinas ELÉTRICAS: materiais energizados e descagas atmosféricas SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS: materiais radioativos e ultravioletas (incluindo luz solar), etc FASES DE ASSISTÊNCIA AO QUEIMADO A assistência ao queimado se dá em três fases: - Fase de emergência/ressuscitação - Fase aguda ou intermediária - Fase de reabilitação FISIOPATOLOGIA DAS QUEIMADURAS As queimaduras são causadas pela TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA de uma fonte de calor para o corpo. As queimaduras podem ser categorizadas como térmicas, por radiação e químicas. RESPOSTA LOCALIZADA Abaixo de 20% da A.S.C. (área de superfície corporal) queimada RESPOSTA SISTÊMICA Grandes queimaduras acima de 30% da A.S.C. Há perda da integridade capilar e um subsequente deslocamento de líquidos, sódio e proteínas do espaço intravascular para o espaço intersticial. Thaynara Cabreira - 003 Pelo percentual de queimadura – quantidade e extensão do corpo - analisa-se a reposição de volemia. Normalmente já faz isso nas primeiras 48 horas – período de perda de líquido no qual paciente pode ter choque hipovolêmico ou de queimado. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PROFUNDIDADE PRIMEIRO GRAU Compromete epiderme (camada superficial da pele) Apresenta-se com vermelhidão e ausência de bolhas. Já há dor presente. Geralmente não deixa qualquer tipo de cicatriz na pele e raramente apresenta complicações. Por não apresentar bolhas e ser superficial, é facilmente tratável. Ex.: queimadura por radiação UV solar. SEGUNDO GRAU Atinge epiderme e parte da derme (segunda camada de pele) Há bolhas e inchaço local. Dor acentuada. TERCEIRO GRAU Atinge todas as camadas de pele, músculos e ossos. Dor é ausente Por atingir camadas mais profundas, é a situação mais grave e pode ter inclusive risco de vida. Thaynara Cabreira - 003 Obs.: em toda queimadura – principalmente no tempo real das primeiras 48 horas – paciente apresenta dor. Deve-se pensar na parte de analgesia e não só em coberturas. GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS Ao receber um paciente queimado, deve-se primeiramente analisar e fazer preservação das vias aéreas. Quando grave, logo deve realizar intubação. Depois, deve analisar a volemia e realizar a reposição – cálculo de infusão pela extensão de área corporal queimada. Essa reposição sempre deve ser feita com acesso calibroso → se precisar fazer volume, em pequeno calibre não há possibilidade de fazer o gotejamento necessário para uma rápida reposição. Obs.: primeiramente realiza-se o acesso periférico calibroso. Depois realiza-se acesso central profundo a fim de realizar a injeção de certas drogas – principalmente se teve queimadura associada à parada cardiorrespiratória (faz-se por exemplo uso de noradrenalina). Obs.: ao falar de acesso calibroso periférico deve-se ter em mente que o 14 é de maior calibre, seguido do 16 e 18. Após isso- 20 – já não é mais caracterizado como calibroso. Ao pensar na gravidade da queimadura deve-se ter em mente: - Grau da queimadura - Percentual de extensão corporal queimado - acima de 20% já é considerada significativa com indicação para transferir para centro de tratamento de queimados especializado. Há hospitais de referência para isso. Thaynara Cabreira - 003 - Localização da queimadura - Complicações que a acompanham - Idade da vítima - Enfermidades anteriores da vítima – como tratamentos, hipertensão arterial, diabetes, etc, devem ser analisados. Ex.: queimadura de primeiro grau em face, abdome – mais graves. Nesse caso, o que determina ser mais grave não é o grau (comprometeu apenas epiderme) e sim a localização. Obs.: DESBRIDAMENTO – em situações de grau três normalmente apresenta morte tecidual depois – realiza desbridamento a fim de manter parte de novo tecido epitelizado. RESPOSTA CARDIOVASCULAR - Início do choque do queimado: hipovolemia, queda do débito cardíaco e da pressão arterial. Deve-se estar atento a tais fatores → a perda de líquido diminui a pressão arterial e às vezes evolui até mesmo para parada cardíaca pela falha de reposição da volemia. - A maior perda de líquido (exsudação do maior volume de líquido) se dá nas primeiras 24-36 horas após queimaduras. Deve- se realizar protocolo de reposição maior por 48 horas, sendo que no primeiro dia se faz maior dose nas primeiras oito horas a fim de diminuir risco de choques e parada. - Queimaduras mais graves – edema sistêmico maciço. EFEITOS SOBRE VOLUMES HIDROELETROLÍTICOS E SANGUÍNEOS - Baixo volume de sangue circulante no choque do queimado - Perda de 3 a 5 l na evaporação pela ferida em 24h - Perda de sódio e potássio – às vezes realiza-se reposição - Hiponatremia está presente - Hipercalemia imediatamente após queimadura - Anemia (algumas células vermelhas podem ser danificadas ou destruídas) - Há aumento do hematócrito devido à perda plasmática Thaynara Cabreira - 003 RESPOSTA PULMONAR - Há hipóxia presente – hipermetabolismo e resposta localizada. Em muitas situações há preservação das vias aéreas sem ter necessidade aparente – MESMO LÚCIDO REALIZA A INTUBAÇÃO. Faz muito ccom traumatismo crânio encefálico. Isso evita lesão neurológica. Assim que paciente chega, deve-se avaliar: sendo grave, mesmo se ele estiver lucido, realiza-se essa intubação para preservar. Após estabilização, pode realizar a extubação. CATEGORIAS DE LESÃO PULMONAR - Lesão de vias aéreas superiores - Lesão por inalação abaixo da glote OUTRAS RESPOSTAS SISTÊMICAS - Função renal alterada pela diminuição do volume sanguíneo. Deve-se avaliar e acompanhar o débito urinário. Realiza-se cálculos a fim de saber se esse débito está satisfatório. Em média, deve-se eliminar cerca de 30 mL/hora. Se não estiver satisfatório, tem que rever a reposição hídrica. Obs.: A reposição deve ser controlada – bomba infusora ou por gotas (cada gota do gotejamento deve ser pensava. A cada 20 gotas há cerca de 1 mL. Esse volume de 1 mL também é encontrado em 60 microgotas) - Defesas imunológicas: função neutrófila comprometida e redução de linfócitos - Incapacidade de regular temperatura corporal. Essa temperatura normalmente é elevada e deve-se ter cuidado com hipotermia (pode ser causada, por exemplo, por qualquer ar condicionado pelo choque da temperatura corporal com a temperatura ambiente). É comum uso de manta térmica. Obs.: não se deve retirar o ar condicionado → temperatura baixa minimiza proliferação de microrganismos e queimaduras são lesões com alto risco de infecção. Então deve-se manter o ar condicionado para evitar essa proliferação excessiva de microrganismos. Utiliza-se então a manta térmica para evitar choque térmico e hipotermia. - Complicações gastrointestinais potenciais RESPOSTA LOCAL E EXTENSÃO DAS QUEIMADURAS Cada área queimada apresenta trêz zonas de lesão:Thaynara Cabreira - 003 - Zona de coagulação - Zona de estase - Zona de hiperermia A zona de coagulação é o centro da lesão e onde ocorre morte tecidual(necrose). Ao redor da lesão central, é encontrado um tecido lesionado não de forma irreversível – zona de estase. Por último, há zona de hiperermia. Se for aplicado gelo na queimadura, essa zona intermediária ficará sem receber sangue pela vasocontrição e resulta num aumento da lesão de coagulação → DEVE-SE ATENTANTAR NO TIPO DE TRATAMENTO usado no paciente. LOCALIZAÇÃO Um dos fatores que determina a gravidade da queimadura é sua localização. Rosto – perigo por causa dos olhos Pescoço – complicações respiratórias Mãos, pés e genitália – risco de perda de função Se atingir completamente a circunferência do membro, do pescoço ou do tórax é séria. Deve-se avaliar localização, grau e gravidade → pode ter queimaduras de diferentes graus em diferentes partes do corpo – classifica por partes. EXTENSÃO DA SUPERFÍCIE CORPORAL QUEIMADA Realiza-se a divisão do corpo pelo Método de Wallace – regra dos 9% Divide todo o corpo em “9%” No adulto: - Nove por cento cabeça - Nove por centro em cada braço (18% MMSS) Thaynara Cabreira - 003 - 18% cada perna (36% MMII) – 9 anterior e 9 posterior - Tronco: 18% cada lado – 9 por cento tórax e 9 por cento abdome. - Genitália – 1% Somando – 100 por cento corpo queimado. Criança: - Cabeça: 21% - fator de maior risco - Tronco: 18% cada lado - MMSS: 9% cada - MMII: 12% cada - Genitália: 1% Na criança, maior gravidade respiratória Percentual de 9 – calcula área de superfície corporal queimada – A.S.C. OBS.: VOLEMIA – 1 mL x PESO x ASC = 24h → para saber volume que deve ser feito em 24h ideal Obs.: DÉBITO URINÁRIO: (mL/kg)/hora = 0,5-1,5 CUIDADOS NA FASE DE EMEGÊNCIA E RESSUSCITAÇÃO CUIDADOS NO LOCAL DE PRIMEIROS SOCORROS - Apagar a chama - Aplicar FRIO é a melhor medida de primeiros socorros – se aquecer mais, piora a lesão. Mais tempo na mesma temperatura abafada, mais queima. - Cobertura da ferida - Irrigação da queimadura química - Via aérea, respiração, circulação – analisar bem. Sempre deve-se pensar em intubar, preservar vias aéreas e analisar perfusão/reposição volêmica - Prevenção do choque - Transferência para tratamento de queimados (CTQ) CRITÉRIOS PARA REFERÊNCIA AO CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADOS (CTQ) Thaynara Cabreira - 003 1- Queimaduras de terceiro grau > 5% A.S.C. em qualquer grupo etário 2- Queimaduras de segundo e terceiro graus > 10% de ACS em pacientes <10 ou >50 anos 3- Queimaduras de segundo e terceiro graus > 20% ACS em todos os grupos etários. 4- Queimaduras elétricas 5- Queimaduras de segundo e terceiro graus que afetem face, mãos, pés, genitálias, períneo e grandes articulações. 6- Lesão de inalação com queimaduras 7- Queimaduras circunferenciais de extremidade e tórax 8- Queimaduras com trauma na qual a queimadura impõe maior risco. Observa-se que nem sempre está vinculado ao grau. Obs.: teste de escarro – nota-se fuligem/preto. Em certas situações deve-se fazer inicialmente nebulização e depois o teste do escarro. Quando preto e com fuligem, sabe-se que houve grande inalação e é preocupante. Obs.: existem queimaduras associadas a traumas. Nota-se que há critérios e medidas para transferir para o centro de especialidade → deve preparar paciente e também enviar toda documentação. Deve deixar o paciente seguro e controlado para realizar o encaminhamento. Já deve chegar ao CTQ com analgesia feita a fim de evitar a dor. As seguintes medidas são instituídas antes de transferência ao CTQ 1- Um acesso intravenoso seguro é colocado com infusão a velocidade necessário para manter débito urinário mínimo de 30 mL/h 2- Assegura-se via aérea pérvia 3- Obter adequado alívio da dor 4- Estabelecer circulação periférica adequada em qualquer extremidade queimada 5- As feridas são cobertas com curativos estéreis e o paciente mantido confortavelmente aquecido 6- As avaliações e tratamentos são registrados e estas informações são fornecidas ao pessoal do centro. Deve-se sempre realizar avaliação a fim de seguir as condutas. Se não avaliar, descaracteriza todos os pontos. CONTROLE DA PERDA DE LÍQUIDOS E DO CHOQUE Thaynara Cabreira - 003 Após manuseio das dificuldades respiratórias, a necessidade mais urgente é prevenir o choque pela reposição de líquidos e eletrólitos perdidos. REPOSIÇÃO HÍDRICA A projeção das exigências de líquidos para as primeiras 24h é calculada com base na extensão e da queimadura do paciente. - Soluções coloidais: sangue total, plasma - Soluções eletrolíticas: solução fisiológica de cloreto de sódio ou ringer lactato) Coloides: 1 mL x Kg peso corporal x % ASC queimada Obs.: utiliza-se valor da ASC em porcentagem mesmo, não deve passar para decimal. Eletrólitos (salina): 1 mL X kg de peso corporal x % ASC queimada Soro glicosado a 5%: 2000 mL para perdas insensíveis. INFUSÃO: 1 ML X PESO X ASC = 24 HORAS Acha volume a ser reposto em 24 horas. No primeiro dia, deve ser dado metade desse volume nas primeiras 8 horas e a metade restante nas próximas 16 horas. Já no segundo dia deve ser realizada infusão da metade da solução coloidal e eletrólitos do dia 1, reposição total de perda insensível. DIA 1: ½ VOLUME EM 8 HORAS + ½ NAS 16 HORAS RESTANTES DIA 2: ½ VOLUME AO LONGO DO DIA DÉBITO URINÁRIO: (ML/KG)/HORA = 0,5-1,5 ML CUIDADOS AO PACIENTE DURANTE A FASE DE EMERGÊNCIA META: manutenção da oxigenação tecidual adequada 1- Fornecer oxigênio umidificado 2- Avaliar os sons respiratórios, frequência, ritmo, profundidade, simetria. Monitoriza o paciente para sinais de hipóxia. 3- Observar: - Eritema ou flictenas nos lábios ou mucosa oral - Narinas chamuscadas - Queimaduras na face, pescoço ou tórax - Aumento da rouquidão - Fuligem no escarro ou tecido traqueal nas secreções respiratórias. Thaynara Cabreira - 003 4- Monitorizar os valores de gasometria arterial, leiturals da oximetria de pulso 5- Monitorizar o paciente em ventilação mecânica restritamente META: manter permeabilidade de vias aéreas - Posicionamento adequado do paciente - Remoção de secreções - Via aérea artificial quando necessário - Fornecer oxigênio umidificado META: restauração do equilíbrio hidroeletrolítico - Observar sinais vitais (débito urinário, sinais de hipovolemia ou sobrecarga hídrica) - Monitorizar o débito urinário no mínimo de hora em hora, bem como o peso do paciente - Manter acesso intravenoso e controlar o gotejamento do modo prescrito. META: manutenção da temperatura corporal adequada - Proporcionar ambiente aquecido pelo uso de aquecedores, cobertores ou lâmpadas de aquecimento - Agir rápido quando ferimentos tiverem que ficar expostos - Observar sintomas de deficiência de sódio, potássio, cálcio, fósforo e bicarbonato sérico - Elevar a cabeceira do leiro do paciente e as extremidades queimadas CUIDADOS E CURATIVOS Devem ser prescritos por médico ou enfermeiro, conforme protocolo da instituição e produtos de mercado. - Procedimentos cirúrgicos - Desbridamentos - Roupas de compressão - Cama de clinitron - Fisioterapias - Curativos especiais Thaynara Cabreira - 003
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